Como o aquecimento global está transformando a maneira de fazermos negócios

A ideia de que o aquecimento global é um fenômeno fundamentalmente ambiental, dissociado do desenvolvimento socioeconômico, é falsa. As suas consequências são tão profundas que até o ambiente corporativo poderá ser transformado por ele nos próximos 20 anos. Portanto, é preciso entender o que o aquecimento global significa para o mundo dos negócios, para o mercado de trabalho e até mesmo para a sua carreira.

Atualizado em: 18/08/2021
Aquecimento global e negócios

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No final de 2018, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) reportou (com alto nível de probabilidade) que a temperatura global subirá 1,5° C entre 2030 e 2052, como consequência das mudanças climáticas. Parece pouco, mas esse nível de aquecimento é suficiente para causar danos irreversíveis como a desertificação, degradação da biodiversidade e escassez de recursos hídricos, aumentando, assim, os riscos para a saúde humana, o abastecimento de água e o crescimento econômico.

A ideia de que o aquecimento global é um fenômeno fundamentalmente ambiental, dissociado do desenvolvimento socioeconômico, é falsa. As suas consequências são tão profundas que até o ambiente corporativo poderá ser transformado por ele nos próximos 20 anos.

Portanto, é preciso entender o que o aquecimento global significa para o mundo dos negócios, para o mercado de trabalho e até mesmo para a sua carreira.

Racionar hoje para lucrar amanhã

É possível dizer que quem não investir em sustentabilidade no futuro corre o risco de falir. Por esse motivo, investidores, clientes e governos estão cada vez mais engajados na divulgação e consciência dos riscos climáticos. De fato, a partir de 2013, mais de US$ 6 trilhões em ativos financeiros foram alienados de fundos relacionados a combustíveis fósseis, enquanto centenas de empresas são pressionadas a priorizar energias limpas.

O projeto Drawdown, especializado na análise e combate aos efeitos do aquecimento global, explorou soluções práticas para reduzir a captura de calor e emissões de gases que mudam o clima na atmosfera. As principais práticas e tecnologias disponíveis são:

  • uso de energia limpa e renovável (incluindo a solar e a eólica);
  • ascensão dos edifícios verdes, tanto novos quanto adaptados;
  • criação e uso de transporte público eficiente, do Brasil à China;
  • manutenção e criação de ecossistemas prósperos por meio do reflorestamento e proteção ambiental;
  • redução do desperdício de alimentos e recuperação do seu valor;
  • cultivo de alimentos com boas práticas que regeneram o solo;
  • mudança de dietas para uma alimentação com menos carne e com mais folhas e vegetais.

Adotar uma postura sustentável assim como optar pelo uso racional da energia e da água são as formas mais comuns encontradas pelas grandes marcas para reduzir os impactos das mudanças climáticas. Mesmo que essas mudanças tenham custo, elas são valorizadas pelo consumidor atual (que também leva em conta a reputação de seus fabricantes na hora de realizar as compras) e podem resultar em mais lucros com o tempo.

Sustentabilidade como resposta para o crescimento

Alguns desastres naturais relacionados a mudanças climáticas (como secas, tornados e furacões) estão afetando bolsos e negócios em diversos cantos do mundo. Engana-se quem pensa que o Brasil, por ser geograficamente privilegiado, está fora dessa realidade.

Uma simples interferência em uma indústria globalizada pode causar sérias consequências em outras. Os terremotos que atingiram o Japão em 2016, por exemplo, afetaram fornecedores de peças automotivas da Toyota, Honda e Nissan, o que levou à suspensão da produção no mundo inteiro.

Além disso, o aquecimento global torna os desequilíbrios climáticos não apenas possíveis, mas prováveis. Isso significa que áreas seguras contra incêndios florestais, inundações, furacões, calor ou frio extremos poderão lidar com essas dificuldades.

Com isso, a construção civil deve se reinventar para incluir em sua agenda as adaptações necessárias (tanto no processo de concepção e implementação de obras, como no de operações) para suportar a intensidade de inundações e secas. Tudo isso deve ser feito levando em conta a boa gestão dos recursos ambientais, como uso da energia solar, eficiência energética e emprego de materiais que possibilitem baixa emissão de carbono.

Popularização da “economia verde”

As novas tecnologias ambientais deixam de ser um diferencial para se tornar uma necessidade nas empresas do futuro. Por isso, as ofertas de empregos no setor de energia renovável (como a solar, a eólica e a geotérmica) se tornaram uma tendência na construção civil, agricultura, indústria e serviços.

Essa mudança não se dá somente pela queda no preço do petróleo e competitividade pelo gás natural, mas principalmente pela necessidade de mudar a estratégia de negócios com o intuito de reduzir e gerenciar riscos proporcionados pelo aquecimento global em primeiro lugar.

Ascensão do veganismo / vegetarianismo

Uma pesquisa realizada pelo Uber Eats apontou o veganismo como uma tendência para 2019. Os motivos não se limitam à proteção animal, mas também à consciência ambiental, que atinge principalmente os chamados millennials (jovens nascidos entre os anos 80 e 90). Sendo assim, a indústria alimentícia deve ficar atenta ao desejo da população de ingerir menos carne e investir mais em opções vegetarianas.

Impactos na saúde

Além de ter impacto direto na disponibilidade de água potável e alimentos, o aquecimento global aumenta a vulnerabilidade de pessoas que já estão em áreas de risco para doenças como dengue, ebola e malária. De acordo com a OMS, as mudanças climáticas poderão causar mais 250 mil mortes por ano entre 2030 e 2050.

A indústria da saúde deve atentar às epidemias espalhadas em virtude do clima mais quente, como a zika e a febre amarela. Para isso, é necessário um maior investimento em prevenção e conscientização sobre essas doenças.

Como o mercado deve se adaptar

O investimento em energias alternativas é a principal arma adotada pelo universo corporativo contra o aquecimento global. Inclusive, várias marcas gigantes, como a Coca-Cola e a Unilever se comprometeram a cortar suas emissões de carbono e investir em uma produção 100% originada de fontes renováveis.

Atualmente, a geração de eletricidade se mostra como alta consumidora de energia primária e liberadora de carbono na atmosfera, mas a tendência é que a dependência de combustíveis fósseis seja ainda mais reduzida com o uso de fontes renováveis.

Outro aspecto que também deve ganhar força na economia sustentável é o lançamento e a adaptação de automóveis híbridos e elétricos. A utilização de combustíveis considerados “limpos” será fortalecida por uma economia que buscará reduzir a sua emissão de carbono ao máximo até que as tecnologias de célula a combustível hidrogênio estejam comercialmente acessíveis.

Por mais que essas transformações pareçam distantes, o cenário mundial já está mudando. Nesse contexto, a inovação e a visão a longo prazo são fundamentais para manter as empresas relevantes no mercado, já que a mobilização para a mudança tende a se fortalecer diante das necessidades de adaptação ao aquecimento global.

Gostou do artigo? Aproveite para compreender como a relação com o consumo consciente deve impactar o posicionamento de sua marca.

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