O que aprendi ilustrando mais de 2 mil capas de posts em 2 anos

Atualizado em: 12/02/2021
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Enquanto estava em busca do que escrever para este post e o que eu poderia ensinar que seria de grande valia para quem lesse, me deparei com uma informação que me deixou até assustado.

Após fazer uma contagem de todas as ilustrações que fiz para capas de posts na Rock — contando com os blogs Comunidade, Marketing de Conteúdo, Marketing de Contenidos e Inteligência — cheguei ao gigante número de 2147 capas (e contando!).

Confesso que fui pego de surpresa, nem eu imaginava que foram feitos tantas assim. Porém, em um ar de curiosidade e nostalgia, resolvi analisar minhas ilustrações antigas e pude perceber o quanto eu me desenvolvi no trabalho e quais aprendizados ganhei com todo esse processo.

Neste post, portanto, irei compartilhar situações nas quais errei (e como resolvi), o que aprendi e, se possível, dar dicas úteis para ilustradores e designers que estejam lendo. Espero que possa ajudar!

A prática leva a “perfeição”

Coloco perfeição com aspas porque realmente não acredito que haja perfeição no Design (e se há, eu estou muito longe dela). Se pararmos para analisar alguma peça, ilustração ou produto que fizemos, sempre vamos achar um detalhe ou outro para mudar.

Mas se tem algo que eu aprendi na minha vida e comprovei desde que comecei a trabalhar na Rock Content foi de que sem prática não saímos do lugar.

Quando entrei aqui, em Setembro de 2016, acreditem ou não, eu não sabia absolutamente nada de ilustração vetorial. Me lembro até hoje de minha entrevista com o Renato “Hank” Mesquita e o Lucas “Zuk” Chagas. Eles analisaram meu currículo e meu portfólio com muita atenção e me falaram:

“Cara, a gente adorou seu portfólio. Você sabe desenhar muito bem. Mas não tem nada de ilustração vetorial e é algo que a gente precisa pra essa vaga. Você topa um teste técnico?”

Claro que eu toparia!

Tinha aberto o programa uma vez na faculdade para fazer um trabalho. Depois disso nunca mais tinha encostado nele. Na verdade, eu detestava ele por não saber mexer. Mas eu precisava dele agora, então vamos lá.

Depois de uma semana observando o estilo vigente dos blogs, resolvi arriscar com a primeira capa de post que fiz para a Rock Content:

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Tã-dã!

Não foi só essa imagem que fiz para meu teste técnico, mas foi a primeira. E, com elas, passei no teste técnico e para as próximas fases do processo.

Depois que entrei na Rock, faltou minha pressão cair quando o Zuk me passou as demandas. Eu estava lá sentado olhando para a tela do computador, sem ter nem ideia de como começar.

Nesse momento inicial, ele foi me ensinando a imensa maioria das ferramentas que eu ia utilizar para fazer as artes e foi super paciente comigo (inclusive, muito obrigado, meu amigo!).

Com esse pontapé inicial, alguns tutoriais no YouTube e muitas, mas muitas mesmo, tentativas e erros, fui aprendendo a usar o programa ao meu favor.

Não posso falar que cheguei no meu máximo — inclusive, estou muito longe disso — mas melhorei bastante desde que comecei, já que literalmente parti de uma posição que não sabia absolutamente nada.

Esse processo me fez perceber que o que me fez chegar até onde estou foi o mesmo que me fez evoluir tanto na ilustração manual: prática.

Sempre escutei minha vida toda que tinha um “dom”. Que minha habilidade no desenho era fruto de meu dom e que tenho essa facilidade por conta dele. Mas, de verdade, meu único dom foi gostar do que eu faço. Isso fez com que eu sempre praticasse um pouco, dia após dia no meu ofício, e sempre me diverti muito fazendo isso!

Hoje em dia sei que tenho capacidade de alcançar meus objetivos e crescer como artista e designer através da prática. Há uma frase que gosto bastante que é:

Se você não evoluir, acaba extinto.

Somente a prática em uma uma habilidade te leva a progredir nela. E isso também me leva a um aprendizado importantíssimo em minha vida.

Reconheça seu talento

Não acho que muita gente saiba disso aqui na Rock (na verdade, não sei se alguém saiba disso aqui). Mesmo depois de meses trabalhando, produzindo diversas imagens, reformulando o estilo das ilustrações e sendo reconhecido por isso, eu nunca acreditei em mim.

Por sempre ter sido apaixonado por criar e ilustrar, a maneira como eu me desenvolvi soava muito comum para mim. Não havia muito esforço envolvido nas tarefas, e mesmo sendo muitas vezes elogiado por isso, achava que o que eu fazia não era nada mais que o ordinário.

Foi depois de ter contato com os meus colegas de profissão e vendo todo o processo de evolução que passei (e passo) fazendo as demandas do dia a dia que percebi que, se hoje eu consigo fazer o que eu faço com rapidez e facilidade, é porque passei muito tempo praticando para isso.

