Empreendedorismo não se faz (só) no palco!

murillo leal

Eu gosto de conhecer a vida de empreendedores que fizeram algo grandioso. Sempre bom nos inspirarmos em gente que realizou coisas importantes. Agora, confesso que ando bastante perturbado como a internet potencializou o surgimento de figuras virtuais emblemáticas e personalidades antes desconhecidas como experts em fazer dinheiro.

Este cenário é comum no marketing digital, por exemplo. Mas, como isso dá tão certo? Alguém nos fez crer que todo mundo que empreende virtualmente tem sucesso, alcança a felicidade e pode ser muito admirado.

A princípio, acho que é culpa de uma cultura da ganância e das necessidades econômicas. Explico. Neste contexto do culto à ganância — ou seja, alguém querendo sempre ser e ter mais que o outro — e as crescentes necessidade econômicas do nosso país — viver criando alternativas para a situação financeira precária — sempre há espaço para um ninho de trapaceiros.

Aquela famosa ideia que o mundo está dividido entre os chefes e os empregados deu origem a diversos tipos de empreendedorismo. Aquele do senso comum, que se vende como “um sucesso rápido e repentino”, que é sustentado em teoria esdrúxulas, fruto de uma picaretagem intelectual — talvez a maior dos últimos cinquenta anos — e o outro bastante mal explorado que é feito num caminho mais pedregoso, mas que torna-se mais concreto e verídico com o tempo.

O Brasil sabe o que é um empreendedorismo real ou se contenta com um aparente?

empreendedorismo de palco é uma das mais espertas ciladas de todas já pensadas uma vez que ele faz crer que através dos pequenos truques mentais e metodologias mágicas toda pessoa pode ingressar em negócios de sucesso. No entanto, na realidade, empreender continua sendo o maior desafio que alguém pode enfrentar na sua vida.

Como é nada lucrativo abrir mão de inverdades ou meias-realidades, o empreendedor teatral tem que estrategicamente disfarçar seus truques fazendo com que, de vez em quando, o seu público pense ter uma certa vantagem diante dos demais seres humanos. Este truque é a isca predileta.

Algumas perguntas tenho me feito:

Seria o empreendedor de palco a forma mais moderna e completa de engano? Por que nós gostamos de acreditar em fórmulas mágicas de ganhar dinheiro? Seria este tipo de fraude a prisão mais preciosa que conseguimos emplacar na mente dos brasileiros?

Podemos responder essas perguntas esclarecendo que o empreendedorismo real está ligado com causas efetivas, com vivências mais precisas de realidade, com objetivos de mercado mais sólidos, com experiências plenamente palpáveis. Ele foi feito em repostas a vida inconstante, uma espécie de combate contínuo aos obstáculos, uma luta corajosa diante da contrariedade,como uma guerras aos contratempos. Nada é fácil!

Todo bom empreendedor demonstrou-se disposto a realizar um avanço em direção das necessidades, enfrentou um choque frente as contingências. Fez e continua fazendo seu caminho na busca de sentido, procurando diariamente escrever seu um roteiro imprevisível. Não existe empreendedorismo light, prático e rápido.

Empreendedor raiz X empreendedor Nutella

O “empreendedor de raiz” como diz a brincadeira, é alguém que está tentando arrancar sentido das pedras, que se não nasceu com oportunidade vai atrás dela, sem desconsiderar que, às vezes, não terá o direito de criar atalhos, de desviar de insucessos, de driblar a infelicidade e o desânimo porque sabe que por mais que ande muitas milhas, o revés corre atrás como ninguém daqueles que ousam tentar.

Já este empreendedorismo de palco se desenvolve a partir de uma tendência incontrolável de dizer que seus seguidores são pessoas extraordinárias que farão sucesso. E qual a razão? Se for diferente disso, os brasileiros não compram produtos ou escolhem outras pessoas para serem seus mentores. É fácil detectar um desses exploradores. Note a independência constante que ele cria em que o consome e a necessidade fortíssima de certo bajulamento da sua base para que ela o devolva em lucro, status ou admiração.

Eu acho que temos vivido um grande sistema de enganação e vendendo a mágica do sucesso. É necessário um jogo de cintura, uma percepção aflorada para lidar com o empreendedorismo concreto sem transformá-lo em um monstro de enganar pessoas ou um deus intocável da perfeição.

O que faz de um empreendedor alguém realmente de sucesso?

Existe sim um empreendedorismo verdadeiro que nos faz superar a virtualidade, que corre atrás de uma visão de sucesso, que faz gente caminhar de verdade na inovação. Um bom empreendimento é formado pelos tropeços e não pelos atalhos. Não percamos isso de vista nunca.

O que é mais impressionante no empreendedorismo não é a sua faceta de glamour, mas sim a sua vitalidade orgânica, ou seja, a sua capacidade de realizar enquanto se aprende.

Este artigo também pode ser lido aqui.

Aprenda sobre produção de conteúdo com um Top Voice Linkedin

Compartilhe
facebook
linkedin
twitter
mail

Gostou deste conteúdo?

Envie-o para seu e-mail para ler e reler sempre que quiser.

Posts Relacionados

Saiba tudo sobre revisão para tradução e sua importância

alt Mariana Cervi Soares
jun 26, 20 | Leitura: 9min

8 requisitos de um profissional de copydesk em 2019

alt Ana Júlia Ramos
dez 17, 18 | Leitura: 9min

Escrever também é ter voz

alt Murillo Leal
nov 27, 18 | Leitura: 4min

Os melhores conteúdos para sua carreira freelancer, direto na sua caixa de entrada

Inscreva-se para receber no e-mail conteúdos exclusivos e em primeira mão.