Blockchain e Marketing Digital: quais as mudanças previstas e esperadas para o futuro

Blockchain e Marketing Digital se relacionam. Embora a tecnologia tenha se popularizado com bitcoins e outras criptomoedas, ela pode ser aplicada de maneira disruptiva em outras áreas de negócio, inclusive no mercado digital. Entenda agora como funciona o blockchain e quais mudanças ele pode trazer para a sua empresa.

Atualizado em: 12/02/2021
Blockchain e Marketing Digital: quais as mudanças previstas e esperadas para o futuro

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Do mundo das criptomoedas para as estratégias de Marketing Digital: você sabe como o blockchain pode ajudar o seu negócio?

Blockchain é um termo que vem ganhando força nos últimos anos. Quem trabalha com bitcoins provavelmente já está acostumado com esse conceito, que se refere a um grande registro público de todas as transações realizadas com essa moeda virtual.

Ok, mas o que isso tem a ver com o Marketing Digital? É sobre isso que vamos falar neste artigo. Profissionais da área precisam conhecer essa tecnologia, que pode impactar as estratégias e as formas de atuação de agências e clientes que estão no caminho da transformação digital.

A seguir, vamos entender melhor as relações entre blockchain e Marketing Digital e as mudanças que essa tecnologia pode trazer para o seu negócio. Siga conosco!

O que é blockchain e para que serve?

Blockchain é um registro público de transações, que garante sua eficiência, segurança e transparência por meio da criptografia e de um modelo de funcionamento em rede.

Entenda que não se trata de um produto ou um fornecedor, nem de um único sistema (existem vários blockchains!). Estamos falando de um conceito de arquitetura de dados, que pode ser aplicado para o registro de transações em diversas áreas.

Embora não se limite a transações financeiras, o blockchain mais popular é o que suporta as movimentações com moedas virtuais. Por isso, vamos explicar antes o que são bitcoins e criptomoedas para você entender o papel do blockchain.

Popularização com bitcoins

Nos últimos anos, você deve ter ouvido a história de alguém que investiu em bitcoins e ganhou uma boa grana com isso, não é?

Lançado no mercado em 2009, bitcoin é um tipo de criptomoeda, ou seja, um dinheiro virtual. Assim como qualquer moeda física, também pode ser usado para pagamentos ou transações, inclusive investimentos financeiros.

Isso significa que você pode comprar a moeda e vendê-la por um valor superior, dependendo das flutuações do mercado financeiro. E, nos últimos anos, as criptomoedas passaram por uma grande valorização, já que se popularizaram até com grandes players, como IBM e Microsoft. E foi assim que muita gente ganhou dinheiro com bitcoins.

Porém, as criptomoedas têm uma característica muito particular que as diferencia das moedas físicas: a ausência de regulação do Estado. Os participantes podem negociar diretamente um com o outro, no sistema chamado de peer to peer (P2P), ou ponto a ponto.

Esse sistema que viabiliza as transações é chamado de blockchain. Nesse ambiente livre, ele funciona como um grande livro contábil virtual, público e compartilhado, que é responsável por garantir a segurança das movimentações.

Como funciona o blockchain

Em um ambiente sem regulação, o sistema precisa ter algumas características para despertar a confiança dos usuários. Por isso, o blockchain possui alguns mecanismos que garantem eficiência, segurança e transparência para o sistema, além da confidencialidade dos dados.

Basicamente, o blockchain é uma “corrente de blocos”, em tradução literal. Nesse sistema, as transações são registradas em blocos de dados criptografados, que são validados pelos próprios usuários da rede e, então, encadeados uns aos outros (formando uma “corrente”).

Parece complicado? Vamos explicar melhor como funciona o blockchain nesse passo a passo:

1. O banco de dados registra uma solicitação de transação, que deve ser assinada digitalmente pelas partes interessadas. Embora as informações sejam compartilhadas, a identidade das pessoas envolvidas é protegida por uma chave privada (chamada de endereço), que é gerada por criptografia.

