Imagine a seguinte situação: Leonardo DiCaprio, com suas mais de três décadas de trajetória em frente às câmeras, bate a porta da Warner Bros. Pictures à procura de um emprego. Na entrevista com a equipe de RH, Leonardo mostra em um notebook as cenas notáveis de sua carreira em filmes como Titanic, Gilbert Grape e O Lobo de Wall Strret, a fim de convencer o contratante de seu talento.
Parece uma cena engraçada, não é mesmo? Afinal, quem duvidaria da destreza de Leonardo no ofício em que exerce? Só mesmo alguém que não tenha visto nenhum de seus filmes, o que é fácil de se resolver, já que — quase — todos são um sucesso e estão disponíveis com facilidade para quem quiser assistir.
Voltando à realidade, como nem todos nós podemos ter o nosso trabalho nas telas de uma porcentagem expressiva da população mundial, precisamos nos esforçar para levar as nossas criações de qualidade da melhor forma para o máximo de pessoas possível. É aí que entra o nosso personagem do dia: o ‘Portfólio’.
Um ítem essencial para o deslanche da carreira de dezenas de profissionais — sobretudo dos designers, que têm uma nova chance a cada passe de olhares sobre suas produções —, o portfólio de design, apesar de fácil de construir, exige cuidados e é passível de erros que podem comprometer todo o trabalho.
Quer entender um pouco mais sobre como construir um portfólio digno de Oscar? Então continue a leitura!
O portfólio como aliado profissional
O portfólio pode ser definido como um dossiê em que são reunidos os artigos, peças, produtos e elementos que melhor refletem o seu trabalho e capacidade profissional. Serve como um instrumento para divulgação, atração de clientes, registro acadêmico ou de experiências e habilitações.
Mas tome cuidado: não estamos falando sobre currículo, até porque, muitas vezes, o portfólio aparece como um complemento para ele. Tampouco estamos falando sobre diário, já que a construção de uma linha do tempo não é crucial nessa etapa.
Precisamos chamar a atenção pelo encantamento. O universo do designer é peculiar, visto que não adianta ser formado na melhor universidade do país sem nunca ter colocado a mão na massa. Então, todo o tipo de material visual produzido por você tende a ser um excelente meio para conseguir um trabalho compatível com o que você é capaz de produzir.
Toda e qualquer peça criada pode ir para o portfólio de design. Posts para redes sociais, capas de blogpost, infográficos, eBooks, peças impressas, apresentações e sites são alguns dos exemplos mais corriqueiros. Já o enfoque pode variar de acordo com o seu objetivo.
As características do portfólio de design
Por se tratar de uma material vivo, e que está sempre em constância, o portfólio deve acompanhar a evolução técnica e os interesses do seu dono. Um exemplo: se o designer quer focar na área de UX/UI, os projetos impressos podem ser arquivados e, assim, os trabalhos associados a ele serão restritos a essa área. No entanto, se ele quer ser reconhecido por várias expertises, é possível apresentar uma seleção dos melhores trabalhos de cada área — social, impressos, ilustrações etc.
Os hobbies também são muito bem-vindos. Mostrar que está sempre atualizando suas técnicas, enfatizando que se trata de um hobby, pode contar pontos a um futuro empregador ou parceiro. Mostrar interesse e disposição para aprender é um diferencial no mercado de trabalho em todas as áreas. Quando comprovado, melhor ainda.
Sobre a atualização do material, é preciso observar um ponto importante: para atualizar um portfólio não é necessário remover os trabalhos antigos, o que é muito comum entre profissionais que evoluem e passam a se ‘envergonhar’ das suas primeiras entregas, por terem um nível técnico menos aguçado.
Os trabalhos antigos são um bom reflexo da trajetória e evolução daquele profissional, que é relevante para muitos contratantes e mostram a capacidade que aquele designer tem de se desenvolver. Mas claro, as peças devem estar datadas e, se possível, trazer uma anedota breve, em texto, que sinalize que aquele trabalho não reflete o contexto atual, para que uma produção amadora ou iniciante não seja confundida com uma experiência recente.
Não ignore os textos
A parte textual também é uma questão que surge na criação do portfóio de um designer. O texto é um bom recurso para contextualizar e descrever processos, mas precisam ser curtos e sucintos. Se o designer tiver o gosto pela escrita e quiser destrinchar projetos mais complexos, ele pode usar um blog e disponibilizar um link de “saiba mais”, por exemplo, na descrição do portfólio. Assim não perdemos o foco. Lembremos que nessa etapa o encantamento é majoritariamente visual, por isso, prezaremos pela aparência.
