Na última festa de natal, um daqueles tios distantes (sim, o mesmo da piada do pavê) veio até mim e perguntou: “afinal, o que você faz?”.
É preciso admitir: para ele é estranho saber que passo horas à frente do computador em horários pouco comuns acompanhado somente de uma lata de energético.
Aos olhos alheios, pode parecer um caso clássico de funcionário da VASP (Vagabundos Anônimos Sustentados pelos Pais). Piadinha da época do Orkut.
Acontece que possuo uma ótica completamente inversa. Tenho muito orgulho do que faço. Então, de peito aberto, respondo: sou redator freelancer.
No instante seguinte, seu pescoço está inclinado a 45 graus para a esquerda e noto um olhar peculiar. Eu sei o que é isso. Pena. É quase como se eu dissesse que estou desempregado. As muitas vagas compartilhadas por e-mail nos dias seguintes comprovam.
Se você é freelancer, provavelmente, já passou por uma situação semelhante. Mas, como diria o icônico Seu Creysson, seus problemas acabaram. Neste artigo, você conhecerá alguns argumentos que comprovam que optar pela carreira de freela já é uma realidade palpável.
Acompanhe o texto a seguir e saiba, de uma vez por todas, como a nova economia permite outros formatos de trabalho além do tradicional!
O cenário do mercado freelancer no mundo
Para início de conversa, devemos recorrer a maior e mais inovadora potência global: os Estados Unidos. Essa é uma ótima forma de fazer uma previsão, já que, como sabemos, as transformações que ocorrem na terra do Tio Sam são espelhadas por outros locais do globo.
Segundo o relatório da Upwork e da Freelancers Union, em 2014, haviam 53 milhões de freelancers nos EUA. Esse número cresceu para 54 milhões em 2015 e 55 milhões em 2016.
Já em 2017, houve uma aceleração e, atualmente, há 57,3 milhões de freelas em solo americano.
Para se ter uma ideia, esses valores representam um crescimento 3 vezes maior do que a força de trabalho regular. Em um cálculo simples, isso significa que em 2027, esse modelo representará mais de 50% de mão-de-obra de trabalho americana.
Você tem todo o direito de entrar em choque agora. Fique à vontade.
Vamos em frente. Se você ainda acha que trabalhar com jobs específicos é atividade secundária, saiba que, entre todos os freelancers americanos, 29% exercem essa função prioritariamente. Ou seja, não possuem outras fontes de renda.
Mas talvez os números mais impressionantes desse estudo sejam os seguintes:
- 67% optaram pela carreira freelancer.
Esse número representa um aumento de 60% em relação a 2014, quando apenas 7% dos freelas o faziam por escolha.
Há mais. Observe atentamente os principais argumentos utilizados para justificar a carreira autônoma:
- ser o próprio chefe: 81%;
- flexibilidade de horários: 81%;
- tocar os próprios projetos: 78%;
- trabalhar de qualquer lugar: 78%;
- ganhar dinheiro extra: 76%.
E aqui vão outras duas informações interessantíssimas:
- 50% não trocariam a vida de freelancer por nenhum salário;
- 78% dizem que ganham mais do que um funcionário tradicional de empresas americanas;
- 71% afirmam que a demanda por trabalho online cresce a cada ano.
Esse é um verdadeiro tapa de luva no seu tio inconveniente, não é mesmo?
Mas a principal lição que podemos aprender com os dados apresentados é a seguinte: a economia global está em processo de transformação.
É difícil para as pessoas perceberem que os modelos de negócio se adaptaram às necessidades modernas e não é mais necessário se desenvolver no antigo modelo de escola > estágio > trabalho. Você pode começar hoje. Basta aprender a utilizar a tecnologia a seu favor.
E no Brasil?
No Brasil, a demanda pelo trabalho freelancer deve crescer 20% em 2018. É claro que esse número é influenciado pelos altos índices de desemprego que assolam o país. Mas será mesmo que essa é a principal razão?
A pesquisa Mercado Freelancer 2017, realizada por meio da união entre a Rock Content, 99jobs e WedoLogos traz algumas informações importantes.
Segundo ela, 59,31% dos freelancers apontam que aumentar a renda é uma motivação para adoção do modelo e 30,17% tiveram dificuldades em encontrar um emprego formal.
Esses são dados relevantes, pois apontam que tanto o desemprego quanto os baixos salários são fatores primordiais para a opção pelo modelo autônomo.
Porém, dê uma olhada nos outros principais motivos destacados:
- flexibilidade: 42,58%;
- liberdade: 34,20%;
- equilíbrio na vida pessoal/profissional: 26,46%;
- cansado de trabalhar como empregado: 17,26%;
- assumir controle sobre a própria carreira: 16,14%.
Mas, ainda assim, há uma certa resistência ao formato, o que é natural. Existem milhões de tios do pavê pressionando para que você arrume um emprego nos moldes tradicionais.
