Se você nasceu antes dos anos 2000, com certeza deve lembrar da Blockbuster. Essa empresa americana, criada no ano de 1985 foi um marco na vida do brasileiro.
Ela era uma das gigantes no setor de entretenimento, queridinha dos investidores. Provedora de serviços de aluguel de filmes e games, essa empresa teve seu pico de crescimento em 2004 com 9.094 lojas no mundo e seu valor em bilhões.
No entanto, apesar do sucesso, a Blockbuster foi rapidamente da ascensão à queda, sem nem respirar.
Fonte: Entreperneur
A empresa, que era considerada a maior no seu mercado, foi derrubada principalmente pela inovação. Neste artigo vamos te ajudar com dicas e exemplos da Blockbuster e da Netflix para que isso não ocorra com o seu negócio.
Tente algo novo
A concorrência com a Netflix — que na época tinha um serviço de DVDs enviados por meio de correspondência na casa dos solicitantes — e os serviços de vídeo sob demanda foram cruciais para a queda da Blockbuster.
A partir dos anos 2000, a empresa começou perder receita e, em 2010, solicitou proteção contra falências.
Porém, nessa época a Netflix já tinha saído dos DVDs e começado o serviço de streaming. Com isso, ela se expandiu para vários países e chegou ao Brasil em 2011.
Fonte: BGR
Por que a Netflix sobreviveu e a Blockbuster não? É quase uma seleção tecnológica. A Netflix se inovou, viu a oportunidade e desenvolveu a ideia. A Blockbuster não fez isso. Em vez de aproveitar o momento de crise para renovar a marca, essa empresa demorou muito para tentar algo novo.
É claro que uma série de eventos de perdas de alianças bancárias e dívidas também acabou influenciando a empresa na sua jornada ao fracasso.
Portanto, se ela tivesse investido em novidades ao ver concorrentes surgindo, pensando na explosão da internet, talvez esse destino não seria tão árduo e um novo público seria conquistado.
Não importa o quão bem-sucedida uma empresa é; se ela parar no tempo, não aceitar a evolução e as mudanças cada vez mais ágeis do mercado, ela não vai sobreviver.
Pensando nisso, é muito importante que a sua empresa esteja sempre atenta às novas exigências do seu público e disposta a se adaptar.
Cuide da sua imagem
Um dos fatores mais importantes em uma empresa é a gestão empresarial e o cuidado com a imagem que ela passa.
Infelizmente, a Blockbuster não teve esse cuidado. Vamos contextualizar: Huizenga, que assumiu a empresa em 1987, investiu em novas sedes e não poupou gastos. Além disso, no final dos anos 80, ele acumulou vários rivais, principalmente o Major Video.
Em maio de 1989, um analista da Bear Sterns publicou um relatório criticando as práticas contábeis da empresa, chamando-as de “imprecisas e grosseiramente enganadoras”. Porém, apesar das preocupações geradas, a Blockbuster se recusou a mudá-las.
Com isso os analistas começaram a questionar as perspectivas de crescimento de longo prazo da empresa, especialmente depois que seu maior acionista, United Artists Entertainment, ter anunciado que alienaria sua participação de 12% e venderia suas 28 lojas franqueadas.
O que podemos aprender com isso? Uma crise geralmente é gerada de dentro para fora e precisamos cuidar do que acontece no interior da nossa empresa para evitar escândalos.
Nessa época, a Blockbuster começou a mostrar seus pontos fracos e não soube lidar com a crise. E esse foi somente o início da queda do seu império.
Abrace novas tecnologias
Nesse contexto, o crescimento das vendas da Blockbuster começaram a diminuir. Em 1988, as vendas mensais de lojas pertencentes à empresa aumentaram 35%, mas subiram apenas 8% e 7,5% em 1989 e 1990, respectivamente.
Huizenga culpou a Guerra do Golfo por ter centralizado a atenção do público nas notícias de televisão.
No entanto, nessa época a programação de pay-per-view e a cabo estava se tornando mais importante. Diante dessa indústria que se amadureceu rapidamente, a Blockbuster olhou para a expansão internacional e, em um esforço para aumentar os lucros, reduziu o preço do aluguel de filmes atingidos.
