Classes gramaticais ou classes de palavras: o que são e exemplos

As classes gramaticais são categorias de palavras, levando em conta sua função dentro de uma frase.

Classes Gramaticais

Pelo menos do fundamental até o ensino médio, passamos um bom tempo das aulas de português aprendendo sobre as classes gramaticais, como elas se aplicam na construção de orações e tudo mais. Há muita gente que se esquece de tudo isso logo depois de se formar. Mas, para quem trabalha com produção de textos para web, esse é o tipo de coisa que você precisa sempre ter em mente.

É verdade que alguns cantos na internet permitem uma linguagem mais relaxada, com gírias e até um erro de concordância aqui e acolá. Mas, se o seu texto fica cheio de erros de português, vai ser difícil entender o que você escreve. Para quem está na profissão de revisor, esse conhecimento é ainda mais importante. O que um redator deixa passar tem que ser filtrado na revisão, antes de chegar ao leitor.

Não pense também que isso é um bicho de sete cabeças (ou dez). Depois que você entender o fundamental sobre cada classe, vai conseguir enxergá-las em tudo o que diz e escreve.

Neste artigo, você vai ver:

Então, continue a leitura para aprender mais sobre as classes gramaticais!

O que são classes gramaticais?

Em primeiro lugar, o que são essas classes, por que elas existem e por que são tantas?

As classes gramaticais são categorias de palavras, levando em conta sua função dentro de uma frase. Quando falamos que uma palavra é um substantivo, saiba que ela serve para dar nome a coisas, sejam elas concretas ou abstratas. Essa classe, inclusive, vai ser abordada em detalhes daqui a pouco, neste texto — mas vamos retomar nosso raciocínio.

Ao contrário do que parecia na época da escola, as classes gramaticais não foram “inventadas”. Elas são uma ferramenta para entender como a nossa linguagem é estruturada. 

Por exemplo, quando você olha uma árvore, pode diferenciar folhas, tronco e raízes. Se for além, pode separar as camadas do tronco, os tipos de células, as flores, os frutos e tudo mais. O mesmo se aplica à linguagem. Se um grupo grande de pessoas fala a mesma língua por bastante tempo, alguém vai começar a tomar nota de certos padrões.

O impacto das classes gramaticais nas nossas vidas

O mais importante aqui é entender que palavras de diferentes classes gramaticais afetam umas às outras. Outro exemplo: a palavra “correr”, um verbo, sozinha não diz muita coisa sem contexto. Mas se disser “eles correm”, um pronome mais um verbo, já terá outro significado. E “eles correm desengonçados”, pronome/verbo/adjetivo, terá outra estrutura.

Parece muito complicado? Sim, mas é porque você faz essas concordâncias todo dia sem nem perceber. E quando alguém quebra esse padrão dizendo, por exemplo, “nós vai”, você vai estranhar. Ainda mais se for escrito em vez de falado.

Não se esqueça de conferir estas leituras complementares:

O que são frases e orações?

Ao longo de todas as explicações, vamos passar várias vezes pelos termos “frase” e “oração”. Então, para evitar maiores dúvidas, vamos diferenciar frase e oração de forma bem resumida.

Frase é qualquer sequência de palavras que seja fechada e tenha sentido completo, podendo conter um verbo ou não. Dizer “olá” é uma frase, tanto quanto “e eles viveram felizes para sempre”. Agora, “tem um correndo chocadeira azulado” não faz sentido, então não seria uma frase. Pelo menos, não sem algum contexto.

As orações, por sua vez, são construções que apresentam, pelo menos, um verbo ou locução verbal, que serve como base para sua estrutura. “Chocadeira correndo azulada” não faz sentido, mas tem um verbo, e as palavras ao redor têm concordância de gênero e número entre si. Então, é uma oração.

Uma frase pode conter várias orações, já que pode incluir vários verbos. Mas, como vimos acima, orações não precisam fazer sentido sozinhas.

Quais são as 10 classes gramaticais?

