Agentes da inovação

Inovação precisa buscar investimento em pessoas, não apenas em tecnologias

Atualizado em: 15/04/2021
Investimento em pessoas é porta de entrada para inovação real

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Inovação. Do governo às empresas, dos pequenos aos grandes negócios, todo mundo precisa de inovação. Muito usada no ambiente tech, a palavra implica muito mais que novas tecnologias. Porque inovação não nasce nos softwares ou novos equipamentos. Seu berço é o investimento em pessoas e as estruturas das quais elas participam.

É um mundo complexo este, que vai além dos bits, equipamentos, configurações. Numa economia cada vez mais interconectada, as empresas precisam ganhar competitividade, diferenciação, aumentar suas fontes de renda e lucro. E a inovação é uma das grandes ferramentas para fazer isso.

Existem diversos modelos teóricos que são usados para entender o conceito de inovação em empresas. Um estudo publicado pela Revista de Administração Contemporânea faz uma coletânea dos principais modelos que estão sendo utilizados para promover a inovação dentro das empresas.

Ao contrário da biologia, onde a mudança acontece por acaso e ao longo de ciclos muito longos, o ambiente de negócio inovador tenta produzir mudança com intenção e em ciclos mais curtos. Por isso, envolve o incentivo à tentativa e a maior aceitação do erro. A organização faz uma pequena mudança. Ela pode dar certo ou não. E tenta de novo. Acertou ou errou? O que deu certo? O que deu errado?

E dessa série de erros é que nascem acertos, mudanças de rota, descobertas. Foi de uma série de erros como esses que se fez o ser humano como o conhecemos hoje. Só que a inovação precisa de mais que método. Precisa de um ambiente em que possa acontecer. E não basta pensar em tecnologia ou metodologia. Para que as pessoas produzam inovação, há que observar muitos pontos: estratégia e posicionamento de mercado; estrutura e ambiente organizacional interno; gestão de tecnologia; gestão de pessoas; e gestão de parcerias. .

Onde nasce a inovação?

No quesito inovação, o Brasil tem um problema: caiu duas posições no Global Innovation Index, de 64º para 66º. Somos um país que adota inovação com rapidez, 60º lugar, segundo o ranking, mas produz muito menos, ocupando 67º lugar. Pior que isso, o Brasil investe muito pouco em pesquisa e desenvolvimento, principalmente nas áreas mais sensíveis à quarta revolução industrial, que é a transformação digital. Enquanto isso, os países da OCDE investem 29% do valor adicionado bruto do setor de software, por aqui são 4,5%.

Outra questão local, levantada por um estudo do MIT (Massachussets Institute of Technology), é que a inovação no Brasil é liderada pelo Estado – fato também apontado por estudo do Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP (Nereus-USP). Embora o Brasil tenha algumas grandes empresas, inclusive em processo de internacionalização, como Ambev e Natura, o centro dos investimentos em inovação do país ainda está em setores primários, como a extração mineral e a agricultura.

Um ponto importante parece ser entender que inovação é a criatividade que acontece num grupo – pode ser uma empresa, uma cidade, um bairro. Mas não basta ter uma ótima ideia. Inovar, ao fim e ao cabo, é implantar essa ideia, colocá-la para funcionar.

Para a criação surgir dentro de uma estrutura organizacional, são necessárias algumas condições, que se convenciona chamar de cultura de inovação. É indispensável o investimento em pessoas. Só que cada empresa, cada grupo, produz e promove inovação do seu próprio jeito. Embora seja muito claro que existem pontos em comum, é preciso adaptar os modelos à sua própria organização.

Segundo Ronald Dauscha, Diretor de Tecnologia do Grupo Siemens do Brasil,  cultura de inovação é “ausência de comportamentos, regras e ambientes que impeçam o desenvolvimento do ímpeto natural das pessoas em sugerir melhorias e inovações, aliada a um conjunto de visões, procedimentos e recursos que potencializem estas iniciativas”.

Em seu artigo, Dauscha propõe cinco pontos para produzir inovação dentro de uma organização:

  • Comportamento apreciativo e aberto, que permite que as ideias possam circular e ser analisadas;
  • Regras claras, que definam os limites de exploração dos colaboradores, para que possam explorar, comparar e gerir suas ideias;
  • Ambientes agradáveis, com espaços de convivência e descanso;
  • Visão de longo prazo, com proposta de valor para produtos e soluções;
  • Procedimentos criam inovação contínua, e recursos financeiros e humanos para que a inovação não compita com os resultados da corporação.

Para Elói Assis, diretor executivo de ofertas e produtos de varejo da Totvs, “o principal é aprender que o erro pode ser bom. Nós temos uma cultura de não querer falhar de que temos que ser perfeitos, mas quando o assunto é inovação, é preciso lembrar que esse é um processo mais lento e difícil”, diz. E continua: “Importante é saber se o erro não é repetitivo, acontecendo num mesmo processo, o que significa que a lição não está sendo aprendida. Se depois de um erro vier uma mudança, a organização está no caminho certo”.

