Nos últimos anos, a veiculação de anúncios políticos nas redes sociais se tornou uma questão em evidência. O principal motivo foi a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, marcada por um investimento nunca visto antes em plataformas como o Facebook.
A rede social de Mark Zuckerberg fez parte de um escândalo a nível global, quando uma empresa de consultoria política teve acesso a dados de milhares de usuários sem informá-los.
Tais informações, por sua vez, foram usadas para veicular, de forma estratégica, notícias que favoreciam o candidato republicano, ao mesmo tempo que notícias falsas envolvendo outras figuras políticas eram disparadas a cada minuto.
Neste post, além de entender tudo o que você precisa saber sobre anúncios políticos nas redes sociais, vamos mostrar como cada uma delas vêm se posicionando. Isso será feito a partir dos seguintes tópicos:
- Qual é a importância de debater o assunto?
- Como cada rede social se posiciona sobre os anúncios políticos?
- De que forma o cenário futuro vem se construindo?
Qual é a importância de debater o assunto?
Não é possível discutir o assunto sem antes compreender toda a questão que envolve o uso de dados de usuários nas redes sociais para a veiculação de campanhas políticas.
Em março de 2018, o mundo parou com a notícia de que uma empresa de análise política de dados — a Cambridge Analytica — teria acessado informações de mais de 50 milhões de usuários no Facebook.
Tudo isso foi feito sem o consentimento das pessoas, e a forma de capturar os dados foi aparentemente simples.
Bastava acessar um aplicativo de testes psicológicos, relativamente inocente, mas que escondia um desejo obscuro. A pessoa que aceitava os termos de uso acreditava que seus dados poderiam ser usados para pesquisas acadêmicas, mas todos os amigos do seu perfil e seguidores também tiveram seus dados coletados sem ter a mínima ideia do que estava acontecendo.
O que aconteceu, obviamente, não foram pesquisas acadêmicas.
Após reunir o volume gigantesco de dados, a empresa — responsável pela campanha presidencial de Donald Trump — criou uma série de conteúdos estrategicamente impulsionados para o público de interesse do republicano.
O vazamento do escândalo entre Facebook e Cambridge Analytica jogou luz a um fenômeno nocivo para a sociedade que já estava acontecendo com frequência.
Além da disputa presidencial norte-americana, a empresa também seria responsável por afetar resultados no Brexit (Reino Unido e União Europeia) e em governos do continente africano.
A posição oficial do Facebook, altamente criticado, seguiu uma linha neutra. Mark Zuckerberg se desviou das acusações com respostas vagas, afirmando desconhecer o caso e afirmar que está 100% comprometido com as políticas de proteção de dados dos usuários.
Como cada rede social se posiciona sobre os anúncios políticos?
Agora que você já entendeu os principais motivos pelos quais é tão importante continuar falando sobre o assunto, é hora de ver como cada rede social se posicionou publicamente sobre a veiculação de anúncios políticos.
O gigante buscador anunciou um prazo para modificar seriamente suas regras de segmentação. A partir do dia 6 de janeiro de 2020, políticos só poderão personalizar a entrega dos anúncios por idade, gênero e localização.
Não será possível, por exemplo, selecionar perfis de eleitores — tendências de direita ou esquerda, além de preferências de partidos políticos, não poderão ser utilizadas. Além disso, argumentos de campanha falsos, mesmo no formato de vídeo, também estão banidos.
O Twitter se posicionou bruscamente contra a veiculação de anúncios políticos. Na rede social, qualquer anúncio pago relacionado ao tema está proibido. Ou seja: tudo que envolva candidatos, partidos, eleições, legislações ou políticos com mandato não poderá ser impulsionado para o público.
Jack Dorsey, um dos criadores da rede social, deu uma declaração alfinetando o Facebook:
“Não é sobre liberdade de expressão. É sobre pagar por alcance. E pagar para aumentar o alcance do discurso político tem ramificações significativas que a infraestrutura democrática de hoje talvez não esteja preparada para lidar”.
Críticos ao discurso de Dorsey afirmam que é mais simples para a plataforma adotar o discurso e se posicionar dessa maneira pois ela não é um grande player no mercado.
O Facebook afirmou que está em processo de estudo sobre as segmentações — como o alcance do anúncio, por exemplo — mas até então ainda não emitiu posicionamentos favoráveis a um maior controle nos anúncios.
A falta de posicionamento da equipe de Mark Zuckerberg, inclusive, é pauta para muitas críticas por parte da comunidade global.
Atualmente, a rede social tem uma página alimentada por conteúdos sobre o assunto. No Brasil, o posicionamento oficial é o seguinte: “Todos os anunciantes no Brasil que veiculam anúncios sobre temas sociais, eleições ou política são incentivados a passar pelo processo de autorização de anúncios antes de veicularem esses anúncios no país.”
Ao continuar, porém, a rede social retira a sua responsabilidade direta: “Cabe a você, como anunciante, cumprir as leis e os regulamentos eleitorais e publicitários vigentes no seu país.”
No dia 24 de setembro, o Facebook anunciou que não fará a checagem de fatos nas publicações que envolvam assuntos políticos. A ação só será realizada nos casos em que exista compartilhamento de conteúdo previamente desmentido — como links, imagens ou vídeos.
Snapchat
O Snapchat foi outra rede social que se posicionou de maneira favorável à checagem de fatos. Todas as publicidades de cunho político vão passar por uma análise prévia, com o objetivo de entender se aquele conteúdo é verídico ou não.
Evan Speigel, fundador do Snapchat, concedeu uma entrevista para o canal CNBC e ressaltou a importância de ter responsabilidade em meio a um público jovem: “Nós atingimos um público muito jovem, aqueles que votarão pela primeira vez, e queremos engajá-los a participar da conversa política, mas nós não permitimos que desinformação apareça nessas publicidades”.
De que forma o cenário futuro vem se construindo?
As expectativas estão grandes na medida que a corrida presidencial dos Estados Unidos começa a ficar em evidência novamente.
Uma das principais diferenças entre o que aconteceu há quatro anos e o cenário futuro é o discernimento da população: se antes o fenômeno era praticamente invisível, hoje existem milhares de pessoas dedicadas a desconstruir o uso abusivo das redes sociais na vida em sociedade.
Outra grande tendência é que as redes sociais sejam cada vez mais transparentes em relação ao registro e uso de dados dos usuários.
O Facebook pode até ser um caso à parte no momento, mas as pressões sociais e políticas vêm ganhando força suficiente para guiar o universo digital para rumos democráticos e com maior segurança.
Em relação ao usuário, que se vê frente a centenas de plataformas prontas para coletarem todos os dados que conseguirem, é preciso adotar comportamentos mais atentos no que diz respeito ao compartilhamento da vida online. Nada de “ler e aceitar os termos de uso” sem de fato prestar atenção neles!
Temas que envolvem as redes sociais e seu impacto em sociedade estão cada vez mais em evidência, e é muito importante estar por dentro do assunto. Entenda como o Instagram pode estar afetando a saúde mental dos usuários, além de formas de minimizar as implicações negativas da plataforma!
CONTEÚDO CRIADO POR HUMANOS
Encontre os melhores freelancers de conteúdo no WriterAccess.
CONTEÚDO CRIADO POR HUMANOS
Encontre os melhores freelancers de conteúdo em WriterAccess.