De acordo com pesquisa recente da GEM (Global Entrepreneurship Monitor), nunca se empreendeu tanto no Brasil!
Mas quando pensamos sobre “o que é empreendedorismo?”, muitas ideias veem à cabeça: negócio próprio, horários flexíveis, não é preciso lidar com um chefe, é possível inovar, há muitos riscos envolvidos, é uma chance para inventar novos produtos e serviços, liderar equipes e, finalmente, ser rico!
Apesar de que elas têm uma certa relação com o que é empreendedorismo, não acredito que nenhuma dessas represente por si só e completamente o conceito.
Como veremos nesta postagem de hoje, é possível empreender sem ter um negócio próprio, e até mesmo sem ser tão inovador assim.
Ficou curioso para saber mais sobre esse conceito? Leia nosso post e entenda agora o que é empreendedorismo:
As bases do empreendedorismo
Você já parou para pensar sobre o verbo “empreender”? Se você olhar no dicionário, vai encontrar uma série de definições.
Mas a surpresa está entre os sinônimos. Basta olhar atentamente para encontrar o verbo “fazer”. Isso pode até parecer um pouco simplista, mas posso garantir que está longe disso.
Na verdade, associar empreendedorismo ao ato de “fazer alguma coisa” significa também entender a necessidade de se por em prática estratégias, planos e ações que visam organizar e gerenciar qualquer empresa ou negócio, com forte senso de iniciativa.
Empreendedorismo é aquela vontade de encontrar as necessidades e saná-las da melhor forma possível.
É simples assim: definir objetivos, investir para alcançá-los, construir resultados e repetir a operação.
Colocado assim, tiramos o peso que geralmente é dado, em bases não muito sólidas, àquela figura do empreendedor, que deve ser sempre inventivo e dono do próprio negócio.
Na verdade, como veremos no desenrolar deste artigo, empreendedorismo é muito mais amplo do que isso.
É aplicável a qualquer profissional, qualquer ser humano, independentemente de sua área de atuação, ou até mesmo carreira.
Na prática, o que significa “ser empreendedor”?
Se partimos desse pressuposto acima sobre empreendedorismo, a visão acerca do que é “ser empreendedor” se torna muito mais clara e possível para a maioria de nós.
Pessoalmente, eu gosto muito da definição que aprendi em Babson (universidade americana reconhecida como a melhor escola de empreendedorismo do mundo): empreendedorismo é “uma forma de pensar e agir, obcecada por oportunidades, com visão holística e liderança, focada em agregar valor”.
Acredito que você já tenha ouvido – ou mesmo dito – uma frase a respeito de algo que se tornou uma verdadeira praga em muitas instituições públicas e privadas: agendas repletas de reuniões para resolver problemas e quase nenhuma efetiva solução de problemas.
Pois o empreendedor, na verdade, vai contra esse pensamento.
Por mais que ele reconheça a necessidade de se sentar e pensar, ele tem uma motivação para sair desse “campo das ideias” e quer colocar imediatamente em ação um plano para resolver essas questões.
Enquanto vários (os não-empreendedores) se apegam nos obstáculos e nas burocracias envolvidas como se fossem tábuas de salvação, o empreendedor não vê problemas em transpô-los para apresentar resultados.
Vale aqui apontar uma questão que pode surgir em durante sua leitura: falamos sobre a necessidade de ação, de transpor obstáculos para atingir metas, todas referentes ao empreendedorismo.
Só que isso não significa que o empreendedor age sem pensar, que é de alguma forma afobado. Na verdade, é justamente o contrário!
Empreender é verbo de ação que anda sempre acompanhado de conceitos como qualidade, o que significa pesquisar e pensar muito. Somente a partir de uma sólida base é que é possível criar boas estratégias de negócio.
Somente por meio do conhecimento é que as pessoas podem agir de forma planejada, com resultados possíveis, esperados e mensuráveis.
