O trabalho do designer, por natureza, é criar funções engajadoras por meio de formas atraentes. Essa combinação de forma e função é o que revolucionou tanto nosso mundo físico como o digital.
Mas esse poder de comunicação e interação também traz responsabilidades, principalmente quando falamos de UI e UX. O design para inclusão alinha demandas comerciais e sociais para alcançar o máximo número de pessoas.
Quer entender mais sobre o conceito, seus desafios e como praticar? Neste artigo, apresento as informações que você precisa para começar. Vem comigo!
O que é design para a inclusão?
Design para a inclusão é um tipo de busca dentro dos projetos gráficos e físicos que visa criar interfaces de comunicação e interação que possam ser acessadas pela maior diversidade possível de perfis individuais.
A ideia é apresentar peças que considerem divergências físicas e mentais que possam haver dentro da comunidade para a qual aquele design é criado — permitindo uma disseminação mais abrangente de mensagem.
Nós temos exemplos claros desse tipo de preocupação em nosso dia a dia, como pisos táteis e rampas de acesso a cadeirantes. Porém, hoje estamos nos focando mais na conversa entre designers gráficos, motion designers e outras especializações para ambientes virtuais.
Nesse sentido, peças de marketing e, principalmente, conteúdo interativo precisam ser pensados a partir de uma noção normativa — o perfil médio da buyer persona do cliente —, porém, com ferramentas e mecanismos que possibilitem a expansão de experiência em situações que divergem desse consumo habitual.
Alguns exemplos mais comuns disso são:
- audiodescrição para deficientes visuais;
- legendas para deficientes auditivos;
- fontes especiais para disléxicos;
- cores especiais para daltônicos
- responsividade de conteúdo para dispositivos especializados;
- flexibilidade de layout para tamanho de fontes, formas e imagens etc.
Qual a diferença entre design inclusivo e design universal?
Muitas vezes, há uma confusão entre os termos design inclusivo e design universal. Afinal, os dois conceitos são bem similares e abordam a mesma necessidade de adequação de produtos a públicos mais amplos.
A diferença entre eles, no entanto, está na abordagem. O design universal é uma ideia mais ampla dos objetivos da profissão, incentivando profissionais a fazer produtos, interfaces e peças de comunicação que sejam tecnicamente acessíveis ao máximo de receptores possíveis.
Já o design de inclusão parte de uma proposta central de design, geralmente normativa, e trabalha para incluir nela o máximo de mecanismos que adicionem interações divergentes de uso.
Embora o design universal seja mais amplo, é o design inclusivo que se apresenta mais prático para o dia a dia dos profissionais.
Principalmente designers freelancer que podem não ter o recurso para grandes interfaces universais, mas que assumem sua responsabilidade de abranger mais e mais pessoas para receberem aquela mensagem e se engajarem com a marca do cliente.
Quais as principais dificuldades ao trabalhar com design inclusivo?
Idealmente, todas as peças de design chegariam ao público com uma preocupação técnica com a inclusão. Mas, infelizmente, o designer que quer atuar oferecendo experiências inclusivas geralmente esbarra em algumas barreiras em sua rotina. Veja o que torna esse trabalho mais difícil.
Vícios de trabalho
Com o passar do tempo, o designer freelancer ganha experiência com a crescente demanda por seu trabalho — principalmente se você tem visibilidade no mercado como freelancer.
Isso faz com que os jobs se acumulem e você acabe entrando em um automático na forma como realiza seu trabalho. Vícios de estratégias e operação da própria profissão fixam na mente.
Como esse tipo de design é menos comum em demanda, isso termina por fazer com que precisemos nos lembrar ativamente da inclusão na hora de começar um novo projeto.
Conhecimento sociocultural
Outra dificuldade vem do fato de muitos profissionais de design não terem esse contato próximo com as pessoas para as quais está desenvolvendo peças e interfaces.
Muitas vezes, há o desejo e a oportunidade de criar um design para a inclusão, mas falta um ponto de vista mais objetivo sobre a diversidade para criar designs que realmente abordem essas questões.
Conhecimento técnico
Mesmo que profissionais tenham uma noção boa das necessidades de cada um desses perfis, existem alguns fatores técnicos que podem não estar em seu repertório.
A maioria dessas opções, como adaptação de cores, formas e modos de input dependem de algum conhecimento em programação, mesmo que seja apenas CSS. É outra barreira a ser superada por quem faz questão de inclusão.
Resistência de clientes
Ainda assim, se o profissional tem tudo o que precisa, muitas vezes é o cliente que resiste em entender a importância do design para a inclusão.