Nesse aspecto mora o erro. Em um cenário de novas tecnologias e crise na empresa era a hora de reconstruir o serviço e a marca.
Por isso, pesquisar o que os seus concorrentes e empresas de outras indústrias estão fazendo é fundamental para renovar os ideais do seu negócio.
A nova era tecnológica que surgiu junto com a internet nos força a inovar sempre, seja com um curso, uma nova prática e até mesmo a transformação digital de toda a sua empresa.
Faça um planejamento mensurável
Em 1993, havia mais de 3.400 lojas e a Blockbuster estava olhando além do seu principal negócio de cadeia de vídeo para impulsionar o crescimento: a indústria da música.
A ideia que eles tiveram foi uma boa tentativa de inovar, mas que teve um grande erro de planejamento.
Aqui, pensando nos lucros, a Blockbuster comprou cadeias de música Sound Warehouse e Music Plus e entrou em parceria com a Virgin Retail para abrir megalojas de música nos EUA, Europa e Austrália que foram chamadas de Blockbuster Music. Esse investimento, com certeza, custou muito dinheiro.
No entanto, Huizenga teve sonhos grandiosos quando ele mergulhou no negócio da música, imaginando centros de entretenimento que alugavam filmes, vendiam música, programas de computador, videogames e tinham galerias de entretenimento de realidade virtual.
Com essa ideia, a Blockbuster entrou em um acordo com a IBM para desenvolver um sistema para a duplicação instantânea de CDs nas lojas, criando um banco de dados digital.
Nas “lojas de música do futuro”, a Huizenga imaginava que os clientes pudessem entrar, procurar uma vasta seleção de música e depois criar seus próprios CDs personalizáveis de suas músicas e artistas favoritos. Claro que os estúdios de música e as gravadoras não reagiram favoravelmente a essas ideias.
Esse é somente um exemplo de como é preciso fazer uma estratégia muito bem planejada e coesa para se ter sucesso.
O investimento na indústria da música, mesmo que fosse uma boa ideia, não teve planejamento ao ponto de imaginar que poderia ter um conflito de interesses. O Retorno sobre investimento, ou ROI, da empresa ficou defasado. Eles não fizeram uma boa mensuração disso.
A Blockbuster gastou rios de dinheiro antes de consultar as gravadoras e seu sonho foi água abaixo. Essa decisão foi o que faltava para abrir o caminho da sua eventual queda.
Não pense somente no lucro
O pilar de uma empresa não pode ser somente baseado em seus lucros. Esse também foi um erro fatal da Blockbuster.
A vontade de ganhar dinheiro e o esquecimento de coisas fundamentais em uma empresa, como uma boa gestão, planejamento e até mesmo pesquisa de mercado, fez com que ela não conseguisse continuar crescendo.
Vamos continuar contando a história: Em setembro de 1993, a Blockbuster propôs uma fusão de US$ 4,7 bilhões com o gigante da mídia Viacom para aumentar suas ofertas.
Essa aquisição não foi favorável, já que as negociações sofreram vários impedimentos até que a Viacom acabou comprando o Blockbuster por US $ 8,4 bilhões.
Quando ela fez essa compra, estava buscando pagar uma dívida com a aquisição da Paramount. Porém, a Viacom investiu mais dinheiro na Blockbuster e só se viu afundando mais.
Nessa época, a turbulência com a gestão voltou quando Huizenga desistiu da diretoria em setembro de 1994 e foi substituído por Steven Berrard. Berrad ocupou o cargo por apenas um ano e meio, antes que o ex-executivo da WalMart, Bill Fields, entrou no seu lugar. Fields renunciou inesperadamente na primavera de 1997 e John Antioco assumiu.
Antioco herdou uma empresa destinada à falência: novos lançamentos não chegavam às lojas no horário, o número de funcionários tinham sido reduzidos e o fluxo de caixa no segundo trimestre de 1997 tinha subido 70%. Além disso, a Blockbuster Music não estava crescendo tão rápido quanto a Viacom gostaria, o que resultou em mais despesas.
Como resultado, a Viacom vendeu Blockbuster Music para Wherehouse Entertainment em agosto de 1998 por US $ 115 milhões.
Nesses tempos obscuros, a Blockbuster foi forçada a fechar algumas lojas internacionais, cortar ordens de aluguel e retornar a empresa para suas raízes no mercado de vídeo.
