Você tem todo o direito de não acreditar em horóscopo e pensar que essa história de signo não faz muito sentido. Cada um com a sua opinião, não cabe a nós julgar. Mas deixar sua marca fora da ascensão da astrologia pode não ser a atitude ideal. Principalmente em um momento em que até gigantes como Amazon voltaram seu olhar para esse universo místico.
O mundo dos signos já foi adorado pela geração das décadas de 60 e 70, fez João Bidu vender muita revista e foi bastante questionado pelos céticos. Mas também tem muitos defensores, milhões deles, aliás – número que só cresce, e em ritmo intenso. O que era um mercado de nicho está cada vez mais para uma cultura de massa.
Uma ascensão astrológica?
Se até agora você está duvidando do poder dos astros, alguns números vão colocar seu ceticismo em xeque: entre 2016 e 2017, as buscas por vídeos de astrologia no YouTube aumentaram 67%. Acha pouco? No Facebook, a procura pelo termo cresceu 116% e, no Twitter, o assunto cresceu 300%, também no mesmo período. Os dados são do Tubular Labs, ferramenta especializada em medir redes sociais.
Especificamente no Brasil, o Astrolink, plataforma que oferece previsões astrais, chegou à marca de um milhão de usuários em 2017, número que foi dobrado em 2018!Isso prova que o momento é outro.
Esqueça aquele cantinho de previsões do jornal impresso. O misticismo, muito pautado pela astrologia, está cabendo em todo lugar: na conversa entre amigos, em linha de produtos de beleza, nos memes e até em matéria de destaque do The Guardian, quando uma postagem do Twitter viralizou porque uma candidata à moradora de um apartamento foi recusada por ser do signo de Capricórnio.
O motivo? Capricornianos podem ser grandes líderes e… às vezes, um pouco mandões. Pois é: as decisões de muita gente (milhões?) acabam tendo uma forcinha dos signos. Vamos entender melhor esse novo panorama?
Quem é o responsável por essa ascensão da astrologia
Não tem nada a ver com a conjunção de planetas ou Mercúrio Retrógrado — e tudo bem se você não entender esses termos. A culpa por esse interesse crescente em tudo o que está relacionado ao mundo astral tem dois grandes culpados: os millennials (nascidos entre 1982 e 1995) e a geração Z (nascidos a partir de 1996).
De acordo com uma pesquisa do Peoplestroly, com 2.800 participantes, sendo 75% de brasileiros, 40% dos millennials e 47% da geração Z acreditam plenamente em astrologia e tomam decisões baseadas na influência dos astros.
Ainda segundo o relatório, as mulheres são as que mais acreditam: 44% delas creem em misticismo. Mas os homens não ficam muito atrás: 35% dos votantes acreditam e esse interesse está crescendo, visto que muitos homens têm grande participação em fóruns de discussão sobre assuntos astrológicos.
A questão do autoconhecimento pesa
Quem gosta e acompanha a astrologia sabe que muito desse interesse vem pela busca do autoconhecimento, de entender melhor sobre suas características, como vencer desafios, se aperfeiçoar e até melhorar nos relacionamentos interpessoais.
“A astrologia é uma ferramenta importante nesse processo, de uma perspectiva mais pessoal até passando pelo seu comportamento profissional”, diz Tatiane Lisbon, conhecida como A Papisa na internet, com mais de 40 mil seguidores no Instagram.
Quando questionada sobre essa nova e grande procura por assuntos relacionados à astrologia, Tatiane tem sua aposta: “eu diria também que é por conta das incertezas dos cenários econômico, político e social”. Ela ainda brinca: “mas eu adoraria falar que isso aconteceu porque os astros se alinharam de um jeito maravilhoso que trouxe a resposta de tudo”.
Camila Fremder, escritora e roteirista, que estudou astrologia para seu livro Enfim, 30 – Um Livro Pra Não Entrar Em Crise, também aponta a questão de se conhecer melhor: “é possível se conectar mais com você mesmo e se tornar mais paciente e receptivo com as questões das outras pessoas quando você entende seu mapa astral e sabe dos seus pontos fortes e fracos”.
