Quando me formei em Jornalismo, lá em 2009, não sabia ao certo o que fazer com meu diploma. As oportunidades na área eram escassas e parecia praticamente impossível conquistar um cargo nos veículos tradicionais, pelo menos para mim.
Eu tinha 21 anos e já me sentia frustrada. Parece ridículo hoje em dia, mas eu tinha vergonha da minha situação e cheguei até a me afastar de alguns amigos mais bem-sucedidos que eu. Na minha cabeça, eu era um fracasso. Eu tinha fracassado no meu sonho de ser uma repórter incrível, capaz de mudar o mundo com palavras. Ai, como eu era bobinha…
A realidade foi atroz. Entre entrevistas malsucedidas e oportunidades que pareciam uma furada, fui sucumbindo e desistindo da carreira pouco a pouco, mesmo fazendo uns freelas sem muita importância de vez em quando.
Mas, o que eu não sabia é que essa vontade de escrever não iria embora tão cedo. Na verdade, ela se tornaria a força motriz responsável por não me fazer desistir e acreditar em mim, especialmente quando diziam que eu não era boa o bastante.
A frustração era minha sombra
Depois de concluir a graduação em Jornalismo, passei a enviar currículos como se não houvesse amanhã para todos os veículos imagináveis de São Paulo, mesmo os menores. As oportunidades eram ruins ou tão boas que me faziam desistir antes de tentar: todas pediam um currículo gordo de experiências inalcançáveis para uma recém-formada.
A coisa foi apertando e eu comecei a ficar levemente desesperada. Embora ainda estivesse morando com a minha mãe, estava louca para ter o meu dinheiro sem depender de ninguém. Além, claro, de conseguir exercer a profissão que eu havia escolhido. Eu não queria jogar quatro anos de estudos no lixo.
A verdade é que deu ruim, bem ruim. Eu não consegui nada na área e fui trabalhar como secretária em uma escola de idiomas. Pagava minhas contas, mas era frustrante, porque não tinha nada a ver com as coisas que eu queria para mim.
Sendo bem sincera, aquele sentimento de fracasso que mencionei no começo do texto me assombrava diariamente na época. Então, eu continuei mandando currículos, mas abri meu leque de possibilidades e estava considerando trabalhar com qualquer coisa, desde que a posição estivesse relacionada com a área de comunicação.
Depois de quase um ano, rolou uma oportunidade bem interessante em uma faculdade. Fiquei quase cinco anos nessa empresa. Eu trabalhava na área de atendimento e era responsável por conduzir candidatos durante processos seletivos para cursos lato sensu e stricto sensu.
Eu tinha um salário legal, benefícios bons e trabalhava, de certa forma, em contato com a área de Marketing de Programas. Foi ótimo por um tempo, mas passou a ser insuficiente depois, principalmente quando percebi que não teria qualquer oportunidade dentro do setor de Marketing ou Comunicação da empresa.
Novamente me vi frustrada. E cansada de me sentir frustrada novamente. Arrumei uns freelas nada a ver só para ter um currículo mais atualizado. Quando eu digo nada a ver, é isso mesmo: eu trabalhei de graça só pra ter uns textinhos mixurucas no meu currículo. Isso rolou por uns dois meses no máximo, porque começou a ficar insustentável escrever sem receber nada.
A chance perfeita, só que não
Esses textinhos mixurucas me abriram portas. Consegui uma oportunidade em outra faculdade, mas dessa vez era para trabalhar diretamente na área de Marketing e o melhor: escrevendo! Vocês nem imaginam a minha felicidade na época. Era a minha chance, a oportunidade perfeita, a hora de fazer tudinho que eu sempre quis… só que não, mesmo.
Fui contratada para produzir conteúdo, mas era tudo o que eu não fazia. A frustração veio rapidinho, logo depois de um mês nessa nova posição. As coisas não eram bem como eu imaginava. Eu prefiro resumir esse período da minha vida, porque ele foi bem ruim para minha saúde mental e emocional. Contá-lo significa reviver algumas coisas que ainda não cicatrizaram dentro de mim completamente.
Mas, em suma, sofri um bucadinho nesse local. O ambiente não era amigável, a competição entre as pessoas era desgastante e eu não escrevia. E reclamei por não fazer exatamente aquilo que eu deveria fazer, mas a realidade da CLT é cruel algumas vezes. Foi assim: “não tá gostando? Vai embora”.