Aqui o setor de aluguel de vídeo já não era visto como antes e a internet estava dando o xeque-mate.
Na época, a Amazon acabava de entrar no mercado, expandindo a venda de livros baratos on-line para DVDs com um ótimo preço e uma pequena empresa chamada Netflix estava lançando um serviço de assinatura.
Como você pode ver, por ter focado somente nos problemas lucrativos e gestão inconsistente, a empresa se encontrou em um beco sem saída — sendo que ela estava na inovação.
Todos esses problemas fez com que a Blockbuster encontrasse a solução muito tarde e demorasse para tentar se reerguer.
Não deixe que isso aconteça com a sua empresa. Procure sempre pesquisar o que está acontecendo na sua volta, principalmente se você vai relacionar a sua empresa com um novo negócio.
Viver em uma bolha é um acontecimento recorrente nas empresas e ignorar o que acontece em volta é um grande problema.
Não subestime um concorrente
Quando criamos uma empresa com uma ideia nova, não demora muito tempo para surgir concorrentes.
Porém, muitas pessoas por se acharem mais experientes, acabam subestimando a capacidade de outros negócios.
A Blockbuster ficou muito tempo sem perceber que a Netflix poderia expandir no mercado e por ter tido essa atitude perdeu o posto.
Fonte: Compete.com
Em 2011, um pouco antes da falência ela ofereceu aos assinantes da Netflix uma promoção de preços e um teste de mês grátis.
O valor correspondia aos preços aumentados da Netflix, embora a Blockbuster tenha dito que o seu serviço tinha mais benefícios porque também oferecia jogos de vídeo, permitia que as pessoas trocassem discos e fazia muitos novos lançamentos antes da Netflix.
Mais um erro aconteceu aqui. A empresa achou que não precisava inovar o seu serviço com as novas tecnologias. Invés disso, ela tentou atrair os clientes da concorrente pensando no valor financeiro e não na melhora da experiência do cliente com a evolução da tecnologia — que é sempre exponencial.
Isso é um grande problema. Enquanto a outra empresa está se desenvolvendo, você acha que ela nunca vai te alcançar.
De novo vou repetir: faça uma pesquisa de mercado. O mundo evolui muito rápido e se você não tomar cuidado acaba sendo passado para trás.
Não deixe para a última hora
Finalmente, depois de ver o sucesso da Netflix, a Blockbuster, por sua vez, estava profundamente consciente do impacto que a Internet poderia ter nos negócios, e viu a oportunidade de capitalizar essa nova tecnologia.
A empresa formou uma parceria com a AOL e deu os primeiros passos para o streaming de vídeo, testou a entrega em domicílio, lançou o comércio eletrônico e formou uma parceria com TiVo e DIRECTV.
Ainda assim, enquanto a Blockbuster discutia a criação de seu próprio serviço de assinatura para enfrentar o novo rival, foi somente em agosto de 2004 que o seu programa de aluguel de DVD on-line realmente começou nos EUA.
A adoção do DVD pela empresa foi bem tardia. Em agosto de 1999, apenas 1.000 lojas do Blockbuster tinham cópias de DVD, sendo que a Netflix já estava ativa.
Fonte: Digit
Após uma série de problemas e desavenças com outras empresas a empresa foi vendo o seu destino fadado a falência.
Ela perdeu alianças, acumulou dívidas de milhões, fechou várias lojas e as ações foram retiradas na bolsa de valores de Nova York.
Por fim, o que podemos aprender com essa história? A busca para a inovação é o principal aliado ao crescimento da empresa.
Esse é o diferencial da Netflix. Ela está sempre inovando e é por isso que lidera o mercado de streaming.
Hoje, com mais de 110 milhões de assinantes, a Netflix dá um show de conteúdo e ensina todas as empresas como é preciso inovar para sobreviver.
Gostou desse texto e quer ler mais cases de grandes empresas? Confira 7 lições de Marketing do Spotify para você aplicar em sua estratégia digital.
CONTEÚDO CRIADO POR HUMANOS
Encontre os melhores freelancers de conteúdo no WriterAccess.
CONTEÚDO CRIADO POR HUMANOS
Encontre os melhores freelancers de conteúdo em WriterAccess.