6 vantagens e 6 desvantagens que você jamais imaginaria da vida nômade

Priscila Kamoi - Colunista

Sabe aquela famosa imagem do computador na frente da praia, onde todo mundo inveja esse estilo de vida de nômade digital? Pois é, nunca ninguém parou para pensar onde está a tomada, a internet e se o sol não atrapalha?

Esse é um dos exemplos onde conseguimos perceber que essa vida não possui somente vantagens, mas também, muitas desvantagens.

E nesses quase 5 anos como nômade, listo aqui o que aprendi nesse período, viajando e trabalhando ao mesmo tempo!

Vantagens

1. Conhecer pessoas

Ao viajar pelo mundo conhecemos muitas pessoas, de diferentes lugares e culturas. Pessoas interessantes e com histórias de vida inspiradoras.

Com frequência, você se reconhece nelas, por entender as dificuldades e o que cada um está passando nessa jornada. Conheci muita gente empreendedora, em coworkings, viagens, eventos, palestras e vemos que estamos todos no mesmo barco, passando pelas mesmas dificuldades da vida nômade e empreendedora.

2. Aprender com outras culturas

Viajar é bom, mas viver mais a vida local, ficar mais tempo em um lugar, não sendo apenas um turista, mas sim um viajante faz com que a gente aprenda a ser mais humilde.

Quanto mais lugares você conhece, mais você percebe que não conhece nada. Além de aprender sobre novas culturas, línguas e pessoas.

Quando fui à Bolívia, um lugar mais pobre que o Brasil, aprendi a valorizar muitas coisas simples da vida, como água, conforto, luz e cama — coisas que a população local não tem. Aprendi a ter mais gratidão e a ver o mundo com outros olhos.

3. Liberdade geográfica

Trabalhar como nômade te oferece liberdade para exercer sua profissão de qualquer lugar. Com a possibilidade de escolher locais onde o custo de vida é mais baixo e o poder de compra é maior, como por exemplo na Tailândia, o hub dos nômades.

A moeda vale mais, hospedagem e alimentação mais baratos e você está perto de praias paradisíacas e vários países da Ásia!

4. Produtividade

Como você faz o que você ama, não tem horários específicos de trabalho, você acaba sendo mais produtivo. Eu por exemplo, gosto mais de escrever à noite, pois minha mente criativa funciona melhor nesse horário.

5. Flexibilidade e Felicidade

Para algumas pessoas, não ter rotina é ruim. Porém, para os nômades, a flexibilidade é algo bom, ou então escolheríamos essa vida!

Minha felicidade está ligada ao meu senso de contribuição, propósito e sentido de vida. Portanto, sou mais feliz vivendo dessa forma.

E acredito que tenho mais qualidade de vida, pois não trabalho um ano inteiro para tirar um mês de férias, além de ser apaixonada pelo que faço. Para mim, feliz é aquele que consegue unir paixão ao trabalho.

6. Somos responsáveis por todo negócio

Quando eu trabalhava no mundo corporativo, atuava somente em uma área da empresa, no marketing. Quando somos nômades, somos responsáveis por tudo, desde a parte de marketing, conteúdo, financeiro, relacionamentos, comunicação, tecnologia, design, fotografia, captar clientes, parceiros, entre outros. Claro que você pode terceirizar algumas coisas, mas a responsabilidade de dar certo ou dar errado é completamente sua. Para mim, isso é muito bom, pois sou formada em Administração e acabo atuando em todas as áreas do meu negócio.

Desvantagens (afinal, se fosse fácil, todos seriam nômades)

1. Não tem rotina

Como disse acima, não ter rotina pode ser uma vantagem para alguns porém para outros, precisa de muita organização e disciplina para dar certo. Você tem que ser seu próprio chefe, criar suas tarefas, metas e realizar suas atividades, lutando contra a procrastinação, preguiça, cama. Tem que saber diferenciar a hora de curtir e a hora de trabalhar, afinal, estamos sempre viajando e tem que balancear as duas coisas.