Tanto que 45,2% dos freelas brasileiros conciliam a atividade com trabalhos formais, ao passo em que 37,1% vive exclusivamente de jobs. Desses, 85,19% aceitariam um emprego formal.
Mas nos concentremos nos outros 14,81%. As principais alegações para negar uma contratação em formato CLT são:
- não quero ficar preso a uma empresa: 55,42%;
- não vale a pena financeiramente: 19,95%;
- não se encaixa na minha rotina / falta flexibilidade;
- não gosto de ter um chefe: 2,57%;
- estou realizado como freela: 2,96%.
Apesar de apresentar um diagnóstico um pouco diferente do estudo americano, podemos perceber que as pessoas, no geral, estão insatisfeitas com o paradigma tradicional de trabalho.
E isso, possivelmente, tem um motivo. Vamos tentar entender quais são eles?
Para acessar o relatório completo da pesquisa, é só clicar aqui!
Millennials: a geração da mudança
Em ambas as pesquisas, uma coisa é certa: os freelancers são compostos principalmente por pessoas nascidas entre a década de 80 e meados da década de 90: 47% dos americanos e 79,39% dos brasileiros.
Sociólogos denominam essa geração como millennials. São pessoas que têm entre 22 e 36 anos aproximadamente, ou seja, estão no auge de suas carreiras, tentando estabelecer-se como profissionais. Isso não pode ser uma coincidência.
Para tentar entender os motivos pelos quais isso ocorre, recorremos à pesquisa Millennial Survey, realizada pela Delloite.
Segundo ela, os integrantes dessa geração estão mais preocupados com os propósitos da empresa, como desenvolvem seus funcionários e contribuem para a sociedade.
E nada menos que 75% dos millennials acreditam que as empresas nas quais trabalham possuem foco no próprio desenvolvimento, deixando de lado as demais questões.
Então, afinal, por que tantos integrantes dessa geração estão migrando para o modelo freelancer?
É fácil perceber que eles estão insatisfeitos. Millennials são politicamente ativos, querem fazer do mundo um lugar melhor e, quando os ideais da empresa onde trabalham não condizem com os próprios, sentem-se infelizes.
Também são ambiciosos. Têm interesses pessoais. Questionam o sistema em vez de adaptar-se. São aficionados por tecnologia e inovação. Sentem necessidade de mudar quando vêem problemas.
E não há cenário mais propício para todas essas necessidades do que a internet, não é mesmo?
Afinal, é mesmo possível ser freelancer por opção?
Há algum tempo, eu conversava com um amigo. Aos 30 anos, ele tinha trabalhado em 11 empresas. Em nenhuma delas por mais de um ano. Um panorama muito semelhante ao meu.
Eu perguntei a ele por que não se arrisca como freelancer, e ele me citou uma série de motivos. No início, eu também tive os mesmos receios. Mas trabalhando como freela há 4 anos, tenho bagagem suficiente para contestar cada um deles.
A seguir, compartilho com você uma série de argumentos que comprovam que hoje já é possível viver (e muito bem) apenas com freelas.
O bem-estar e as finanças
Em 2014, eu vivi um momento único. Às 7 da manhã em um ônibus lotado, me perguntei: por que estou fazendo isso?
Na época, eu chegava em casa às 20 horas, o que me deixava com apenas 4 horas restantes antes de dormir. Como eu também estudava para o MBA, basicamente todo o meu tempo era gasto com obrigações.
As aulas também aconteciam durante o sábado de manhã. Só me sobrava um dia de lazer, divididos entre ver a família, os amigos, relaxar e escrever o meu livro, ainda em composição.
Eu não podia praticar atividades físicas. Não tinha tempo para assistir a uma série da Netflix. Afora isso, a pressão no trabalho, a insônia, a insatisfação com o salário.
Como eu torci para ser pego por uma conjuntivite naquela época. Isso, nós sabemos, não é um pensamento normal. Era hora de refletir.
E agora?
Eu voltei à agência somente naquele mês mais uma vez. No dia seguinte, eu estava desempregado. Ao chegar em casa, eu pensei: e agora?
Foi quando busquei por soluções no Google, e o que me parecia mais viável naquele momento era atuar como freela. Eu reconheço que tinha certa apreensão, afinal, como meu tio, isso me soava como um eufemismo para desemprego.
Assim, recorri a uma planilha simples, mesmo sendo péssimo com o Excel. Calculei o quanto precisaria ganhar por dia para igualar o meu salário na agência. Medi quanto tempo eu gastava para terminar um job e precifiquei o valor base para cada tarefa.
E, pasmem, eu chegaria ao mesmo valor que recebia trabalhando apenas duas horas por dia. Sem abrir mão dos finais de semana e em regime home office.
Isso signfica que, com as tradicionais oito horas diárias, eu poderia quadriplicar o valor (o que não aconteceu, apenas para registro, pois não sou tão disciplinado assim).
