Black Mirror: Bandersnatch — criando uma história para contar outras histórias

Black Mirror Bandersnatch

A Netflix vem nos surpreendendo a cada novo lançamento, mas quando anunciou (e postou em sua plataforma) um filme interativo da enigmática série Black Mirror, a internet inteira experimentou o efeito “mind-blowing”.

Neste texto, falaremos um pouco sobre como a obra conseguiu fazer com que os telespectadores, de certa forma, pudessem moldar a sua própria história dentro do jogo, sentindo na pele o poder que as suas escolhas têm.

O que é o efeito borboleta?

Esse tipo de interação não é tão presente em filmes ou séries, mas é bastante utilizado em jogos e até mesmo livros. Ele nada mais é do que uma versão prática do chamado “efeito borboleta”, que está presente na Teoria do Caos.

De forma resumida, essa teoria defende que uma pequena mudança no início de algum evento poderá trazer consequências positivas ou negativas para o futuro dessa ação ou para as demais que acontecerem.

O fundador dessa teoria foi Edward Norton Lorenz, um meteorologista que não estava satisfeito com o modo como as previsões do tempo eram feitas em sua época.

Ele resolveu realizar cálculos não lineares e, em simulações de longo prazo, percebeu que ações que até então pareciam insignificantes causavam, na verdade, uma enorme mudança no tempo. Já para simulações de períodos mais curtos, essas pequenas ações não faziam tanta diferença.

Essa teoria ficou bastante famosa e inspirou diversos livros, filmes, séries e principalmente games que focam nessa temática ou utilizam essa técnica no seu modo de jogo.

Ao pararmos para pensar em nossa própria vida, podemos perceber que diversos acontecimentos não seriam possíveis se certas ações não tivessem sido feitas anteriormente. Por exemplo: você pegou um ônibus errado e foi parar em uma parte diferente da cidade; ao descer lá, encontrou uma loja que tinha uma peça de roupa que você queria há muito tempo, mas não sabia onde comprar.

Black Mirror: Bandersnatch tem a mesma premissa, mas conta uma história bem mais interessante.

Sinopse de Black Mirror: Bandersnatch

Stefan Butler é um programador de 19 anos que resolve vender o seu projeto de jogo para uma grande produtora de games na época, que também empregava Colin Ritman, outro jovem promissor. Ao rejeitar trabalhar alocado na empresa, Stefan começa a desenvolver seu game baseado em um livro no qual o leitor precisava fazer certas escolhas até chegar a um dos finais.

Enquanto termina o seu jogo, Stefan começa a ter alguns problemas e vivencia episódios sobrenaturais que, dependendo da escolha do telespectador durante o filme, poderão resultar em vários finais e pôr em xeque o sucesso — ou não — do jogo.

Conforme o filme avança, aparecem na tela duas opções para que o telespectador escolha o que ele quer que o personagem fale ou faça ou algo que deve acontecer durante a trama. Entretanto, algumas escolhas são consideradas “erradas” e farão você voltar um pouco no filme para escolher a outra opção.

Storytelling e interatividade

Em storytelling, fala-se muito em deixar o leitor ou telespectador ser o protagonista da história. Isso acaba deixando a narrativa mais interessante, já que quem consome o conteúdo se sente representado naquele contexto. No filme da Netflix, isso é levado ainda mais a sério, já que o espectador realmente escolhe as próximas cenas (ou tem a falsa sensação de escolha, mas isso é assunto para outro texto).

Não é preciso fazer uma produção gigantesca e cara como esse filme para conseguir interatividade e contar uma boa história para o seu público, mas é muito importante que ele se sinta parte desse mundo criado e que, se possível, consiga fazer parte da modelagem dele.

Algumas marcas gostam de usar depoimentos reais de seus consumidores ou clientes, não para falar sobre como o seu produto é maravilhoso, mas sim para contar cases da vida deles e como o produto oferecido ajudou a resolver seus problemas.

Outro ponto interessante sobre o filme é que a narrativa, de certa forma, é bem simples. A história se prende quase totalmente a Stefan (e a você), enquanto os outros personagens não são explorados. O foco acaba sendo a interatividade e a grande possibilidade de finais que podemos dar para essa narrativa em questão.

Infelizmente, não temos um controle real sobre a história, já que são mostradas apenas duas opções preestabelecidas pela produção da série; além disso, como já citamos, existem algumas escolhas tidas como “erradas” e que fazem você ter que repetir a mesma cena.

O que Black Mirror: Bandersnatch pode nos ensinar

Podemos tirar vários insights desse filme e levá-los para as estratégias de conteúdo que utilizamos em nossos produtos e serviços. Um deles é a possibilidade de interatividade, como já citamos. Permitir que os seus seguidores interajam e realmente se sintam parte da marca é uma forma de garantir engajamento.

Além disso, Bandersnatch também nos ensina que não é preciso ter uma narrativa esplêndida e rica para fazer um bom produto final. No LinkedIn, por exemplo, é comum que as pessoas postem sobre seu cotidiano e situações normais do dia a dia, tirando lições valiosas para sua vida pessoal e profissional.

Por último, também é possível perceber que, do modo como a história acontece devido às escolhas do telespectador, a visão e a opinião que ele tem sobre os personagens daquela trama podem mudar drasticamente, e o mesmo pode acontecer com uma marca.

É muito importante ter um objetivo claro na sua estratégia, sabendo exatamente o que a sua empresa será dentro e fora da internet e quais serão as pessoas que devem ser impactadas positivamente por isso.

Assim, entendemos um pouco sobre o filme da série Black Mirror (juro que tentei não dar muitos spoilers) e como sua construção consegue mudar a visão que temos sobre a arte de contar histórias e até mesmo sobre o modo como fazemos escolhas.

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