Houve um tempo em que o que diferenciava a qualidade do trabalho de uma pessoa era seu conhecimento técnico. Nada mais interessava a não ser a capacidade do indivíduo em entregar o que lhe foi pedido.
Isso ainda é muito importante, é claro, mas não é mais um diferencial: em linhas gerais, não passa de obrigação. Saber o que se está fazendo, e entregar do jeito certo, é o mínimo que se espera dos participantes do mercado livre.
Ocorre que, na maioria das profissões autônomas, só “entregar o combinado” não é mais o suficiente. Dada a alta concorrência e a possibilidade, cada vez mais presente, de que algumas tarefas sejam facilmente automatizadas, precisa-se de um tchan a mais.
A esse tchan damos o nome de criatividade.
Algumas profissões são feitas para serem seguidas pelo livro que as rege: no Direito, na Medicina e na Odontologia, por exemplo, existe sim espaço para a criatividade, porém não existe tanto espaço para explorá-la e, portanto, não é o caso de ficar “inventando moda”.
Mas e nas atividades em que o diferencial é, justamente, o esforço criativo de seus idealizadores?
O peixe vive pela boca
Quando penso nisso, me lembro de um food truck de Belo Horizonte que resolveu vender coxinhas. Mas não só as tradicionais, de frango e frango com catupiry — invenção mineira, inclusive. De nada, Brasil.
Mas também coxinha de jaca, de filé com gorgonzola, de doce de leite e outros sabores. Foi, literalmente, o pulo da coxinha-raiz para a coxinha Nutella.
E, até onde eu me lembro, deu super certo. Coincidência ou não, depois desse food truck, surgiram diversos outros na cidade com propostas de criar sabores nas coisas de sempre: batata frita com vários molhos, brownies de tudo quanto é jeito e até alguns casos mais ousados, como sorvete em chapa quente.
Se o seu trabalho te permite sair da curva para criar diferenciais criativos, faça isso. No mínimo, um novo olhar pelo trabalho de sempre será muito divertido.
Aqui vão algumas sugestões para usar a criatividade como uma de suas principais ferramentas de trabalho daqui pra frente.
1. Cuidado com esse papo de caixa
Passamos vários anos ouvindo mentores dizendo por todos os lados: “pense fora da caixa”. Absorvemos a mensagem de que pensar fora da caixa é a mesma coisa que se abrir a um novo mundo de variadas possibilidades e soluções. Ao pensar fora da caixa, a ideia vem.
Será mesmo?
O conselho faz sentido se levarmos em consideração que o que ele pede é que pensemos fora dos moldes daquilo que nos foi ensinado. Estudar mais, procurar mais, conversar mais, tudo isso vai ampliar nossos horizontes. Até aí, tudo bem.
Mas temos que tomar cuidado para que, ao sair da caixa, não nos esqueçamos do que existe dentro dela. É comum testemunharmos ideias que foram concebidas tão fora da caixa que já não servem para o propósito inicial. A viagem, pela viagem, só é valorosa pelo ócio criativo.
Portanto, dê uma voltinha fora da caixa, mas não perca os olhos dela.
2. Transforme a criatividade em hábito
Se os criativos ganhassem um real para cada pessoa que lhes confessa não ser criativa, teríamos mais milionários no Brasil do que temos atualmente. Muita gente se contenta, simplesmente, em acreditar que não nasceu pra criar.
“Isso é coisa de artista!” — eles dizem, sem se dar conta de que, na realidade, o ser humano é criativo por natureza. Só precisamos treinar essa habilidade.
Ter uma rotina criativa, com possibilidades intelectuais e sensoriais de experimentação do novo, é um bom jeito de começar a criar esse hábito.
Mesmo pessoas com trabalhos muito tradicionais podem pensar e testar soluções diferentes, desde que se permitam entender que a criatividade é fruto de um hábito, assim como não ter cáries é fruto do hábito de escovar os dentes todos os dias.