Então, eu fui. Sem emprego certo, sem muito dinheiro, sem saber ao certo o que fazer. Eu estava enfadada e me recusava a me sentir mal todos os dias. Naquela época, qualquer coisa servia para recuperar a minha sanidade mental. Eu brincava que até lavar um chão seria melhor do que chorar todos os dias por um emprego que me sugava lentamente.
A Rock Content foi minha saída
Eu conheci a Rock Content fuçando a internet em busca de materiais de Marketing de Conteúdo, bem antes de pedir demissão do último emprego. Quando resolvi sair, lembrei que a empresa oferecia oportunidades para freelancers e resolvi arriscar.
Eu não recomendo que você faça o mesmo que eu. Eu agi por impulso e desespero. Não me planejei e saí do emprego antes mesmo de ter a minha candidatura aceita. Poderia ter dado muito ruim, mas deu bom demais, especialmente porque tive muito apoio e compreensão do meu marido durante esse processo. Sem ele, eu não sei o que faria.
Então, se você quer sair da CLT, planeje-se! Como eu disse, tive muito apoio do meu parceiro para fazer esse movimento incerto, mas devo confessar que se eu tivesse me planejado com mais calma, as coisas teriam sido mais fáceis, pelo menos financeiramente.
Bom, obviamente minha candidatura foi aceita, mas só na segunda tentativa. De qualquer forma, eu estava em êxtase. Eu lembro até hoje da sensação de ser aprovada!
Rapidamente comecei a participar da Comunidade de Freelancers e conheci pessoas incríveis, freelancers e analistas, que me ajudaram demais no meu crescimento profissional. Todos os dias eu aprendia alguma coisa e estava superempolgada com as novas possibilidades. E aí algo surpreendente rolou.
• Férias de freela: como me planejei pra passar 15 dias off
• O que fazer enquanto espera: um miniguia para o freela ansioso
• Do Desemprego à Pós-graduação em 538 textos — e com 50 anos!
• De atendente dos Correios a redator freelancer full-time em 78+12 meses
A gravidez completamente inesperada
Menos de dois meses depois, eu estava grávida de gêmeos. Larguei a CLT para ir em busca dos meus sonhos profissionais, para fazer exatamente o que eu sempre quis com a minha carreira… E aí fui surpreendida.
Eu não vou fazer a evoluída e dizer que fiquei calmíssima, tranquilíssima e acreditando que ia dar tudo certo. Eu pirei, tá? O começo foi bem difícil, especialmente porque eu tinha um TCC para terminar. Mas, mais uma vez, eu tive ajuda do meu parceiro, que me incentivou a continuar com meu plano.
E então eu continuei. Conclui minha pós-graduação e trabalhei até uma semana antes de trazer a Catarina e o Miguel ao mundo em um parto normal. Após o nascimento, precisamente duas semanas depois, eu voltei a produzir conteúdo aos pouquinhos.
“Mas, Débora, como você conseguiu produzir durante o puerpério e ainda com gêmeos?”. Não tenho uma resposta para isso, honestamente. Tudo que sei é que eu não queria parar. Escrever me ajudou a organizar as coisas na minha cabeça naquele período. Eu fazia poucos textos e só quando eles dormiam, então foi relativamente tranquilo.
Eu continuo trabalhando como freelancer, mas essa não é minha atividade principal mais. Me tornei sócia do meu marido e hoje gerencio uma loja de card games, board games e role playing games (RPG). Meu trabalho é bastante flexível e me permite produzir conteúdo sempre que eu quiser. Além disso, posso ficar com meus geminhos no meio da tarde.
Hoje, depois de pouco mais de um ano trabalhando como freelancer, posso dizer que estou chegando onde sempre quis. Ainda há muito para aprender, mas a minha evolução é clara e ela aconteceu muito mais rápido do que eu imaginava graças à Rock Content e as pessoinhas maravilhosas que fazem parte da Comunidade de Freelancers. Essas são um show à parte!
Então, eu só tenho a agradecer por tudo. Agradeço por ter compreendido a importância de ser uma eterna aprendiz. Agradeço por entender que não posso desistir e preciso acreditar no meu potencial, mesmo quando o mundo me coloca para baixo e sugere que eu deva ter vergonha de ser quem sou.
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Débora Passarelli
Jornalista por formação, redatora part-time, mãe de gêmeos e completamente alucinada por felinos.