Como conciliei a vida freelancer com a faculdade, a maternidade e muitos problemas financeiros!

Nunca fui muito "normal". E também não tenho vergonha de expor a história sobre como me tornei redatora das áreas de empreendedorismo, gestão e administração após falir três empresas.

Coluna Freela - Anelise Margotti

Sou empreendedora desde que me conheço. Possuo espírito de liderança, aprendo rapidamente sobre qualquer assunto, não tenho dificuldade de expressão e me adapto facilmente a qualquer situação. Mas convivo com um defeito muito sério: a vida não me assusta. O extremo me atrai e quero ser e fazer tudo ao mesmo tempo.

Cresci ouvindo as pessoas dizerem: Anelise, você é doida. Mas, qual o significado disso para você? Doida porque estou sempre insatisfeita e luto com muita garra para alcançar os meus objetivos?

Viver intensamente é o que me move. E por isso, vou resumir o contexto que me obrigou a ser freelancer full-time, antes de falar sobre todos os benefícios desse job. Acompanhe agora minha trajetória!

 Como fali três empresas

O empreendedorismo me atraiu após a formatura no curso de administração. Estava grávida da minha primeira filha, Maria Elisa, e me perguntando o que faria para sustentá-la, quando eu e uma amiga de turma tivemos a ideia de abrir uma empresa de gestão. Nosso objetivo era terceirizar serviços burocráticos, como:

  • lançamento de notas fiscais;
  • emissão de SINTEGRA;
  • elaboração de inventários;
  • registro de dados no sistema de gestão das empresas.

O tipo de serviço já fazia sentido para esse mercado tão promissor de BPO ainda em 2010. Muitas pessoas sequer haviam ouvido falar sobre Business Process Outsourcing e nós já trabalhávamos com algumas empresas da minha cidade, São João del Rei, MG.

Porém, em meio às dificuldades de atuação em um contexto tradicional e com a oportunidade de abrir um bar, um negócio com rendimento muito mais tangível que a prestação de serviços, resolvi mudar o modelo de negócio.

A empresa cresceu tanto que, em pouco tempo, eu tinha aberto três unidades e acumulava muitos problemas financeiros: como muitos empreendedores no Brasil, eu não soube gerenciar todos os bares ao mesmo tempo. E como “o olho do dono é que engorda o boi”, o sucesso se transformou em dívidas enormes e descontrole financeiro total.

Minha vida pessoal nesse contexto

Durante esse momento tão difícil, ainda aceitei o desafio de receber na minha vida três enteadas, do primeiro casamento do meu marido e sócio. Morávamos em um apartamento alugado, já havia fechado dois bares e o último capengava entre momentos de grande movimento e de abandono total dos clientes.

Já sem forças para inovar, resolvi fechar tudo. Descobri que estava grávida novamente e sabia que a venda do ponto me renderia alguns meses de tranquilidade até que pudesse voltar ao mercado de trabalho, agora em regime CLT.

Meu marido arrumou logo um emprego, mas ganhava apenas o suficiente para o aluguel e a compra mensal no supermercado. A venda do ponto não tinha dado certo e eu ainda tinha dívidas com funcionários que não puderam receber, impostos e investimentos que não foram honrados.

Abandonei o celular, pois não aguentava mais ouvir a ligação dos credores, sumi das redes sociais e passei a ficar em casa, com uma barriga enorme, muitos problemas pessoais e financeiros, sem vontade de me mover e com o choro na garganta: logo, entrei em depressão.

O estopim para sair do lugar

O fato é que não me deixo levar por muito tempo. Sempre fui otimista, mas, dessa vez, precisei de um estopim para acordar. Minha segunda filha, Maitê, nasceu com baixo peso, mesmo com quase 38 semanas de gestação. Ela precisou ficar internada na UTI neonatal por 15 dias.

Durante esse período, vendo todo o esforço do meu bebê para sobreviver, eu me desculpava diariamente por ter pensado em suicídio durante a gravidez, que não aconteceu em bom momento pois passávamos por muitas dificuldades em casa. Mas a força daquele serzinho moveu tudo.

