Empreender não é largar tudo para o alto

Coluna Freela - German

Se você, assim como eu, acompanha de perto o cenário do empreendedorismo no Brasil, sabe que o país está crescendo bastante nesse sentido, principalmente quando se fala em startups.

O termo da vez é “unicórnio”, nome dado às startups que alcançam o valor de mercado de R$1 bilhão. Quanto mais empresas alcançam esse patamar, mais confiança os investidores (nacionais e internacionais) terão em colocar seu dinheiro no Brasil.

Com esse pensamento, não são poucas as histórias de empreendedores focados em fazer parte do próximo unicórnio, o que geralmente envolve largar tudo para o alto e mergulhar no trabalho.

É ótimo ver empresas como o Nubank (que eu amo!) no mercado. O problema começa se você e eu acharmos que empreender se resume a isso, e que se não for para buscar R$1 bi, melhor deixar pra lá.

É possível iniciar um negócio como freelancer e crescer sem deixar o resto para trás. Basta ficar atento às armadilhas espalhadas pelo caminho.

O mito da jornada do herói

A jornada do herói é um dos recursos mais poderosos de storytelling, e serve como base para grandes histórias há muito tempo. Em resumo (bem resumido meeeesmo), essa jornada passa pelas seguintes fases:

  • mundo comum: o personagem não sabe o tamanho do problema que lhe aguarda;
  • recusa ao chamado: assim que descobre o problema, se recusa a fazer os sacrifícios necessários para resolvê-lo;
  • encontro com um mentor: alguém disposto e habilidoso ajuda o herói a superar seus medos e aprender o que precisa para vencer;
  • superação em etapas: entre altos e baixos (para dar aquela emoção), o herói aprende o que significa fazer sacrifícios e se prepara para o clímax;
  • desafio principal e recompensa: depois de toda a jornada, o herói é testado de forma definitiva, por um desafio que vai mudar a sua vida. Ao vencê-lo, vem a recompensa digna de sua bravura.

Não há como negar que essa fórmula funciona e serve de guia para verdadeiras obras-primas narrativas. Mas, além disso, se parece com alguma história de sucesso sobre empreendedorismo que você já leu?

As histórias de herói têm sempre algo comum — o sacrifício é tão grande que o herói precisa mudar completamente sua vida (por vezes até sacrificar relações com pessoas amadas) para seguir sua jornada.

Nota do editor:
Se quiser saber mais sobre a jornada do herói e storytelling, confira nosso minicurso exclusivo e gratuito sobre a arte de contar histórias!

Pensar que para empreender também é NECESSÁRIO agir assim é um mito. Se você é freelancer, pode ver mesmo no blog como é possível empreender sem largar tudo para o alto.

Se, por um lado, o nosso herói precisa passar por toda a jornada, que dizer das pessoas que dão suporte a ele, de forma direta ou indireta? No mundo dos negócios é a mesma coisa. Tem espaço para todos, não só para os unicórnios e empresas de alto impacto.

Cuidado com o empreendedorismo de palco (digital)

“Nada está escrito em pedra” — alguém inteligente

Pois é, não sei a quem poderia atribuir essa frase, mas ela é verdadeira para a maioria das coisas. Marketing digital, inovação e empreendedorismo são algumas delas.

É por isso que o empreendedorismo de palco, tão criticado por muitos, pode ser um perigo também no mundo digital. Como assim? As histórias que correm nas redes sociais e sites de notícias são, por vezes, categóricas em afirmar o que funciona ou não.

“Você precisa dedicar 80 horas por semana!”.

“Fins de semana não existem. Feriados são tóxicos!”.

“Você precisa de investimento externo, e para isso tem pensar grande”.

Posso citar inúmeros exemplos de empresas que fugiram dessas “regras imutáveis” e tiveram um sucesso tremendo. O maior caso que me lembro é o Basecamp, empresa que acompanho já por anos.

Um dos fundadores começou criando sites (exatamente, como freela!). Em 1999, o negócio cresceu e se tornou uma agência de web design, com apenas 4 pessoas.

Com o tempo, criaram um sistema SaaS para gerenciar os próprios projetos e descobriram, sem querer, que tinham encontrado uma mina de ouro. A empresa abandonou os trabalhos para clientes e focou apenas no software.

Hoje, 19 anos depois, a empresa conta com um faturamento anual de pouco mais de 25 milhões de dólares. E todas aquelas convenções “obrigatórias”?

Nada de trabalho sem fim. O expediente semanal do Basecamp é de 40 horas muito bem trabalhadas.

A empresa recebeu investimento externo apenas uma vez, e não porque precisava do dinheiro. Na verdade, venderam uma pequena parte do negócio para Jeff Bezos, fundador da Amazon. O motivo? Só para receber seus conselhos.

E, para mim, o mais espantoso de tudo: o Basecamp tem por volta de 50 funcionários. Consegue imaginar 25 milhões de dólares em receita anual com apenas 50 pessoas? Só é possível porque os fundadores não se limitaram pelo que era senso comum.

Planejamento é ouro, ação é diamante

Eu sempre gostei muito do mundo dos negócios. Com 10 anos, já me lembro de assistir a programas como O Aprendiz e ver fóruns de empreendedorismo geniais da HSM na TV.

A ideia de ter um negócio próprio sempre me pareceu atrativa, mas nunca me interessou sacrificar o resto da minha vida para ganhar muito dinheiro e ser reconhecido como um gênio transformador da sociedade.

O equilíbrio é a chave. Por isso, descobrir caminhos novos que vão contra as convenções exageradas do que significa empreender é, digamos, libertador.

Por isso, me planejei para iniciar esse processo quando estivesse preparado. Em 3 anos como redator da Rock Content, aprendi uma infinidade de conceitos fundamentais para quem deseja operar um negócio digital.

Aliás, recentemente, sem sequer procurar algo do tipo, consegui meus primeiros clientes fora da plataforma, e percebi que isso é algo no qual devo investir mais já a curto prazo. Estava mais do que na hora de colocar todo esse aprendizado em prática.

O segredo é explorar o universo

Ao decidir que estava na hora de retomar o antigo sonho de empreender (apesar de ainda ser jovem), defini que o melhor modo de iniciar o meu negócio digital é por criar um blog.

Fazendo isso, vou seguir o modelo do próprio Basecamp, em seus primórdios e, de quebra, fazer o que prego todos os dias em meus textos para a Rock.

Os motivos por trás disso são 1) gerar muito valor antes de vender algo e 2) criar uma audiência adequada para o tipo de produto/serviço que vou vender.

Mas o mercado digital é concorrido demais. Não basta ter qualidade, é preciso chamar atenção. Por isso, a ideia é lançar o blog como um produto, criando expectativa em cima dele. Eu precisava explorar o universo online para descobrir como fazer isso do jeito certo.

Depois de buscar muita informação no próprio Marketing de Conteúdo, referências nacionais como o Viver de Blog e internacionais como o Groove e Grow & Convert, tracei um plano e já coloquei a página no ar.

Até agora, as coisas têm seguido bem. Lentamente, é verdade, já que ainda não quero comprometer minha atividade principal como freelancer. Mas, ei! Quem disse que para dar certo tudo tem que ser feito na velocidade da luz?

E você, já teve o desejo de se aventurar como empreendedor? O que te motiva a isso e como pretende alcançar esse alvo? Conta pra gente nos comentários!

Daniel Moraes

Daniel Moraes

Redator de Marketing Digital, E-commerce e Gestão e Administração, além de outras 5 categorias, com artigos publicados no Marketing de Conteúdo, Comunidade e Inteligência Rock Content.

Essa foi a história do Daniel Moraes.
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