Para que eu aprendesse a desenhar com praticidade, precisei passar quase 17 anos treinando (meus primeiros desenhos são de quando eu tinha uns 5 anos), e para que eu trabalhasse rapidamente e com tranquilidade com arte vetorial, precisei de quase 2 anos praticando todo dia durante meu expediente.

Por isso, não se subestime. Reconheça sua habilidade. Se você é bom em algo, assuma isso para si e se orgulhe disso. Isso é importante tanto para seu desenvolvimento profissional quanto para o pessoal.

É importante ressaltar, também, que reconhecer é diferente de se gabar. Você precisa entender que é bom no que faz, mas não seja arrogante sobre isso. Se você se considera “O mestre na sua profissão”, “O melhor do mundo”, você descarta seus defeitos e oportunidades de evolução.

Reconhecer oportunidades de melhoria faz parte da vida de todo mundo (ou deveria fazer, pelo menos). Por isso, vou ir para o próximo assunto.

Esteja disposto a mudar

Quando entrei na Rock, as ilustrações seguiam um estilo já datado para o ano e se baseavam em vetores já prontos de bancos de imagens. Como o volume de produção era bem grande, esse foi o melhor caminho para dar conta da demanda.

Com minha entrada, ficou (um pouco) mais leve e, então, recebi um desafio do Zuk:

Rafa, você topa pensar em um estilo novo pras nossas ilustrações?”

Mas é claro que eu toparia de novo!

Mesmo já acostumado com o estilo antigo, me propus a pesquisar diversos blogs, empresas e designers dos quais as artes eu gostava e fui costurando em um novo traço, mais atual e ligado à voz da empresa.

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O estilo antigo | estilo de 2016.

Com isso, cheguei a algumas diretrizes para criação das imagens:

  • Para paleta de cor, seguíamos as diretrizes do Google Material;
  • Para as ilustrações, usávamos o semi-flat, que consiste em formas simples com toques de gradientes para dar volume;
  • Em capas de post, sempre usávamos cores complementares ou com um bom contraste entre elas para melhor visualização;
  • Além disso, tentávamos nos limitar a apenas 2 cores por capa.

Se quiser saber mais sobre elas, há um tempo escrevi sobre isso! No texto entro mais em detalhes sobre alguns desses pontos. Não deixe de ler!

Foi nesse estilo que eu mais me desenvolvi aqui na Rock, afinal seguimos com ele por cerca de 1 ano e meio. Dentro desse período, experimentei diversas aplicações de cores, gradientes, efeitos e sempre ia mudando uma coisinha ou outra que me incomodavam.

Em sua última versão, o estilo estava bastante versátil e definido. Haviam artes que iam desde uma representação 3D fiel à realidade a imagens que se pareciam com camadas de papel sobrepostas.

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Esse tipo de ilustração me possibilitou em desenvolver na aplicação de luz e sombra, reflexos e, em um geral, como diferentes materiais e formas se comportam na vida real.

Porém, o mundo está em constante mudança. E no mundo do design, isso acontece com 10x mais frequência.

O ano de 2018 chegou e, com ele, novas influências. Era o momento oportuno para uma mudança nas artes, já que elas estavam tomando um rumo muito “infantil”, que já não iria conversar tanto com nossas personas.

Com isso, o Bruno Montiel, também designer do time, propôs uma mudança radical do design. Começar do zero, com paleta nova, formas novas e algo completamente diferente do que estava sendo feito.

Eu adorei a proposta, mas confesso que até deu calafrios de imaginar. Esse estilo era meu xodó! Mas assim como disse no primeiro tópico, quem não evolui acaba extinto. Caí de cabeça na ideia.

Passamos, novamente, por um extenso processo de pesquisas. O que as empresas referentes estavam fazendo, analisando diversos designers e ilustradores e criando uma nova paleta de cores, chegamos a um novo modelo.

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Com esse novo estilo, buscamos seguir com formas humanas mais próximas do natural. Com ele, não seriam mais formas simples e geométricas, mas sim formas orgânicas e dinâmicas.

A volumetria passou a ser demonstrada com granulação, tendência que foi observada em praticamente todas as referências que buscamos. E as artes passaram a ser definidas como planos 2D sobrepostos, de maneira que não tente representar com fidelidade o que é a realidade, mas passe a ser mais artístico e sóbrio.

Foi um desafio e tanto, mas, principalmente, foi bastante divertido! Se eu, o Bruno ou o Zuk não estivéssemos abertos a mudanças, provavelmente seguiríamos usando banco de imagens.

É saindo de nossa zona de conforto que mais crescemos. Explorar novos territórios faz com que nos adaptamos a eles, uma vez que o contrário raramente vai acontecer.