Falando nela, um ítem que pode influenciar na aparência dos seus trabalhos é a marca d’água. O seu uso é opcional, e mesmo passando essa sensação de exclusividade, as marcas d’água podem poluir o trabalho. Em questão de segurança — um dos motivadores para o uso das marcas d’água —, também não temos algo crucial, visto que elas não impedem o plágio ou uso sem autorização.
Por fim, os conteúdos interativos podem ser demonstrados por gifs, gravações de tela ou por imagens estáticas, também. Nesses casos, é importante ser criativo e utilizar um mockup do dispositivo em que os conteúdos podem ser rodados. Caso o projeto já esteja no ar e seja público, é imprescindível deixar o link de acesso de forma visível.
O volume de produção
O portfólio não é algo exclusivo para profissionais que já estão no mercado e que já produziram uma quantidade considerável de peças, principalmente pelo fato dele ser um fator determinante na contratação de um iniciante. Apesar de não ser muito convidativo apresentar um número pequeno de trabalhos, é possível criar peças encantadoras mesmo sem um vínculo profissional perdurável.
Se dedicar um pouco mais a um trabalho acadêmico, além de render uma boa nota, pode resultar em peças incríveis. Já o trabalho voluntário — para ONGs e iniciativas solidárias — pode não só ter um bom resultado técnico, mas passar uma ótima impressão a futuros empregadores e colegas, isso sem contar o impacto social. Ser o sobrinho do designer, apesar de chato, pode ser interessante para testar seus conhecimentos gráficos e habilidades de briefing.
Créditos e trabalhos de equipe
No caso das produções que envolvam imagens disponibilizadas por banco de dados, é indispensável a inserção dos créditos do responsável pela criação e do site em que a ilustração foi encontrada.
Dar créditos aos criadores é uma forma de retribuir a gratuidade. Além de facilitar o trabalho e torná-lo mais rico, os recursos gratuitos também servem para divulgar seus autores — vale lembrar que o uso de layouts e templates prontos também se enquadram nessa regra, e devem ser identificados e creditados.
Já os trabalhos em equipe também podem ser colocados no portfólio, mas com todas as indicações e sinalizações sobre a participação de cada indivíduo no projeto e sobre quem são os profissionais envolvidos nele. Essa é uma regra de ouro.
Meios de distribuição e divulgação
Por se tratar de produtos de diversos formatos, as formas de divulgação também são bem variadas, e muitas opções estão ao alcance dos profissionais que querem gastar pouco — ou nada — na hora de mostrar as suas produções.
Na área da fotografia, por exemplo, o Adobe Portfolio é uma ótima opção. A plataforma disponibiliza templates bonitos, responsivos e com recursos que induzem a uma boa exposição das imagens. O Instagram também conta e é favorecido pelo formato de microblog, possibilitando ao fotógrafo contar um pouco a história de cada trabalho para seu público — isso sem contar que mais de um bilhão de usuários estão ativos na plataforma.
Caso o designer acredite que recursos como a possibilidade de incluir mais imagens e exibições em tela inteira, por exemplo, possam valorizar mais o seu trabalho, pode vir a ser mais atrativo criar o seu próprio site. Nesse último caso, é importante estar atento à responsividade. Outra opção — tão boa quanto e com a mesma premissa — é o Dribbble.
Já para exposições internacionais, o Behance é uma plataforma que, além de gratuita, é uma comunidade que incentiva a troca de contatos e feedbacks entre os profissionais. Além de ser mundialmente reconhecida, tem a conexão e o networking como premissa. Para quem for utilizá-la, é recomendável elaborar uma versão em inglês para as descrições dos projetos.
Se você precisa de referências interessantes para iluminar suas ideias na hora de distribuir os projetos, os perfis de Sam Profeta (Brasil), Emilio Sansolini (Gibraltar), PUPILA Creative Powerhouse (Costa Rica), Anagrama Studio (México) e Marquis Love (EUA) podem ser de grande auxílio.
Para finalizar
Deu para perceber como o portfólio de design é essencial para a conquista de novos projetos e oportunidades? Se você não é o Leonardo DiCaprio e as pessoas não compram ingressos nem fazem filas para ver um pouquinho do seu portfólio, é interessante colocar algumas das dicas acima em prática para facilitar a sua empreitada rumo ao sucesso.
Agora, se você já tem um portfólio, que tal entrar no nosso banco de talentos para trabalhar com design?