As 10 classes gramaticais ou classes de palavras são:

  1. substantivo;
  2. pronome;
  3. verbo;
  4. preposição;
  5. artigo;
  6. adjetivo;
  7. conjunção;
  8. interjeição;
  9. numeral;
  10. advérbio.

Conhecê-las é um bom primeiro passo para evitar problemas de concordância e melhorar a qualidade dos seus textos. Mas, para chegar lá, vamos ver uma classe de cada vez, com uma explicação e alguns exemplos. Se tiver dificuldades, tire o tempo que precisar para reler.

1. Substantivo

Como já mencionamos, um substantivo é uma palavra usada para dar nome a alguma coisa, o que quer que ela seja. Sendo assim, essas palavras também costumam carregar várias características sobre o objeto ao qual se referem, como flexão de gênero, número e grau.

Substantivos também têm várias subclassificações:

  • simples: com apenas uma palavra (casa);
  • composto: formado por duas ou mais palavras (para-choque);
  • primitivo: que denota um objeto específico (porta);
  • derivado: que é formado a partir de um substantivo primitivo (portaria);
  • comum: se refere a um grupo ou unidade genérica de um objeto (cachorro);
  • próprio: que aponta um indivíduo ou objeto único (João);
  • concreto: que se refere a um objeto tangível, mesmo que imaginário (pedra);
  • abstrato: refere-se a um conceito ou ideia (amor).

Algumas dessas subcategorias são opostas entre si, mas a maioria pode ser combinada. Por exemplo, um cachorro chamado “Rex” é um substantivo simples, primitivo, próprio e concreto. Mesmo que o Rex seja imaginário, a ideia dele ainda é a de um cachorro específico e tangível.

2. Pronome

Na mesma linha do substantivo, o pronome também é usado para se referir a uma “coisa”. Porém, ele substitui o nome. Sem eles (pronomes), nós (pessoas no geral) teríamos que repetir o nome de cada coisa a que queremos nos referir o tempo todo. Algo que deixa os textos mais cansativos e monótonos. É melhor dizer “Eu vi um pássaro hoje. Ele tinha penas vermelhas” do que “Eu vi um pássaro hoje. O pássaro tinha penas vermelhas”.

3. Verbo

Provavelmente a classe gramatical mais famosa e a que mais causou dores de cabeça nos primeiros anos de alfabetização. Verbos são palavras que remetem a ações (correr, pular, estudar, pensar), estados (ser, estar), mudança de estado (se tornar), existência (haver), desejo (querer) ou estados da natureza (chover, ventar). Outra definição útil é que um verbo se refere a um processo que ocorre no tempo.

Há incontáveis classificações e variações para cada verbo dependendo das palavras ao seu redor e do contexto. Por isso eles exigem atenção redobrada na hora de usá-los.

4. Preposição

Se você tem vários substantivos no mesmo contexto, então já deve ter visto algumas preposições. Essas são palavras que estabelecem uma conexão entre dois termos dentro da mesma frase, seja de posicionamento, comparação, proximidade ou outro tipo. Por exemplo, em “A após B”, a preposição “após” indica que A aconteceu depois de B.

5. Artigo

Essa classe gramatical é ocupada por aquelas palavras que vão logo antes do substantivo, que representam o mesmo número e gênero da palavra à qual se referem. E eles vêm em dois tipos:

  • definidos: que se referem ao substantivo de forma específica (o, a, os, as);
  • indefinidos: que não são específicos no substantivo (um, uma, uns, umas).

Por exemplo, se você se refere a “o carro”, dá a entender que fala de um carro específico. Quando falamos de “um carro”, pode ser qualquer um, a menos que haja algum outro contexto.

6. Adjetivo

Os adjetivos são usados quando queremos atribuir alguma característica ou estado a um substantivo. Assim como acontece com os artigos, verbos e pronomes, os adjetivos também precisam seguir as variações de número, gênero e grau do substantivo.

