Até o início de 2023, o TikTok tinha uma fama e tanto: o aplicativo que mais crescia. Desde o seu início na China em 2016, o canal de mídia social rapidamente ganhou participação de mercado em todo o mundo e, em 2020, tinha mais de 2 bilhões de usuários globalmente.
Os especialistas em tecnologia e marketing ficaram entusiasmados, mas muitos ficaram perplexos com a combinação de elementos que tornaram essa plataforma especificamente atraente para todas as idades e áreas de atuação. Afinal, todo mundo, desde adolescentes até executivos de empresas, parecem estar usando, ou pelo menos assistindo, o TikTok.
Conforme o crescimento do TikTok continuou, ele atraiu ainda mais atenção como potencial gerador de dinheiro e veículo de publicidade, já que, afinal, é onde o público está, então as grandes marcas precisam estar lá, também. Ele se tornou até uma ferramenta de buscas popular além do Google para pesquisar conteúdo. Em alguns dias, ele ultrapassou o Google como o site mais visitado, e sites concorrentes de “vídeo” como Meta e YouTube também estão fazendo ajustes em suas plataformas para serem mais parecidos com o TikTok.
Infelizmente, se o mundo da tecnologia nas últimas décadas nos ensinou alguma coisa, é que: a) a gravidade eventualmente se impõe e até mesmo o mais incrível dos empreendimentos retornará à Terra; e b) há sempre algo novo saindo que vai atrair atenção e dinheiro.
Nesse caso, o aplicativo de inteligência artificial ChatGPT quebrou recentemente o recorde do TikTok como o aplicativo de crescimento mais rápido, atingindo 100 milhões de usuários no final de janeiro, quase o dobro de seus números em dezembro.
Essa virada acontece ao mesmo tempo em que o TikTok está sofrendo uma pressão política crescente, especialmente nos EUA. A empresa também está vendo uma queda notável na atividade dos usuários. Esses dois fatores estão fazendo com que o TikTok se debruce sobre a questão, reavalie sua presença e crie novas ferramentas e técnicas para se manter no topo.
Quais pressões são essas?
Existem razões pessoais pelas quais algumas pessoas não são fãs do TikTok. Desde o surgimento da Internet, existem vozes dispostas a criticar as contribuições criativas de outras pessoas. Com o TikTok, isso significa muitas oportunidades para deixar comentários apontando o conteúdo às vezes amador. Você gosta de lip-syncing? Então, há muitos estranhos ao redor do mundo que terão prazer em atacar você por isso.
Mas parte da preocupação com o TikTok é mais profunda do que vários trolls declarando que vídeos aleatórios e criadores são “cringe”.
No final de dezembro, 19 estados dos EUA proibiram o aplicativo em computadores ou dispositivos móveis do governo. A preocupação se concentra em sua propriedade chinesa e no fato de que o aplicativo pode não apenas espionar funcionários do governo, mas também censurar certos vídeos. Há também uma pressão nos EUA para defender as redes de mídia social americanas, como Meta ou YouTube.
Proibições semelhantes ocorreram em vários outros países. Alguns, como a Índia, expressam as mesmas suspeitas em relação à tecnologia chinesa. Outros, como a Nigéria, baniram TikTok, Facebook e Twitter, acusando-os de serem ferramentas de comunicação ilegais que podem ser usadas por ativistas antigovernamentais.
Curiosamente, parte do declínio no TikTok pode não ser necessariamente devido à política. Uma análise especulou que a rede está simplesmente passando por uma correção para voltar a um nível de atividade mais realista. Agora está crescendo em um ritmo acelerado, mas não no mesmo em que estava antes da Covid-19. Quando a pandemia atingiu, um número maior do que o esperado de pessoas ficou preso em casa e descobriu as alegrias de assistir ou criar. Agora que as condições de saúde melhoraram, o pico pode estar se estabilizando.
Novos rumos
Os gestores do TikTok começaram a antecipar uma possível desaceleração e começaram a lançar novas ferramentas e recursos já em 2022, incluindo o recurso “Friends” que torna mais fácil para certas pessoas ver suas publicações. O aplicativo também melhorou seus algoritmos para encontrar melhores seleções de contas a seguir com base em interesses ou amigos em comum.
Espera-se também que o serviço melhore a experiência de compra online. Algumas contas podem vender seus próprios produtos ou serviços de forma independente, mas o próprio TikTok vem trabalhando no desenvolvimento de sua própria plataforma de compras. Os participantes poderão criar vídeos de tudo o que tiverem à venda, além de produtos disponíveis de parceiros fornecedores. Tudo isso pode ser assistido por clientes em potencial.
Outro recurso que deverá estar disponível ainda este ano é o “Creator Fun 2.0”, que inclui um novo conjunto de ferramentas promocionais para os principais usuários, incluindo a capacidade de reproduzir vídeos mais longos. Isso pode levar a mais exposição e potencialmente mais receita para artistas individuais.
Um artigo recente da Forbes com conselhos para criadores também pode se aplicar ao TikTok como um todo: pense e aja de maneira mais jovem. A plataforma foi projetada pensando na Geração Z, incluindo sua linguagem, valores e interesses. Adultos e idosos também podem brincar, mas devem se adaptar a esse ambiente, principalmente se quiserem ser notadas.
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