2. Não ter casa

Eu ainda mantenho minha casa em Curitiba, por questões familiares, de relacionamentos e de cachorro — o Espetinho!

Foto da Priscila Kamoi com seu cachorro, Espetinho

Foto: @priscilakamoi

Porém, muitos nômades simplesmente não têm casa! Daí que vem toda a loucura da logística de viagens, passagens e hospedagem. Esses são os fatores que todos costumam conhecer.

Mas já parou para pensar em alimentação, seguros, vistos, vacinas, língua, moeda, além de ter um planejamento bem adiantado dos próximos meses. Isso o instagram não te conta.

3. Instabilidade de misturar trabalho com férias

Viajar a turismo é uma coisa, você desconecta do seu trabalho e está lá para curtir, relaxar e gastar. Mas quando você viaja e trabalha ao mesmo tempo, é necessário organizar muito bem seus horários e suas finanças.

Ao mesmo tempo que é bom estar em uma praia, é ruim estar em um lugar novo e paradisíaco e ter que trabalhar. É preciso muita disciplina para trabalhar em um local como esse:

Foto da Priscila Kamoi em viagem

Foto: @priscilakamoi

E, como somos empreendedores, não temos aquele salário fixo no final do mês. Portanto, questões financeiras e instabilidade acabam sendo uma desvantagem. Temos que economizar e gerenciar muito bem o dinheiro.

4. Ansiedade e inquietude

A vida nômade pode ser um pouco estressante pelo fato de não termos casa e estarmos sempre viajando. Fico um pouco inquieta e ansiosa quando não tenho uma viagem em vista.

Hoje em dia, com as redes sociais, todos são micro influenciadores. Comparamos nossas vidas, viagens, trabalho o tempo inteiro, nos tornando cada vez mais ansiosos e depressivos.

Aquela sensação do FOMO (fear of missing out — o medo de estar perdendo algo) se intensifica porque gostaríamos de estar vivendo mais a vida plenamente, porém, quanto mais tempo você tem, parece que menos coisas você faz.

Vários motivos fazem com que essa vida nômade seja cansativa e estressante, por não fazemos parte de uma comunidade e sermos vistos sempre como estrangeiros em outros países.

5. Fora da zona de conforto

Ao viajar, estamos sempre fora da zona de conforto. Podemos ter urgências de saúde, ser roubados, não entender a língua ou não se adaptar a culturas. Você acaba sendo o estranho em outro país, o diferente, o mais vulnerável.

Isso é algo que nunca vem à tona, até que surja o primeiro problema. E como você está mais vulnerável, a tendência é que problemas mais simples se agravem muito.

6. Relacionamentos e pets

Ou você encontra um companheiro para topar esse mesmo estilo de vida de nômade, ou você acaba sentindo muita falta de amigos e família, o que é meu caso. O Espetinho, por exemplo, é um dos motivos que me fazem sentir ainda mais falta de casa.

Por isso, sempre viajo e volto! Não consigo ficar mais de um mês sem meus relacionamentos, portanto, acaba sendo uma desvantagem.

Afinal, vale a pena ser nômade?

Para mim, a principal vantagem está ligada ao meu legado, sentido de vida e propósito. Sempre quis deixar minha marca no mundo e fazer a diferença. Trabalhar para mim mesma, e não para os outros. Ser reconhecida de alguma forma pelo meu trabalho, por ajudar e contribuir com o mundo, seja inspirando ou motivando.

O que me motiva a continuar é saber que estou crescendo, evoluindo, mas também ajudando, com a minha história de vida, empreendedorismo e viagens.

Ser nômade não é simplesmente criar conteúdo ou fazer marketing digital, mas sim, um marketing pessoal também, porque afinal temos clientes que confiam na nossa pessoa e estilo de vida, do outro lado do país.

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