Em 22 de março de 2019, a Zoom entrou com pedido de IPO para se tornar uma empresa de capital aberto e negociar suas ações na Nasdaq. Ainda que já fosse conhecida a lucratividade da empresa, a apresentação da startup de videoconferência surpreendeu por números impactantes e acima da média de mercado.
Considerada um unicórnio desde 2017, a Zoom cresceu de US$ 61 milhões para US$ 331 milhões em receita nos últimos três anos. Ou seja, 450% de crescimento nesse período. Desde que foi fundada em 2011, por Eric Yuan, a startup vem dobrando sua receita ano a ano. O lucro atual é de US$ 269,5 milhões e margem de lucro líquido de 2% registrada no ano passado.
Como indica a análise de Tom Tunguz, com quase um terço da equipe de engenharia na China, a Zoom gasta menos de 10% de sua receita com P&D, o que é menos da metade de companhias similares. Além disso, a equipe apresenta eficiência de vendas de 1,8 — cada US$ 1 gasto com vendas e marketing resulta em US$ 1,8 de lucro bruto no próximo ano.
Diante dessa eficiência, o payback da Zoom é de menos de 7 meses. Além disso, os clientes que começaram a pagar no ano passado pagam 40% a mais este ano.
O que impulsionou o crescimento da Zoom de 450% em três anos
Fundada em 2011, a Zoom tinha 4.500 clientes dois anos depois. Numa capacidade impressionante de atrair mais consumidores, a startup de videoconferência já somava mais de 700 mil clientes em 2017. Entre eles, estão 90% das 200 maiores universidades dos Estados Unidos.
Mas quais fatores levaram a esses números?
Foco no cliente
A capacidade de atração de novos consumidores está relacionada a uma cultura de foco no cliente, cultivada desde o background de seu fundador Eric Yuan.
Em 1997, ele ajudou a fundar a WebEx. Dez anos depois, a empresa foi vendida para a Cisco, e Yuan assumiu o cargo de vice-presidente da Cisco.
Em entrevista à Forbes, ele explicou que não estava satisfeito com os rumos da nova companhia. “Fui muito bem pago como vice-presidente da Cisco. Mas o WebEx era meu bebê. Em 2010 e 2011, não vi clientes satisfeitos. Fiquei muito envergonhado por ter passado tanto tempo na tecnologia. Por que os clientes não estão felizes?”, comentou.
A frustração levou Eric Yuan a deixar a Cisco em 2011, para fundar a Zoom. Com ele, foram 40 engenheiros. Com uma equipe extremamente experiente em desenvolvimento de videoconferência, eles se destinaram a manter o foco em uma boa experiência para os clientes.
A missão, desde o início, era construir uma ferramenta de comunicação de vídeo que fosse realmente boa e não causasse a revolta dos usuários. “Esse foco continuou a orientar todas as nossas inovações, parcerias e outras iniciativas. O fantástico crescimento que estamos experimentando e os muitos elogios da indústria que recebemos podem ser atribuídos a clientes satisfeitos que gostam de usar nossa plataforma”, analisa Yuan.
Produto capaz de se vender
Quando fundou a Zoom, Eric Yuan não se assustou com um mercado que, além da Cisco, contava com outros players estabelecidos, como Microsoft, Adobe, Citrix e Polycom. Também estavam chegando Highfive, Join.Me, BlueJeans Network e Vidyo.
Qual era a solução para enfrentar a forte concorrência? Criar o melhor produto do mercado.
“O mercado é extremamente lotado, mas o potencial é enorme. Se o nosso produto é melhor que qualquer outro, nós podemos sobreviver”, destacou Yuan à Forbes.
Com foco no cliente aliado à intenção de desenvolver o melhor produto do mercado, a Zoom dedica grande parte de seu tempo a ouvir os usuários de sua ferramenta para torná-la cada vez melhor.
Depois de chegar à conclusão que o tempo ideal para uma videoconferência são 45 minutos, a startup criou um serviço gratuito para chamadas de até 40 minutos. A aposta da empresa estava na capacidade de o boca a boca levar mais pessoas a consumirem seus serviços.
“Nós fazemos o nosso produto freemium funcionar tão bem. Damos a maioria dos nossos recursos de graça. É por isso que quase todos os dias há tantos usuários acessando nosso site, usuários gratuitos. Se eles gostarem do nosso produto, muito em breve vão pagar pela assinatura”, ressalta Yuan.
A iniciativa foi bem-sucedida. Em 2013, 3 milhões de pessoas participaram de uma reunião da Zoom. Atualmente, mais de 1 milhão estão em reunião na ferramenta todos os dias.
Promoção da marca
Com um produto de alta qualidade, a Zoom concentrou suas estratégias de marketing em promover a ferramenta para mais pessoas, especialmente para curiosos e quem gosta de testar novas alternativas.
“Como um fornecedor emergente, tivemos que nos concentrar no marketing para o grupo curioso e aventureiro conhecido como early adopters. Isso nos permite alavancar nossa maior vantagem — a experiência do usuário — porque, uma vez que um early adopter usa um produto que ama, ele espalhará a notícia”, explica Eric Yuan.
Em eventos e conferências, eles deixam que os participantes testem seu produto, sem se preocupar em destinar grandes investimentos à produção de materiais promocionais. Mas, em ações mais ousadas, a Zoom utilizou outdoors para ser mais conhecida no Vale do Silício e fez um acordo com o Golden State Warriors por três anos para divulgação da marca em jogos do time da Califórnia na NBA.
Rapidamente, as estratégias da Zoom levaram a marca a se consolidar no mercado de videoconferência e superar a WebEx, criada pelo próprio Eric Yuan. Porém, o fundador garante que, mais que crescer rapidamente, seu foco será sempre a experiência do cliente.
“Não queremos crescer muito rápido. Nossa filosofia é que realmente nos concentramos em tornar nosso cliente existente feliz. Acreditamos realmente que, se você não deixar o cliente existente feliz, mesmo que tenha mais novos clientes em potencial, talvez ele não seja sustentável”, destaca.
Com essa filosofia e crescimento vertiginoso, a Zoom espera, em breve, iniciar seu IPO. Outra empresa que caminha nesse sentido é a Uber. Aproveite para entender como o compartilhamento de veículos tem afetado as estratégias de montadoras.
CONTEÚDO CRIADO POR HUMANOS
Encontre os melhores freelancers de conteúdo no WriterAccess.
CONTEÚDO CRIADO POR HUMANOS
Encontre os melhores freelancers de conteúdo em WriterAccess.