Foi assim que comecei o tópico no Community Space, que é a plataforma da Comunidade Rock Content, sobre histórias de Carnaval. O desafio era escrever sobre a experiência carnavalesca do ponto de vista de uma criança. Quem aceitou, precisou sair da zona de conforto – e da caixinha! Afinal, esta não é uma diretriz de escrita recorrente.
Pode parecer cliché, mas pensar fora da caixa é uma das formas de exercitar a criatividade e, consequentemente, desenvolver-se na produção de conteúdo. Assim, o desafio não poderia fazer parte de alguma atividade comum na rotina freelancer, mas deveria trazer algo novo.
Um desafio envolvendo conteúdo, Carnaval e a percepção de uma criança
Para quem é apaixonado por escrever, mas no dia a dia está acostumado a produzir conteúdos com brief restrito, a liberdade criativa acompanhada de um direcionamento nada convencional pode se tornar um passatempo prazeroso.
Cada um com o seu estilo de produção de conteúdo, trazendo detalhes únicos da sua personalidade. Foi assim que os cinco freelancers criaram histórias de Carnaval envolventes e despretensiosas, nos proporcionando uma reflexão acerca da folia secular.
Prazerosa também foi a leitura dos contos, crônicas e “causos” foliões que nasceram deste tópico na Comunidade, apresentando uma prévia do potencial criativo dos especialistas em produção de conteúdo para web. Continue a leitura para desfrutar a inocência de ser criança em pleno Carnaval!
Era uma vez uma garotinha que não gostava de Carnaval
Sim, essa não é mais uma daquelas histórias cheias de firulas ou clichês habituais. Talvez nem seja de fato interessante a não ser pelo que aconteceu naquele dia. Ah… Aquele dia!
Sabe, minha mãe insistiu e eu não tive escolha. A fantasia era esquisita e pinicava, mas lá estava eu: a odalisca brasileira no carnaval do clube de campo no canto mais afastado da cidade.
Por que as mães insistem nesse tipo de fantasia? Será que elas realmente sabem o que é uma odalisca? Acredito que não! Ainda assim, lá estava eu e meus oito anos nas costas. E a cara de quem estava adoraaando estar ali em meio às marchinhas que eu nunca de fato entendi.
No entanto, naquele momento – aquele inesquecível momento – algo mudou.
Papéis e mais papéis coloridos caíam do alto e por todos os lados. Um com a cor mais viva que o outro; mais bonita; mais brilhante; mais… Sim, era mais divertido estar ali e eu jamais esqueci da lição mais importante que aquele dia me trouxe: para ser feliz basta uma decisão.
Por Bruna Giroldo.
Moradora de Sorocaba, Bruna faz parte da Comunidade de Freelancers da Rock Content, onde escreve sobre Educação.
Tiveram carnavais que minha mãe me enganava direitinho
Tacava uns riscados na bochecha e dizia que eu era uma “índia linda iti malia da mamãe” e eu achava minha fantasia a mais legal de todos os tempos (até chegar nos bailinhos e ver as outras meninas de baianinhas, bailarinas, gatinhas, princesas, etc).
Se pensar bem, as opções de fantasia que ela fazia para mim naquela época seriam altamente questionáveis nos dias de hoje, mas nos anos 90, bebê, ninguém tinha limites de bom senso.
Fora que, “mães práticas”, também conhecidas como “não vou comprar fantasia nem (coloque um palavrão para terminar a frase)”, tinham o dom de nos convencer com um chinelo Rider na mão de que aquela era a melhor fantasia do mundo.
Mas também tive momentos de aversão ao Carnaval, eu só não ia fantasiada de burro porque já empacava dentro de casa mesmo e não ia para as matinês nem amarrada. Fui uma roqueirinha rebelde, não podia trair meus princípios trevosos.
Das minhas recordações carnavalescas, no entanto, a que me vem à cabeça por seu alto potencial traumático foi de um “bailinho” na escola. Meu professor de geografia da quinta série se vestiu de “Latino” no auge do hit “ôh baby, me leva”, com blusa semi aberta mostrando os pelos no peito (isso mesmo, pelos!) e minha professora de espanhol de Emília.
Até aí estava tudo bem se não fosse o fato de que, lá pelas tantas do bailinho, depois de ver danças questionáveis, comer meio quilo de confete (porque criança gosta mesmo é de soprar aquele treco na cara um do outro) e levar uns socos dos meninos que corriam para catar o bolo de serpentina no chão, eu vi meus professores no maior pega em um corredorzinho escondido da escola.
Imagina? Latino e Emília, no maior amasso e aquela cena jogando na lama uma das minhas referências da infância.
Para uma criança de 11 anos, que já estava começando a pensar que os meninos talvez não fossem tão chatos e que alguns deles eram até interessante, essa cena ressignificou o “UUUURGH…que nojo” na minha vida por mais, pelo menos, uns dois anos.
Professores também ensinam pelo trauma…hehehe…(mentira, porque logo depois começaram os namoricos).
Por Amanda Gusmão.
Moradora de Nova Lima, Amanda é Embaixadora da Comunidade de Freelancers da Rock Content, onde desenvolve Pautas de Conteúdo, Fluxos de Nutrição, Newsletters e escreve sobre Inovação, Saúde e Bem Estar, Economia e Finanças, entre outros temas.
O trauma do Carnaval vem de berço
O que era aquele barulho e movimento? O que era aquele monte de gente diferente fazendo gracinha na minha frente? Eu nem distinguia cores e formas direito! Tudo era horripilante!
Então, só me restava uma coisa: chorar, chorar e chorar! E não é que deu certo: minha mãe me pegou com carinho, colocou-me junto a seu coração e me levou para um lugar silencioso!
