O cenário atual registra crescimento significativo no número de lideranças femininas nas empresas. Isso revela a conquista a partir do enfrentamento dos desafios, além das lutas das mulheres por reivindicações, em busca de espaço no mercado e, também, contra o padrão cultural e histórico de discriminação de gênero.
É possível acompanhar, na história da humanidade, diversas mudanças relacionadas aos diferentes papéis destinados a cada gênero. Por muito tempo, certas atividades foram consideradas exclusivamente masculinas ou femininas, levando em consideração as características biológicas dos sexos.
Pensamentos nessa linha foram responsáveis pelas discriminações de gênero e por imposições que demoraram séculos para se dissolver — ou ainda estão em processo de dissolução.
Tais aspectos foram contestados ao longo do tempo — e as limitações às mulheres têm sido progressivamente desfeitas. Por esses fatores, elas têm alçado voos que, por mais que muitos considerem ousados, não são mais do que seu direito fundamental.
Nesse momento da história, na maior parte dos países, há mais mulheres participando ativamente do mercado de trabalho do que jamais houve. Isso leva a conversa para outro patamar: é preciso entender, promover e lidar com o crescimento da liderança feminina nas empresas.
Nesse artigo você vai entender melhor sobre o assunto, acompanhando:
Boa leitura!
O crescimento da liderança feminina e seus desafios
No ano de 2014, entre os colaboradores da empresa Terex Latin America, apenas 33% eram mulheres. E, na liderança, o número era ainda menor.Ao notarem tais estatísticas, os gestores perceberam que, realmente, eram números muito baixos — o que ia contra as políticas de diversidade ideais à administração da empresa.
Assim, procuraram adotar novas práticas para a mudança de cenário. Nos processos seletivos, por exemplo, os líderes da Terex passaram a cobrar a participação de pelo menos uma candidata mulher.
Medidas como essa incentivaram a ideia de um espaço igualitário — e aumentaram de 20% para 44% a presença da liderança feminina.
Esse caso não se resume à empresa Terex. Nos últimos anos, muitas organizações têm acompanhado as estatísticas, e os resultados de pesquisas sociais mostram, claramente, a crescente promoção de espaços e cargos igualmente a homens e mulheres.
Estudos de 2019, por exemplo, mostram o crescimento da liderança feminina em escala global. Em outras palavras, em diversas partes do mundo há aumento real nos números de mulheres em cargos altos.
Nesse mesmo ano, o Brasil entrou para a lista dos dez países com mais empresas que possuem mulheres ocupando cargos de liderança. Os de chefia, conforme aponta a pesquisa, ainda têm deixado a desejar. Somente 25% deles são ocupados por mulheres.
Apesar disso, as informações também mostram que 93% das empresas no país possuem uma mulher como líder.
Os dados podem ser considerados positivos se levarmos em consideração o significativo crescimento da liderança feminina nas organizações, uma vez que, por muito tempo, foi necessário, por parte das mulheres, lutar arduamente por essa reivindicação.
Mas vale lembrar que os números também trazem à realidade inúmeros desafios ainda a se vencer, como a jornada dupla de trabalho, em que equilibrar carreira e família ainda parecem, à muita gente, papel exclusivo da mulher.
A necessidade de enfrentar barreiras é fruto de uma longa e histórica desigualdade de gênero, que precisa ser revisada o quanto antes, para compreendermos suas falácias e buscarmos soluções que satisfaçam a todos.
O histórico de desigualdade de gênero nos cargos altos
Para entender as dificuldades das mulheres em alcançar cargos de liderança é necessário mergulhar na história da humanidade, começando pela idade da pedra.
Nessa época, as mulheres tinham a mesma importância que os homens: ambos atuavam na sustentação da casa, sendo igualmente relevantes à sobrevivência.
Simone de Beauvoir discorre sobre esse ponto em seu clássico O Segundo Sexo. No livro, a filósofa mostra que, depois da descoberta de outros materiais, como o ferro e o bronze, as tarefas dos homens mudaram e, consequentemente, a estrutura da sociedade também.
Nesse contexto, determinadas tarefas eram mais “indicadas” aos homens por possuírem características físicas que, à época, eram denominadas recursos viris.
Com o tempo, isso fez com que as responsabilidades das mulheres deixassem de ser vistas como importantes, já que elas não tinham os atributos considerados necessários para determinadas atividades.
Assim, o homem ascendeu ao patamar de superioridade, pois passou a ser o único responsável pela sustentação da casa e da família — e, também, o único a participar ativamente da economia.
Sobre isso, a jornalista Katrine Marçal escreve, em seu livro O lado invisível da Economia, que a natureza altruísta das mulheres as ligava à esfera privada; então, elas não eram economicamente relevantes.
Depois de bastante tempo, houve a inserção da mulher em alguns âmbitos da sociedade. Ainda assim, no mercado de trabalho, por exemplo, até hoje há desafios e limitações para alcançar determinados cargos, ponto que também nos remete à antiguidade.
