Google aponta oportunidades para aumento da maturidade digital do Brasil

Qual o nível de maturidade digital do Brasil? Essa resposta foi apresentada pelo Google, em parceria com a McKinsey. As duas companhias desenvolveram a pesquisa Índice de Maturidade Digital. O estudo indica as competências digitais que precisam ser desenvolvidas e quais são os gaps de performance.

Atualizado em: 15/04/2021
índice de maturidade digital do Google

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Qual o nível de maturidade digital do Brasil? Essa resposta foi apresentada pelo Google, em parceria com a McKinsey. As duas companhias desenvolveram a pesquisa Índice de Maturidade Digital, apresentada como uma iniciativa inédita que será referência para estudos futuros sobre o desenvolvimento de competências digitais entre os brasileiros e o seu impacto socioeconômico.

O estudo indica as competências digitais que precisam ser desenvolvidas e quais são os gaps de performance. Nessa análise, foram realizadas 2.477 entrevistas, com pessoas entre 15 e 60 anos, de classes A a D, em 12 estados das 5 regiões brasileiras.

Conforme apontou o Google, embora o Brasil tenha “vocação digital”, há ainda muitos espaços para desenvolvimento.

Vocação digital dos brasileiros

A pesquisa Índice de Maturidade Digital ratificou que os brasileiros estão cada vez mais presentes na internet:

  • 7 entre 10 brasileiros estão conectados;
  • 67% da população brasileira têm smartphone;
  • Brasileiros gastam em média mais de 9h por dia na internet;
  • 7 entre 10 brasileiros estão em alguma rede social (45% acima da média mundial).

Diante do cenário em que mais brasileiros estão conectados, um novo formato de conteúdo aparece como a principal tendência: vídeo.

Nos últimos 4 anos, o consumo de vídeo online cresceu 135%. Além disso, 86% dos brasileiros conectados assistem a vídeos online, e o Brasil tem o 3º watch time de YouTube em todo o mundo — 9 entre 10 brasileiros usam YouTube para obter algum conhecimento.

Vocação digital dos brasileiros

Grande parte do interesse e adoção de tecnologias digitais no Brasil é reflexo do desejo de comunicação e socialização.

Contudo, o Brasil ainda demonstra estar distante das grandes potências mundiais em transações digitais. Enquanto os brasileiros formam a 4ª maior população online, o país é apenas o 8º em número de digital shoppers e 20º em penetração.

Índice de maturidade digital dos brasileiros

Em uma escala de 1 a 5, o Google e a McKinsey analisaram 5 critérios de maturidade digital dos brasileiros: acesso, uso, segurança, cultura e criação. Em cada um desses fatores, houve a análise de diferentes competências digitais.

Acesso

A capacidade de ligar dispositivos conectados à internet, o domínio de browsers e habilidades básicas de navegação, assim como o uso das funções básicas dos principais programas de computador e apps de celular foram algumas das competências avaliadas em Acesso.

Nesse ponto, a pesquisa indicou nota 3,5, numa escala de 0 a 5, em que 0 é o mais básico e 5 aponta o mais avançado.

Os brasileiros se destacaram mais em ligar e desligar aparelhos e navegação, enquanto uso de comando de voz e configuração de softwares foram as competências mais deficientes.

Segurança

Em Segurança, foram observadas competências como: reconhecimento de operações inapropriadas ou ilegais no ambiente digital; conhecimento de procedimentos para proteção de dados; avaliação da confiabilidade de fontes, interações e informações.

Com bons resultados para cuidados com dados e informações pessoais e identificação de phishing, mas falhas em identificação de sites seguros e de ameaças como malware, os brasileiros receberam nota 3,4.

Uso

Para profissionais de marketing, o entendimento de consumo de conteúdo é um dos pontos mais importantes para a criação de estratégias. Foi na categoria Uso que o Google avaliou a maturidade dos brasileiros para:

  • consumo de conteúdo em diferentes formatos e linguagens;
  • capacidade de buscar e encontrar informações de interesse;
  • realização de transações online.

Nesse quesito, os brasileiros receberam nota 3,4, na escala até 5. Os pontos mais favoráveis foram uso de aplicativos de mensagem e buscadores, enquanto armazenamento de dados em nuvem e transações online foram os pontos mais deficientes.

Cultura Digital

Em Cultura Digital, a pesquisa desenvolvida por Google e McKinsey analisou o aprendizado contínuo e curiosidade para a descoberta de novas soluções, a atualização constante em relação a novas tecnologias e o acompanhamento de atualizações de softwares, hardwares, aplicativos etc.

O Índice de Maturidade Digital para Cultura foi de 3,0. Os pontos mais positivos foram vocação para aprender experimentando e acompanhamento de reviews de lançamentos. Já cultura de aprendizagem por tentativa e erro, além de tomada de risco no uso de novas tecnologias foram os pontos mais negativos.

Criação

Entre todos os pontos analisados pela pesquisa feita por Google e McKinsey, a Criação foi o mais negativo. O estudo apontou que os brasileiros têm nível de maturidade de apenas 1,8 nesse quesito, em que foram avaliados:

  • conhecimento de ferramentas para gerenciamento de publicidade online;
  • uso de ferramentas para promoção de conteúdo;
  • programação em diferentes linguagens e desenvolvimento de sistemas.

Os brasileiros têm mais competências em criação e desenvolvimento de apresentação e edição de vídeos. Em contrapartida, ainda pecam em automação de sistemas de dados e entendimento e aplicação de conceitos de machine learning.

A pesquisa indica que “os brasileiros iniciam a jornada digital aprendendo os skills relacionados a acesso. Somente depois de desenvolver competências relacionadas a segurança, uso e a uma cultura específica é que passam a criar no e para o ambiente digital”.

Competências digitais refletem desigualdades sociais

O Google ressalta que “ao analisar os grupos que menos pontuaram em cada uma das  dimensões de skills estudadas, foi notado que as desigualdades no domínio de competências digitais espelham as desigualdades de gênero, raça e idade ainda muito grandes no país”.

Para quase 70% das empresas, no Brasil, os mais velhos não conseguem acompanhar as transformações tecnológicas. Já em relação a gênero, há a percepção de que as mulheres ainda são minoria no meio digital. Afinal, em 2018, elas corresponderam a apenas 15% das inscrições para a carreira de Ciências da Computação, na USP, e somente 13% dos candidatos para a carreira de desenvolvedor(a) são mulheres.

Um ponto destacado é que há uma relação direta entre competências digitais e renda, conforme demonstrado no gráfico abaixo.

Relação entre competências digitais e renda

A pesquisa indica que “no limite, todas as competências combinadas podem ter um impacto de até +R$380 na renda mensal de um trabalhador, equivalente a quase 40% do salário mínimo, sendo que competências de Criação tem alto impacto positivo na renda já a partir do nível introdutório”.

Já competências de Segurança, Uso, e Cultura exigem níveis avançados de habilidade para ter impacto positivo na renda, enquanto competências de Acesso não impactam positivamente a renda, independentemente do nível de habilidade.

A pesquisa realizada em parceria por Google e McKinsey indica ainda que o desenvolvimento de competências digitais é importante para captura de impacto econômico, com potencial para adicionar US$ 70 bilhões ao PIB.

Recentemente, em outro estudo realizado pela McKinsey, o Brazil Digital Report mostrou que falta inovação para os brasileiros. Além disso, as empresas nacionais falham em aproveitar o potencial do Marketing Digital.

As companhias que saem à frente dos concorrentes encontram um bom caminho para alcançar bons resultados de negócios.


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