O que é Analogia e o que é Metáfora? Entenda a diferença com exemplos

Diferença entre analogia e metáfora

Em nossa comunicação, é comum utilizarmos imagens para tornar mais clara a mensagem ou a ideia que pretendemos passar para o ouvinte. Mas, na escrita, é importante ter domínio dos recursos que estão à nossa disposição para utilizá-los de forma consciente e estratégica.

É o caso das figuras de linguagens, isto é, recursos da língua portuguesa que utilizamos para apresentar ideias a partir do sentido conotativo ou apelando para aspectos de comparação e até aspectos sonoros.

Nesse conteúdo vamos explicar o que é metáfora e o que é analogia, dois tipos de figuras de linguagem, e como diferenciá-las, caso as encontre em algum texto ou queira utilizá-las para tornar suas ideias mais sofisticadas quando estiver escrevendo.

Definição de metáfora e analogia

Vamos entender, em primeiro lugar, o que significa cada uma das figuras de linguagem apresentadas aqui, a metáfora e a analogia.

Metáfora significa “transposição de sentido” na tradução de meta (algo) e fora (sem sentido), palavras que vêm do latim. É, portanto, uma comparação entre os sentidos de duas ideias, de modo que o significado delas possa ser transposto, porém de modo não explícito.

Quando dizemos, por exemplo, que “o homem é o lobo do homem”, não estamos afirmando que o homem tem características físicas de um lobo, nem que ele se metamorfoseou em lobo, mas, sim, que há características desse animal que, em determinado contexto, passam a fazer parte das características do homem.

Note que também não utilizamos palavras que indiquem comparação, no caso “o homem é como um lobo”. A comparação independe de conectivos: ”o homem é o lobo”.

Analogia também se trata de uma figura de linguagem que nos ajuda a comparar as coisas. Porém, ao contrário da metáfora, na analogia é necessário que encontremos pontos de semelhança entre as ideias comparadas. Do grego allegoría, a palavra significa “dizer o outro”, isto é, explicar algo a partir da sua subjetividade, dar a sua interpretação sobre algo.

Um bom exemplo de analogia é a frase de Mário Glaab: “Para muitas pessoas, a felicidade é semelhante a uma bola: querem-na de todo jeito e, quando a possuem, dão-lhe um chute.”.

Veja, são apresentadas duas ideias que, a princípio, não parecem ter nada em comum, e, em seguida, se estabelece uma relação entre elas. A analogia é amplamente utilizada no direito e em textos filosóficos para se defender ideias que necessitam de comparação para serem discutidas e compreendidas.

É, também, uma comparação que, muitas vezes, necessita de conectivos para “funcionar” na frase, tais como “assim como”, “da mesma forma”, entre outros.

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Como diferenciar analogia e metáfora

Como foi possível perceber, as duas figuras de linguagem nos ajudam a apresentar objetos, seres ou conceitos que podem ser relacionados. Mas como saber qual dessas duas figuras de linguagem usar ou reconhecer, dependendo do contexto?

Por ter um caráter mais subjetivo, a metáfora costuma estar envolvida em textos literários, nos quais é possível trabalhar com a ideia de transposição de sentidos. Apesar disso, nada impede que a metáfora seja utilizada em outros contextos para enriquecer a sua narrativa. Nem sempre nos damos conta, mas muitos de nós utilizamos esse recurso em nossa comunicação oral constantemente, o que demonstra ótimo domínio do idioma.

Afinal, dizer, por exemplo, “aquela mulher é uma leoa” requer uma análise mais aprofundada de quem diz a frase, mas também de quem a escuta. Utilizar uma metáfora requer que o contexto da frase ajude o nosso interlocutor a entender o sentido que queremos apresentar com o uso da figura de linguagem.

A analogia também demanda atenção no uso. Ao contrário da metáfora, ela é mais objetiva e, para fazer sentido, necessita de uma explicação razoável e um bom entendimento das características que unem as duas ideias comparadas. 

Se dissermos, por exemplo, “a mãe é como uma leoa: ambas lutam com todas as forças para proteger suas crias”, devemos estar seguros de que as leoas realmente têm o comportamento indicado como equivalente ao da mãe. Do contrário, o argumento pode ser falho ou até mesmo manipulador.

Mais exemplos de metáfora (e mais explicações)

Um dos melhores exemplos de metáfora está no poema de Camões “amor é fogo que arde sem se ver”, no qual o poeta compara a ardência do amor com a ardência causada pelo fogo. Veja que ele está tentando mostrar o que sente quando está amando e apela para uma ideia visual, mas também sensorial, de fogo, o sentir-se queimar.

Outro verso da poesia brasileira no qual há metáfora é o de Mário Quintana: “As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente.”. Note que o poeta compara as mãos, quando estão se movendo com sentido de adeus, com pássaros que vão morrendo lentamente, indicando que as mãos, que antes se mexiam, estão, aos poucos, deixando de se mover, cessando o gesto de adeus.

Mais um exemplo de analogia (e mais explicações)

Analogia, por se tratar de um conceito muito utilizado no direito, na música, na filosofia e até na biologia, é sempre mais difícil de exemplificar.

Não por acaso, um dos maiores escritores brasileiros utilizava largamente o recurso da analogia em seus textos: Machado de Assis. Note que, no trecho a seguir, retirado do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, ele dá uma definição do que é ser homem:

(…) o que nos faz senhores da terra, é esse poder de restaurar o passado, para tocar a instabilidade das nossas impressões e a vaidade dos nossos afetos. Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.”

Ser homem, portanto, na definição do personagem Brás Cubas, é ser uma errata pensante, isto é, um ser que erra em todas as fases de sua vida, pois cada “estação da vida” tem a função de corrigir a anterior. As novas fases trarão novos erros a serem corrigidos e assim sucessivamente, até a morte.

Deu pra perceber que o uso de figuras de linguagem enriquece muito o texto, não é mesmo? A analogia e a metáfora são dois bons exemplos disso. Porém, é preciso estar atento e estudar bastante para ter domínio do assunto e não exagerar ou errar no sentido pretendido.

Agora que você entendeu a diferença entre analogia e metáfora, não tem mais como errar! Aproveite e baixe nosso material com 63 erros para evitar na escrita e arrase nas suas produções textuais!

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