Nesse caso, o que fazem é não garantirem os recursos e o prazo para implantação dessas possibilidades, deixando o trabalho do designer ainda mais difícil.
Quais as melhores práticas?
Começamos a falar da prática pelas suas dificuldades exatamente para solucioná-las com atitudes que designers podem tomar na hora de produzir suas peças e interfaces. Veja o que fazer para começar a implantar design para a inclusão no seu trabalho.
Estudar sobre necessidades mais comuns para inclusão
Embora seja utópico pensar em uma peça de design que atenda a todas as necessidades de inclusão que existem, é possível focar seu trabalho mais objetivamente naquelas propostas que atendem perfis mais comuns e mais variados.
Já citamos alguns deles, mas vale lembrar que essas necessidades que mais têm demanda são de caráter visual, auditivo e mecânico — principalmente na divergência em lidar com algum tipo de input.
Definindo esses pontos, é possível estudar mais a fundo cada um deles, desde a expectativa desse público até as formas mais consolidadas de abordar essa demanda.
Pensar nos elementos inclusivos como parte do design
Durante a produção desse tipo de mecanismo, é crucial lembrar que você ainda está produzindo uma experiência entre o cliente e seu público.
Ou seja, o design de inclusão não pode ser alienígena à proposta geral de design no briefing. Identidade visual, layout, cores, formas, conteúdo, tudo deve se encaixar naturalmente no feeling que você está imprimindo para todos os usuários/espectadores.
Além de manter uma coerência de mensagem, você impede que essas pessoas se sintam excluídas, recebendo uma versão inferior do design proposto para todos.
Contar com testadores
Um grande desafio do design para a inclusão é não ter como o próprio profissional entender a eficiência de seu design nesse sentido.
Dentro das especializações de UI e UX, contar com grupos de teste é uma rotina comum. Mas, para esse ponto, é indispensável.
Você pode usar as redes sociais para convidar pessoas que queiram testar seu design e dar feedbacks. Além de aprimorar aquela peça em específico, você aprende mais sobre essa diversidade de consumo e consegue pensar em abordagens ainda melhores no futuro.
Como aplicar as melhores práticas em seus projetos?
Um dos pontos que levantamos lá em cima sobre desafios do design para a inclusão é que não estão ligados apenas à prática da profissão. É também uma questão de adaptar o seu trabalho e os seus projetos de maneira que permitam conciliar melhor essas propostas.
Portanto, veja também como aplicar as práticas do tópico anterior em sua rotina como designer freelancer.
Pense em inclusão desde o início
É muito mais difícil criar um design inclusivo se você produz a peça inteira e só depois quer trabalhar os mecanismos de inclusão.
Portanto, tente definir esses pontos já no briefing, para que ele seja um fator relevante desde o primeiro rascunho de design. Você agiliza o trabalho e ainda tem mais facilidade de, como dissemos, inserir a inclusão na identidade da marca.
Reforce a importância do design de inclusão para o cliente
Se um dos maiores desafios é a resistência dos clientes, é papel dos designers educá-los nesse sentido. Assim, você consegue o prazo e os recursos necessários para ser eficiente.
De maneira objetiva e levantando os pontos tanto de responsabilidade quanto os comerciais, tente mostrar que toda forma de inclusão e diversidade significa um alcance maior da peça de design.
Calcule prazos de acordo com as demandas extras
Falando em prazos, você deve se lembrar que todo trabalho adicional em um projeto significa mais tempo de produção. Isso deve entrar na conta na hora de consolidar o briefing, tanto em questão de tempo quanto pagamento pelo seu trabalho.
Por isso a objetividade é tão importante para designers freelancers. Você precisa demonstrar o valor do design para a inclusão para ter as condições ideais de desenvolvê-lo. Profissionalismo e responsabilidade sempre trazem mais organização para a sua carreira.
Busque ajuda tecnológica
Atualmente, existem diversos conteúdos e ferramentas voltadas para inclusão no design. Estudar mais a fundo sobre o assunto ajuda você a acelerar esses processos e facilitar a implementação do conceito. Por exemplo: se você domina o inglês, a Microsoft tem uma documentação muito ampla e objetiva sobre o assunto.
Design para a inclusão é uma preocupação cada vez maior de profissionais e empresas para tornar o ambiente digital o que nunca foi possível no físico: um campo preparado para receber todos os perfis humanos, com experiências que se adaptem às necessidades e expectativas de cada um.
E que tal você praticar o seu estudo em trabalho reais? Se você quer encontrar clientes que também se preocupam com a responsabilidade social do design, faça parte da rede de talentos da Rock!