Mary Beard, estudiosa, professora e autora do livro Mulher e Poder: Um Manifesto, expõe em sua obra o histórico de suposições e convenções relacionadas à voz feminina. Essas foram iniciadas, possivelmente, no mundo clássico.
As mulheres, há muito tempo, na mais antiga literatura, na dramaturgia e até na mitologia grega, foram silenciadas e tinham poucos direitos de se manifestar publicamente.
Isso influenciou diretamente seu lugar de poder, já que elas não tinham direitos que pudessem mudar sua realidade — como, por exemplo, o de voto, bem como pouca independência econômica.
Nessas circunstâncias, o ato de discursar e colocar a voz em público era atividade exclusivamente masculina, considerada a maior responsabilidade dos líderes na antiguidade. Dessa forma, não havia chances para liderança feminina.
Tais fatos impactaram a humanidade de forma a gerar um padrão cultural, como uma tradição inconsciente, até mesmo às próprias mulheres. Estas, desde então, foram vistas como inapropriadas para ocupar determinados cargos. Por isso, até hoje, muitas delas ainda não se veem preparadas para tal.
Tudo isso demonstra o início de uma trajetória marcada pelo silenciamento do discurso feminino. O fato nos trouxe consequências ao longo dos anos, em que a mais visível é, até hoje, a geração de uma barreira às mulheres no mercado de trabalho e em lugares de poder e liderança.
Os movimentos que promovem o crescimento da liderança feminina
“Não se pode, com facilidade, inserir as mulheres numa estrutura que já está codificada como masculina; é preciso mudar a estrutura”, é o que escreve Mary Beard.
Por isso, parte da inserção das mulheres em cargos de liderança se deve ao fato de que as empresas de fato se preocupam em promover o engajamento das mulheres e um espaço igualitário. Em outras palavras, estão mudando sua estrutura.
Mesmo com certos espaços conquistados, as mulheres continuam a enfrentar desafios pelas suas condições físicas e biológicas. O fato de engravidarem, por exemplo, pode ser um impeditivo para determinadas contratações.
Além disso, ao terem filhos, elas precisam dividir sua jornada entre o lado profissional e familiar, lidando de maneira sobrecarregada com diversas atividades e obrigações.
Por isso, mesmo com muitas conquistas, ainda são necessários movimentos para promover o crescimento da liderança corporativa feminina sem que as mulheres se sintam pressionadas, ou culpadas, a escolher entre a carreira e o lar.
As manifestações feministas são exemplos claros das movimentações por parte das mulheres, que lutam por melhores condições de trabalho e novos espaços em sua carreira.
O feminismo também contribui com discursos contra o privilégio masculino e atos que desrespeitam o espaço das mulheres. Um exemplo disso é o movimento #MeToo, de 2017, que pedia proteção às mulheres contra o assédio no ambiente de trabalho.
Além disso, as empresas têm se preocupado, cada vez mais, em promover espaços igualitários, com a disseminação de uma cultura mais inclusiva acontecendo.
Graças a todas as lutas e movimentos, hoje podemos seguir esse processo de crescimento da liderança feminina nas empresas e entender sua verdadeira importância.
As vantagens e a importância das mulheres em cargos de liderança
Acompanhar o crescimento da liderança feminina nas empresas também conscientiza a população da importância desse feito. Pesquisas mostram, por exemplo, que as mulheres são mais capazes de se adaptar a mudanças tecnológicas.
Assim, empresas que encaram modificações frequentemente, como as que precisam promover adequações a novas leis, como a LGPD, quando têm mulheres no papel de líderes, podem lidar mais facilmente com os obstáculos.
Além disso, é possível perceber que um ambiente diverso, com homens e mulheres em quantidade bem distribuída, permite diferentes perspectivas sociais, contribuindo para decisões mais justas dentro das organizações.
As estatísticas também já apontam as vantagens desse movimento. Pesquisas mostram que, quanto maior o número de mulheres nas empresas, principalmente nos cargos de liderança, melhores os resultados.
A ocupação desses cargos pelas mulheres é uma forma de representatividade. As líderes inspiram e viram referência para outras mulheres, fazendo com que elas passem a acreditar mais em si mesmas e enxerguem a possibilidade de também serem líderes, crescerem em suas carreiras e ocuparem cargos altos em uma hierarquia.
Isso também rompe com os padrões culturais que têm acompanhado as sociedades ao longo do tempo. As líderes, ao assumirem determinadas atitudes, podem desconstruir estereótipos e comportamentos que, em muitos casos, são impostos às mulheres.
Felizmente, as vantagens e importância da luta feminina têm sido reconhecidas. Mas ainda há muito o que fazermos nesse cenário, e o diálogo é uma das principais formas de espalhar entendimento.
Discussões sobre a liderança feminina nas empresas não só inspiram mas, também, podem conscientizar mais pessoas. O resultado é a promoção de um espaço cada vez mais igualitário em todos os âmbitos da sociedade, inclusive, mas não somente, no mercado de trabalho.
Esse post foi escrito em parceria com a empresa Data Goal.
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