Agora, que tal a gente analisar um pouco mais a fundo cada um dos pontos destacados na definição formal dada alguns parágrafos acima? Veja:
Pensar e agir
Da mesma maneira que ideias sem execução não valem nada, não adianta termos um empreendedor que sai aplicando ideias sem critério, planejamento, ou organização.
Algumas vezes, ele pode até ter a sorte de as coisas darem certo sem nenhum planejamento, mas se você chegar mais longe, definir seus objetivos de forma clara e montar um plano de ação para alcançá-lo é fundamental.
Por outro lado, quantas vezes vemos ideias que ficam perfeitas no papel e acabam nunca saindo de lá? Isso gera a pergunta “então como saber qual o limite entre o planejamento e o momento de colocar a mão na massa?”.
Pois é, não tem como saber. Definir exatamente esse meio termo é a sua função, caro empreendedor.
Para se aprofundar no tema, recomendo o artigo sobre Planejamento estratégico.
Oportunidades
Existem duas analogias que gosto muito quando pensamos em análise de oportunidades.
Uma delas é que, na mesma cidade, a chuva molha o território igualmente.
Porém, enquanto ela bate e vai embora no concreto, quando cai em solo fértil ela pode gerar excelentes frutos.
Nessa mesma linha, é importante destacar que o empreendedor normalmente tem acesso às mesmas oportunidades que outras pessoas, mas ele se preparou para aproveitá-las de melhor forma.
Outra analogia é sobre as ondas de rádio. Elas estão aí, circulando pelo ar, 24 horas por dia.
Porém, sem o instrumento correto (no caso, o aparelho de rádio), não conseguimos transformar essas ondas em música.
Na prática, para transformar a informação que você recebe em oportunidade, é essencial que o empreendedor seja um cara sempre curioso, trabalhando para transformar sinais aleatórios em novas oportunidades de negócio.
Confira: O que é ser empreendedor.
Visão holística e liderança
Apesar da ideia comum de que o empreendedor é um visionário, uma pessoa que cria um império sozinho, não sei de absolutamente nenhum empreendedor que não tenha tido companheiros de jornada.
Steve Jobs tinha ao seu lado um dos maiores gênios do século 20, Steve Wozniak.
Bill Gates tinha como companheiros inseparáveis seus amigos de Harvard, Paul Allen e Steve Ballmer.
Esses são apenas alguns exemplos sobre como o empreendedor só alcançou o sucesso devido a uma equipe forte, que foi capaz de dar escala a sua visão.
Claro que o Vale do Silício pode passar essa imagem de empreendedores-estrela para muitas pessoas.
No entanto, na prática, qualquer grande projeto leva muito tempo e esforço para ser concretizado com sucesso e precisão, o que é humanamente impossível fazer sozinho.
Por isso, mesmo que você comece sozinho, saiba que em algum momento você precisará exercitar suas características de um líder.
Agregar valor
Infelizmente, essa expressão virou piada graças ao “Rei do Camarote” hoje em dia.
No entanto, não é por causa do mau uso da expressão que ela tenha perdido a sua importância.
De nada adianta ter uma ideia que na sua cabeça é totalmente genial, se na prática ela não facilita a vida de outras pessoas.
O teste de fogo do empreendedor é colocar o seu produto no mercado, justamente porque esse é o momento em que veremos se as pessoas consideram se aquilo agrega valor ou não.
No caso, preço é o que você paga, valor é o que você recebe.
Analisando pelo lado do empreendedor, uma das formas mais objetivas de avaliar o valor agregado é justamente se ele está conseguindo gerar lucro naquele negócio.
Se as pessoas consideram aquilo algo útil, nada mais justo do que o empreendedor ser devidamente recompensado por isso.
Inovação e empreendedorismo
Falei logo no início do artigo que empreender não significa, necessariamente, abrir um negócio ou criar produtos e serviços novos, com inventar.
Na verdade, vimos a partir das características do perfil desse tipo de profissional que a inovação ligada ao empreendedorismo tem muito mais a ver com uma maneira de se comportar diante dos acontecimentos diários e projetos.
