De estudante de MBA a Nômade Digital: como entrei no mundo freelancer enquanto vivia na Espanha

Coluna Freela

Eu nunca pensei em ser freelancer.

Sério, nunca mesmo.

Nômade digital para mim era lenda.

Então, o que estou fazendo sentada neste café em Lisboa, escrevendo um texto para a Rock enquanto vejo a chuva lá fora?

Confesso que se você tivesse me dito que, um ano depois de vir para a Europa, eu seria freelancer, eu não acreditaria. Um ano atrás, eu planejava estar trabalhando como coordenadora de projetos em uma construtora espanhola, “destino” para o qual eu me havia preparado.

No último ano, minha vida deu uma grande volta. Quer saber como isso aconteceu?

Começou assim…

Me formei em Arquitetura e Urbanismo. Se você conhece alguma arquiteta ou arquiteto, sabe que essa não é precisamente uma profissão com grande demanda de emprego formal, com CLT e tudo. As vagas são poucas, o caminho mais tradicional é conseguir alguns clientes, crescer aos poucos e finalmente abrir seu próprio escritório. Isso ou ser PJ.

A ideia nunca me convenceu. Fui criada no conceito de que o melhor é ter um emprego estável e seguro. Entrar em uma boa empresa, construir uma carreira e chegar a gerente ou diretora. Como dificilmente a arquitetura sozinha me permitiria isso, me especializei em gestão de projetos e migrei para a engenharia mecânica. Basicamente, eu tinha encontrado o que buscava.

Há pouco mais de um ano, decidi dar um passo a mais. Queria ir para fora do país, buscar uma empresa maior, talvez voltar para o setor da construção. Empacotei minhas coisas e fui fazer um MBA na Espanha.

Cheguei lá decidida a encontrar o emprego dos sonhos: coordenadora de projetos em uma construtora espanhola. Trazia na mala experiência na área, uma especialização em gestão e uma certificação do PMI. Estava decidida a fazer tudo para alcançar meu objetivo.

E então, houve um desvio

Meu MBA me permitia fazer uma prática profissional na área. Condições perfeitas, se não fosse a dificuldade em atrair a atenção das empresas sendo uma estrangeira sem nacionalidade europeia, buscando trabalho em um setor que passava por uma crise. No fim, consegui entrar em uma empresa de peritagem judicial.

Era uma mistura constante de amor e insatisfação. Sempre amei escrever e era um prazer fazer isso durante 8 horas diárias — ainda mais em espanhol, um idioma relativamente novo para mim. Porém, a essência da atividade não me satisfazia. E, sinceramente, eu não tinha cruzado o Oceano Atlântico para trabalhar com algo que não gostava.

Vendo minha chateação, um amigo me chamou para ajudá-lo em um trabalho que ele tinha acabado de fechar. Ele era freelancer e trabalhava com marketing digital. Meus olhos brilharam. Estudar publicidade era um dos meus sonhos da adolescência.

O trabalho envolvia produção de conteúdo, coisa que ele não fazia e, por isso, estava buscando alguém. Era em espanhol, eu escrevia páginas e páginas de informes periciais em espanhol. Tinha certeza de que seria interessantíssimo, então aceitei.

Topei o desafio mais por curiosidade que por qualquer outra coisa. Depois de passar anos jogando fora minhas duvidosas tentativas literárias, de ter fantasiado estudar letras por hobby, arriscado um blog literário e ajudado um amigo a auto publicar seu livro, “fazer um bico de escrita” era mais uma aventura para a minha coleção de peripécias com palavras.

E logo depois um encontro

Desafio aceito, eu precisava aprender o que era essa tal de “produção de conteúdo”. Depois de muito buscar, a Rock foi a melhor fonte que encontrei.

Amei de imediato. Ok, você pode dizer: “mas, Micaela, você ama tudo, desde cortar cebola a planejar a realização de tarefas, passando por subir em andaime e fazer cappuccino”. De fato, sou um pouco Frankenstein. Mas juro que realmente adorei.

Fiz o curso de produção de conteúdo e me cadastrei na plataforma. O acompanhamento e feedback dos revisores e moderadores me fez aprender ainda mais, melhorando a qualidade dos meus textos e aumentando minha produtividade. Rapidamente passei a ver a plataforma como um instrumento de renda e aprendizado contínuo.

A essa altura, eu já estava de saco cheio do trabalho. Não queria ficar nele só pelo visto e decidi que, se fosse necessário, voltaria para o Brasil. Em junho de 2018 terminaram as aulas do MBA e aproveitei para pedir o afastamento.

E por fim, uma união

Comecei julho livre, leve e solta, porém com orçamento para apenas um mês. Não tinha viajado nada, só estudado e trabalhado. Meu visto de estudante ia até dezembro e eu queria aproveitá-lo. Então, tomei a grande decisão:

Vou tentar ser freela. Continuo aqui enquanto der.

Dediquei o primeiro mês de “liberdade” para evitar o verão escaldante e estudar o máximo que pudesse. Inclui outras áreas de conhecimento e passei a fazer mais trabalhos em parceria com aquele meu amigo. Me cadastrei em uma plataforma de trabalhos para freelancers e comecei a mandar propostas.

Os clientes foram aparecendo.

Os trabalhos foram sendo realizados.

Os feedbacks foram chegando, dando mais confiança e credibilidade.

Decidi segmentar e focar em empresas do meu setor.

Foram aparecendo mais clientes.

Alguns clientes se tornaram fixos. O volume de textos da Rock aumentou.

Estou no início de novembro e meu orçamento “que só dava para julho” se mantém intacto. Foram 4 meses vivendo exclusivamente de freelas. Para mim, essa era uma ideia inimaginável.

De lá para cá, também aproveitei para experimentar a vida de nômade digital. Coloquei o computador na mochila e conheci o Sul da Espanha (Almeria tem as melhores tapas e raciones do país!), voltei no Norte (Vascos <3), mergulhei no mar de Valencia e comi até explodir em Barcelona. Na Croácia, bati um papo com Cersei em Dubrovnik e me apaixonei por Split. Vivi um mês inteirinho em Lisboa.

Claro que não foi fácil fazer os freelas darem conta de tudo. Precisei de muito planejamento, principalmente quando o assunto era tempo. Se não controlamos muito bem quantas horas necessitamos para cada atividade, podemos acabar não aproveitando todo o potencial do nomadismo.

Os próximos 15 dias vão ser de despedida de Madrid. Depois, volto para o Brasil. Afinal, baiano precisa de sol, sal e dendê.

Se vou continuar sendo freelancer?

Essa resposta fica para os próximos capítulos. Mas, independentemente do que aconteça, foi uma experiência incrível, de muito aprendizado, superação e quebra de paradigmas. Meu ano na Europa não foi exatamente o que planejei, mas me arrisco a dizer que foi melhor do que esperava.

E você? Também quer ver suas palavras voando por aí e descobrir até onde a vida de freelancer pode te levar? Então vem ser um redator da Rock!

Micaela Redondo

Micaela Redondo

Uma arquiteta especializada em gestão de projetos com um MBA que se descobriu como freelancer de conteúdo e acabou se tornando nômade digital.

Essa foi a história da Micaela!
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