Como ser Freelancer me ajuda a lidar com a minha saúde mental

Coluna Freela - Amanda Alves

O Brasil é o país que mais possui pessoas com depressão em todo o mundo e, infelizmente, eu sou uma delas. Se pararmos para pensar, sempre conhecemos um tio, prima ou amigo que sofre desse problema, quando não, nós mesmos.

A depressão, além de ter se tornado comum, é também bastante incapacitante. Até 2020, a doença será o maior motivo de afastamentos do trabalho. Esta é justamente essa questão que quero tratar nesse texto/história de vida: a relação de um depressivo com o seu trabalho.

Era uma vez…

Não consigo datar quando exatamente me vi com depressão porque sempre tive uma personalidade mais retraída, principalmente com quem eu não conhecia. Mas quando ela chegou, fiquei irreconhecível. O momento mais crítico da minha doença foi logo após eu ter formado no Ensino Médio, já no último ano, minha única ação era sentar na minha cadeira da primeira à última aula.

Após me formar, não tinha vontade nem forças de sair de casa, me cuidar ou fazer os hobbies que gosto (escrever é um deles). Fui em médicos e comecei o meu tratamento para depressão e transtorno de ansiedade que também tinha adquirido.

Em uma sessão com minha psicóloga, comecei a entender que não me curaria apenas tomando remédios, esperando que, de um dia para o outro, conseguiria voltar a fazer tudo que queria e finalmente voltar a ter uma vida normal.

Não foi fácil, mas ninguém me disse que seria

Uma coisa que eu sempre quis desde a minha pré-adolescência era a minha independência financeira. Odiava ter que pedir dinheiro para os meus pais seja para o que fosse, mas obviamente, não poderia e nem teria tempo para trabalhar durante a época escolar.

Agora, com depressão, esse “sonho” parecia ainda mais impossível. O blog que eu tinha na época sobre cultura geek estava abandonado, e eu não tinha mais forças para ir até o computador, que ficava na sala, para atualizá-lo (e muito menos ficar 8 horas por dia fora de casa para trabalhar).

De certa forma, era muito arriscado conseguir um emprego formal naquele estado, pois a qualquer momento eu poderia ter algum ataque de pânico (que já se iniciava só de pensar em sair de casa) e não teria nenhum familiar ou pessoa próxima a mim que pudesse me acalmar.

A solução, então, era procurar por trabalhos remotos, nos quais eu poderia trabalhar em um ritmo que seria confortável para mim e conseguiria ter uma renda sem sair de casa. Foi então que, quase magicamente, conheci a comunidade de freelancers da Rock Content.

Fiz o curso de Produção de Conteúdo para Web e demorei quase um mês para passar na prova (quase um ENEM da produção de conteúdo), mas no final deu tudo certo e logo após também passar na candidatura na área de entretenimento (lembram do blog geek?), já estava apta a trabalhar e realmente trilhar o meu caminho rumo à independência financeira.

Um passo de cada vez

No mesmo ano, comecei a minha faculdade de jornalismo EAD e comecei a adaptar essa minha nova rotina ao meu condicionamento mental. Não é algo tão fácil ou tão simples de se fazer, já que não consigo trabalhar ou me concentrar nos estudos quando estou mal, o que me faz ficar uma semana inteira sem produzir nada.

Entretanto, essa flexibilidade me permite com que eu consiga me conhecer melhor e começar a me expor socialmente de novo de uma maneira mais saudável, saindo para fazer coisas que me divertem e com as pessoas que eu gosto e me sinto bem em estar junto.

Quando o trabalho mais atrapalha do que ajuda

Muitas pessoas não possuem a mesma sorte que a minha (e talvez, a sua) de trabalhar com algo que lhe dê tanta liberdade de horário, mas também emocional. É extremamente comum ouvirmos casos de pessoas depressivas ou ansiosas que passam por crises recorrentes dentro da empresa, fazendo com que muitos precisem ir até o banheiro para chorar e se acalmar.

Caso você tenha se identificado com o tópico anterior, é preciso começar a prestar bastante atenção sobre quais são os chamados “gatilhos” que estão danificando a sua saúde. Você está em uma área de atuação que não gosta? Não concorda com certos valores e posicionamentos na empresa? Está tendo problemas com colegas de trabalho ou superiores?

Depois de entender a questão principal que está ligando o seu emprego com a depressão, reflita: realmente vale a pena passar por tudo isso? E acredite, não vale. Nada vale mais do que a sua saúde e bem-estar, até porque é só com esses aspectos da nossa vida em dia é que conseguiremos dar o melhor de nós em diferentes áreas, principalmente a profissional.

Se está infeliz com o seu emprego, está perdido, deprimido ou, assim como eu, está passando por uma doença aparentemente incapacitante, mas quer dar a volta por cima, esse é um bom momento para você se redescobrir.

Esse foi basicamente um resumo da minha breve trajetória até aqui e como percebi que a vida de freelancer poderia me dar muito mais do que a possibilidade de trabalhar de pijamas. Meu trabalho me possibilitou respeitar meu próprio ritmo e a entender que eu, mais do que ninguém, precisava tomar o controle sobre a minha vida e como eu quero que ela seja daqui pra frente.

Procure fazer do que você ame a sua profissão e não deixe que a tristeza ou ansiedade tomem conta da sua vida, pois sua doença não te define. O que te define são os seus sonhos e o que faz para buscá-los, então. Atualmente posso dizer que estou 80% melhor desde que comecei a trabalhar como freelancer e perceber que minha doença não me define.

E que tal você se juntar a mim nessa empreitada de ser um freelancer da Rock Content? Além de ser uma ótima terapia escrever sobre os assuntos que gosta, ainda receberá pelos seus esforços, e o melhor: você mesmo pode fazer os seus horários!

Gleice Souza

Gleice Sousa

Freelancer de conteúdo e estudante de jornalismo. Além de redatora desde os 13 anos.

Essa foi a história da Gleice!
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