Mãe solteira, desempregada e procurando uma oportunidade de ganhar a vida.
Esse parágrafo poderia descrever a realidade de várias pessoas, mas é parte da história de Joanne Rowling, escritora mundialmente reconhecida e autora de uma das séries de livros de maior sucesso na história: as aventuras do jovem bruxo Harry Potter.
Mas não foi sempre assim. Tendo sido negada por diversas editoras, Joanne tem algumas lições valiosas e inspiradoras de vida para nos mostrar.
Vamos conhecer essa história e como ela pode nos dar alguns exemplos sobre empreendedorismo?
Primeiros passos
Joanne nasceu em Bristol, Inglaterra, em 31 de julho de 1965. Passou sua infância nos condados de Gloucestershire, e posteriormente em Chepstow, no país de Gales.
Ela morava com seus pais e sua irmã mais nova, Dianne, de quem tem suas primeiras memórias. Seus primeiros traços de imaginação e seu gosto pela escrita já eram latentes: as irmãs brincavam de mágicas e, com 6 anos, Joanne escreveu seu primeiro livro — sobre um coelho chamado Coelho.
A paixão pela escrita era reforçada pelo interesse em leitura de seus pais, que tinham vários livros. Com 11 anos, ela já tinha uma segunda história sobre sete diamantes amaldiçoados pertencentes a sete pessoas diferentes.
Joanne frequentou a escola Wyedean Comprehensive e, com 18 anos, se mudou para estudar Língua Francesa e Clássica na Universidade de Exeter — o que se mostrou bastante útil alguns anos depois para criar os feitiços do universo bruxo.
Após sua formatura, ela trabalhou durante algum tempo na Anistia Internacional. A autora conta que essa foi uma das experiências mais inspiradoras de sua vida, pois lia todos os dias cartas escritas as escondidas por pessoas vivendo em regimes ditatoriais, com o intuito de mostrar ao mundo a realidade.
O surgimento da ideia que iria mudar sua vida
Joanne conta que a ideia de Harry Potter surgiu em 1990 em uma viagem de trem de Manchester à Londres (cuja estação de destino era King’s Cross!). O detalhe era que a autora não tinha nenhum papel em mãos e precisou pensar sobre a ideia a viagem inteira, até chegar em Londres e conseguir escrever tudo.
No mesmo ano ela se mudou para Portugal por um motivo trágico: sua mãe faleceu devido à esclerose múltipla.
Ela levou seus manuscritos e deu continuidade as histórias, além de trabalhar como professora de Inglês. Foi onde conheceu seu primeiro marido, com quem teve sua filha Jessica, em 1993.
O casamento acabou em divórcio e Joanne decidiu voltar com a filha para o Reino Unido, mais precisamente para Edimburgo, onde sua irmã vivia.
Nessa época ela já tinha escrito os primeiros três capítulos de Harry Potter e a Pedra Filosofal.
Enfrentando desafios e aprendendo a ouvir “não”
Mas nem tudo são flores.
Joanne conta que a morte da sua mãe e o divórcio foram episódios que a afetaram profundamente. Somado ao fato de que, apesar de ter tentado dar aulas em Edimburgo, acabou desempregada e amparada pelo seguro desemprego, os fatos acabaram atingindo-a de forma muito pesada e ela foi diagnosticada com depressão.
“Isso era caracterizado por um entorpecimento, uma frieza e uma inabilidade de acreditar que você será feliz novamente. Isso tirou toda a cor da minha vida.”
Essa descrição foi posteriormente usada por J.K. Rowling para caracterizar os Dementadores — criaturas assustadores e que sugavam a vida de outras pessoas — nos livros de Harry Potter.
Entre passar o dia cuidando da filha em casa e em pubs, Joanne finalmente acabou o manuscrito do primeiro livro da saga.
Foi quando decidiu enviar os três primeiros capítulos para algumas editoras.
A autora conta que recebeu diversos “nãos”. De fato, um dos mais grossos incluiu a não devolução da pasta que tinha sido enviada sob o pretexto de que ela não cabia em sua vida.
Quando questionada como superou tudo isso, ela disse:
“Eu não tinha nada a perder e às vezes é isso que faz você ter coragem suficiente para tentar.”
Uma lição e tanto, não é mesmo?
Depois de tantas negativas, Joanne conseguiu finalmente uma resposta da Bloomsbury, uma pequena editora inglesa. O agente literário da editora queria ler o restante do texto. Segundo ela, foi a melhor carta que já recebeu na vida!
Um fato engraçado é que J.K. Rowling deve parte do seu sucesso à filha do dono da editora. A menina leu os três primeiros capítulos e imediatamente queria o resto.
Mesmo assim, os editores não acreditavam que seria um grande sucesso. Barry Cunningham, o editor de Joanne, aconselhou-a inclusive a procurar um emprego fixo, uma vez que seria impossível ganhar dinheiro vendendo livros para crianças.
Realizando sonhos
Finalmente, em 1997, Harry Potter e a Pedra Filosofal foi publicado.
