Vivemos em tempos completamente digitalizados, o que faz com que os dados que circulam no ambiente virtual a respeito dos usuários sejam altamente importantes e valiosos.
Mas hoje em dia a comercialização dessas informações está inserida em um mercado desigual e artificialmente limitado. Isso porque a maior parte das pessoas não tem controle sobre as atividades econômicas que envolvem seus dados. E é justamente nesse cenário que o movimento Data Dignity está inserido.
O conjunto de informações coletadas em redes sociais, aplicativos e demais plataformas empresariais é vendido com frequência sem que as pessoas saibam ou deem permissão para que isso aconteça. Por isso, precisamos debater urgentemente sobre questões que envolvem a melhor maneira de termos um controle maior de como e por quem nossos dados estão sendo usados.
Mais cedo ou mais tarde, o Data Dignity atrairá a atenção de todo mundo.
Dados já são entendidos como ativos
The world’s most valuable resource is no longer oil, but data.
A frase, afirmando que o recurso mais valioso do mundo não é mais o petróleo, e sim os dados, foi citada na revista The Economist, no ano de 2017. Ela reforça que o ativo do século 21 são as informações. Afinal, tudo o que uma determinada empresa guarda a respeito dos seus procedimentos, fornecedores, clientes e resultados tem muito valor.
Não é à toa que ataques cibernéticos para roubar dados sensíveis são cada vez mais frequentes, o que demandou um aumento da verba para aprimorar a segurança das informações.
Apesar de ser um ativo intangível, a percepção da relevância dos dados só cresce. O desenvolvimento da tecnologia mudou os processos e a maneira de produção, além do armazenamento de informações relacionadas ao negócio. Em paralelo, com o crescente número de invasões dos sistemas empresariais por hackers, instituições de segmentos variados perceberam a grandeza de valor do seu banco de dados.
A perda disso tem a capacidade de causar prejuízos enormes com retrabalhos, suspensão ou atraso de atividades fundamentais à operação do negócio, por exemplo. Isso sem falar na possibilidade do invasor vender os dados aos concorrentes, o que lesa ainda mais uma empresa.
Data dignity começa a ganhar espaço nas nossas vidas
É importante falarmos sobre a diferença entre privacidade e dados, pois trata-se de coisas separadas. A privacidade do nosso nome, CPF e demais informações pessoais é o que pensamos em proteger. Então, se uma falha de segurança no FaceTime dá permissão para que um estranho ouça e veja uma conversa, nos sentimos invadidos.
Porém os seus dados, ou seja, o retrato abstrato de quem você é e, mais importante, de quem você é comparado a outras pessoas, é o lado mais vulnerável quando falamos a respeito de companhias ganhando dinheiro ao oferecerem serviços grátis para milhões de usuários.
O movimento Data Dignity vem para proteger sua autonomia pessoal, e não necessariamente a sua identidade. Afinal, com todas as informações que geramos com nossos hábitos de navegação na internet, as empresas conseguem montar avatares de nós mesmos. Ou seja, temos aqui um perigoso cenário que pode ser bastante manipulador das nossas decisões e do conteúdo que chega até nossos computadores e dispositivos móveis.
Perigos de fornecer dados inconscientemente
O fornecimento de dados em aplicativos e outros tipos de plataformas ou sistemas pode ter impactos muito maiores do que conseguimos imaginar. Um bom exemplo é o caso que envolveu o aplicativo Strava, uma rede social fitness que rastreia os exercícios dos seus usuários.
Há alguns anos, dados extremamente sensíveis a respeito da localização de bases militares dos Estados Unidos foram revelados. O vazamento também incluiu informações sobre o recrutamento de soldados tanto para bases como para postos avançados de espionagem ao redor do mundo.
A divulgação aconteceu por meio do mapa de visualização dos dados, que exibe as atividades rastreadas pelos usuários do Strava, permitindo que os corredores façam o registro e o compartilhamento dessas informações.
A empresa lançou a funcionalidade desse mapa no final de 2017, mostrando todos os exercícios que já haviam sido carregados no aplicativo. Isso representou algo em torno de 3 trilhões de pontos de dados GPS individuais, de acordo com o aplicativo.
Militares perceberam que esse mapa tem um nível de detalhamento tão grande que consegue dar informações altamente sensíveis a respeito de militares em serviço ativo. Ou seja, as bases militares americanas estavam claramente identificáveis e mapeáveis.
Projeto data dignity da Microsoft pode fazer a empresa, e os consumidores, lucrar
A Microsoft designou um time para pesquisar formas de oferecer aos usuários um controle maior de seus dados pessoais. A ideia é ir na direção oposta do Google, Facebook e outras companhias de tecnologia que enfrentam questões jurídicas e políticas por causa dos meios usados para coletar informações de quem navega em suas plataformas.
A própria Microsoft também sofreu situações difíceis com a telemetria no Windows 10 e ao contratar humanos para realizarem a transcrição de conversas do Skype.
É justamente um projeto como o Data Dignity que tem a capacidade de propiciar à Microsoft a associação da sua imagem com a defesa da privacidade dos consumidores (pelo menos em teoria). A iniciativa chama-se Projeto Bali, que está atrelado ao Microsoft Research. Ele consiste em um “novo banco de dados pessoais que coloca os usuários no controle de todos os dados coletados sobre eles”.
A intenção é que todos possam ter domínio total sobre armazenamento, visualização, gerenciamento, controle, compartilhamento e monetização dos seus próprios dados.
Jaron Lanier, cientista-chefe da Microsoft, defende que todo usuário deveria ser pago pelos seus dados pessoais, pois esses são seus bens mais valiosos. Data Dignity é o termo que ele usa para descrever seu projeto que visa a correção desses erros.
Sabemos que, vivendo em um mundo conectado como o atual, o uso de dados é imprescindível para entregar uma experiência mais customizada e otimizada aos consumidores. Porém, isso deve ser feito sem que os direitos de propriedade dessas informações seja ferido ou manipulado. E é justamente com esse intuito que o movimento Data Dignity ganha cada vez mais força.
Continue a se informar no Inteligência Corporativa e leia nosso post sobre marketing ágil e entenda por que é essencial para uma empresa ter uma cultura baseada em dados.
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