Eliminei a inércia da minha vida e passei a procurar algo para, mais uma vez, ajudar no sustento daquela família tão grande e, agora, com mais um membro, tão frágil.

Como a Rock Content me transformou

Quem me apresentou à Rock Content foi minha irmã, Aline. Formada em jornalismo, já estava cadastrada na plataforma, mas não escrevia com frequência, porque tinha um trabalho de salário fixo. Ela me perguntou se eu poderia escrever, já que sempre fui boa em redação, para fazer um dinheiro extra que poderia ajudar.

Respondi que, para quem vivia com não muito mais que o salário mínimo, aquilo era uma fortuna, e comecei a escrever. Conciliava os prazos de redações com os choros de bebê e aproveitava os momentos mais tranquilos da casa para escrever alguns parágrafos. Em pouco tempo, percebi que poderia mais que dobrar o salário do meu marido: quando o seu faturamento só depende da sua produtividade, você procura todos os meios possíveis para aumentar a renda.

Passei a escrever de madrugada, quando realmente tinha sossego na casa. Aos poucos, pude comprar mais frutas e verduras para as refeições, fraldas, roupas e sapatos para as meninas, pagar contas atrasadas, dívidas antigas, ir ao dentista e ainda tomar uma cervejinha no final de semana!

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A maior virada de todas

Acontece que a Rock tem clientes de todos os segmentos e você passa a escrever sobre vários temas. Mas, para escrever bem, é preciso se aprofundar no assunto, fazer pesquisas e ler muito.

Fiz a candidatura para ser redatora de Tecnologia da Informação e, ao falar sobre Indústria 4.0., Big Data, Internet das Coisas, Inteligência Artificial, cibersegurança e outros temas afins, senti uma enorme curiosidade de entender como esse mundo realmente funciona.

Além disso, como o mercado de trabalho demanda muitos profissionais da área e durante toda a minha vida detestei matemática, reingressar na Universidade Federal de São João del Rei, agora para cursar Engenharia Elétrica, seria um grande desafio. Mas também era uma forma de voltar para o mercado de trabalho com a cabeça erguida!

Pois não é que amo desafios e resolvi tentar? Passei, ingressei e, hoje, estudo circuitos lógicos, números binários, mecânica aplicada e programação de computadores. Sem contar tudo o que aprenderei sobre esses sistemas que me instigam tanto!

Mas ainda não estou satisfeita: faço um curso de ciência de dados e outro de gestão de projetos e Scrum (também por conta dos assuntos que escrevo nos freelas da Rock) e pleiteio a vaga de mestranda para cursar algo completamente diferente, mas que sempre me atraiu: políticas públicas.

Propus, como tema de trabalho e estudo, a elevação do papel da mulher na sociedade e sua reinserção no mercado de trabalho após a maternidade. Assim, espero contribuir socialmente com outras mulheres que passam diariamente pelos mesmos problemas que eu, como mães e trabalhadoras, recebem menos que os homens e ainda precisam lavar a louça quando chegam em casa!

É preciso ver e estudar assuntos variados para que nossa rotina não se torne mais do mesmo. Com os freelas da Rock, faço uma atualização diária, vejo cases de sucessos de clientes, ganho inspiração para, quem sabe um dia, voltar a empreender, ou sinto a liberdade de poder exercer uma profissão que amo em qualquer hora do dia e em qualquer lugar!

Se, amanhã, eu quiser morar na praia ou viajar por aí, poderei contar com essa renda, minha flexibilidade de horários, os analistas maravilhosos e todos os profissionais da comunidade da Rock, que também me deixam maravilhada com suas histórias e altíssima qualificação. E assim, posso também mostrar às minhas filhas que há muito mais força em nós do que podemos imaginar.

Dentro de mim, vive uma louca, mãe, mulher, amiga, dona de casa, empreendedora estudante, curiosa incansável e freelancer.

E você, qual história tem pra contar? Que tal dar seu depoimento aqui na coluna freela?

Anelise Margotti

Mãe, mulher, amiga, dona de casa, empreendedora estudante, curiosa incansável e freelancer com orgulho.

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