Quando em 2015 o Google mexeu em tudo e incentivou o mobile first, todo o mercado se movimentou para atender aos smartphones, principalmente no e-commerce, e adaptar os sites aos novos tempos. Chegamos, agora, ao momento esperado: o tráfego mobile e as conversões dele oriundas têm imperado na web.
O estado do tráfego mobile, 2019/2020
Segundo o último estudo da SimilarWeb, o tráfego mobile aumentou 30,6%, enquanto o tráfego oriundo de desktops caiu 3,3%. Não são só os números que mudam. O comportamento dos visitantes também difere. Mesmo quando navegam de seus desktops, os usuários ficam nas páginas por menos tempo, por exemplo, o que tem sérios impactos nas métricas usadas para qualificar e quantificar conteúdo, engajamento e interesse.
O relatório revela que, em 2019, o tráfego nos maiores 100 sites aumentou 8% em relação a 2018, e 11,8% em comparação com 2017, com uma média de 223 bilhões de visitas por mês. Os maiores aumentos aconteceram em abril/19 e junho/19 quando o tráfego cresceu mais de 10% em relação ao mesmo período em 2018.
Embora o aumento de tráfego seja impulsionado pelo mobile, os visitantes não ficam muito tempo nos sites. Em todas as plataformas, o tempo gasto em sites caiu 49 segundos entre 2017 e 2019. Além disso, o móvel é a plataforma escolhida para determinadas categorias, superando os desktops nos sites adultos, de jogo, comida e bebida, pets, saúde, comunidade e sociedade, esportes e estilo de vida. Ao longo dos anos, outras categorias estão migrando para o mobile, inclusive notícias e mídia, veículos, viagens, referência, finanças e outros.
Claro que nem todas as categorias têm o mesmo desempenho. O estudo da SimilarWeb mostra que os 10 maiores sites só fazem crescer e concentrar o tráfego, enquanto os menores crescem em taxas mais baixas — exceção ao Facebook, que ainda perdeu tráfego em seu domínio nos últimos dois anos, mas ganhando no Instagram e no WhatsApp.
Previsões de aumento exponencial de tráfego mobile
Enquanto isso, o relatório Cisco Mobile Data Traffic Forecast prevê que o tráfego mobile global atingirá um zettabyte ao final de 2022. Isso quer dizer 1 trilhão de gigabytes em dados circulandos pela rede.
Segundo esse estudo, o tráfego móvel cresceu 17 vezes nos últimos cinco anos, e as projeções são de que esse tipo de navegação será responsável por 20% do tráfego em 2022, contra 5% em 2010. Diz o texto:
[…] o número de usuários móveis cresceu rapidamente e a demanda por mais banda para tráfego de dados e vídeo só aumenta. Nos próximos 5 anos essa adoção do vídeo móvel não deve mudar.
Cisco Mobile Data Traffic Forecast
A previsão é que a velocidade de conexão dos smartphones será maior que 40 Mbps em 2022, com o móvel dominando 90% do tráfego mobile, apesar de ser esperado que sejam 54% do total de aparelhos e conexões. O estudo da Cisco também aponta para uma diminuição da participação de tablets e laptops e um rápido declínio de portáteis e não smartphones nessa categoria de tráfego.
Dois pontos chamam a atenção: usuários de iOS consomem mais dados — 9,1 GB/mês contra 8,6GB/mês dos usuários de Android; e quanto maior a velocidade de tráfego mobile, maior o aumento de consumo de vídeo. Muda também a geopolítica de consumo. O maior crescimento acontecerá na região da Ásia-Pacífico, onde estão China, Japão, Hong Kong, Austrália e Nova Zelândia, entre outros países. A América do Norte, que já foi a maior consumidora de tráfego, ficará em quarto lugar em 2022, sendo ultrapassada pela Europa Central e Oriental, Oriente Médio e África.
Além disso, o relatório da Cisco diz que o tráfego “inteligente”, derivado de equipamentos e dispositivos “smart” será responsável por 99% do total e 73% dos dispositivos em 2022. Em 2017, um dispositivo inteligente gerava 10 vezes mais tráfego que um não inteligente. E em 2022 deverá ser 15 vezes.
A previsão para 2022 é que o tráfego móvel alcance as seguintes marcas:
- O total de dados será de 77 exabytes (77 bilhões de gigabytes);
- O número de dispositivos móveis per capita será 1,5;
- As conexões 4G serão responsáveis por 54% das conexões mobile;
- O tráfego 4G será responsável por 71% do tráfego móvel total;
- O tráfego 5G responderá por 12% do total.
Mobile x desktop? Coexistência pacífica e foco no negócio
Desde 2015, quando o Google lançou sua campanha pelo mobile first, a conversão aos dispositivos móveis tem sido cada vez maior. Usabilidade, material design, boas práticas de construção de sites e aplicativos estão na ponta dos dedos.
Nos Estados Unidos, 77% da população tem smartphones — mais de 230 milhões de consumidores. No natal de 2018, 40% das compras foram via mobile. E os dispositivos são ótimas ferramentas para que clientes verifiquem produtos, seus preços e outras lojas enquanto avaliam uma compra.
Segundo dados do The Drum, 2019 E-commerce Year in Review, 65% do tráfego e 53% das conversões de vendas do e-commerce norte americano veio do mobile. A participação varia de acordo com as categorias, mas a tendência é o aumento do uso do mobile e a queda das outras fontes de navegação.
Enquanto isso, o Brasil está na terceira posição em uso de celulares. Segundo relatório 2020 da App Annie, os usuários lideram em horas de uso e puxam para cima a curva de downloads de apps. Eles são usados para games, finanças e, claro, compras. Por aqui também foi o país onde os aplicativos de carona tiveram o maior crescimento em todo o mundo.
Cada vez mais o acesso à informação, diversão, contato e negócios será através dos dispositivos móveis. O sucesso das estratégias de marketing passa, sem dúvida, pela inclusão do mobile no centro de todo o planejamento.
Se você não pode esquecer que desktops e laptops ainda existem, também deve lembrar que todos os elementos de seus sites e campanhas precisam ser amigáveis no mobile. Esses são os pontos principais:
- amigável ao toque: espaçamento, botões, links e calls to action clicáveis em telas pequenas;
- números de telefone em texto, codificados corretamente para que funcionem e também possam ser compartilhados;
- menus apropriados ao mobile: com mais espaçamento e clareza.
O crescimento do tráfego mobile ainda traz um grande desafio: manter os usuários mais tempo nos aplicativos da empresa. Não há mágicas para conseguir tal feito, mas existem cuidados que as companhias devem se atentar.