Para Caetano, o tempo é um compositor de destinos. Difícil dar definição melhor que essa, né? Mas eu também acho que ele é implacável. Como um pai severo, sabe? Do tipo que você passa a vida toda brigando, mas no fundo sabe que ele só te cobra tanto porque quer seu bem. Pois é, minha relação com o tempo sempre foi um pouco conturbada.
Mas olha só: meus daddy issues acabaram proporcionando uma reviravolta na minha vida que, hoje em dia, é motivo de enorme gratidão. Foi justamente pela impossibilidade de gerenciar o tempo equilibrando trabalho CLT, maternidade e a faculdade dos meus sonhos que eu descobri o universo da produção de conteúdo para web.
É essa história que vou contar! Venha comigo e descubra que o trabalho de redator freelancer possibilita uma flexibilidade de tempo que a CLT não dá (e como isso foi decisivo para mim!).
“És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho”
Não é que essa música tem mesmo tudo a ver com a minha história? Eu explico! Sempre fui o tipo de pessoa que briga com o tempo. Sabe quando parece que o dia precisa de mais do que 24 horas? Esse com certeza seria meu primeiro pedido para o gênio da lâmpada.
Divagações à parte, eu sempre tive o sonho de estudar em uma universidade pública. Família pobre, bairro de periferia, escola caindo aos pedaços e falta de professores — essa era a minha realidade. Então, o sonho de ingressar em uma universidade “zica” foi perseguido não sem muitas dificuldades.
Bom, passar no vestibular, eu passei. Mas mal sabia eu que as maiores dificuldades viriam depois. Fui toda “pimpona” para o primeiro dia de aula e comecei o ano letivo repleta de otimismo. Até que a conta começou a dar ruim:
- 10 horas no trabalho (9 de expediente + 1 de almoço);
- 1 hora e 30 minutos de deslocamento na ida para a empresa;
- 2 horas de deslocamento do trabalho para a universidade (de Jundiaí, no interior do estado, para a capital);
- 4 horas de aulas;
- 2 horas de deslocamento da universidade para casa.
Somou aí? Sim, já foram quase 20 horas. Uma noite de sono decente e estudar fora do horário de aulas eram luxos que eu não tinha. Ou seja, já não estava nada fácil.
Até que entra outro elemento para complicar ainda mais (agora o título do tópico vai fazer sentido): a maternidade! Engravidei sem planejamento antes de concluir o segundo semestre.
E aí? “Ah, tudo bem, eu consigo conciliar a jornada CLT + faculdade + criação de uma criança”. Acredita que isso passou pela minha cabeça? Doce ilusão!
Ouvindo isso aí, Caetano certamente diria: “Como você é burro, cara, que coisa absurda. Isso aí que você disse é tudo burrice.”
“Amora, você escreve tão bem, por que não vira redatora na internet?”
Foi nesse momento, em meio a crises de cólica do pequeno, licença-maternidade acabando e planos frustrados de voltar a estudar que o boy-dono-dos-genes-que-produziram-a-criança-mais-linda-do-mundo me fez essa pergunta aí de cima (ele me chama de Amora).
Redatora na internet? Carreira freelancer? Trabalhar em casa? Tudo isso era desconhecido para mim. Logo eu, tão proletária, tão apegada à carteira assinada, me vi diante desse admirável mundo novo que se abria em frente aos meus olhos: o trabalho remoto freelancer e sem jornada fixa.
Topei a parada com friozinho na barriga e pedi demissão assim que voltei para a empresa. Fucei um cadinho na internet e descobri umas plataformas — terríveis, diga-se de passagem — para oferecer serviço de redação freelance.
Os preços pagos por texto eram absurdamente baixos, mas foi um período extremamente valioso para mim! Vi que era sim possível fazer um salário trabalhando em casa, sem horário para bater ponto.
Alguns meses depois, entrei em um grupo no Facebook de redatores web e vi uns comentários positivos sobre uma tal de Rock Content.