Um paralelo interessante pode ser traçado com a sétima arte, o cinema brasileiro para ser mais preciso.
Nos idos da década de 1950, um grupo de cineastas (Glauber Rocha, Paulo Cesar Saraceni) criaram um movimento cinematográfico cujo lema era “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”.
Eles surgiram com a falência das grandes produtoras de cinema e resolveram criar uma estética mais real, mais brasileira e com menos recursos.
O resultado foi uma série de filmes que marcaram a constituição da identidade cultural brasileira no cinema, com nomes reconhecidos internacionalmente.
O cinema novo pode ser visto, então, como um movimento de empreendedorismo na arte do nosso país.
Aproveitando-se de tecnologias presentes e mesmo diante das dificuldades, encontraram uma maneira – planejada, com identidade estética – de fazer o que mais desejavam: filmes.
Mais do que ineditismo, o empreendedor busca algo que seja útil ao seu dia-a-dia, ao desenvolvimento de suas atividades.
Isso vai muito além de estabelecer posições hierárquicas e chefias.
Essa temática envolve muito mais a habilidade de reconhecer talentos – seus e dos seus companheiros – e das situações, buscando aproveitá-los da melhor forma, para ir além.
Empreendedorismo é uma questão de postura
Repare que, apesar de todos os quatro conceitos que apresentei (pensar e agir, oportunidades, visão holística e liderança, agregar valor) poderem ser aplicados em um negócio próprio, não é a única aplicação possível.
Por exemplo, veja como é interessante a modalidade de empreendedorismo desse atleta que revolucionou o seu esporte aqui.
Ou então, em diversos casos que vemos de comportamentos empreendedores de funcionários, os chamados intraempreendedores.
Ou até mesmo no governo conseguimos ver excelentes casos de funcionários públicos com comportamento empreendedor, chamados de empreendedores públicos.
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O que mais você pode fazer para empreender?
Convenhamos que, muito além desses quatro conceitos, existem outros aspectos que você pode observar em seu dia a dia se quem empreender com sucesso.
Veja as dicas que preparei para você aplicar em sua rotina e deixar de pensar sobre o empreendedorismo somente no campo das ideias:
Conheça os custos efetivos de um negócio
De nada adianta empreender descolado da realidade.
Essa é uma atividade que requer pés no chão, sempre de olho nos custos efetivos de um negócio, e não apenas na possibilidade de lucro, ou de sucesso reputacional.
Por isso é tão importante colocar na ponta do lápis todos os seus gastos, saber exatamente como será seu plano de negócios, seus custos fixos e variáveis, antes de se arriscar em uma atividade empreendedora.
Acredite, não há nada de errado em ser um pouco comedido com aspectos financeiros!
Cuidado com a escolha de sócios
Outro aspecto do empreendedorismo que requer atenção é a escolha de sócios.
Hoje em dia, especialmente em startups, a escolha de sócios acaba sendo algo menos fixo, mais dinâmico e passível de alterações.
No entanto, quando pensamos naqueles modelos tradicionais de empreendimentos, é comum firmar um contrato social, com capitais pré-definidos para cada sócio.
Nesses modelos, é imprescindível contar com profissionais que entendam seu modo de pensar, que tenham as mesmas expectativas que você em relação ao empreendimento, bem como que estejam dispostos a se arriscar nessa empreitada.
Caso contrário, você poderá enfrentar diversos problemas no futuro!
Não misture as coisas: tempo pessoal e de trabalho
Empreendedores estão tão animados com seus negócios e engajados com aquele modo de pensar voltado para o sucesso do empreendimento, que é comum misturar os momentos de trabalho com o tempo pessoal.
Esse é um grande erro, pois condiciona esses profissionais a se dedicarem exclusivamente à empresa.
Você nunca desliga dos negócios e deixa de aproveitar a família, os amigos e o lazer. Por essas razões, aprenda a não misturar as coisas e a manter um equilíbrio maior entre tempo pessoal e de trabalho!
