Recentemente, fiz um webinar com o Murillo Leal e logo depois participei de um curso presencial ministrado por ele em Belo Horizonte, com o projeto O que move o Marketing.
No total, foram 5 horas de troca de experiências e deu para aprender muita coisa nova. Então, decidi escrever este artigo para compartilhar os principais aprendizados com você.
Algumas dicas que ele deu são mais básicas, como ler mais, adotar técnicas de produtividade, usar pontuação corretamente, evitar frases longas e inspirar-se antes de começar a escrever.
Essas dicas são fundamentais para desenvolver a habilidade da escrita, mas, como são facilmente encontradas em outros locais, não vou abordá-las aqui.
Neste artigo, você vai encontrar apenas as dicas mais inusitadas e que realmente me chamaram a atenção, tanto no curso quanto no webinar.
Caso não tenha participado do webinar ao vivo, ainda é possível assisti-lo na íntegra! É só preencher o form abaixo antes de prosseguir com a leitura. 😉
Como você vai perceber, algumas lições estão mais relacionadas com carreira, e outras, com produção de conteúdo — mas há também aquelas que não fazem necessariamente uma distinção. Como a primeira dica, que tem muito a ver com a trajetória profissional.
1. Suas experiências são cumulativas
O primeiro emprego do Murillo foi no telemarketing, para ajudar a bancar a sua faculdade de jornalismo. Hoje, ele fala que, se aprendeu a lidar bem com pessoas, muito se deve à sua experiência no primeiro trabalho, embora não tenha percebido isso antes.
De fato, várias habilidades são adquiridas dessa forma e, muitas vezes, de maneira completamente inesperada e nada planejada.
Isso tem muito a ver com aquela teoria de ligar os pontos após algum tempo, da qual o Steve Jobs fala:
httpss://www.youtube.com/watch?v=E8kHDJKdJXM
Caso você não tenha um fone de ouvido à disposição, o criador da Apple conta como uma aula de caligrafia foi crucial na invenção do Mac. Mesmo que, na época em que fez a disciplina, ele nem cogitasse que usaria algo que aprendeu ali.
Falando em conectar os pontos, outra dica que lemos bastante diz respeito a estruturar bem os seus textos. E sabe como você pode conhecer excelentes estruturas textuais?
2. Desconstrua bons textos
Encontre alguns autores que funcionem como referência para você. Pode ser um Top Voice, ou simplesmente alguém que escreva textos que você goste de ler.
Então, faça um breve estudo sobre como eles estruturam seus textos. Nem sempre você vai encontrar uma receita de bolo pronta — e é até bom que você não encontre, pois um autor que segue um roteiro tão fixo assim talvez não seja lá a melhor referência.
Mas o Murillo, por exemplo, recomenda uma estrutura baseada em 5 partes, bem similar ao seguinte:
- Introdução com uma frase taxativa para segurar o leitor;
- Desenvolvimento da ideia abordada, discorrendo sobre seus motivos de concordar (ou não) com ela;
- Argumentação e contra-argumentação, já pensando em possíveis dúvidas do seu leitor, o que pode gerar enorme identificação;
- Apresente uma solução real e, sempre que possível, alinhe-a a exemplos pessoais;
- Encerre sintetizando a solução apresentada e faça uma pergunta final, que pode ser para promover reflexão ou para incentivar o engajamento do leitor.
Seguir uma estrutura como exemplo pode ser excelente para começar a escrever ou para tirar algum insight. Mas, por favor, jamais adote uma estrutura base como regra ou receita.
3. Escrever não é fritar salgadinhos
Essa dica diz respeito a não seguir um formato muito rígido em seus conteúdos, mas principalmente a não priorizar quantidade em vez de qualidade.
“Não se mede produtividade pela quantidade, mas pela qualidade. (Retirado do curso.)”
Ao trabalhar como redator, freelancer ou não, a tentação de produzir conteúdo em massa e no menor tempo possível é gigantesca. Porém, ao fazer isso, é certo que você acaba comprometendo a qualidade do seu trabalho.
Mas também não estou dizendo que você precisa escrever cheio de dedos e cuidados. Muito pelo contrário.
4. Escreva com liberdade e edite com disciplina
A autocrítica é necessária, mas não no momento de escrever.
Ao começar a redigir um texto, é fundamental que você não fique medindo ou julgando demais suas próprias palavras. Isso apenas atrapalha seu processo criativo e prolonga o tempo de produção.
Quando terminar e for revisar, sim. Mas não revise apenas.
5. Faça uma avaliação sincera dos seus textos
Releia tudo o que você escreveu com um senso extremamente crítico. Esse é o momento em que você identifica e corrige alguns vícios de linguagem que você possa ter.
