Pela primeira vez na história da humanidade, temos uma pandemia em tempos de mundo hiperconectado, com informações transmitidas em tempo real, por múltiplos canais. Não é à toa que, pouco depois de declarar a pandemia de covid-19, a OMS também indicou a existência de uma infodemia — a propagação de grandes volumes de desinformação, mentiras e rumores sobre o novo vírus, que causam confusão, pânico e ansiedade.
Todos os veículos de jornalismo, tanto os mainstream quanto os inovadores, estão em campo produzindo conteúdo de qualidade para ajudar o público a lidar com a “novidade”. Com a chegada e disseminação do novo coronavírus ao Brasil, por exemplo, o tema dominou tudo — das redes de TV aberta aos podcasts, dos sites e blogs aos canais do YouTube. As empresas, em luta também pela sua sobrevivência, precisam garantir a saúde de seus colaboradores com informação de qualidade.
Saúde e comunicação, os desafios impostos por uma infodemia
Infodemia é o bombardeio de desinformação. A OMS já havia detectado o problema antes do aparecimento do novo coronavírus. Graças ao movimento antivacina, surgiram vários surtos de sarampo, uma doença já erradicada, matando milhares de pessoas em todo o mundo.
Por isso, a OMS já havia preparado uma equipe dedicada a combater o surto de desinformação de forma permanente. São pessoas que trabalham junto com as redes sociais para implantar políticas eficientes no controle da desinformação e soluções “milagrosas”, que causam doença e até morte.
Com a epidemia do novo coronavírus, nenhum país ou pessoa está imune — seja ao vírus ou à disseminação de fake news sobre ele. E o remédio para a infodemia é jornalismo de qualidade. E, não, isso não significa os grandes canais — sejam de TV, rádio, jornais ou internet. Há inclusive ótima informação em sites, canais no Telegram, no YouTube, no Instagram, entre muitas outras redes sociais.
Um exemplo que vale a pena destacar: Átila Iamarino, biólogo e especialista em espalhamento de vírus, com doutorado na USP e na Universidade de Yale, é divulgador científico na internet. Uma fonte preciosa sobre o vírus, sua disseminação e cuidados.
Mesmo com todo o cuidado para transmitir informações científicas em linguagem acessível, vídeos curtos e muitos gráficos, Átila foi vítima da indústria da fake news. Um trecho de uma live que fez pelo YouTube foi editado e, com a falta de contexto, usado para incentivar as pessoas a deixar o isolamento decretado em todo o Brasil.
Esse é o tamanho da luta: até mesmo as informações idôneas estão sujeitas à distorção. Átila estava usando números de um estudo do Imperial College, de Londres, publicado em 16 de março, fazendo projeções para o Brasil.
Isso nos demonstra que a última fronteira é, sempre, individual: a escolha certa traz a informação desejada. Mas depende de educação, conhecimento e muito domínio do ambiente digital.
Excesso de informação e a saúde mental
A pandemia de coronavírus é um caso especial e único. Embora muito comparado à pandemia da gripe espanhola, quando aproximadamente 500 milhões de pessoas morreram no mundo inteiro, a situação atual é absolutamente diferente.
Ao contrário de 1918, o mundo do começo do século XXI está absolutamente conectado— em termos informacionais, populacionais, econômicos. No caso da pandemia, todos os países com bom senso seguem as orientações da OMS:
- manter o isolamento social, que pode ir do voluntário à quarentena imposta;
- lavar muito bem as mãos;
- evitar aglomerações e proximidade com pessoas, mantendo a distância mínima de dois metros para evitar o contágio;
- manter apenas a atividade econômica essencial: supermercados, farmácias, bancos e transportes, transferindo para o trabalho remoto tudo o que for possível.
Sim, um dos primeiros efeitos da pandemia foi um estresse nas conexões em todo o mundo, com muito uso de dados — seja para trabalhar, jogar, assistir a vídeos e filmes, se informar. E também é pela internet que vem o segundo efeito, a infodemia.
O assunto pandemia é onipresente. A qualquer momento, o dia todo, o novo coronavírus domina a vida e os atos de mais de 7 bilhões de pessoas. Há versões asiáticas, americanas, europeias, brasileiras para cada fato, orientação.
Passamos a conviver com números de infectados, números de mortos, como se calcula taxa de letalidade e como está a evolução da doença. Enquanto isso, chegam áudios e vídeos no WhatsApp e há algumas autoridades espalhando informações falsas nas redes sociais — que, graças aos esforços da OMS, em geral são retiradas do ar com rapidez.
O isolamento social, enquanto isso, cobra um alto preço. Sobra energia, falta o “ir para a rua”; com a correnteza de informações, muitas vezes desencontradas, e as discussões pipocando nas redes sociais, sobram angústias, medo, dúvidas. Vem o preço da saúde mental. E também, para isso, há saídas online. De sessões a consultas por videoconferência a atividades para se distrair, cada um precisa achar a sua.
Lições de uma infodemia: crie sua dieta informacional
O que o excesso de informação mostra com clareza é a necessidade de criar limites. E o ambiente digital é um lugar ótimo para exercitar isso. Frente ao excesso de informações, o melhor é escolher o que, como e quanto. Uma verdadeira dieta informacional, que deve ser feita caso a caso, mas que tem algumas regras gerais.
Escolha fontes de qualidade
Como no caso das dietas em geral, a qualidade do ingrediente é fundamental. Escolha fontes com credibilidade, que pratiquem jornalismo de qualidade. Nestes tempos de pandemia, os maiores jornais e canais de TV do Brasil, inclusive por assinatura, retiraram as restrições e estão liberados a todos.
Crie um limite
Ninguém pode comer tudo o tempo inteiro. Crie limites para se informar. Um tanto ao acordar e um tanto à noite? É um jeito. Há programas ou canais que transmitem a informação que faz diferença? Assine. Mas coloque limites, porque é muito fácil ir de um link para o próximo e passar o dia inteiro assim.
Como?
Hoje temos infinitos meios de comunicação. Há os podcasts, newsletters que condensam as principais notícias, sites e blogs, canais no YouTube, perfis maravilhosos no Twitter, Instagram e Facebook. E cada habitante da Terra pode escolher qual a combinação que mais lhe agrada. Importante mesmo é assegurar-se da qualidade.
Do choque vem a mudança
A pandemia do novo coronavírus chegou e é provável que mude profundamente o mundo. No mínimo, depois que a humanidade vencer o vírus, terá que enfrentar uma grave crise econômica. Uma certeza há: o mundo que existia em 2019 não existe mais, não será a ele que retornaremos. Serão sábios aqueles que se prepararem, durante esses tempos em casa, para construir o novo e produzir diferença no futuro. Ele virá.
Em um momento como esse, é indispensável saber como sobreviver à sobrecarga de informação.
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