O novo consumidor está fazendo a indústria automobilística se revolucionar

Atualizado em: 15/04/2021
As mudanças no mercado automobilistico

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Nada de carros voadores como os que George, personagem do desenho Jetsons, dirigia. Estamos em 2018 e, embora muitas mudanças já tenham acontecido na indústria automotiva, ainda existem gaps que precisam ser preenchidos para o mercado acompanhar as necessidades reais dos seus consumidores.

Não é atoa que aplicativos de mobilidade têm feito mais sucesso do que o sonho do carro novo entre os millenials. De acordo com um estudo realizado pela Deloitte, o Global Automotive Consumer Study: Future of Automotive Technologies, 62% dos jovens das gerações Y e Z que já utilizam serviços de compartilhamento de automóveis acham dispensável a compra de um carro no futuro.

O dado serve de alerta para o mercado automobilístico, que sempre foi acostumado a ter uma parcela grande de consumidores. Atualmente, parece que o setor parou no tempo e não reconhece o seu potencial de inovação.

Contudo, algumas empresas já perceberam que o novo consumidor exige soluções mais imediatas que vão além de um carro com tecnologia de ponta e estão impulsionando a transformação da indústria automotiva. Quer saber como essa revolução já está acontecendo? Então, continue a leitura!

Os desafios da inovação na indústria automotiva

O mercado automobilístico sempre foi habituado a evoluir rapidamente. A cada ano vemos veículos mais potentes, como design diferenciado e tecnologias integradas. Mas, esse padrão não atende de fato o novo perfil do cliente.

Nesse sentido, dois grandes desafios do setor são: mudar a sua estratégia de negócios voltada a criar carros e também trocar o foco da sua inovação, oferecendo muito mais do que produtos. Hoje, as empresas precisam criar serviços que resolvam a dor dos seus clientes.

No entanto, seguir por este caminho envolve mais um obstáculo, que é mudar toda a forma de fazer negócio no mercado, regado por regulações e legislações bem consolidadas. E, claro, nem toda organização quer ou está preparada para isso. Muitas empresas ainda estão no formato de produção taylorista: divididas em setores e resistentes a implementar novos processos.

Além disso, as montadoras não conhecem profundamente o seu cliente. Muitas marcas até entendem as relações dos consumidores com seus produtos, mas não compreendem as suas necessidades, motivações e as mudanças do mercado. Daí, acontece essa lacuna entre o que o cliente precisa e o mercado oferece.

Contudo, há esperança e ela tem nome: transformação digital com base na metodologia Lean, que foca em otimizar tempo, recursos financeiros e humanos. As empresas precisam pensar em processos que permitam um modelo de gestão mais enxuto, ágil, com menor custo e maior qualidade.

Um grande case nesse sentido, é a Toyota. A empresa conseguiu mais produtividade, excelência, inovação e satisfação do cliente. Desde a década de 90, a companhia utiliza esse método e terminou o ano de 2017 como líder do mercado mundial no ranking da Focus2Move, empresa de consultoria.

Outra forma de acompanhar as mudanças em curso é aplicar inteligência de análise de dados e métodos de inovação focados nas pessoas, como o design thinking. Com isso, as empresas automobilísticas passarão a entregar mais valor e sobreviverão no mercado.

Algumas companhias já estão apostando nisso e são esses os exemplos que você verá no tópico a seguir.

As principais tendências do setor de automóveis

Em um cenário extremamente positivo, o mercado automotivo tem a projeção de arrecadar, até 2030, US$ 6,7 trilhões. Desse valor, quase 30% serão provenientes de novos serviços e tecnologias atrelados a esse mercado.

Os dados são do estudo realizado pela Evolve ETFs, que ainda aponta que o futuro da inovação automobilística dependerá de quatro grandes pilares: automação, conectividade, energia elétrica e economia compartilhada. Logo abaixo, vamos mostrar as principais tendências do setor, todas relacionadas com esses temas. Confira:

Carros elétricos

O uso de energia não renovável já está sendo repensado em diversos países e também pela indústria automotiva. A ideia é que os carros movidos a energia elétrica ganhem mais espaço no mercado e que em 2040 esses modelos atinjam US$ 41 milhões em vendas.

A Tesla é um dos exemplos de empresa que já nasceu com essa proposta de transporte mais sustentável e investe em qualquer inovação que siga por esse caminho. Além de produzir carros elétricos, a montadora oferece postos de recargas, baterias de alto desempenho e outros serviços. Por exemplo, a Tesla comprou a Solar City e passou a oferecer aos clientes painéis solares e outras soluções de energia limpa para casas.

A empresa mudou a forma de fazer negócios no setor, que passa por quatro grandes áreas: oferta do carro elétrico e serviços complementares, conceito que respeita o meio ambiente, ter a sua própria cadeia de fornecimento de peças e uma plataforma exclusiva de vendas. Por isso, o valor no mercado da marca ultrapassou a Ford, mesmo produzindo menos de 100 mil veículos por ano, quantidade infinitamente menor do que a concorrente.

