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Como a big tech trabalha com dados de seus usuários

Atualizado em: 15/04/2021
Pessoa segurança uma caixa com o símbolo gráfico do logotipo da Amazon

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Atuando em diversos segmentos e dominando o mercado em vários países, a Amazon é um dos maiores exemplos de sucesso na era digital. A gigante do e-commerce faturou mais de 75 bilhões de dólares no primeiro trimestre de 2020, um crescimento de 26.39% em relação ao ano anterior.

No entanto, é preciso analisar o que está por trás de tamanho sucesso. Por que os clientes da Amazon dão preferência aos seus serviços? É claro que uma infinidade de fatores, decisões e investimentos colocaram a empresa em seu patamar atual, mas o crescimento recente é relacionado, entre outras coisas, à forma como a companhia trata os dados de seus usuários.

Big tech, big data

Big tech e big data caminham lado a lado e, no caso da Amazon, não é diferente. Assim como outras gigantes de tecnologia, a empresa fundada por Jeff Bezos enxerga os dados de seus usuários como ativos extremamente importantes. Eles são, de fato, essenciais para o seu sucesso.

Buscando sempre estender seu conhecimento sobre o público, de modo a personalizar campanhas, prever tendências e muito mais, a Amazon não mede esforços para coletar os dados de seus usuários. Grande parte de seus produtos e serviços são utilizados para efetuar essa coleta.

Dessa forma, não são apenas as ações do usuário durante a experiência no website que se tornam fontes de informação. A própria assistente virtual, a Alexa, retém o histórico de interações do usuário, o que pode incluir desde o horário em que a pessoa desperta até os trajetos percorridos em uma viagem de Uber, por exemplo.

As plataformas de streaming oferecidas pela Amazon também são importantes ferramentas para a viabilização dessa estratégia de dados. O Amazon Music, por exemplo, que tem mais de 55 milhões de assinantes, e o Prime Video, que já ultrapassou a marca de 150 milhões, trabalham ativamente na coleta de informações do público. Como são vinculados diretamente ao e-commerce, mostram-se bastante eficientes.

Entender o comportamento é a chave

Para a Amazon, não interessa apenas coletar as informações básicas sobre os usuários, como as que são facilmente identificadas em uma análise voltada para dados demográficos. Esses dados são importantes, mas não são suficientes para um entendimento mais amplo sobre o comportamento da audiência.

A companhia utiliza instrumentos de machine learning e inteligência artificial para estender seus esforços de data mining. Mesmo em casa, fazendo atividades que nada têm a ver com suas jornadas de compra, os clientes podem gerar informação para a empresa.

Uma reportagem da Bloomberg trouxe à tona que até mesmo os aspiradores de pó automatizados, se conectados à função do Amazon Echo que gerenciam smart homes, transmitem dados para a empresa sobre o interior da residência.

Da mesma forma, a quantidade de vezes que o indivíduo liga o forno pode dar indícios sobre seus hábitos alimentares.

Em resposta a uma intimação de um senador americano, que questionou por quanto tempo a empresa mantinha os dados gerados pelo Amazon Echo, a companhia também confirmou que alarmes, marcações em calendários, mensagens enviadas a amigos e outras coisas corriqueiras são registradas.

Essas e outras informações podem ser utilizadas para definir de modo mais certeiro quem é, o que faz e como pensa o cliente da empresa.

Dessa forma, a Amazon alcança aquilo que é visto por muitos como a chave para o sucesso no cenário das big tech: compreender o comportamento do consumidor para criar experiências com maior potencial de conversão.

O site é a porta de entrada

Iniciada como uma loja virtual focada na venda de livros, a Amazon é a maior referência no setor de e-commerce . É natural, portanto, que sua estratégia de vendas gire em torno do seu website, em que os clientes não apenas compram produtos, mas também acessam plataformas de streaming e outros serviços.

A relevância do portal é evidente. Amazon.com figura no top 20 sites mais acessados do mundo, de acordo com a SimilarWeb. Na categoria E-commerce é o mais acessado. Por mais que esse alto número de acessos signifique uma ampla geração de dados, o portal está longe de ser o único instrumento usado para aperfeiçoar a compreensão sobre o público.

Aqui, o e-commerce funciona mais como uma porta de entrada para o usuário. É por meio do portal que o visitante se torna um lead. É lá que os interessados deixam seus dados de contato e endereços, assinam serviços e deixam evidente as suas preferências de compra.

Contudo, a estratégia vai além. Por meio de um algoritmo que analisa as compras realizadas pelo usuário, sua lista de desejos, suas avaliações e dados provenientes de outras fontes, a Amazon oferece recomendações personalizadas.

Esse sistema de recomendações, que usa informações de todas as frentes de coleta da companhia, é responsável por cerca de 35% das compras efetuadas.

Ao observar o funcionamento dessa estratégia, fica claro como os diferentes serviços e produtos da Amazon contribuem para o objetivo comum, que é usar dados para vender mais. Assim, produtos como o Echo e serviços como o Prime auxiliam o website na tarefa de coletar dados sobre os consumidores.

Quando comprou a rede social Goodreads, em 2013, a multinacional não adquiriu apenas suas fontes de receita, mas, principalmente uma base de usuários contendo dados muito específicos: as preferências de leitura das pessoas. A partir daí, as recomendações de livros do e-commerce se tornaram muito mais eficazes.

Independentemente do produto ou serviço que o cliente da Amazon utiliza, suas informações se tornam combustível para a empresa maximizar as receitas.

Anotações no Kindle são analisadas para entender o sentimento dos leitores, enquanto buscas em dispositivos Echo revelam seus interesses mais recorrentes. Pouco a pouco, a empresa vai mapeando o comportamento de seus consumidores e criando gatilhos cada vez mais sedutores.

Em um momento de ampla discussão em torno do uso de dados de clientes da Amazon e de outras grandes empresas para fins de marketing, a estratégia da gigante americana segue rendendo frutos. Acompanhar a repercussão das ações de um líder mundial é crucial para entender a dinâmica do mercado moderno.

Seja na coleta de dados, seja na venda de produtos e serviços, adotar uma postura transparente é um elemento fundamental para construir relações positivas com o consumidor.

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