Investimento em pessoas porque elas são os agentes da inovação

Se estratégias e ambientes são fundamentais para promover inovação, eles não funcionarão sozinhos. São os colaboradores que produzirão a diferença. E não é preciso renovar a equipe inteira para conseguir fazer isso acontecer dentro das empresas.

Os maiores professores de inovação têm sido as startups. Estas empresas, que nascem de uma ideia e podem se tornar negócios bilionários, deixam lições para todas as empresas de todos os tamanhos. Veja o caso do Nubank, retratado pela Forbes: o co-fundador David Vélez explica que o grande gargalo é o acesso a talento.

Gente, portanto, é o ponto-chave para inovação e construção de negócios. O primeiro ponto é conseguir uma equipe diversa. Pense na estrutura social, em gênero, em raça, em diferentes regiões do país, em pessoas com deficiência. Quanto mais diversidade houver em sua equipe, mais ela produzirá diferença. Segundo a consultoria McKinsey, empresas com equipes mais diversas, conseguem resultados 35% maiores que os das suas concorrentes.

As habilidades de cada um também precisarão contribuir com o produto, o serviço, a solução que estão em construção. Não se trata apenas do conhecimento formal, mas da capacidade de se comunicar, ouvir, suportar incertezas, realizar mudanças necessárias com rapidez, lidar com os erros. São características psicossociais, que, sim, também podem ser desenvolvidas dentro da empresa, através de workshops, eventos, cursos, práticas.

A Faber Castell do Brasil, por exemplo, investiu em um espaço de 800 metros quadrados, em São Paulo, em que além de receber escolas, recebe equipes inteiras de empresas para promover e estimular a inovação. O processo deu tão certo que a empresa já fez também a sua lição de casa e espera que ajudar outras empresas a inovar seja sua terceira maior fonte de receita em 2020.

Gerir inovação é arte

Não é à toa que cada vez mais encontra-se entrevistas e matérias com executivos que são encarregados da inovação dentro das empresas. A inovação responde por sucesso nos negócios, como aumentos de receita que começam em 10% e desconhecem limites.

Se pensarmos que a economia brasileira deve crescer no máximo 1% em 2019, uma empresa que consegue aumentar seu lucro em 10% pode dizer que teve um ótimo resultado.

Mas a gestão da inovação requer conhecimento, sensibilidade e atenção. É porque com o avanço da automação, a criatividade, o pensamento crítico, empatia e outras habilidades vão se tornando cada vez mais fundamentais para a produção das equipes.

Além disso, não é possível querer inovar de cima para baixo. A vontade, em grandes empresas, costuma acontecer nesse sentido, mas a produção acontece na horizontal. Quanto menores as distâncias hierárquicas, mais provável conseguir inovar e produzir diferença. Afinal, se um funcionário perceber uma falha ou descobrir como resolver um problema e não ser ouvido, a inovação não prosperará.

A liderança, em contextos inovadores, consiste em escutar, ajudar a resolver problemas ou dilemas, garantir processos e condições para que as equipes possam trabalhar com rapidez e eficiência. E lembrar sempre que o objetivo é atender melhor e mais rapidamente o seu cliente.

Os maiores erros cometidos por gestores quando o assunto é inovação:

  • evitar mudanças. Para inovar, é preciso explorar outros jeitos, testar, errar, tentar de novo.
  • ter medo de errar e testar. Protótipos dependem de testes e mais testes, suportar o erro e seguir em frente, melhorando o produto ou serviço.
  • tentar fazer tudo sozinho. O gestor tende a ser multitarefas e ter o dia carregado. Ele pode, sim, contar com consultorias, mentorias ou com outras áreas da empresa para ajudar a produzir as mudanças para atingir os objetivos desejados.
  • focar apenas no lucro. O lucro é importante, mas o valor é percebido pelas pessoas – e às vezes não é possível medir em números, mas faz uma enorme diferença.
  • congelar processos. Inovação não tem manual fixo e pode ser que seja preciso ir alterando o que já foi feito para avançar.
  • não se preparar para o aprendizado constante. Não é raro a inovação surgir de uma ignorância. Não dá para saber tudo, acompanhar tudo. Sede de conhecimento e a humildade do “eu não sei” são ótimos fermentos para a inovação.
  • rigidez excessiva. A flexibilidade cria espaço para que o novo possa surgir. Horários de trabalho, jeitos de vestir, processos. Vale para tudo e para todos.
  • acreditar que são necessários grandes volumes de dinheiro. A inovação nasce em todo lugar, inclusive é favorecida pela escassez. É possível sim, inovar com pouco dinheiro. Afinal, nenhum unicórnio nasceu valendo um bilhão. Eles começam pequenos e crescem.

Uma ferramenta muito interessante para fazer a inovação prosperar é o processo de inovação aberta, que permite a colaboração nos seus projetos de pessoas de fora da empresa, aumentando ainda mais as chances de sucesso.

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