4. Aprenda uma coisa nova por dia
Dito isso, uma das melhores formas de cultivar novos hábitos criativos é aprender coisas novas todos os dias. Olhar o mundo com olhos curiosos de criança que não tinham determinada informação até que, em um belo dia, ela chegou e transformou a vida.
Perceba os bebês ao seu redor: eles estão constantemente maravilhados com suas descobertas diárias. A diferença é que eles não têm consciência disso. Mas você pode ter e, aprendendo coisas novas, começar a filtrar o que potencializa seus processos profissionais criativos.
A Profissas tem uma iniciativa muito bacana, que busca desenvolver a criatividade a partir de uma prática nova por dia. É só cadastrar o e-mail e receber, gratuitamente, as sugestões de prática. Dentro de uma semana cumprindo os exercícios, você já fica um passo mais próximo de transformar a criatividade em hábito, justamente por aprender — e testar — uma coisa nova por dia.
4. Cultive contatos que floresçam
Como você sabe, a flor, antes de ser bonitona e enfeitar o jardim da sua casa, passa por uma série de processos: é plantada, cultivada, brota, aparecem as primeiras mudinhas, ela cresce; a florzinha ainda fica um tempo fechada, tímida, antes de abrir suas pétalas e virar uma das coisas mais incríveis da natureza. Explosão de cor, formato, cheiro. Pura criatividade do universo.
Cultivar contatos que floresçam é, justamente, se cercar de pessoas que passam por processos interessantes antes de chegar ao ápice, dos quais podemos extrair bons insights para nossos próprios caminhos.
Sabe aquele seu amigo que é super criativo? Ou a palestrante que sempre dá bons insights, seja no Instagram ou nos eventos dos quais participa? Essas pessoas, a quem você tem acesso e de quem pode consumir o conteúdo, diretamente, são o que chamamos de contatos que florescem.
Utilize as redes sociais para melhorar sua percepção sobre a criatividade, tanto pessoal quanto profissional. Perca menos tempo distribuindo likes em fotos que você nem gosta, de verdade, e aproveite mais os canais gratuitos de comunicação para fomentar discussões, participar de debates e ver quais são os próximos passos das “pessoas-flor” que você escolheu seguir.
Acredite: elas — e você — também podem ser pura criatividade do universo.
5. Estude os casos de sucesso de seu mercado
Por último, mas não menos importante, a criatividade profissional tem muito a ver com os exemplos que a gente vê e segue.
E, aqui, vai uma dica especial: não olhe para seus colegas que tiveram sucesso na sua área de atuação com dúvidas, ressalvas ou inveja. Aprenda com eles. Analise o que fizeram, de que forma criaram coisas novas e como você pode se valer dessas inspirações para construir algo novo e igualmente bem-sucedido.
Ver alguém se dando bem porque foi criativo em alguma solução – licitamente, é claro – e começar os pré-julgamentos é uma junção de dois fatores: se prender no trivial, o que não te traz nenhum benefício, e passar o atestado de que gostaria de ter feito aquilo antes que a pessoa o fizesse.
E o que dói, na maioria das vezes, é que nos damos conta de que não fizemos por… pura preguiça. Ou falta de repertório técnico ou criativo, o que vai ao encontro da necessidade de desenvolver o hábito de criar.
Por isso, estude seu mercado com gosto. Veja os bons exemplos com olhos de aprendizado. Sempre que possível, mande uma mensagem para essas pessoas pedindo dicas ou convidando para um café. Quem sabe?
Tente. Mude. Mas, principalmente, faça.
Ser criativo em seu trabalho é, também, ousar. Pergunte ao marinheiro. Ele vai te dizer que os “barcos estão seguros no cais, mas não foi para ficar no cais que barcos são feitos”.
E que esse ditado fique sendo a coisa nova que você aprendeu hoje. Qual conhecimento criativo vai buscar amanhã? 😉
Conteúdo produzido pela Laís Menini da Profissas.
E se quiser seguir aprendendo mais sobre o assunto, confira o nosso guia da escrita criativa desenvolvido em parceria com a Profissas especialmente para você!