Um dia na vida de uma freelancer e mãe em tempo integral

freelancer e mãe

Rotina de mãe nunca é a mesma. Com dois filhos, então, é a certeza da incerteza diária. Mas sabe o que cai muito bem com essa falta de regularidade de horas e compromissos? Uma carreira de freelancer em período integral.

Parece piada, né?! De certa forma, é. Não dá para levar a vida tão a sério assim, principalmente quando as horas do seu dia são divididas desproporcionalmente com outras duas pessoas e seus milhares de atividades escolares, lúdicas e sociais.

É isso mesmo: a vida social dos meus filhos é muito mais agitada do que a minha.

Para eles, sou motorista, despertador, chef de cozinha, personal organizer, coach, professora, mediadora, juíza, jogadora de videogame, cobaia para experiências esquisitas e tudo mais que couber nessa lista sem fim da maternidade.

Com o pouco que me sobra das 24 horas do dia, sou produtora de conteúdo otimizado para blogs, ghost writer e freelancer de redação e planejamento de pautas. Muitos nomes para, basicamente, a mesma atividade: escrever muito.

E, entre alguns clientes captados pelo networking, projetos de escrita pessoal e plataformas de ofertas para freelancers, me vi, de repente, conciliando integralmente essas duas vidas.

Sigo esgotada, mas — quase sempre — muito feliz. E sabe o que é engraçado? Sempre que conto para as pessoas o que faço, as duas reações mais comuns são:

Nossa, não sei como você consegue fazer tudo isso!” e “Eita, que vida boa, hein?!”. Bem contraditórias, não é mesmo?

Então, para acabar com a dúvida, deixo aqui um breve e resumido dia na pele de uma mãe e freelancer para que você tire suas conclusões e inspirações.

Diário de uma mãe freelancer

Segunda-feira

  • Meta de escrita: 4000 palavras.
  • Compromissos extras: aula de inglês do filho e supermercado.

6h10: hora da escola

Hora de acordar, tomar meus medicamentos, aprontar as crianças, fazer o café, colocar água para a cachorrinha e enfiar os lanches na merendeira da escola.

São 30 minutos cronometrados para despachar marido e os dois filhos, coar café — item de sobrevivência de qualquer adulto —, arrumar dois sanduíches, sucos e frutas e mandar cada criança para uma escola diferente.

7h: hora da freelancer

Pronto! Agora a casa e minha mente são só minhas, mas preciso brigar com o desejo de voltar a dormir.

Então, faço uma checklist básica:

  • pego uma xícara de café com leite de coco em pó, canela, gengibre e açúcar para levantar defunto;
  • troco de roupa, porque sair do pijama me traz mais ânimo;
  • escolho em qual parte da casa vou trabalhar dependendo da minha vibe do dia;
  • pego caderno, lapiseira, celular e telefone.

Respiro bem fundo, estralo os dedos em um sinal de força total para começar e, finalmente, procrastino.

Aff, eu sei que isso mata minha produtividade e todo o ânimo que reuni trocando de roupa e tomando uma xícara turbinada de café. Como boa procrastinadora que sou, me perco procurando métodos que solucionem minha procrastinação.

8h: hora da verdade

MEU DEUS DO CÉU, quem explica como essa uma hora passou tão rápido? Me xingo de todos os nomes pelo atraso e começo realmente a focar no trabalho.

Abro meu caderno, vejo a ordem de execução das tarefas e coloco meus dedinhos para jogo.

Não obedeço apenas um método criativo para todos os conteúdos. Em alguns, só de ler o briefing já tenho ideia de como construir a introdução, mas, em outros, preciso devorar as referências e fazer anotações dos trechos que podem ajudar no desencadeamento de ideias.

No fim dessa primeira janela de trabalho — e superando alguns boicotes pessoais e bate-papos no WhatsApp com outros coleguinhas freelancers —, consigo produzir em média 1800 palavras.

10h: hora de cuidar da casa

Preciso ser muito sincera: pulo essa hora diversas vezes para fechar um texto, conversar com algum cliente, pesquisar alguns temas e lojinhas de e-commerce (mesmo que eu nunca finalize a compra) etc.

Mas, a rigor, é nessa hora que dou uma geralzinha na casa (porque não tenho empregada), recolho 15 milhões de brinquedos espalhados e vou adiantar o almoço.

Oi? Almoço? Sim, cozinho ou descongelo alguma comida que tenha deixado para casos de emergência de prazo (leia-se: quando não estou a fim de cozinhar por nada nesse mundo).