Mas os outros dias foram também de música alta e aquilo não me agradou e eu chorei, chorei e chorei.
Na verdade, não me agrada até hoje, 39 anos depois, mas não choro mais, reclamo bastante só. O trauma do Carnaval vem de berço (acho que nasci no país errado).
Moradora de Araraquara, Patricia é Embaixadora da Comunidade de Freelancers Rock Content, onde realiza Questionários para Entrevistas e escreve sobre Odontologia, Medicina e Gestão Hospitalar, Casa e Jardim, entre outros temas.
Não eram as músicas. Também, não eram as fantasias. Tampouco, as danças. Eram as cores!
Já conseguia enxergar minha mãe olhar para baixo, para essa mistura de confetes e serpentinas e se inquietar. “Coitado de quem for limpar isso tudo depois”, ela falaria. Mas a verdade é que eu sempre vi arte nesse tapete colorido que se forma durante o Carnaval.
Sempre vi magia ao encher a mão de confetes, jogá-los para o alto, senti-los tocar meu rosto e os observar chegarem ao chão. Para mim, era tudo tão incrível, que eu não me contentava com minhas apreciações apenas nas festinhas escolares. Queria ter o colorido mais perto. Queria poder levar para a minha casa.
Uma vez, resolvi arriscar:
– Mãe, posso fazer um Carnaval aqui?
– Um Carnaval, minha filha? Mas sem muita bagunça, não é?
Sabia exatamente ao que ela se referia. Mas como responder a essa pergunta, se, no fundo, tínhamos diferentes concepções do que vinha a ser descartável ou fascinação?
Não deu outra. Minha fama de boa filha não me deixaria perder o título em idade tão nova e por insignificantes razões. A promessa havia sido feita: depois da brincadeira, retirar do ilustre piso toda a arte espalhada. Essa era sua única preocupação.
Hoje, adulta, eu meu pergunto: em que parte da vida a gente começa a perder a capacidade de experimentar sensações tão marcantes em simples detalhes de uma ocasião?
Eu ainda tenho saudades de sentir aquela toda felicidade em pequenos e coloridos pedaços de papéis pelo chão.
Por Isabela Sartor.
Moradora de Brasília, Bela é Embaixadora da Comunidade de Freelancers Rock Content, onde é especialista em Storytelling, desenvolve Newsletters e escreve sobre Gestão e Administração, Marketing e Atendimento ao Cliente, entre outros temas.
Lá vem ele de novo, todo de dourado, a coroa em uma das mãos, na outra, as mãos do meu irmão.
Eles estão indo para a casinha lá no fundo da horta. Será que devo segui-los? Não sei! Nunca entendi como meu irmão com seus 5 anos e pouco consegue fazer um barulho tão cheio de ritmo. Eu aqui, nos meus 10 anos e muito, não sei nem segurar a baqueta.
Vou olhar pela janela, assim continuo vendo o brilho da coroa, que agora está no chão, ao lado do bumbo. Ele passou o ano inteiro contando histórias sobre o Olodum, para explicar porque estava pintando aquela caixa enorme com as cores verde, amarelo e vermelho.
Chegou o grande dia, é o momento de estrear o novo instrumento na famosa banda maluca, mas, antes, uma missão: desfilar com seu traje dourado, dessa vez de mãos dadas comigo.
Penso que a imaginação do mundo ficou boa parte nele, o resto foi dividido pelo povo que sobrou e alguns até ficaram sem. Estou aqui, no meu 10º carnaval. Nasci em fevereiro, nasci no samba, nasci numa fantasia.
E ele sempre por perto, planejando os enfeites do carro para eu desfilar. Mesmo nessa cidade pequena, os desfiles são parte da cultura. A praça fica lotada, arquibancadas são montadas e durante o dia a gente vai lá brincar embaixo delas.
Na noite, os confetes tomam conta do chão naquele mesmo lugar. Entre uma batida e outra no tambor, escuto minha tia com as pérolas do seu vestido batendo de um lado para o outro.
Ela chamou por ele, precisa de um ajuste na bela estrutura que vai carregar nas costas durante o desfile. Ele planejou tudo, a roupa dela, a minha, das minhas primas. Meu irmão não gosta muito, minha mãe até tentou um nariz de palhaço, mas a birra foi tanta que ela desistiu, ele gosta mesmo e do tum tum da bateria.
Agora ele olhou para mim, me chamou, me colocou a coroa que passou direto, rimos um pouco. Fiquei ali admirando o brilho dourado da sua roupa e imaginando se um dia eu seria como ele, o brilho que acende a cada carnaval.
Está na hora do desfile, estou com minha fantasia não muito confortável. Chove muito! Mas ele vem na minha direção, me diz que a passarela é longa, porém pode ficar curtinha se eu aproveitar o momento para me divertir.
Olhei para a passarela, a chuva virou um detalhe, aquilo era um brinquedo gigante de onde eu não queria mais sair e meu avô me olhava com seu brilho de rei, o meu rei, o meu rei momo.
Moradora de Belo Horizonte, Anna Gabriela integra a Comunidade de Freelancers Rock Content, onde é Revisora e Redatora nas temáticas de Produção de Eventos, Entretenimento e Vendas, entre outras.
Curtiu as histórias de Carnaval da Comunidade?
Já imaginou como seria voltar a ser criança e reviver esta época? Sim? Não? Então agora eu proponho o desafio para você também: que tal escrever uma história do ponto de vista de uma criança?
Depois que escrever, compartilhe com a gente! E se quiser saber mais sobre as possibilidades de trabalhar como produtor de conteúdo e impactar o sucesso de grandes empresas, inscreva-se no Banco de Talentos da Rock Content. Aproveite, pois as vagas são limitadas!