2. Quando uma transação é solicitada, ela é analisada para obter validação. Essa análise é realizada por algum integrante da rede (chamado de miner, ou minerador), que verifica a autenticidade da assinatura digital e oficializa a transação. Por esse serviço, ele recebe uma remuneração em bitcoins. Esse modelo de trabalho descentralizado é uma característica essencial do blockchain.

3. Como qualquer integrante da rede pode visualizar as transações, é preciso garantir que elas não possam ser alteradas. Por isso, quando uma transação é validada, ela é encadeada ao bloco anterior e ao seguinte, o que gera uma sequência de códigos únicos e imutáveis. Dessa forma, enfim, a transação está registrada, validada e segura no banco de dados.

Vantagens e desvantagens do blockchain

Ok, o processo não é nada simples. Mas você já consegue perceber como o sistema é diferente de um banco tradicional, não é?

O blockchain é conhecido como um sistema trustless. Isso quer dizer que ele independe da confiança em terceiros — como acontece quando você transfere dinheiro para alguém com a intermediação de um banco. Você sequer precisa confiar na pessoa com a qual está fazendo negócio, pois o modelo do sistema garante a segurança.

E essa é uma grande vantagem do blockchain! O próprio sistema, descentralizado e criptografado, impede tentativas de fraudes ou ação de hackers, que precisariam burlar milhões de computadores e algoritmos para ter sucesso.

Além disso, a ausência de intermediadores e o sistema online agilizam as operações e reduzem os seus custos — mais motivos para o blockchain atrair tantos interessados.

Assim, se todas as operações são rastreadas, confiáveis, protegidas de ataques e ainda sofrem menos taxação, o blockchain não parece uma excelente tecnologia para as empresas? É por isso que ele vem se destacando como uma solução para registrar transações.

Ainda assim, é preciso pontuar que o blockchain não é totalmente imune a fraudes. Existe um tipo potencial de ataque, chamado de Ataque de 51%, que pode acontecer quando uma organização domina mais da metade do poder computacional do blockchain. Dessa maneira, ela poderia interferir no funcionamento do sistema ou modificar intencionalmente o registro das transações mais recentes.

Apesar de esse risco existir, nunca houve um ataque bem-sucedido às transações de bitcoins e outras grandes criptomoedas.

Além disso, outro grande desafio da aplicação dessa tecnologia é a necessidade de colaboração geral. É impossível criar um blockchain se não houver uma rede de computadores e operadores que faça o sistema funcionar com segurança.

Mas, mesmo com alguns riscos e desvantagens, blockchain é um conceito que veio para ficar, como solução para diversas áreas de atuação — inclusive no Marketing Digital, como veremos a seguir.

Qual é a relação entre blockchain e Marketing Digital?

A tecnologia do blockchain é disruptiva. Ela não está transformando apenas o mercado financeiro, mas também outras áreas de negócios que demandam segurança para transações comerciais e processos corporativos. E isso pode acontecer em qualquer mercado.

Ainda não entendeu como o blockchain pode ser aplicado em outras áreas? Um exemplo bacana é este: em parceria com a Microsoft, a Prefeitura de Belo Horizonte adotou o blockchain no estacionamento rotativo de rua, em substituição aos talões de papel.

Agora, os créditos de transporte de BH são comercializados via blockchain às empresas interessadas que, por sua vez, oferecem aos usuários em seus próprios aplicativos. Assim, toda transação é validada pela rede, o que torna a venda de créditos muito mais eficiente, segura e transparente — qualidades essenciais para um sistema público.

A Prefeitura optou pelo sistema descentralizado em detrimento de um único fornecedor que desenvolveria o sistema intermediador, como acontece em outras cidades. Esse é um bom exemplo de como o blockchain é uma solução ideal para situações que envolvem intermediários e partes que não confiam umas nas outras (as empresas parceiras e a Prefeitura, por exemplo).

Agora, pensando no Marketing Digital, é comum que existam intermediários nas mais diversas atividades da área, não é? E, muitas vezes, as partes envolvidas sequer se conhecem.

É isso que acontece, por exemplo, quando você paga por um banner em um site por meio do Google Ads ou do Facebook Ads.

É isso que acontece também quando você compra um produto no e-commerce e essa transação é validada por uma instituição financeira.