Quando nos referimos a um caminhão, dizemos que ele é “alto”, no masculino. Mas quando falamos de uma torre, ela é “alta”, no feminino. Por outro lado, tanto a casa quanto o caminhão podem ser descritos como “grandes”, pois esse é um adjetivo comum aos dois gêneros.

7. Conjunção

Se as preposições estabelecem uma relação entre dois termos numa oração, a conjunção é o que usamos para estabelecer uma relação entre duas orações distintas. Elas são divididas em dois grupos principais:

  • conjunções coordenativas: que criam uma ligação entre duas orações independentes, em que ambas mantêm seu sentido quando não estão escritas em conjunto;
  • conjunções subordinativas: que estabelecem uma relação de dependência entre as orações, de modo que uma não tem sentido completo sem a outra.

Por exemplo, na frase “Se o preço for bom, comprarei um carro”, temos duas orações e uma relação de condição entre elas, estabelecida pela palavra “se”. Você pode dizer “comprarei um carro”, mas não pode dizer só “o preço for bom”.

8. Interjeição

Essas são palavras usadas para expressar emoção ou sentimento em uma frase. Coisas como “viva!” ou “ah!”. Você não explica o sentimento, mas ele fica evidente assim mesmo. E quase sempre são termos seguidos de um ponto de exclamação.

9. Numeral

Essa classe gramatical é bem autoexplicativa. Essas são palavras que se referem à quantidade ou posição em relação aos outros elementos. Eles também vêm em diferentes subcategorias:

  • cardinais: que expressam quantidade (um, três, dez);
  • ordinais: que expressam ordem e posição em relação aos outros elementos (primeiro, segundo, terceiro);
  • coletivos: que expressam grupos (dúzia, dezena, dupla);
  • fracionários: se referem a uma parte de um grupo (terço, metade);
  • multiplicativos: se referem a múltiplos de um grupo ou unidade (triplo, quádruplo).

O mais importante com os numerais é entender a que número você se refere e ser consistente na escrita.

10. Advérbio

Os advérbios são palavras que atribuem uma circunstância a um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Essa circunstância pode ser de tempo, modo, ordem, dúvida, negação, inclusão, exclusão, afirmação, lugar ou intensidade.

Por exemplo, na frase “estou aqui em cima”, o “aqui” é um advérbio de lugar, que se refere à posição atual de quem fala. Já em “essa árvore nunca dá flores”, o “nunca” é um advérbio de negação.

Quais as categorias de classes de palavras e como aplicá-las?

Então, depois de passar por todas as classes gramaticais, como você pode incorporá-las em suas técnicas de redação? Como elas informam a melhor maneira de escrever e melhorar seu conteúdo?

Confira aqui algumas lições que podemos tirar desse conhecimento.

Variáveis x invariáveis

Um dos primeiros pontos que você deve ter notado é como palavras dentro de algumas classes gramaticais tendem a ser mais flexíveis que outras. A partir disso, as categorias de classes de palavras são divididas em:

  • invariáveis: aqui se enquadram as palavras que têm um formato só, independentemente de gênero, número ou grau. São as conjunções, preposições, interjeições e advérbios;
  • variáveis: são aquelas que podem escritas de várias maneiras diferentes. É o caso dos substantivos, verbos, adjetivos, numerais, pronomes e artigos.

Por mais simples que seja essa divisão, ela já será bem útil na hora de redigir ou revisar. Se você sabe que uma palavra é de uma classe gramatical variável, então também sabe que as outras palavras ao seu redor afetam como ela será escrita.

Concordância

Aqui, quando falamos em “concordância”, nos referimos à forma como duas palavras afetam uma à outra. É aquele exemplo do “nós vai” lá em cima. Se duas palavras estão ligadas dentro da mesma frase ou oração, então elas precisam seguir o mesmo gênero, número e grau.

Inclusive, se você busca aprender mais sobre as classes gramaticais para melhorar seu trabalho com redação e/ou revisão, isso já é um sinal de talento! Todo freelancer precisa se manter atualizado e continuar aprimorando suas habilidades. Sem esforço, não há crescimento.

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