Sou freela desde Fevereiro de 2015 e quem me conhece sabe que minha área de formação não tem nada a ver com marketing, apesar de agora investir nos conhecimentos desse novo ramo — tenho faculdade em Logística e dois MBAs: um em Gestão Estratégica de Negócios e outro em Gerenciamento de Projetos.
Não estou me apresentando apenas para exibir meus títulos, é que assim fica mais fácil de contextualizar de onde saiu a ideia deste post.
A questão é que trabalhei durante 8 anos fazendo o que me propus e aprendi bastante nas empresas, coloquei em prática o que absorvi na facul e conheci outras coisas ainda mais interessantes nessas experiências.
Agora, apesar de ter passado para um mundo bem diferente do qual estava acostumada, me peguei pensando recentemente que alguns conceitos do universo corporativo podem ajudar bastante nessa vida de freela.
Eu vou provar meu ponto em cada tópico a seguir, explicando sobre Kanban, Kaizen, Matriz BCG, entre outros. Quer ver só?
Kanban
Kanban é uma palavra japonesa que pode ser traduzida como cartão ou sinalização. O conceito está ligado ao uso de cartões utilizados para sinalizar o andamento do fluxo de atividades e é bastante utilizado em linhas de produção. Assim, as tarefas podem ser classificadas como:
- aguardando início;
- em andamento;
- finalizada.
Como ele se aplica à rotina de freela
Você pode usar um quadro (ou até a parede mesmo) e criar umas colunas, cada uma com o título das categorias listadas acima. Ainda pode incluir outras para contemplar as tarefas que estão sendo verificadas ou em ajustes, por exemplo.
Assim, escreva o nome de cada atividade que precisa ser feita em um post-it — pode ser as do âmbito pessoal também, mas não se esqueça de usar cores diferentes para cada tipo — e coloque todas na coluna de “aguardando início”. Quando iniciá-las, troque para “em andamento” e, no término, mude para “finalizada”.
httpss://www.flickr.com/photos/kanban_tool/15817131058
Isso ajuda bastante a manter um controle visual de tudo que está sendo feito e o que já foi concluído.
No final do dia, fica fácil de ver, de forma rápida, como foi a sua produtividade e o que ficou pendente para o dia seguinte.
Kaizen
Mais uma palavrinha de origem japonesa. Kaizen representa uma mudança para melhor. Dentro do ambiente corporativo, é o que conhecemos como melhorias contínuas.
A ideia se baseia na busca constante pelo aprimoramento — seja nos processos, no ambiente de trabalho ou mesmo no indivíduo.
Como ele se aplica à rotina de freela
Com base nesse conceito, posso dizer que o Kaizen nos orienta para a redução de desperdícios (de tempo e de materiais, por exemplo) e na mudança de alguns hábitos que são prejudiciais para a nossa produtividade — alô, procrastinação!
Mesmo que você ache que está tudo ok com a sua vida, acredite em mim: sempre há mais um espacinho para melhorar alguma coisa.
Vale lembrar também está diretamente ligado ao conceito da metodologia 5S (vamos enaltecer os japoneses porque eles manjam muito mesmo!), sobre o qual expliquei no artigo sobre como organizar a mesa de trabalho.
Matriz BCG
Sabe aquela vacina que a gente tomou quando era criança, doeu bastante, deixou o braço inchado e uma marquinha eterna? Pois é, não é dela que vou falar agora (trabalhamos com humor de gosto duvidoso também).
A Matriz BCG é uma análise gráfica, representada em quadrantes, utilizada para avaliar o mix de produtos. É um excelente instrumento do planejamento estratégico para entender qual é o carro-chefe do negócio e quais itens podem ser descontinuados por não oferecerem o retorno esperado, por exemplo.
Veja como é no quadro a seguir:
A estrela representa todos os itens que exigem grandes investimentos, mas são considerados referência no mercado, gerando receitas satisfatórias e com previsão de crescimento bem otimista.
O ponto de interrogação contempla os problemáticos: itens que exigem grandes investimentos, mas apresenta pouca participação no mercado e, consequentemente, receitas pífias.