Faço tudo isso escutando um podcast interessante, TED Talks, webinars, cursos online e afins. Não porque sou culta e nerd, mas porque gosto de ouvir conversas e obter novas informações. Em alguns dias, uma boa música também cai bem.

11h: partiu buscar filho na escola 

Se eu saísse às 11h todos os dias para buscar Pedro, meu filho mais novo, seria uma maravilha. A verdade, porém, é que estou sempre atrasada. Apesar do percurso curto, a avenida que pego sempre tem um engarrafamento básico nesse horário, então, perco alguns minutos no trânsito.

E sabe o que freelancers fazem no engarrafamento? Dão aquela conferida no e-mail para ver se tem job legal entrando. Sabe como é, né? Boletos vencem.

12h: atención! Tá na hora de matar a fome!

Entendeu a referência? TV Colosso e os anos 2000, poxa!

Enquanto o filho mais novo almoça, continuo dando aquela adiantada básica nos jobs com o prato de comida do lado. A cada garfada, 60 palavras digitadas. Quem nunca, né?

Felipe, o primogênito, também chega da escola nessa hora e almoça contando os 15 gols que fez no recreio, sobre uma briga que aconteceu dentro da sala de aula e alguma outra coisa que precisa assinar e mandar dinheiro no outro dia. Eu escuto parcialmente, confesso.

13h: momento em que a freelancer e a mãe entram juntas na arena de combate

Essa hora é sinônimo de caos. Tento escrever cinco palavras e alguém me chama. Outras dez palavras e tenho que separar uma briga de irmãos.

Quando a casa fica silenciosa demais, também é urgente parar a escrita para ver se está todo mundo respirando ou se tretas estão acontecendo. Normalmente, estão.

Mais um parágrafo escrito e o Pedro vem me mostrar a mais nova invenção dele com caixa de papelão e fita crepe. Ao mesmo tempo, Felipe quer que eu veja sua nova dança do YouTube.

Resultado? Paro o job e vou colher as informações mais preciosas do meu dia. A princípio, não faço isso com o melhor sorriso no rosto, porque é frustrante parar certos conteúdos no meio do caminho, mas, quando vejo, já estou me divertindo.

Além do mais, filhos são filhos, né? Fazem caixas de papelão rasgadas e danças esquisitas entrarem de novo na sua vida e fazerem total sentido e relevância. Pelo menos no olhar apaixonado de mãe, funciona assim.

15h30: hora do desafio do cronômetro

Lembra de uns programas da televisão que tinham brincadeiras com tempo para os participantes acharem itens em suas casas e ganharem prêmios? É mais ou menos esse o meu desespero na hora de ir ao supermercado.

Deixo o Felipe na escola de inglês e saio correndo para o supermercado com o Pedro para fazer compras e otimizar o tempo que teria que esperar a aula terminar.

Nesse desafio eu tenho, exatamente, 1h para escolher os produtos, entrar na fila, dizer 30 vezes que não vou comprar bala para uma criança histérica que ameaça deitar no chão para fazer pirraça, embalar os itens comprados, pagar, sair e chegar antes do fim da aula.

Ufa! Posso dizer que minha performance nesse desafio é sofrível porque fico física e mentalmente cansada, mas os meninos ainda chegam em casa com uma energia que não sei de onde surge e se multiplica.

17h30: antes de qualquer coisa, alimente as lombrigas das crianças

Pausa para o lanche. É batata! Assim que coloco o pé na cozinha, algum processo é desencadeado na barriga dos meninos que ativa o modo “morrendo de fome”.

Essa expressão, na verdade, é repetida o dia inteiro e vem acompanhada de uma lista infinita de possibilidades: “eu posso comer chocolate? Biscoito? Iogurte? Ketchup? Telha de amianto?”.

Por que eles não me perguntam se podem comer brócolis? Agrião? Chia?

18h: hora de guardar compras, fazer tarefas escolares e lidar com (muitas) lágrimas

Chegamos em casa, dou mais uma espiadinha no e-mail e vem uma constatação cruel: novos jobs surgiram e se foram enquanto eu estava segurando três sacolas de supermercado cheias e pedindo para os meninos pararem de balançar o elevador do prédio para não travar. Medrosa, eu? Sim, com certeza.

Detalhe: na ocasião, eles não obedeceram a tempo e o elevador não travou. Mas a bagunça foi suficiente para o porteiro acionar o sistema de som pedindo que eles não jogassem bola lá dentro.

Ou seja, minha cara foi simplesmente ao chão e queimou no mármore da vergonha materna.