E existem muitos outros exemplos de transações no mercado digital, em que é necessário ter um intermediário para garantir a segurança da negociação.

Porém, blockchain e Marketing Digital podem se unir para eliminar essa necessidade. Se as partes envolvidas quiserem negociar uma com a outra, elas podem fazer isso por meio do sistema descentralizado do blockchain.

Mesmo sem se conhecer, um anunciante e um site que oferece espaço publicitário teriam a segurança do sistema em rede, cujos participantes validam as transações e atestam a confiabilidade das partes. Além disso, sem a presença do intermediário e com a negociação direta entre as partes, os preços tendem a baixar.

A seguir, vamos entender melhor como essa relação entre blockchain e Marketing Digital pode trazer algumas mudanças para as empresas.

Quais mudanças o blockchain pode trazer para o Marketing Digital nos próximos anos?

O blockchain ainda não é tão popular. Vamos esperar ainda alguns anos para ver essa tecnologia transformar o modo de fazer Marketing Digital e negociar os serviços dessa área.

Mas é bom ficar de olho no que vem por aí! Conheça agora as mudanças que o blockchain pode provocar nesse mercado.

Blockchain como meio de pagamento no mercado digital

Se você pode pagar um cafezinho com bitcoins — desde que a cafeteria aceite, claro —, por que não poderia utilizar a moeda virtual para cobrar ou pagar pelos serviços de Marketing Digital?

Nos próximos anos, o blockchain pode se tornar um meio de pagamento no mercado digital. Em vez de aceitar ou fazer pagamentos em dinheiro, boleto ou cartão de crédito, você pode utilizar criptomoedas.

Muitas vezes, os fornecedores de Marketing Digital estão em outros países. Então, o blockchain também facilitaria as transações com o seu sistema online e sem intermediadores de um ou outro país, que dificultariam e onerariam os pagamentos.

Com o amadurecimento do blockchain nos próximos anos, isso tende a se tornar cada vez mais comum. Mas as criptomoedas ainda precisam de uma aderência maior entre as empresas, inclusive pequenos negócios, para que essa forma de pagamento se popularize.

Eliminação de intermediários nas negociações

Não é apenas como meio de pagamento que o blockchain pode ser usado no mercado digital. O próprio sistema descentralizado pode ser uma solução para os anunciantes, em um mercado em que a presença de intermediários é constante.

Por exemplo: quando uma marca quer colocar um banner na internet, ela pode falar diretamente com sites e portais. Porém, por não conhecer o proprietário daquele site, a marca fica com um pé atrás de negociar e fazer transações com ele.

Por isso, o Google costuma atuar como intermediário, por meio do seu sistema de anúncios, o Google Ads. Essa plataforma conecta os anunciantes a milhares de sites confiáveis da internet e ao seu próprio mecanismo de pesquisa. Além de ampliar o alcance das campanhas, ele também traz segurança, aos anunciantes e sites, de que os pagamentos serão de fato realizados.

Porém, o Google não faz isso de graça. Para cada transação, ele fica com uma parte do valor, o que aumenta os custos da publicidade. E, como é um dos gigantes da internet, ele tem o controle sobre os preços dos anúncios, aos quais as marcas precisam se adaptar.

Já pensou, então, se as empresas pudessem eliminar esse intermediário, mantendo o nível de confiança nas transações? O blockchain pode viabilizar essa mudança.

Nesse sistema colaborativo, anunciantes e editores podem ser verificados pelos integrantes da rede, que validam as transações que considerarem confiáveis. Além disso, as negociações se tornam mais ágeis e menos custosas sem a presença do intermediário, o que tende a tornar os anúncios mais lucrativos e aumentar o retorno sobre o investimento.

Não, não estamos dizendo que o Google vai morrer! Também não significa que você deva largar a sua estratégia no Google Ads, ok?

Mas vale a pena acompanhar a evolução dessa tecnologia que pode, aos poucos, eliminar o uso de plataformas de terceiros. O blockchain pode transformar a maneira de fazer negócios no mercado digital — e mais que isso, pode mudar a internet como a conhecemos hoje.

A gente nem percebe, mas sempre que acessamos um site, existe um intermediador: o navegador. O mesmo acontece quando acessamos o Facebook ou o WhatsApp, que também são aplicativos intermediários.