Já a vaca leiteira não tem muitas previsões de crescimento no mercado e, portanto, não demanda muitos investimentos. Porém, por não gerarem altos custos e ter participação substancial nas vendas da empresa, têm impactos positivos no lucro do negócio.
Por fim, os abacaxis consistem nos produtos que devem ser evitados. Eles não recebem muitos investimentos, têm baixa participação no mercado e nenhuma previsão de crescimento. A recuperação pode custar alto e ainda não oferecer o retorno desejado. É aí que muitos itens são descontinuados.
Como ela se aplica à rotina de freela
Apesar de se tratar da análise dos produtos, já pensou usar a Matriz BCG para analisar os seus clientes e decidir qual deles merece mais investimentos e cuidados no relacionamento? A avaliação seria mais ou menos assim:
- cliente estrela: é aquele superexigente, detalhista, que toma bastante tempo, mas que paga superbem pelo seu trabalho. Continue investindo nele e tente melhorar o relacionamento.
- cliente ponto de interrogação: também é superexigente, mas é aquele que quer muita coisa com qualidade e ainda chora para pagar uma vergonha pelo trabalho. Foge que é cilada, Bino!
- cliente vaca leiteira: esse é top! Quase não incomoda e não pede ajustes de coisas que não haviam sido combinadas. Ele não paga tãaao bem quanto o estrela, mas nunca atrasa os depósitos. Agarre como se fosse o seu crush dos sonhos, pois eles representam grande parte dos clientes bons.
- cliente abacaxi: sabe aquele cliente que aparece de vez em quando, quer pagar bem pouco e ainda não paga em dia? Não vale a pena perder tempo tentando recuperá-los — é sempre bom lembrar que tempo é dinheiro na vida do freela. Direcione seus esforços para aquilo que lhe traz um bom retorno.
Análise SWOT
A Análise SWOT — também conhecida como Matriz FOFA, no Brasil — é bastante utilizada no planejamento estratégico de uma empresa para fazer um diagnóstico interno e externo da realidade que a cerca. A sigla quer dizer:
- Strengths (ou Forças);
- Weakness (ou Fraquezas);
- Opportunities (ou Oportunidades);
- Threats (ou Ameaças).
Enquanto as forças e as fraquezas estão ligadas ao ambiente interno (pontos fortes e pontos fracos da organização), as oportunidades e ameaças fazem parte do ambiente externos (novos concorrentes, mudanças favoráveis na legislação, entre outras coisas).
Como ela se aplica à rotina de freela
Você pode usar a Análise SWOT para o autoconhecimento e entender tudo que ajuda ou atrapalha no seu trabalho. A partir daí, trace um plano de ação para corrigir os pontos fracos e reforçar os pontos fortes.
Já no caso das ameaças e oportunidades, é preciso dedicar um tempo para monitorar e se antecipar aos acontecimentos. Abaixo, algumas ideias bem simples de como isso pode ser feito:
- concorrentes: a concorrência no mundo dos freelas é feroz e não é nenhum segredo que sempre vai aparecer alguém oferecendo um preço mais baixo pelo trabalho. Então, foque em fortalecer o relacionamento com o seu cliente para evitar perdê-lo.
- imprevistos: sempre acontecem e se tivesse hora para chegar, não seriam imprevistos. Tenha sempre uma carta na manga para lidar com eles e a principal é: não deixe nada para a última hora! (é difícil, eu sei! Dá um abraço aqui).
- oportunidade de novos jobs: também pode aparecer a qualquer momento. Nesse caso, a melhor atitude é se antecipar e deixar o portifa sempre atualizado e montar uma apresentação bem bacana para enviar!
Viu como alguns conceitos do universo corporativo podem ser aplicados na vida de um freela?
Tem mais alguns que ainda não foram citados por motivos de: não tinha espaço suficiente, mas quem sabe eu não volto com mais informações em breve?
Se você ainda não é freela, tá esperando o que para entrar nessa também? Comece na Rock agora mesmo e consiga uma renda extra (ou seja como eu e muitas outras pessoas que vivem disso)! =D
Julyana Andrade
Especialista em logística com dois MBAs concluídos e redatora freelancer.
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