Ah, mas vá! Viver perigosamente em elevadores, passar constrangimentos e perder alguns jobs faz parte da vida de qualquer mãe e freelancer.

O melhor, porém, ainda está por vir. É hora de fazer e acompanhar duas lições de casa.

Enquanto o mais novo ama fazer suas atividades e me quer olhando fixamente para o caderno dele e nada mais, Felipe teima em dizer que não tem tarefas para o dia.

Mas mãe sempre descobre as coisas, né? Então, além da lição de matemática e ciências, ainda descubro que tinha uma prova para ser assinada.

Assino com prazer porque a nota estava ótima, mas o castigo pela mentira, claro, é inevitável. Ele senta aos prantos para fazer a atividade e chora mais ainda ao saber que ficará com uma hora a menos de videogame por causa daquilo.

Não me julguem. Nesse momento do dia, já estou toda descabelada e esgotada. Vagamente, passa pela minha cabeça que ainda nem fui ao banheiro ou bebi água com calma.

19h30: procedimentos finais para entregar o plantão materno

Tarefas finalizadas, hora do banho e do jantar. Deixo os meninos prontos, de pijama, para a troca de plantão com o papai.

20h30: marido chega em casa

Ah, sim, meu marido sai de casa às 6h50 da manhã levando Pedro para a escola e só volta lá pelas 20h. E quando isso acontece, os meninos me dão um leve sossego.

Os meninos, né, porque as tarefas da casa ainda não acabaram. Coloco a roupa suja na máquina de lavar para ligar no dia seguinte, ajeito as louças sujas na cozinha e tomo meu merecido banho.

21h: momento espiritual

Em família, fazemos uma pequena reflexão, um culto no lar. Mas nessa hora, olhando bem para o rostinho de todo mundo, percebo que estamos todos supercansados.

Precisamos e merecemos uma cama. Os meninos escovam os dentes, reclamam que não estão com sono e, 10 segundos depois, estão dormindo profundamente.

22h: freelancer, ativar!

O quê? Você achou que “precisar e merecer” eram o suficiente para me levar para a cama? Achou errado, freelancer! #choquedecultura

Mas esse “final de expediente” eu realmente faço na cama, um dos melhores locais para escrever, na minha humilde opinião.

Fecho mais 1500 palavras, vejo quais são as tarefas do dia seguinte, organizo algumas coisas, e é isso aí.

0h: enfim, descanso

Fecho minha escrita por volta de meia-noite e leio algumas páginas de um livro que estou amando e tem sido extremamente útil no meu mais novo desafio: ser mãe de pré-adolescente. (“Eu ouviria meus pais se pelo menos eles calassem a boca”, de Anthony E. Wolf.)

Contabilizando o dia:

  • meta de palavras escritas: aos trancos e barrancos, mas OK;
  • supermercado e inglês: OK;
  • litros de café: 520 ml;
  • multas de trânsito: 0;
  • folhas lidas do livro: 10;
  • vergonhas maternas: 1;
  • quilômetros rodados: 26 km.

Nem a rotina de mãe nem a de freelancer em período integral são fixas. Cada dia traz uma surpresa ou situação diferente para enfrentar.

Aqui, por exemplo, às segundas e quartas temos inglês, e às terças e quintas, aulas de esportes no clube. Nesses dias, aliás, me enrosco no espaço kids em algum sofá bem fofinho e trabalho de lá mesmo.

Também na quarta e na sexta pela manhã sou responsável por levar as crianças para a escola, então, o começo das atividades de freelancer é um pouco mais tarde nesses dias, assim como o término, que vai madrugada adentro.

Ah, tem dias em que, simplesmente, não bato as metas que estipulo ou consigo fazer tudo que me proponho.

A única certeza que tenho é que minhas prioridades têm nomes próprios, têm personalidades lindas e moram dentro do meu coração — e não da minha conta bancária. São meus meninos e minha família.

Agora, querem uma novidade de primeira mão? Calma, gente, não estou grávida de novo.

É que, além de escrever para a Rock e outros clientes, decidi colocar no meio dessa minha rotina louca um projeto especial: voltar a escrever meus próprios conteúdos.

Depois que assisti aos webinars de Gestão de Blog que o pessoal da Rock Content elaborou, a ideia foi fortalecida, porque vi de forma muito mais simples como criar e administrar meu próprio blog. Tá a fim de fazer o mesmo?

Então, acesse agora os webinars, crie seu blog ou aventure-se nessa vida freelancer. Se ela se adaptou para mim, tenho certeza de que cairá como uma luva para você!

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