O crescimento pessoal e profissional também depende um aprendizado muito importante. Por isso, será tema do próximo capítulo.

Reconheça, também, os seus erros

Desde que eu era pequeno, tenho um certo defeito. Eu me apego muito às coisas. Me lembro de ter feito um bichinho com arame de embalagem de pão uma vez e guardado ele por um ano inteiro na carteira porque achei muito fofo e estava com dó de jogar fora.

Isso foi ano passado.

Com minhas ilustrações não poderia ser diferente. Tenho uma seleção de algumas na minha cabeça que são quase filhas para mim. Ocasionalmente dou uma revisitada nelas pra matar saudade.

Só que na vida nem sempre as pessoas vão gostar do que você gosta. E isso é ótimo! Se todo mundo gostasse da mesma coisa, não teria nada de novo para descobrir, nada pra dialogar sobre e ninguém teria acesso a outros pontos de vista.

Mas a outra implicação disso é de que muitas vezes você vai fazer algo que acha que foi o trabalho da sua vida, que fez o seu melhor ou o que era a melhor alternativa pro problema. E, bom… muitas vezes não vai ser.

No início, aceitar isso é um pouco difícil mesmo.

“Como assim o trabalho que eu gastei 3 horas fazendo tá errado?”

“Não é possível, as pessoas não estão entendendo a mensagem por trás dessa imagem”.

Quem trabalha com projetos criativos sabe que esses pensamentos aparecem ocasionalmente quando os outros apontam defeitos sobre eles. Quanta ousadia dessas pessoas, não é mesmo?

Não, não é. Eu conseguiria encher diversas pastas com imagens que tive que refazer ou alterar a pedido dos meus colegas de trabalho. E eu não guardo um pouquinho sequer de rancor deles por isso. Na verdade, agradeço muito a eles quando essa situação acontece.

Por que? Porque eles estão certos.

Eu trabalho fazendo imagens que serão divulgadas para milhares de leitores e seguidores da empresa. Se em um grupo de 30 pessoas eu sou capaz de causar qualquer desentendimento com uma imagem, imagina o que causaria para a reputação da empresa.

Não vou dizer para não se apegar ao seu trabalho. Eu estaria sendo hipócrita e me contradizendo nesse mesmo texto. Mas não fique de cabeça fechada a críticas.

Nem sempre a mensagem que você tentou passar com o projeto ficou clara. Não podemos exigir que todos enxerguem ela e a entendam. Na verdade, é nossa função garantir que ela seja entendida pelo maior número possível de pessoas.

Todos erramos, e não são poucas vezes. Não tem vergonha nenhuma nisso. Portanto, reconheça quando essas situações acontecerem, esteja aberto e disposto a refazer o seu trabalho para atender à demanda corretamente.

E se você for igual a mim que cria vínculo afetivo até com a sujeirinha do bolso da calça jeans, faça como eu faço quando houver um projeto xodó que precisa de refação: guarde em uma pasta pessoal, refaça e siga a vida com todo mundo satisfeito.

Entre outros!

Além de todos os aprendizados pessoais, não posso deixar de fora os conhecimentos técnicos. Não entrarei em detalhes, mas vou citar algumas habilidades que adquiri com a prática:

  • Ilustrar minhas ideias com as ferramentas disponíveis (seja o que for: Illustrator, After Effects, Photoshop ou o bom e velho mão e papel);
  • Executar tarefas em um tempo “curto” (varia de tarefa em tarefa, mas, no geral, com mais prática o tempo diminui significativamente);
  • Abstrair e criar imagens a partir de uma frase (às vezes, é tudo que nós recebemos);
  • Aguçar a criatividade (nem sempre ela aparece, então é bom ter algo a recorrer: café, música, podcast, white noise etc).

Essas foram alguns dos aprendizados que ganhei ao longo desses dois anos. Existe uma frase que resume bem o que pretendo passar com essas lições:

What got you here won’t get you there.Marshall Goldsmith

Mesmo que pareça, nunca aprendemos tudo. A gente pode achar que tá no ápice do conhecimento sobre uma ferramenta ou uma estratégia, mas a verdade é que ninguém está. E possivelmente nem vai estar também.

Portanto, se já aprendi muito ilustrando 2 mil posts em dois anos, mal posso esperar para ver o que o futuro me aguarda!

Espero que possa ajudar, de verdade! Às vezes sinto falta de um conteúdo sobre as lições reais que os designers aprenderam ao longo de sua carreira. Ainda estou no início da minha, mas sei que há diversas pessoas que, assim como eu estavam há 2 anos, ainda estão correndo atrás dessa chance.

Por isso, fui o mais sincero possível sobre os aprendizados que me fizeram crescer nesse tempo, e, se tudo der certo, posso ajudar os outros a crescerem também, mesmo que um pouquinho! Nos vemos em breve! E quem sabe com ensinamentos de 4 mil posts? 🙂

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