Você é um redator das antigas, já sabe organizar seu tempo de trabalho, consegue escrever para variadas personas e sobre diversos assuntos. Conhece bem as artimanhas do texto, a estrutura ideal de um bom artigo para blog, nunca se esquece do CTA e sua introdução é de dar inveja.

Mas, mesmo assim, continua recebendo feedbacks negativos ou percebe várias alterações na versão final do seu texto. Se esse é seu caso, cuidado: você pode ser um viciado!

Calma, não estamos falando de uso de substâncias ilícitas ou coisas do tipo, o perigo aqui é outro. Apesar de inofensivos, esses podem ser os grandes inimigos do seu texto: os vícios de linguagem.

Muitas vezes, nem sabemos ao certo como eles vieram parar em nosso vocabulário, já que soam tão naturais que parecem corretos. No post de hoje você vai conhecer alguns dos vícios mais comuns entre os redatores e descobrir como se livrar deles.

Barbarismos

Historicamente, os bárbaros eram considerados aqueles povos que não pertenciam à civilização grega ou romana ou não falavam seu idioma.

Já na língua portuguesa, bárbaros são as palavras que não pertencem à norma culta, mas que soam tão naturais na frase que muitas vezes nem percebemos o erro.

Que atire a primeira pedra o redator que nunca cometeu um desses barbarismos abaixo! A sorte é que os redatores são salvos pelos corretores, que marcam a maioria dessas palavras no texto. Confira alguns exemplos:

Solecismos

Os barbarismos, que exemplificamos acima, são erros relacionados à forma das palavras. Quando eles se referem à sintaxe, são chamados de solecismos. Estes erros são relacionados à construção das orações, não à grafia das palavras.

Apesar desse nome estranho, você verá que alguns erros são bastante familiares. Conheça os tipos de solecismos e alguns exemplos que podem ocorrer — sem que às vezes você sequer perceba!

Generalizações

Todo redator da web possui alguns vícios de linguagem e qualquer revisor sabe que a generalização é um deles. Essa última frase soou natural pra você? Então é provável que você sofra do mal da generalização. Já falamos um pouco sobre isso aqui no blog, mas não custa repetir.

Usar expressões generalistas, como “todos sabem”, “qualquer pessoa”, “certamente” etc. pode causar estranhamento no leitor (afinal, as pessoas não são iguais!) e até mesmo reforçar estereótipos negativos (“o sonho de toda mulher é ter cabelos perfeitos” — Hein???).

Redundância

Para algumas pessoas, expressões redundantes estão tão internalizadas que nem ao menos é possível identificá-las no texto. Veja algumas das redundâncias mais comuns:

Reconheceu alguma dessas expressões em seus artigos? O truque é ficar atento na hora de revisar o texto, encarar (sem o “de frente”, apenas encarar!) o problema e eliminar a redundância de vez do seu vocabulário.

Repetições

Você já leu algum texto em que a mesma palavra aparece tantas vezes que você acaba nem prestando atenção no assunto? A repetição de termos é bastante comum entre os redatores de blogs e pode ser evitada com o uso de sinônimos e pronomes.

É muito simples: percebeu alguma palavra repetitiva em seu texto? Faça uma busca e substitua por termos equivalentes ou pelos pronomes adequados. Algumas ferramentas, como dicionários online, podem te ajudar nessa tarefa.

Mas atenção: substituir o termo a que se quer retomar pela expressão “o mesmo/ a mesma” está terminantemente proibido. Isso, que também pode ser altamente viciante para alguns redatores, pode matar seu texto (e seu revisor de desgosto!).

A repetição não fica tão óbvia, no entanto, em relação a expressões e construções de frases. Talvez uma busca no texto não consiga identificar esses vícios de linguagem.

Um exemplo é um redator que usa frequentemente as expressões “atualmente”, “hoje em dia”, “nos dias de hoje”, “nos dias atuais”. Esse uso exagerado torna-se cansativo para o leitor e empobrece o texto.

O mesmo erro pode ocorrer na construção das frases. Imagine a repetição dessa estrutura ao longo de uma redação:

O uso dos dois-pontos é um recurso interessante para o texto, mas não quando é usado repetidamente. Assim, também pode cansar o leitor.

