Imagine a seguinte situação: você tem um conteúdo para produzir, está diante da tela branca do seu computador, com o editor de textos aberto e… as ideias não vêm!
É nesse momento que entra o brainstorming, o método proposto pelo publicitário americano Alex Osborn (1888-1966) cujo nome, numa tradução direta, significa “tempestade de ideias”.
A técnica de Osborn, originalmente, previa a reunião de um grupo em torno de um problema e privilegiava a criação de ideias em quantidade, sem preocupação com a qualidade. Podia ter até mesmo coisas absurdas entre elas. O objetivo era que, mais tarde, fosse possível fazer um “pente fino” e escolher aquelas que parecessem mais adequadas à solução.
Mais recentemente, o professor Ralph Keeney, da Universidade Duke, nos Estados Unidos, acrescentou uma porção de racionalidade, afirmando que todos os envolvidos num brainstorming deveriam se preparar previamente, o que implica um estudo individual antes da reunião em grupo.
Neste artigo, vamos te dar 2 dicas para se preparar para esse momento e te ensinar 5 técnicas de brainstorming para ter boas ideias. Acompanhe:
O que fazer antes do brainstorming?
Comece a solucionar o problema entendendo o próprio problema
Tudo tem que ter um ponto de partida, e, com o brainstorming, não é diferente. É necessário que você compreenda o problema de comunicação que pretende solucionar com a sua produção de conteúdo.
Um problema, qualquer que seja ele, pode ser compreendido como “a distância entre aquilo que se tem e aquilo que se quer”.
Por exemplo: suponha que o seu cliente seja da área de turismo e tenha pacotes especiais para mochileiros que desejem viajar pela Europa. Ele diz a você que precisa atrair esse público em curto espaço de tempo.
Pronto, eis o problema: o desconhecimento do público em relação às vantagens oferecidas pelos pacotes especiais da agência.
Saiba “o que” e “para quem” você vai falar
No caso da agência de viagens que usamos como exemplo, o objetivo do seu brainstorming será ter ideias para que o público passe a conhecer os pacotes especiais. Mas que público é esse?
No marketing digital, em vez de público, o ideal é você construir uma persona. Ou seja, vamos manter o foco em alguém fictício, mas que representa um perfil médio do público que você deseja alcançar.
Agora, sim, vamos às técnicas:
Quais são as melhores técnicas de brainstorming?
1. Faça perguntas para o grupo ou para você mesmo
Se você estiver fazendo um brainstorming sozinho (sim, você pode fazer por conta própria!), comece a fazer perguntas para você mesmo. Criar é fazer perguntas, jamais se esqueça disso.
Quando você faz perguntas para si mesmo, o seu cérebro se torna inquieto e tenta encontrar respostas para suas indagações.
Um dos postulados da gestalt afirma que a mente humana não aceita formas que lhe pareçam incompletas. Essa sensação de incompletude pode ser provocada por perguntas.
Lembra-se do cliente da agência de viagens que citamos no início do texto? Você pode fazer perguntas como “Se eu fosse o potencial comprador (a persona que você criou), o que gostaria de ver na Europa?” ou “Quanto eu estaria disposto a gastar na Europa se eu fosse esse mochileiro?”.
Viu só? Essas 2 perguntas já devem ter ativado milhões (ou bilhões) de neurônios no seu cérebro.
2. Provoque uma tempestade de palavras
Uma boa técnica para ser aplicada em seu brainstorming é o da “palavra-puxa-palavra”. É o que o professor Antônio Anzanello Carrascozza, no livro A evolução do texto publicitário, apresenta como forma de gerar uma rede semântica, que nada mais é do que uma rede de palavras e significados.
Veja como é simples: você deve começar a escrever uma palavra que faça parte do contexto que você está trabalhando. No caso da agência de viagens, sua palavras inicial poderia ser “viagem”.
A partir daí, a proposta é, num curto espaço de tempo (1 ou 2 minutos, por exemplo), escrever o maior número possível de palavras que se relacionam com “viagem”.
Você vai se surpreender com a quantidade de associações que podem surgir, graças à pressão do cronômetro funcionando perto de você.
Essa mesma orientação pode ser dada a um grupo por um moderador. O espírito lúdico que vai tomar conta do momento certamente vai produzir uma rede semântica bem significativa.
