Androides sonham? – Frontiers #1, evento da MIT Sloan Review Brasil, discute Inteligência Artificial

O primeiro Frontiers da história reuniu em uma sala executivos de alto nível para discutir essa inovação tecnológica

Frontiers #1, da MIT Sloan Management Review Brasil

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Duas mulheres estão no vão que dá entrada para a sala. O ambiente é composto de mesas adornadas com um aquário redondo cheio de água envolto a flores naturais brancas, que contrastam com o forro preto sobre o móvel. Um jazz/blues preenche o local, acompanhado de uma voz feminina aveludada. Os presentes estão ansiosos para ouvir o que os líderes que subirão ao palco têm a dizer sobre a tecnologia que mudará tudo. A cena parece parte de um mundo ficcional, mas é o cenário do Frontiers #1, evento criado pela MIT Sloan Management Review Brasil.

O acontecimento ocupou a sala Plural do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, espaço projetado em 2001 para receber mostrar de artes plásticas, arquitetura e design, tanto nacionais, quanto internacionais. A proposta era fazer uma imersão de conteúdo durante 8 horas de evento. O tema do Frontiers, o primeiro em toda história, foi Inteligência Artificial.

Um grupo seleto de executivos e pesquisadores foram convidados para palestrar e participar de mesas redondas. Tão seleto quanto era o público que preenchia as clássicas cadeiras de madeira com acolchoado creme. Gerentes, diretores e tomadores de decisão, todos estavam ávidos para entender mais sobre IA e suas aplicações.

O tema também faz parte da primeira edição impressa da revista MIT Sloan Management Review Brasil. As matérias trazem discussões de especialistas da área e o evento foi pensado como uma extensão dos conteúdos. Apostolado como uma revista ao vivo por Carlos Júlio, que fez as vezes de Mestre de Cerimônias, o Frontiers #1 levou várias discussões de alto nível para a plateia.

Do androids dream? O início do Frontiers #1

As apresentações da parte da manhã foram permeadas por citações de grandes pensadores e empreendedores, contemporâneos e modernos. De Philip K. Dick a Henry Ford, os palestrantes estavam cientes de como o público via Inteligência Artificial antes mesmo de suas falas.

As respostas de uma pesquisa enviada para os presentes antes do evento, chegaram com insights valiosos. As perguntas deram informações de como aquelas companhias presentes lidam com inovações tecnológicas.

81% das empresas já cuidam da transformação digital dos próximos 5 e 10 anos em seus negócio. 77% delas acreditam que há um clima de confiança na empresa que viabiliza correr riscos, inovar e que pessoas falem o que realmente pensam. Outras informações são sobre sobre a porcentagem das companhias que já trabalham com dados e quantas possuem iniciativas de Inteligência Artificial. No quadro abaixo está a pesquisa completa:

Desenvolvem ações para continuar competitiva em 5 e 10 anos81%
Clima de confiança na sua empresa que viabiliza correr riscos, inovar e pessoas falarem o que realmente pensam77%
Trabalham suficientemente com dados e analytics para poder aproveitar todas as tecnologias alimentadas por dados, como as relacionadas com a inteligência artificial74%
Já estão implementando iniciativas relacionadas a inteligência artificial64%
Levaram a inteligência artificial para o conselho de administração ou órgão equivalente57%
Têm indicadores chave de desempenho (KPIs) claros72%
Liderança utilizam KPIs para mudar seu estilo de gestão59%
Investem em melhores aplicações de machine learning para desenvolver KPIs melhores74%

As altas porcentagens refletem bem a seleção das pessoas que participaram do evento. São grandes empresas que querem estar à frente e por isso se movimentam para conhecer, processar e executar novas tecnologias dentro de seus times.

A visão estratégica é clara tanto nos números quanto nos olhos dos homens e mulheres que compunham a sala. Cabelos grisalhos que poucas vezes se mostram sem pudor e que na maioria das cabeças aparecem porque lutam contra a cor natural ainda dominante.

Mesmo que sinais de vanguardismo permeassem todo o evento, os palestrantes fizeram questão de lembrar pontos importantes que passam despercebidos nessa busca pelo pioneirismo.

Michael Schrage chama atenção para os Key Performance Indicators (KPIs)

Os três palestrantes do Frontiers #1 em uma sessão de Q&A (Foto: MIT Sloan Management Review Brasil/Reprodução)

A primeira fala do dia foi feita por Michael Schrage, pesquisador do MIT há 30 anos. O líder em pensamento de inovação, já prestou consultoria para a Embraer e também foi consultor de segurança para o governos dos Estados Unidos. Intitulada de The Next I.T:  Innovation Transformation ele pediu para que o público prestasse mais atenção nos KPIs de suas empresas.

Além da importância de se ter bem definido aquilo que deve ser medido, os processos precisam se transformar em um ciclo virtuoso. Medir é apenas o primeiro passo de qualquer Key Performance Indicator. Na retroalimentação do KPI, começa-se pela medição e então passa-se para a inovação, a propagação e a estratégia. O humor do norte-americano deixa leve o fato de que não adianta ir atrás da inovação tecnológica e olhar vagamente para os números ou, pior ainda, não tê-los bem definidos. Somente assim é possível fazer com que o capital humano também entenda os objetivos da organização.