A autora precisou adicionar o “K” no nome por sugestão de Cunningham, que disse que seria difícil que os leitores comprassem um livro tão obviamente escrito por uma mulher.
Por isso, em vez de “Joanne Rowling”, as capas foram creditadas a “J.K. Rowling”. O “K” é de Kathleen, que veio do nome de sua avó paterna.
O livro que os editores acharam que não chegaria a ser um sucesso vendeu, no mundo todo, mais de 120 milhões de cópias.
De fato, a saga de Harry Potter foi um sucesso de vendas, com mais de 500 milhões de cópias em mais de 50 línguas.
Todos os livros da saga estão na lista dos 100 best sellers mundiais.
Os livros foram transformados em 8 filmes que são recordes de bilheteria no mundo todo.
Sucesso e reconhecimento
Após uma jornada repleta de desafios, podemos dizer que Joanne é uma mulher que alcançou sucesso e reconhecimento.
Segundo a Forbes, a fortuna da autora é estimada atualmente em 650 milhões de dólares. O valor poderia ser mais alto ainda se Joanne não se dedicasse a doar milhões para causas sociais todos os anos (estima-se que ela tenha doado cerca de 150 milhões de dólares ao longo dos anos).
Aliás, Joanne apoia quatro grandes causas sociais diretamente.
Ela criou a Fundação Lumos, dedicada a encontrar um lar amoroso para crianças órfãs no mundo todo. A clínica neurólogica da Universidade de Edimburgo foi batizada de Anne Rowling, nome de sua mãe.
Já a causa Gingerbread é dedicada à pais e mães solteiros, e Joanne foi sua primeira embaixadora e é a atual presidente. Por fim, para a Comic Relief, fundação que promove ações ao redor do mundo para acabar com a pobreza, ela escreveu dois livros cujas rendas foram totalmente revertidas para a causa: Quadribol Através dos Séculos e Animais Fantásticos e onde habitam.
Além de seu trabalho com a caridade e os livros relacionados ao mundo de Harry Potter, a cantora alimenta o site Pottermore e escreveu outros três livros: Morte Súbita, O chamado do Cuco, O bicho-da-seda e Vocação para o mal (os três últimos sob o pseudônimo Robert Galbraith).
Ela conta que foi enriquecedor usar um pseudônimo para publicar livremente sem expectativas externas e receber feedbacks honestos.
Ela inclusive já escreveu em seu Twitter que o primeiro editor a recusar Harry Potter foi igualmente grosseiro ao recusar O chamado do Cuco, postando fotos de algumas de suas recusas para motivar escritores a continuar tentando.
No entanto, pouco tempo depois do lançamento do primeiro livro sua identidade foi revelada.
Atualmente a autora mora em Edimburgo com seu marido Neil Murray (com quem é casada desde 2001), sua filha Jessica e seus outros dois filhos do segundo casamento, David e Mackenzie.
Quais lições podemos aprender com Joanne?
Apesar de Joanne Rowling não ser uma empreendedora, podemos tirar algumas lições sobre vida e empreendedorismo com ela!
1. Seja humilde
Mesmo após conquistar o sucesso, reconhecimento e muito dinheiro com seus livros, Joanne nunca deixou sua humildade de lado.
Tanto é que ela escreveu uma série de livros sob um pseudônimo! Hoje sabemos quem é a real autora deles, mas ela teve que refazer todo o processo de enviar para editoras, receber negativas e críticas em jornais e revistas.
Seira muito mais fácil simplesmente publicar com seu nome real: todas as portas já estariam abertas e o livro seria, com certeza, um sucesso de vendas.
Mas a autora preferiu escolher um caminho mais difícil, mas que traria resultados reais sobre seu trabalho!
Além disso, seu trabalho com a caridade e com causas relacionadas à sua vida mostram como ela é empática e quer ajudar, mesmo não vivendo mais essas situações.
2. Saiba se adaptar à situação
Joanne precisou disfarçar seu nome para publicar seu livro. Ela precisou adicionar uma inicial e esconder que era mulher!
Por mais difícil — e machista — que isso possa ter sido, ela entendeu que naquele momento era a melhor forma de garantir que seus editores publicassem e investissem em seu livro.
3. Tenha força em meio à adversidades
Uma série de episódios abalou Joanne seguidamente: a morte de sua mãe, seu divórcio, a situação de desemprego, pobreza e preocupação com sua filha (que levaram-na, inclusive, a ser diagnosticada com depressão) e recusas em relação à seu primeiro livro.
Mesmo com tudo isso, ela encontrou maneiras de continuar tentando, fosse através da proximidade com a irmã e no refúgio principal: a escrita.
4. Invista no que você acredita
Mesmo com todas as recursas em relação ao primeiro manuscrito de Harry Potter e depois enfrentando a descrença de seus editores em relação ao sucesso do livro, Joanne investiu em seu sonho.
Ela passou anos escrevendo o primeiro livro e, depois de publicado, ela colheu os frutos de seu sucesso.
Gostou de conhecer a história de J.K. Rowling? Inspiradora, não é mesmo?
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