Eu, por exemplo, sou viciado em utilizar “já” em meus textos e, por isso, sempre que termino de escrever já aciono o Ctrl + F para eliminar todos os “jás” desnecessários.
Mas mais do que revisar ortografia, sintaxe e vícios de linguagem, procure entender se seu texto realmente tem um propósito e se será útil ao leitor. Algumas perguntas que o Murillo propõe que façamos ao final são:
- Seu texto tem um ponto central?
- Tem claramente um começo, meio e fim?
- Solucionou o problema levantado?
- Você compartilharia o artigo com seus amigos?
- Tem um diferencial em relação aos outros textos do mesmo tema?
Se você responder não para alguma dessas cinco perguntas, é um forte indício de que ainda tem algo a melhorar em seu texto para prender de vez a atenção do leitor. Afinal, o comportamento dos usuários é extremamente dinâmico e a concorrência é bem grande.
6. Whindersson Nunes mora ao lado
Se você acompanha o Murillo Leal pelo Facebook ou Instagram, já deve conhecer o senso de humor dele.
No curso, ele brinca bastante que o seu leitor está sempre com um vídeo do Whindersson Nunes aberto na aba ao lado do seu texto. Por isso, você deve cativar o usuário o tempo inteiro, pois se perder a atenção dele por um breve segundo, ele não vai hesitar em assistir ao youtuber.
Portanto, deixe seu leitor entediado e o Whindersson agradece.
Por outro lado, algumas maneiras de evitar direcionar seu leitor para o YouTube são:
- elabore um bom começo e um bom final, sempre;
- recompense o tempo do leitor;
- misture drama e comédia;
- provoque emoções.
Cada um desses itens pode ser destrinchado em um artigo separado, mas uma forma prática e efetiva de prender seu leitor é:
7. Fale do que ninguém te conta sobre os assuntos
Diante de todo esse overload de informações, para conseguir se destacar é fundamental que você traga uma visão diferente em seus textos, ou um lado B.
Para fazer isso, é interessante que você caminhe na contramão. Não no sentido de retroceder, mas de fazer o contrário do que todos estão fazendo.
Um excelente exemplo disso foi o artigo que o Murillo publicou no Dia Internacional da Mulher. Enquanto todos homenageavam alguma figura feminina nos textos, ele escreveu direcionado para os homens:
“Cuidar de uma mulher não é simplesmente defendê-la quando um perigo aparecer. Cuidar de uma menina é tratá-la como a única coisa mais importante da sua vida. Eu sei, parece boboca e não é fácil, mas no meio do caminho, também podemos aprender a ser melhores.” (Cuida dessa menina, cara)
Também não adianta ter o tema certo e ser incapaz de transmitir sua mensagem, não é?
8. Escreva de forma simples
Você precisa se fazer compreendido, certo? Então, qual é o sentido de escrever algo como o parágrafo a seguir?
“Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado, segundo deve ser do conhecimento inexorável dos textos. Tal prática advém de esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico.” (Retirado do curso.)
Portanto, seja objetivo, escreva de maneira simples e evite uma escrita rebuscada que apareça mais que o seu texto. Afinal, você não é um gênio.
9. Muito menos, um gênio incompreendido
A síndrome do escritor incompreendido é algo extremamente comum entre os produtores de conteúdo. Ao publicar algo e não alcançar a repercussão esperada, nosso primeiro impulso é querer culpar o público.
Mas vamos encarar a verdade: no LinkedIn, por exemplo, já temos mais de 29 milhões de usuários somente aqui no Brasil.
Tudo bem que seu artigo vai alcançar uma porcentagem bem pequena desse total. Mesmo assim, se o conteúdo não cativou tanta gente quanto você esperava, provavelmente você não fez uma avaliação sincera do seu texto.
Se você não escreve para o LinkedIn, o argumento continua válido. Apenas não sei precisar qual é a quantidade de usuários que poderá ter acesso ao seu conteúdo.
E caso escreva para blogs, com certeza já ouviu falar em SEO (Search Engine Optimization, ou Otimização para Buscadores).
10. Escrevendo para robôs, você acaba ignorando as pessoas
É melhor que você pense primeiro no leitor que estará do outro lado. Ao gerar uma boa identificação com o usuário, você terá melhores resultados do que ao se preocupar apenas com o buscador.
Se for possível acrescentar um subtítulo, por exemplo, no conteúdo, otimizando-o para SEO e encaixando-o de forma natural, acrescente. Mas se ficar algo forçado ou artificial, é melhor focar em não prejudicar a experiência do usuário.
Como falamos bastante na Rock, escrever para SEO em 2018 é responder à intenção do usuário.
Otimizando seus conteúdos para buscadores, você pode até alcançar as primeiras posições do Google. Mas se você não responder à dúvida do seu leitor, as páginas não ficarão ali por muito tempo e, em breve, começarão a despencar.