Para Robert Duque, o Brasil tem muito a contribuir para o desenvolvimento de I.A.

Responsável por applied intelligence na Accenture, Robert Duque é um francês expoente de Harvard e já teve mais de 6 posições na FICO, empresa de análise que ajuda companhias a tomarem melhores decisões em busca de crescimento e sucesso. Além de falar português, é perceptível que sua proximidade com o Brasil também passa por um lado emocional.

Duque se dirigiu ao público com o objetivo de quebrar a reação primeira que muitas empresas têm quando precisam encarar a inovação tecnológica: isso dói. Uma dor que está completamente no mundo das ideias. Petrobras, Oi e o Hospital Albert Einstein foram algumas das empresas atendidas por Robert. Ele quis mostrar que não é preciso ficar tanto na retaguarda quando o assunto é Inteligência Artificial, principalmente por vivermos no país do jogo de cintura.

Fernando Martins comprova que no Brasil há, sim, inovação

Como para fortalecer a fala do colega, Fernando Martins, que trabalhou por mais de 19 anos na Intel, levou ao público vários exemplos de empresas brasileiras que já possuem um mindset virado para a transformação digital.

O atual Consultor Estratégico da Ambar mostrou o trabalho dessa organização, que está na área da construção civil, mas também passou por diversos setores. Nomes conhecidos, como Guia Bolso e QuintoAndar, unicórnio brasileiro, ganharam espaço em sua apresentação – mas não só eles. Solinftec, da agricultura, Hoobox, da área da saúde, também foram destaque.

The electric things have their life too. Práticas de humanos e máquinas no Frontiers #1

Na parte vespertina do Frontiers #1, a MIT Sloan Management Review Brasil preparou painéis de quatro a duas pessoas. A mediação foi dividida entre nomes da publicação, Adriana Salles e Pedro Nascimento, e da patrocinadora Accenture, Cristiano Dencker.

Humberto Cordioli, Cristiano Barbieri, Ana Júlia Novaes e Rafael Mansur participaram do primeiro painel da tarde. (Foto: MIT Sloan Management Review Brasil/Reprodução)

Natura, Movida, SulAmérica, Acesso Digital, UnitedHealth Group, Vivo, GSC Integradora de Saúde e Big Data. Essas foram as empresas convidadas a falar para um público que continha representantes de grandes companhias – de Ford a Itaú.

As falas variaram entre três temas: aplicações da tecnologia de Inteligência Artificial, como a IA ajuda na aproximação do cliente e, por último, de que maneira os CEOs atuam frente aos desafios desse tipo de tecnologia.

Os convidados dividiram vitórias, mas também os percalços passados para a inserção de processos com focos em machine learning (ML) e da narrow artificial intelligence, aplicação mais focada e menos panorâmica da inteligência artificial. A Natura, que hoje possui um trabalho de SAC amparado por ML, ainda precisa lidar com crises que começam justamente na exposição humana que ainda acontece na internet.

Ficou claro que os participantes, assim como a plateia, não têm as respostas prontas, mas o que eles possuem é a coragem de já ter dado os primeiros passos rumo à essa grande inovação tecnológica. Não é apenas pensar criativamente, mas estar disposto a testar e errar. Como quando a Acesso Digital precisava decidir qual caminho seguir para superar o problema de fazer reconhecimento facial de indivíduos com óculos, contou Rafael Mansur, Head de Produtos da marca.

Ou mesmo Cristiano Barbieri, que confessou ser impossível avançar sem parcerias. O Head de Estratégia Digital, Inovação e Tecnologia da SulAmérica chamou atenção para que a abertura das empresas com outras é um dos caminhos para o sucesso na Indústria 4.0. Seu discurso foi endossado por João Torres, da Vivo. Para o responsável pelo Marketing Digital da empresa de telefonia, parte essencial desse processo é entender quais tecnologias conversam com aquela que a empresa já possui.

Para os participantes, há muito tempo já não podemos enxergar a tecnologia apenas como uma ferramenta. Isso é simplificá-la. A chave realmente vira quando passamos a ver as máquinas como pontes para soluções de problemas extremamente humanos que antes pareciam sem resposta. Todas as falas no Frontiers #1 reforçaram que cultura é o primeiro passo para ser bem sucedido nesse caminho de transformação.

Ainda que a discussão pareça disruptiva e cause espanto em alguns, a Inteligência Artificial nunca suprirá componentes humanos. O monólogo final da obra prima de Philip K. Dick já dizia, em 1968, que caminhamos para um momento em que a tecnologia será como lágrimas na chuva. Estamos cada vez mais perto disso, mas sabemos que somos nós que sempre teremos a capacidade de sonhar.

A segunda edição do Frontiers já tem data para acontecer: 2 de abril de 2020. O tema abordado será a Internet das Coisas e seu impacto social.

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