Inovação asiática, super apps alimentam disputa de novos negócios digitais

Considerando a velocidade com que a informação se movimenta e a praticidade trazida pela tecnologia, se torna óbvio o valor de aplicativos como esse: levar comodidade ao usuário, que até então precisava fazer download de uma série de aplicativos para cumprir com as atividades do dia a dia.

Atualizado em: 15/04/2021
Super Apps

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Após a criação e sucesso do aplicativo multiuso WeChat na China, várias empresas de tecnologia têm voltado suas estratégias e esforços para criação de “super apps”.

Por mais que nenhuma empresa além do WeChat tenha conseguido chegar nesse patamar ainda, as movimentações do mercado mostram a intenção de outros players de atender um consumidor que busca praticidade no dia a dia.

Recentemente, a Amazon anunciou movimentações na Índia que sugerem estarem indo para essa direção. Na América Latina, o recente investimento de US$1 bilhão recebido pela Rappi aumenta a possibilidade de termos um case de super app em breve.

Fizemos uma análise de mercado considerando investimentos feitos por algumas empresas rumo a esse objetivo. Veja a seguir o que levantamos no Brasil e no mercado internacional.

O que são super apps e por que eles estão em alta

Antes de mais nada, se você está se perguntando, os “super apps” consistem em aplicativos que disponibilizam em um só lugar uma variedade de serviços usados no dia a dia dos usuários.

Alguns exemplos desses serviços são: chat, entrega de comida, pagamentos, pedidos de táxi, e por aí vai.

O conceito se iniciou com o aplicativo chinês WeChat, que além de contar com um chat, disponibiliza também serviços de pagamento de contas, consultas médicas e pedir táxis, por exemplo.

O aplicativo virou, para a população chinesa, o “app para tudo na vida”, contando com mais de 1 bilhão de usuários ativos por mês em 2018.

Visto como indispensável, o aplicativo está sendo cotado para se tornar o sistema de identificação da população chinesa, criando uma espécie de “RG virtual”.

Considerando a velocidade com que a informação se movimenta e a praticidade trazida pela tecnologia, se torna óbvio o valor de aplicativos como esse: levar comodidade ao usuário, que até então precisava fazer download de uma série de aplicativos para cumprir com as atividades do dia a dia.

Baixar diversos aplicativos não só significa gastar mais espaço na memória do celular, mas também cadastrar os mesmos dados dezenas de vezes.

A economia de espaço no smartphone em si só já é uma grande sacada principalmente para mercados emergentes, onde a grande parte dos smartphones comprados são aparelhos mais simples.

Pensando nas vantagens que os super apps podem trazer e mirando no sucesso do WeChat da China, movimentações estão sendo feitas no Brasil e no mercado internacional.

Evolução dos super apps no mercado internacional

A Amazon, recentemente, anunciou a expansão de seus serviços na Índia com o lançamento de um sistema de compra de voos domésticos.

A gigante de tecnologia estreitou uma parceria com a Cleartrip para permitir esse serviço no Amazon Pay, oferecendo sistemas de cashbacks e baixas taxas de cancelamento de voo.

Em abril, a Amazon já tinha falado sobre seu planejamento de se tornar um super app na Índia. Com esse passo, a plataforma agora permite aos usuários indianos a execução de pagamentos, contas de serviços públicos, recarga de planos telefônicos e compra de voos domésticos, além da compra de produtos.

Ainda visando se tornar um super app no país, em agosto de 2018, a Amazon comprou a Tapzo, um aplicativo que agrega mais de 35 outros apps em um só lugar, o que indica que a empresa está cada vez mais próxima de estabelecer o modelo de super apps em mercados emergentes.

A Índia se tornou um mercado promissor para esse tipo de estratégia por conta da proliferação de smartphones de baixo custo e dados móveis, grande parte graças ao Google e ao Facebook.

A telefonia móvel é dominante na Índia hoje, com mais de 500 milhões de usuários utilizando a internet e sendo o maior mercado para o WhatsApp, que também tentou lançar um piloto de um programa de pagamentos no país em 2018, ainda não aprovado.

Além disso, a Índia é o mercado com maior crescimento na compra de internet e smartphones, chamando a atenção de empresas em nível internacional e apresentando cenário favorável para replicar o modelo do WeChat.

Outra empresa que está apostando nessa estratégia é o Facebook, ainda que de forma lenta e tímida.

Através do app do Facebook Messenger, a empresa hoje já oferece serviços que fogem apenas da proposta inicial de rede social/chat para seus 2 bilhões de usuários mensais ativos ao redor do mundo.

Super apps no Brasil

No Brasil, a empresa que está mais próxima de um modelo de super app é a colombiana Rappi, que chegou ao país em 2017.

Através do seu aplicativo, a startup permite pedir comidas (e praticamente qualquer tipo de compra e serviços para os “Rappitenderos”), utilizar um patinete elétrico da Grin, contratar uma manicure do Singu ou até mesmo contratar um profissional da GetNinjas.

Em entrevista para a Infomoney, Fernando Vilela, head de growth da Rappi no Brasil, aposta que um super app é o “cenário ideal para todo mundo” — tanto para o usuário final, quanto para as empresas que decidem implementar seus negócios dentro da plataforma.

A própria Singu e a GetNinjas, duas plataformas que oferecem seus serviços pela Rappi, na visão de Vilela, “ganham uma exposição que não teriam e uma expertise em CRM já criada”.

Aumentando a velocidade em que a Rappi pode caminhar em direção ao cenário que busca, este mês a startup recebeu um investimento de 1 bilhão de dólares (em média R$3,95 bilhões) do conglomerado japonês Softbank — o maior investimento da Softbank na América Latina até agora.

Além disso, em abril deste ano, a Rappi passou a disponibilizar a busca de imóveis mobiliados para aluguel temporário, viabilizado por uma parceria com a Housi. Mais um ponto para a empresa colombiana.

Mas, por mais que o cenário pareça favorável, existem desafios para implementar esse processo no Brasil.

Na visão de Vilela, ainda é necessário criar a cultura do app multiuso para o próprio cliente. No caso do WeChat, o próprio cenário em que a empresa foi criada, sendo um substituto do WhatsApp, acelerou sua penetração no mercado chinês.

Outro grande desafio desse modelo no Brasil é a adesão do e-commerce em si no país, que ainda representa apenas 5% da venda do varejo, de acordo com uma pesquisa da E-Consulting.

Outra empresa que também está mostrando mirar seus horizontes nos super apps é a própria Magazine Luiza, que nos últimos anos já têm chamado atenção com sua estratégia omnichannel, subindo 15.467% na bolsa.

Frederico Trajano, presidente da empresa, tem se expressado com frequência na mídia sobre a intenção de criar uma plataforma.

Para ele, o principal desafio de criar um super app similar ao que se tem na China é a legislação brasileira, principalmente no que diz respeito ao open banking.

A movimentação no Brasil também tem sido feita com a fintech Nubank, que, em outubro de 2018, recebeu um aporte de US$200 milhões da Tencent (empresa dona do WeChat).

Por mais que o mercado ainda não saiba de fato as intenções da Tencent com esse investimento, a atenção começa a se voltar para o que o Nubank pode se tornar e se há a possibilidade de ele pivotar serviços de super app por aqui.

Em meio às novas ações do Nubank, aproveite para ficar por conhecer outras tendências de digitalização bancária que merecem atenção especial.

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