E sabe o que esses intermediadores fazem? Eles ficam com todos os dados dos usuários, sabem tudo o que eles fazem na internet — desde o que compram até as pessoas com quem eles falam — e ainda utilizam essas informações para vender publicidade em seus canais.

Porém, privacidade é uma exigência cada vez mais valiosa para os usuários da internet. Quem disse que eles querem compartilhar dados com plataformas em que sequer confiam? Eles só querem usar a internet.

Por isso, já existem algumas iniciativas para transformar esse ambiente e criar “uma nova internet descentralizada” com base no blockchain. Blockstack e Skycoin são alguns exemplos.

Esses projetos pretendem oferecer acesso a sites e aplicações online com total controle dos dados pelos usuários, sem que precisem entregá-los às grandes companhias da internet.

Agora, imagine como o mercado de Marketing Digital pode ser transformado com isso? Atualmente as empresas e agências se baseiam nos gigantes — Facebook e Google — para se comunicar com o seu público na internet.

Sem os dados dos usuários em mãos, o que elas poderiam fazer para divulgar suas marcas? Seria preciso coletar esses dados diretamente com os consumidores. E, assim, elas precisariam ser muito mais relevantes para convencê-los a isso!

Aí sim estamos falando de uma grande revolução no mercado digital: o poder nas mãos dos usuários. Mas tenha calma! Isso ainda está longe de acontecer.

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Confiabilidade de dados e transações de mídia online

Quando um anúncio da sua marca está rodando no Google ou no Facebook, quem garante que ele está recebendo cliques e visualizações de usuários reais? Não há qualquer garantia. As marcas simplesmente confiam nos números das plataformas.

O próprio Facebook já admitiu que, por muito tempo, apresentou uma métrica equivocada aos anunciantes, que inflava os números de visualizações de vídeos.

Robôs e fazendas de cliques são outros problemas que prejudicam os resultados com o Marketing Digital e a transparência dos investimentos. Uma pesquisa revelou que as fraudes em anúncios custariam uma perda de 19 bilhões de dólares aos anunciantes em 2018.

Não é por acaso que grandes marcas, como P&G e Unilever, levantaram a voz para tornar a compra de mídia digital mais transparente.

Resolver esse problema é complexo. Mas o blockchain pode oferecer uma solução: uma vez que as transações realizadas pelo sistema podem ser visualizadas e validadas pelos integrantes da rede, inclusive pelas partes interessadas, o processo se torna muito mais confiável e transparente.

Então, sob a lógica de compartilhamento do sistema, toda compra e veiculação de anúncios poderia ser vista, compartilhada e validada no blockchain. Assim, anúncios falsos, visualizações por robôs e entregas fraudulentas seriam identificadas e impedidas pela rede. Hoje já existem soluções específicas para isso, baseadas em blockchain, como o AdChain.

Outra maneira de garantir a confiabilidade dos dados em transações é a adoção dos contratos inteligentes (smart contracts). Também já existem soluções para isso baseadas em blockchain, como o ClearCoin.

Esse sistema adota um modelo de transações contínuas entre anunciantes e editores. Os pagamentos são liberados à medida que a campanha roda e entrega resultados. Para isso, o sistema compartilhado garante a confiabilidade das entregas, de acordo com os termos acordados, o que também evita fraudes na publicidade digital.

Enfim, se você é um profissional de Marketing Digital, já sabe como esse mercado é dinâmico. A todo momento surgem novas tendências e tecnologias, e é preciso estar por dentro delas para aproveitar as melhores oportunidades.

Blockchain, portanto, é uma das forças que pode mudar o mercado publicitário e digital nos próximos anos. Ao eliminar a necessidade de intermediários e trazer mais transparência para as transações, as marcas vão precisar adotar uma nova mentalidade de fazer negócios.

Não se trata mais de uma palavra da moda ou de algo que apenas o “pessoal de TI” utiliza, ok? Blockchain é um conceito que tende a se espalhar nos mais diversos tipos de negócios que estão em processo de transformação digital, em busca de mais eficiência e segurança para as suas transações.

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