Outra reviravolta: em outubro de 2017, fiz os cursos da Universidade da Rock, tive minha primeira candidatura aprovada e descobri que meu trabalho valia muito mais e que podia ser muito, mas muito melhor!
De lá para cá, só aprendizados e abraços quentinhos da comunidade mais “iti malia” desse mundo!
Hoje em dia, consigo ganhar o dobro do meu salário da época da CLT fazendo algo que eu verdadeiramente amo. Além disso, ser freela abre muitas possibilidades por conta da flexibilidade de tempo.
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E a faculdade, conseguiu voltar?
Sim e não! Depois que o baby nasceu, mesmo com uma rotina de trabalho mais flexível, eu tive bastante dificuldade de voltar a estudar em Sampa. Afinal, moro onde “Judas perdeu as botas”, como diz a Sra. Minha Mãe. Entre idas e vindas, trancamentos e destrancamentos, acabei largando a faculdade.
Mas a história não termina assim, não! Quando o filhote já estava com mais de dois aninhos e eu já tinha uma renda mais ou menos estável como freelancer (já consigo até emitir nota fiscal como MEI, olha só), decidi tentar outra vez, agora em Campinas, um pouco mais perto de casa.
Neste ano, voltei a estudar. Ah, quase esqueci de falar: o curso é integral. Em alguns dias, tenho aula de manhã, em outros, à tarde, e duas vezes na semana, o dia todo. Seria impossível se ainda trabalhasse pela CLT, né?
Sim, esse é o meu maior motivo de gratidão pelo modelo de trabalho freelance. O sonho que eu tinha desde a pré-adolescência hoje é a minha nova realidade. Estudo em uma universidade pública, fazendo o curso que amo e ainda ganhando mais do que no escritório em que eu trabalhava antes.
Ah, então sua rotina tá bem “de boas” hoje?
Olha, eu acho que essa coisa de daddy issues só se resolve com muita terapia, viu? Até hoje, o tempo e eu vivemos em conflito. Repare bem: quando eu digo que tenho mais flexibilidade na rotina, não significa que ela não seja exigente, mas sim mais adaptável.
Todos os posts que já li sobre gestão de rotina e apps milagrosos de produtividade que testei não foram suficientes para me ajudar na missão de não virar uma zumbi ambulante. Estou terminando este texto na madrugada de uma quinta-feira.
Mas é que a faculdade integral, por si só, é bem puxada. Daí tem o filhote, que, embora já esteja mais independente com seus três aninhos, ainda exige muito de mim. Depois vem o trabalho, que, ao contrário do que muita gente pensa, não é uma coisa à toa, não!
Ser redatora freelancer full-time, isto é, ter esse trabalho como principal fonte de renda, mesmo sem registro em carteira, exige dedicação, cumprimento de prazos e uma produção relativamente uniforme para juntar um bom dindim e pagar os boletos do mês. Caso contrário, o conto de fadas pode não ter um final feliz.
Ou seja, continuo desejando que o dia tenha mais que 24 horas. Mas uma coisa é certa: a flexibilidade de tempo que tornou possível realizar o sonho de estudar na universidade pública e, ainda por cima, fazendo um curso integral e sendo mãe, eu não acharia de jeito nenhum em um trabalho com jornada fixa. E eu fico feliz demais por isso!
Outra conquista: como eu posso produzir nas janelinhas de aulas e enquanto o baby dorme, a gente se curte muito mais e eu consegui aproveitar o comecinho de vida dele. Coisa que, infelizmente, muitas mães acabam perdendo por conta das jornadas de trabalho muito rígidas.
E você, como se tornou freelancer? Faça como eu e conte sua história aqui na Coluna Freela! Quem sabe você não motiva mais gente a descobrir novas realidades possíveis? <3
Andressa M. Amancio
Redatora, estudante de Linguística, mãe do Noah e devoradora profissional de cural de milho.