Procure conversar com empreendedores que deram certo
Na rotina de uma empresa, não é comum estudar cases de sucesso? Por que não utilizar a mesma lógica para lidar com empreendedores?
Pesquisar sobre pessoas bem-sucedidas, seus segredos, aprendizados e sugestões é uma boa forma de adiantar (e muito) seu próprio processo de desenvolvimento profissional e pessoal!
Se possível, procure estabelecer algumas relações de mentoria com outros profissionais, que vão poder te guiar nos momentos mais difíceis e desafiadores de sua carreira!
Esses mentores podem te ajudar a lidar com as inseguranças e problemas inerentes de qualquer rotina empreendedora, independentemente de sua área de atuação ou estágio da carreira.
Identifique seu público-alvo
Hoje em dia, com métricas cada vez mais segmentadas, especialmente para quem trabalha online, fica fácil caracterizar o perfil exato de seu público: faixa etária, gênero, hábitos de consumo, classe social, escolaridade, interesses, entre outros aspectos que podem vir a ser relevantes para o desenho final de seu produto ou serviço.
Identificar com exatidão seu público-alvo ajuda a manter um plano de negócios mais realista e efetivamente voltado para a demanda de futuros consumidores.
Seja um líder, não um chefe
Tudo bem que essa é uma dica clichê, que livros de autoajuda e textos sobre empreendedorismo vão sempre repetir.
Mas não custa repetir: ser um líder é muito diferente de ser um chefe! E há muitas vantagens relacionadas à atuação como líder junto a sua equipe.
Por exemplo, líderes estimulam a cooperação (e não somente a competição), o que gera maior engajamento, produtividade e resultados efetivos para o empreendimento.
Além disso, líderes são aqueles que veem com bons olhos e incentivam o crescimento de sua equipe, em vez de simplesmente querer manter uma diferenciação hierárquica que pode não refletir com exatidão as qualificações profissionais e desempenho no ambiente de trabalho.
Evite a confusão de bens pessoais e do empreendimento
Não é apenas o tempo pessoal e profissional que deve estar em equilíbrio.
Além disso, é preciso que seus bens pessoais e da empresa estejam separados, de forma a garantir a segurança de sua família e de seu patrimônio.
Quando há confusão de bens, qualquer risco do empreendimento poderá também ser suportado por sua propriedade, o que está longe de ser uma decisão estratégica e racional.
Não misture contas e, na medida do possível, procure evitar a utilização de bens pessoais como computadores, carro e outras ferramentas de trabalho no âmbito da empresa.
Proteja-se para empreender sem risco!
Invista em networking
Networking é uma das ferramentas mais importantes à disposição de um empreendedor de sucesso: ela permite a captação de novos clientes.
Além de propor parcerias estratégicas de negócios; aumentar a versatilidade de seus produtos e serviços (que podem atingir diferentes mercados); entre outros fatores.
Mas como investir em networking no seu dia a dia? Não basta trocar cartões profissionais em eventos anuais de sua área.
É preciso cultivar bons relacionamentos profissionais, por meio de contatos constantes, happy hours, indicações de outros profissionais e empresas, além da proposição de parcerias e outras formas de impulsionar também os negócios de seus colegas.
Conclusão
A moral da história é a seguinte: da próxima vez que te perguntarem “o que é empreendedorismo?”, a resposta já deve estar na ponta da língua: “é uma postura.
Ter um negócio próprio, ou não, é um detalhe”. Portanto, lembre-se de que desenvolver ou não o seu lado empreendedor é uma questão de escolha.
Não necessariamente você vai abrir uma empresa multimilionária, ou se tornar um ás reconhecido mundialmente, mas esse investimento com certeza valerá a pena para que você se sinta cada vez mais feliz e realizado com a sua vida.
Agora que você já sabe o que é empreendedorismo, não ficou claro que, no final das contas, uma boa vida é o melhor empreendimento que pode ser realizado? Que tal aproveitar sua visita aqui no blog para conhecer outros artigos e mais dicas matadoras?
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