3. Experimente o Pensamento Lateral
Edward de Bono, um dos autores mais respeitados na área da criatividade, desenvolveu um conjunto de técnicas muito interessantes para provocar novas ideias.
Esse conjunto de técnicas, segundo ele, consistia em utilizar o que chamou de “pensamento lateral”. Em uma explicação bem simples: “Se você quiser uma ideia diferente, não adianta ficar cavando mais fundo no mesmo lugar”.
Entre as várias ferramentas apresentadas por ele, podemos selecionar seis 6 para aplicar ao exemplo do nosso “mochileiro que vai à Europa”:
COMBINAÇÃO: juntar duas coisas em uma só, como uma simbiose. | Exemplo de uma ideia aplicada:
Oferecer ao mochileiro uma câmera para registrar momentos da viagem e compartilhar no site da agência de viagem, combinando a viagem dele a uma ação de divulgação do site. |
SUBSTITUIÇÃO: trocar uma coisa por outra, como acontece com as metáforas. | Exemplo de uma ideia aplicada:
Trocar a mochila real por uma mochila virtual. Ou seja, boa parte da bagagem de roupas seria usada por ele nos locais de chegada por meio de vouchers. |
INVERSÃO: propor uma coisa contrária, oposta. Uma espécie de antítese ou paradoxo. | Exemplo de uma ideia aplicada:
Mostrar, em uma campanha, como seria a vida de alguém que nunca viajou e, por conta disso, perdeu várias oportunidades na vida. |
ELIMINAÇÃO: retirar alguma coisa do contexto original. | Exemplo de uma ideia aplicada:
Exibir lugares nos quais o mochileiro vai poder andar sem sapatos. |
EXAGERO: como o nome já diz, hiperbolizar uma situação, exagerar mesmo. | Exemplo de uma ideia aplicada:
Indicar lugares sofisticados que o mochileiro vai poder conhecer de graça. |
REORDENAÇÃO: colocar fatos futuros antes de fatos presentes, ou o efeito antes da causa. | Exemplo de uma ideia aplicada:
Preparar um álbum de fotos, com uma bela “photoshopagem”, nos quais o mochileiro aparece, mesmo que ainda não tenha estado lá. |
4. Use um mapa mental
Sim, essa é a mesma técnica que os concurseiros adoram usar para memorizar assuntos de prova. Você também pode usar para estimular associações entre palavras e contextos.
O processo é simples e extremamente visual: no centro de uma folha de papel, tipo cartolina, você escreve uma palavra-chave relativa ao assunto para o qual você deseja buscar associações — “viagem”, por exemplo. Junto a essa palavra, você escreve algo mais específico (que pode ser: “…de mochileiros na Europa”) e faz um desenho que tenha relação com o que você escreveu.
O passo seguinte é criar livremente ramificações, preferencialmente coloridas, que podem ser livremente. A partir do desenho central, ramifique novos núcleos, como:
- “destinos atrativos na Europa”;
- “pessoas que influenciam”;
- “coisas que fariam o mochileiro desistir de viajar”;
- “lugares que o mochileiro frequenta”; e
- “coisas que o mochileiro traria da Europa na mochila”.
Cada ramo pode se desdobrar em outros, que serão preenchidos pelas ideias dos participantes.
O mais legal dessa técnica é que, com facilidade de visualizar, os participantes começam a ter uma noção do “todo” e das “partes” que compõem o problema e seus objetivos. Muito bacana, não é?
5. Manipule objetos tangíveis
Muitas pessoas têm mais facilidade de produzir ideias se forem além da visão — daí a necessidade de tocar, cheirar, ouvir e degustar.
Supondo que você ainda esteja quebrando a cabeça com o nosso mochileiro da Europa, tente reunir objetos que um mochileiro levaria, fotos e postais da Europa, músicas que são famosas nos países mais visitados e — o que vai deixar tudo ainda mais gostoso — alguns sabores que são experimentados por lá, como pães, patês, pizzas…
Tem o vinho e a cerveja também, mas preferimos não recomendar essa degustação durante o processo. Quem sabe depois que a reunião acabar, não é?
Curtiu essas técnicas de brainstorming para a produção de conteúdo? Então continue com a visita em nosso blog e leia, agora mesmo, 5 maneiras de responder perguntas criativamente com seus conteúdos para se tornar um craque no assunto.