Nesses casos, uma leitura atenta na revisão, se possível em voz alta, consegue identificar expressões e construções de frase repetitivas.

Repetição do “que”

O “que” é uma das palavras mais versáteis da língua portuguesa. Ele pode ter função de pronome, conjunção, advérbio, interjeição, preposição e substantivo. Por isso, é tão comum o queísmo: a repetição exagerada do “que” no texto.

Veja esta frase: “Eles avisaram que os textos que foram escritos ontem estavam muito bons, apesar de que não tinham identificação”. Desagradável essa leitura, né?

Uma saída para esta frase seria assim: “Eles avisaram que os textos escritos ontem estavam muito bons, embora não tivessem identificação”. As soluções para evitar o “que” são diversas, mas lembre sempre de avaliar se a mudança afetará o contexto e o sentido da frase. Confira algumas possibilidades:

Ambiguidade

Você já leu uma frase e se perguntou “de quem o autor está falando?”. Quando surge essa dúvida na leitura, você pode estar diante de um vício de linguagem muito comum: a ambiguidade. O texto fica com duplo sentido e não transmite claramente a ideia que gostaria.

Ela acontece bastante no uso de pronomes. Eles são responsáveis por substituir um nome já mencionado no texto, para evitar a repetição de palavras que citamos acima. O problema é quando não fica claro qual foi o elemento substituído.

Veja como ficaria ruim uma frase assim: “Clara pediu a Pedro que arrumasse o carro de Clara”. O correto é usar um pronome: “Clara pediu a Pedro que arrumasse seu carro”.

Opa, mas agora essa frase ficou ambígua! O carro é de quem: da Clara ou do Pedro? Sem saber qual é a intenção do autor, não é possível resolver essa dúvida, o que configura um erro.

Uma solução, nesse caso, seria usar outro pronome possessivo: “Clara pediu a Pedro que arrumasse o carro dela”.

Mas a ambiguidade também acontece com outras classes de palavras ou problemas na construção das orações. Veja outros exemplos:

Gerundismo

Esse é o vício de linguagem clássico das ligações de telemarketing! Quem nunca ouviu uma frase dessas no telefone?

Talvez você tenha se perguntado: não era mais simples dizer “atenderemos”, “você pode aguardar” e “vamos transferir”? Não só seria mais simples, mas também seria o correto!

As formas verbais usadas são vícios de linguagem, chamados de gerundismo. Trata-se do uso inadequado do gerúndio, que é uma forma do verbo caracterizada pela terminação -ndo.

Alguns redatores acreditam que o uso do gerúndio, em qualquer caso, é um erro. No entanto, não há problema algum em usá-lo, desde que expresse uma ação contínua ou simultânea a outra e não seja usado em excesso.

Já nos exemplos acima, os verbos usados indicam ações pontuais: atender, aguardar, transferir. Não há a noção de continuidade ou simultaneidade, por isso eles devem ser substituídos pela forma conjugada ou no infinitivo.

Então, não tenha preconceito com o gerúndio! É só saber a sua aplicação. Veja alguns exemplos do seu uso correto:

“De acordo com pesquisas”

Esse é um vício clássico, motivo de dor de cabeça para muitos revisores por aí. Inserir dados percentuais ou utilizar frases como “de acordo com estudos”, “segundo pesquisas” e outras, sem citar a fonte, passa a impressão de amadorismo, como se você tivesse inventando informações no texto.

A solução para esse vício é bem simples: mencionou um dado de pesquisa? Lembre-se de deixar a fonte explícita e, se possível, linkar a referência em alguma palavra relacionada. Números e estudos podem ser informações bem legais em seu texto, desde que o leitor possa ter certeza de que o que está sendo dito é verdadeiro.

A lista de vícios de linguagem é grande e, em breve, a nossa rehab da língua portuguesa continua. Para ajudá-lo, montamos um Guia de Português e Gramática com as melhores práticas da escrita! Confira!

Guia de Português e Gramática para Produção de Conteúdo Web