A internet também tem papel de destaque nisso
Redes sociais e sites têm sua parcela importante na disseminação do misticismo, cada vez mais variados, que vão de mapa astral, previsões diárias, mensais ou anuais a zoeiras. Isso mesmo, memes que viralizam e pedem pelo menos o básico (ou até mais que isso) de conhecimento astrológico para você dar risada com eles.
Um exemplo é a página do Facebook Não Acredito Em Astrologia, Mas, que conta com mais de um milhão de curtidas e postagens com engajamento e fará você olhar para conteúdos de signo com olhos bem menos descrentes.
“A hiperconectividade das pessoas ajuda a disseminar essas crenças esotéricas”, comenta a astróloga Tatiane. E muito se deve ao caráter lúdico da astrologia. O autoconhecimento é um fato, mas ela também permite brincadeiras sem fim. Vai dizer que você nunca viu por aí alguma camiseta com os dizeres “signo de fome com ascendente em lanches?”. O bom humor também vende!
Astrologia 2.0
Mas não são só piadas. Uma característica desse novo boom em torno do misticismo é que a temática é mais trabalhada e profunda. Ninguém se contenta em saber apenas sobre seu signo solar, previsões diárias sem muito fundamento e qual signo combina com qual.
Millennials e geração Z falam muito em mapa astral, “Minha Vênus está em Peixes”, “o retorno de Saturno”, “a culpa é de Mercúrio Retrógrado”… Se você quer falar com essa geração, não pode bancar o impostor.
Conteúdos rasos? Não, esses não têm mais vez. Geração exigente essa! “Nós temos acesso a muita informação, então, o que antes a gente achava bom já virou algo que todo mundo conhece. Por isso, acaba sendo normal se aprofundar”, diz Camila.
As marcas que já acreditam no poder da astrologia
Você pode ainda estar na dúvida sobre acreditar ou não nas questões místicas. Mas enquanto você decide se é sim ou não, não custa ficar de olho no que muitas marcas estão fazendo!
Farm
A brand carioca de moda feminina lançou coleções que bebem muito na astrologia, mas não parou nisso. Ainda apostaram no Farm Astral, uma comunicação toda baseada em previsões e autoconhecimento que vai diretamente ao encontro dos millennials e da geração Z.
Spotify
O serviço de streaming lançou no início do ano listas especiais inspiradas nos doze signos do zodíaco com músicas que tenham a ver com a personalidade de cada um. A ideia é que também funcionem como um horóscopo que será sempre atualizado.
Amazon
A gigante também está surfando na onda astrológica com o Prime Member Horoscope, um recurso que ajuda os usuários com dicas de compras personalizadas a partir de cada signo.
Fresh
Trata-se de uma marca dos Estados Unidos que apostou em uma linha de protetores labiais em parceria com Susan Miller, astróloga muito famosa no país e até no Brasil.
E quanto à sua marca?
Você já viu que a nova geração que consome astrologia não se contenta com conteúdos superficiais. É preciso tomar cuidado para não ficar no raso ou dizer bobagem. Estamos falando de um público que não vai deixar barato nas redes sociais…
“Quanto mais você oferece para o seu público, mais retorno vai ter. O grande truque da internet é ter bons conteúdos, porque vejo empresas fazendo parceria com um monte de astrólogos legais, mas eu vejo também muita gente usando de forma superficial”, comenta Camila Fremder.
Tatiane Lisbon também dá sua dica: “é preciso sair dos clichês e do superficial, apostando no trabalho de profissionais da área esotérica que possam prestar consultoria para desenvolver um produto que tenha a ver com a necessidade do cliente”.
A astrologia está cada vez mais mainstream. Seus consumidores têm voz e conhecimento sobre misticismo. Cabe a você entender como surfar nessa onda.
Enquanto aguardamos o que as próximas conjunções dos planetas trarão para os negócios, aproveite para saber quais habilidades e comportamentos uma liderança em tecnologia deve ter.
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