11. Melhor do que ter relevância é ter importância
Um excelente exemplo do Murillo sobre isso é um artigo que ele escreveu para um blog que tinha com a ex-esposa, no qual ele conta o motivo de ter se casado aos 25 anos.
Na época, ele mal sabia programar e trabalhar com blogs, então, aprendeu como criar um blog por meio do YouTube mesmo. Portanto, como você deve imaginar, esse artigo não estava nada adequado ou otimizado para SEO.
E mesmo assim, em um dia, mais de 6 milhões de pessoas visualizaram o texto. Isso porque ele continha trechos que geraram enorme identificação, como esse:
“Enquanto a maioria arrota pelos cantos ‘Liberdade, liberdade!’ e continua no amontoado de solitários, eu prefiro gritar: ‘Casei. Casei cedo mesmo porque tive pressa em ser feliz junto com uma mulher a quem eu pudesse me entregar por completo!'”
Como eles não estão mais juntos, o artigo foi tirado do ar. Sim, eu também queria muito ler! Mas o Murillo fez uma excelente reflexão falando um pouco sobre seu casamento nesse artigo mais recente.
E a partir desse episódio, ele aprendeu a próxima lição:
12. É fundamental gerar impacto em seus conteúdos
O Murillo já começa a fazer isso pelo título. Por exemplo, veja esses dois artigos dele:
Mas ele não para no título; seus conteúdos também causam muito impacto. Eu falo abertamente que um dos melhores conselhos de relacionamento que já recebi veio do artigo “Cuida dessa menina, cara”, que mencionei acima.
Na época, eu ainda me recuperava de um término de namoro. Então, muitas coisas se encaixaram dolorosamente.
E se você quer outro exemplo, veja só esse aqui:
“Se hoje tenho reconhecimento por causa dos conteúdos que escrevo no LinkedIn, o grande ‘culpado’ é o Murillo. Seu texto ‘Ter emprego para pagar contas não faz sentido’ literalmente mudou a minha vida. (Matheus de Souza)”
Para gerar impacto, no curso, ele recomenda tentar colocar o leitor em xeque e mostra algumas formas de fazer isso:
- Mostre que ele pode estar equivocado sobre algum assunto;
- Seja taxativo, mas jamais agressivo;
- Contribua com novas informações de maneira que ele aprenda algo novo.
Seguindo as dicas apresentadas até aqui, você vai conseguir ganhar autoridade com seu conteúdo, mas ainda é necessário entender o seguinte:
13. Credibilidade não se constrói da noite para o dia
Portanto, é necessário ter recorrência para conseguir engajar leitores e conquistar uma audiência.
Por outro lado, toda a credibilidade pode ser perdida em um tweet.
Temos vários exemplos bem recentes que não me deixam mentir, como o caso do James Gunn — diretor da franquia “Guardiões da Galáxia”.
É possível discutir temas polêmicos, mas de forma bem empática e livre de preconceitos. E se você quiser levantar alguma discussão assim, por favor, faça de forma genuína e sobre algo que você conheça. Nunca faça buscando apenas audiência, pois você vai precisar responder aos comentários e lidar com a repercussão. E se não o fizer bem, lá se vai sua credibilidade.
Para finalizar, guardei um tópico que aparece frequentemente nos artigos do Murillo.
14. Trabalhe com um propósito
Saiba bem o motivo de você desempenhar seu trabalho e compreenda a sua missão. Existem algumas ideias que somente você é capaz de transmitir. O mesmo vale para o Murillo. E para mim.
Resta apenas identificarmos quais são essas ideias. E uma maneira de identificar se você já está disseminando-as em seu trabalho é por meio dos quatro pilares do propósito:
- aquilo em que você é bom;
- aquilo de que o mundo precisa;
- aquilo em que você ganha dinheiro;
- aquilo que você faz bem.
Se você identifica esses quatro pilares em sua atividade, com certeza você trabalha com um propósito.
“Precisamos de um propósito para trabalhar bem e pronto.” (Não precisamos de uma carreira medíocre)
Durante o curso, enquanto o Murillo apresentava essas dicas (e muitas outras), já fui repensando vários dos meus textos. Em alguns casos, pensando no quanto poderia melhorar e, em outros, contente por ter seguido o padrão Murillo Leal, mesmo que acidentalmente.
E você, de qual dica gostou mais? Ou qual dica já vinha seguindo?
Se você gostou das dicas e quer continuar aprendendo, mas não conseguiu fazer o curso presencial, infelizmente não posso te ajudar muito mais do que com este artigo.
Porém, o webinar continua disponível gratuitamente para você assistir, conhecer mais sobre o Murillo e aprender com ele. Assiste e depois me conta o que achou? 🙂