Processo de compra

Conectividade é a palavra-chave do processo de compra se as empresas quiserem inovar no mercado. Muitas marcas já perceberam que o consumidor não gosta de perder muito tempo em concessionárias, afinal, nem sempre ele tem disponibilidade para visitar todas e fazer orçamentos.

Pensando nisso, a Mitsubishi abriu concessionárias em shoppings centers do Reino Unido e mudou o seu processo de compra. Hoje, o cliente pode conversar com vendedores online. Escolhendo o modelo, ele pode ir até o local, retirar o carro e testá-lo durante a sua rotina real. Além de estreitar o relacionamento com o cliente, a marca mudou o seu local de vendas e investiu em uma experiência mais realista para o consumidor.

Outras companhias já deram um passo além no processo de compra. É o caso da Citroën e da Tesla. Ambas permitem que os consumidores comprem seus carros 100% online, sendo que na Citroën a comercialização só é possível para os modelos C3 e Aircross. Já a Tesla, não permite a compra de veículos presencial.

TaaS (Transportation as a service)

A mobilidade é um dos desafios nas grandes cidades e os carros ganharam um pouco a fama de vilões. Para facilitar o processo, algumas montadoras estão investindo em novo modelo que o transporte para serviço, cujo princípio vem da economia compartilhada.

Um exemplo é o DriveNow, serviço criado pela BMW e disponível em 13 cidades da Europa. A ideia é o cliente alugar um carro de luxo utilizando um aplicativo. Para utilizá-lo, basta fazer um cadastro e enviar uma foto da carteira de motorista. Com o smartphone, a pessoa pode escolher o veículo, compartilhar a sua localização e ir até o carro mais próximo para dirigir. A porta e a partida também acontecem via aplicativo. Quando finalizar o trajeto é só estacionar o carro e efetuar o pagamento. O uso é cobrado por minuto e não precisa reabastecer o veículo.

O serviço, além de entregar uma experiência diferente ao consumidor, permite atrair potenciais compradores, que talvez nunca teriam contato com a marca indo em uma concessionária.

Carros autônomos

A autonomia dos veículos é uma área promissora do setor automobilístico. De acordo com o estudo da Envolve ETFs, a projeção é que o mercado ganhe US$ 7 trilhões até 2050. A tecnologia de automação permite economizar tempo e trazer mais segurança na locomoção, pois minimiza os erros humanos.

No mercado atual, podemos destacar os esforços da Toyota para investir nessa inovação. A fabricante injetou US$ 500 milhões no Uber para desenvolver em conjunto pesquisas que aceleram a produção de carros que dirigem sozinhos.

Open source

Que tal deixar os seus consumidores projetarem o carro dos seus sonhos? Foi o que a Local Motors fez: desenvolveu carros usando pequenas fábricas, com inovação aberta e uma manufatura digital.

O processo mescla autonomia com cocriação, dois conceitos que estão atrelados a inovação. Nesse cenário, o consumidor se cadastra em uma comunidade e ajuda a desenvolver um carro, desde o design até o motor. O Fiat MIO, carro conceito, foi todo criado em um processo de colaboração intenso dos próprios clientes da marca.

Blockchain

A tecnologia de Blockchain permitiu a expansão das criptomoedas, mudando a forma que realizamos transações financeiras online. Ainda é algo recente no mercado, por isso suas aplicações não foram totalmente exploradas.

Entretanto, já tem companhias automobilísticas olhando para essa tecnologia como uma forma de inovar no mercado. São elas:

  • Mercedes: criação de uma criptomoeda própria, a MobiCoin para recompensar motoristas que tenham bons hábitos de condução ecológicas;
  • Porsche: está explorando aplicativos Blockchain nos seus veículos em cooperação com a XAIN para, por exemplo, travar e abrir portas de carros usando uma aplicação com dados criptografados;
  • BMW: investindo em parcerias com startup Blockchain para encontrar fontes de cobalto éticas, ou seja, que não usam trabalho infantil ou escravo.

As soluções são diferentes, mas todas apontam para um cenário que ajudará a manter a indústria automotiva na vanguarda.

Conectividade

Em um futuro não tão distante, a conectividade dos carros será algo que virá de fábrica. Ao menos é o que aponta a pesquisa da Envolve ETFs: 98% dos veículos terão mecanismos que estimulam a conexão.

Já existem no mercado algumas tecnologias como V2V (Vehicle to Vehicle) e V2X (Vehicle to Everything) que possibilitam a conexão dos carros além dos smartphones. Por exemplo, os automóveis poderão identificar objetos e notificar o motorista, ligar para um contato específico em caso de emergência ou prestar assistência na hora de realizar a baliza.

Se você leu o texto até aqui procurando alguma montadora que lançou carros voadores, talvez tenha se decepcionado um pouco. Mas, com tanta tecnologia, investimento e anseios dos clientes por uma mudança profunda no conceito de mobilidade, pode ser que a invenção saia das telas e vire realidade, não é mesmo?

O futuro é promissor, porém, a indústria automotiva deve centralizar seus esforços nas necessidades dos clientes e assumir riscos em direção à inovação.

Quer saber mais sobre as tendências do mercado e como se preparar para as mudanças do novo consumidor? O post sobre transformação digital traz ideias interessantes!

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