Tanto na Língua Portuguesa quanto em outros idiomas, fonética é a disciplina que analisa como produzimos e percebemos os sons criados por nosso sistema vocálico.
Podemos traduzir seu significado, portanto, como o estudo da fala e de todas as suas particularidades. O grande diferencial da fonética é que, de forma diferente da prosódia, por exemplo, ela se preocupa apenas com os signos linguísticos que utilizamos e jamais com os seus significados.
Temos duas disciplinas fonéticas no nosso idioma. A acústica, que estuda as características físicas dos sons que compõe a nossa fala, como o cumprimento de onda das palavras e a articulatória, que pensa na maneira como vocalizações são produzidas. Dependendo do autor que você escolha estudar, porém, há ainda um terceiro ramo, a fonética auditiva.
Fonética auditiva é estudar os processos que são realizados por quem recebe e interpreta a onda sonora. A fonética é representada pelo Alfabeto Fonético Internacional, ou AFI, um sistema de notação baseado no alfabeto latino. A ideia por trás da criação do AFI é a de se definir símbolos fonéticos que possam ser compartilhados por mais de um idioma, simplificando o aprendizado de línguas.
Agora que você já sabe o conceito de fonética que tal conhecer algumas dicas para dominá-la? Fique atento aos tópicos abaixo!
1. A pronúncia da vogal E
Em nosso idioma todas as letras têm pronúncias específicas, que dependem do seu posicionamento em uma palavra, por exemplo. Então, nada mais natural que a maioria das dicas listadas aqui elencarem como é a maneira correta de se pronunciar cada um dos fonemas.
Em fonética, fonemas são os pedaços mínimos pronunciáveis das palavras. Por isso, a interjeição “ah” tem um fonema (a) e a palavra “casa” tem dois fonemas (ca/za). Perceba que a notação fonética é muito diferente da escrita real que essas palavras ganham na língua portuguesa porque o alfabeto fonético simplifica sons e não se preocupa exatamente com convenções gramaticais.
Exatamente por isso, no final de todas as palavras, a vogal E tem som de I. Pense em termos como: alface, doce, alegre e até nomes próprios como Liliane.
2. Enunciando corretamente a vogal O
Da mesma forma que acontece com o E, no final das palavras a letra O não tem o som aberto de um ó ou ô. Sempre que ela aparecer não acentuada o natural é que seja pronunciada como “u”. A princípio, a ideia pode parecer complexa, mas basta colocar algumas palavras de exemplo para que você perceba que trata-se da forma como você as vêm pronunciando ao longo da vida.
Por causa disso:
- conto (contu);
- Monteiro (Monteiru);
- século (séculu);
- fato (fatu);
- seguro (seguru); e
- famoso (famosu).
Mas lembre-se que essa notação e a pronúncia que advém como consequência dela só ocorre nas palavras não acentuadas. Termos como dó, nó, vó, Maceió, jiló e carimbó (o ritmo, não o instrumento usado para carimbar) continuam com um ó aberto na última sílaba.
3. A pronúncia do L
Assim como as letras O no final das palavras se transformam em U, também podemos esperar comportamento idêntico do L. É essa característica que faz com que palavras como sol, sal e Isabel sejam enfatizadas em sua última (ou única) sílaba.
Entretanto, ao contrário do O, o L assume a sonoridade do U no final de todas as sílabas em que está presente. Ou seja, ele não tem esse comportamento apenas quando acontece de vir como a última letra em uma palavra.
Por causa disso, L tem som de U em “calma” e também na palavra “salmo”. Você consegue pensar em outros termos em que a letra L se comporta assim?
4. Nasalização: conceito e prática
É chamada de nasalização a vocalização que sai do nosso nariz e não da nossa boca. Ela pode ser encontrada em diversas situações, mas o caso mais comum é que esteja presente nas palavras que têm vogais precedidas de consoantes de nasalização. As consoantes de nasalização, na Língua Portuguesa, são o M e o N.
Outro caso em que a nasalização é uma parte importante da pronúncia das palavras é quando elas levam o acento til (~). Veja alguns exemplos dela:
- amanhã;
- manhã;
- sã;
- espanta;
- canta;
- conta;
- ponto;
- longe;
- onde; e
- andei.
Em alguns sotaques específicos praticados no Brasil, a nasalização é mais ou menos forte do que o demonstrado aqui. Este é o caso, por exemplo, do sotaque paraibano.
5. O R e os sons guturais
Chamamos de sons guturais aqueles que vem rasgados, do fundo da garganta. O R é uma letra que tipicamente assume esse som em alguns sotaques, como os falados no estado do Rio de Janeiro, em partes de Minas Gerais e na maioria do nordeste e norte do país.
Os sons guturais da letra R são facilmente detectados, principalmente, no final das palavras. Mar, lar, comprar, fazer, comer, beber, sorrir, berrar, abrir, Artur e ruir todos tem sons de R guturais.
Todavia, no meio e no começo da maioria das palavras o R sempre tem o som gutural. Isso acontece também em estados nos quais ele é “enrolado com a língua” como São Paulo e Paraná. Rosana, rato e ruim são alguns exemplos, além do clássico “O rato roeu a roupa do Rei de Roma”.
6. O papel da cedilha na fonética
Todos nós sabemos que a cedilha é um sinal gráfico, que acompanha a letra C em algumas palavras em idiomas latinos, como o Português e o Francês. Não existe cedilha em nenhuma outra letra, o que nos leva a pensar qual é o papel exato desse sinal na pronúncia do fonema que a contém.
Sabemos que o Ç se comporta mais ou menos como o S utilizado em espanhol, ou seja, tem som de SS para a maioria dos Brasileiros. Então, toda vez que você vir um Ç antes de A, O ou U lembre-se de fazer com que sua pronúncia seja bastante clara. Alguns exemplos do seu uso são:
- canção;
- ação;
- açougue;
- iguaçu;
- aço; e
- açafrão.
7. A letra X
De todas as letras do nosso alfabeto, X é a que tem mais variações de pronuncia. No início das palavras e depois de N, tem som de CH (enxaqueca). No fim das palavras, som de KS (xerox, latex).
Ao final de sílabas, som de S (excursão). E, quando assume papel intervocálico, pronuncias que variam entre Z (exagero), CH (ameixa) e KS (táxi).
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