Assim, me cadastrei nas plataformas freelancers e comecei a correr atrás. No começo não foi fácil. Muitas vezes, sobrava vontade e faltava trabalho.
Mas, com o tempo, é fácil descobrir quais são suas melhores fontes de renda. Me adaptei melhor à Rock Content, onde dificilmente ficava sem tarefas, mas também peguei diversos jobs em outras ferramentas. Acredite: a demanda existe. Você só precisa mostrar seu valor.
Hoje eu ganho mais como freela do que na maioria dos empregos nos quais trabalhei. Inclusive, já recusei algumas propostas bem tentadoras. Esse cenário é bem diferente daquele em que eu topava qualquer coisa apenas para ter um emprego.
Também me concedo o luxo de acordar às 14h em dias chuvosos. Almoço em casa e com um belo par de pantufas do Monstros S.A. Tenho tempo para malhar, maratono algumas séries da Netflix e chego em casa às 2 da manhã pelo menos uma vez por semana.
A realidade
Não se engane: a minha vida não é um conto de fadas. Eu trabalho muito e nos horários mais antiquados. Este texto será finalizado às 3 da manhã, por exemplo.
Não pretendo me passar por um dos muitos gurus do nomadismo digital, que trabalham em praias paradisíacas da Nova Zelândia. Ainda não cheguei nesse patamar. Quem sabe em um futuro próximo.
Mas esse é o formato que eu escolhi. A decisão foi minha. Ninguém me dirá quando acordar ou a roupa que devo vestir. Tudo isso sem prejudicar as finanças.
Os direitos trabalhistas
Um dos argumentos mais utilizados para negar o formato freelancer são os direitos trabalhistas.
A sensação de segurança é boa, eu admito. Mas eis aqui alguns argumentos que talvez possam convencê-lo que não são tão necessários.
- Auxílio-transporte: você provavelmente não precisará dele, já que trabalhará de casa (ou de onde quiser);
- Férias: quando há organização e planejamento, podem ser tiradas a qualquer momento do ano;
- Vale-refeição e alimentação: não devem fazer tanta falta, já que almoçar em casa, geralmente, é mais barato do que em restaurantes;
- Plano de saúde e odontológico: podem ser contratados pelo próprio freela. O mais barato que encontrei em uma busca foi o de R$ 99,00;
- Benefícios previdenciários: caso você opte pelo MEI (Microempreendedor Individual), terá direitos trabalhistas como qualquer trabalhador registrado em carteira, incluindo auxílio-doença, salário maternidade e aposentadoria.
O aprendizado
Segundo a primeira pesquisa citada neste artigo, 55% dos freelancers desenvolvem novas habilidades rotineiramente, ao passo em que apenas 30% dos profissionais em trabalhos formais apresentam progressos profissionais.
Nesse contexto, acredito que exista algo muito especial reservado os freelas em um futuro próximo. Pense um pouco: as empresas preferirão profissionais engessados ou alguém que se renova a cada dia?
Uma das principais vantagens em ser freelancer, na minha opinião, é o aprendizado contínuo. Como redator, leio no mínimo 8 artigos diários, incluindo as maiores novidades do mercado de marketing digital. Além, é claro, de repassar o conhecimento adquirido para o papel.
Outras áreas como o design, o marketing digital, a programação, a edição de vídeos e produção de conteúdo em outros formatos também exigem constante desenvolvimento. E essas são algumas das áreas nas quais existe uma grande demanda por profissionais autônomos.
Alcance
Até quando você acredita que barreiras geográficas serão empecilho para negociação de serviços?
A globalização e a tecnologia nos permite executar jobs a distância. Há alguns dias, fechei um trabalho para uma agência portuguesa por meio do LinkedIn. É a minha primeira empreitada internacional, mas pretendo expandir minhas ações no velho continente e EUA.
A economia gig (contratos de curta duração) elimina barreiras. Nesse contexto, tudo dependerá do serviço de qualidade.
A hora certa
Alguns consideram a migração para o trabalho freelancer um movimento arriscado. Eu prefiro chamar de pioneiro.
Cada vez mais empresas recorrem aos serviços da economia sob demanda para realizar tarefas específicas. E a tendência, como visto ao longo do texto, é que essa atividade aumente.
Sejamos sinceros, o trabalho freelancer é bom para ambos os lados. A internet proporciona a comunicação recorrente e gera economia para o trabalhador e para a empresa, que não precisa se preocupar com a burocracia da contratação ou funcionários ociosos.
Acredito que a grande desconfiança esteja relacionada aos prazos e à qualidade do serviço. Então, se há um momento para adentrar esse mundo, é agora.
Não é à toa que alguns especialistas chamam a ascensão da economia compartilhada de “A Quarta Revolução Industrial”. Em alguns anos, ela dominará o planeta. E é melhor que você esteja preparado.
Por isso, precisamos aceitar que é possível ser freelancer por opção. E você, está pronto para o futuro?
Se você quer fazer parte desse cenário, baixe gratuitamente o e-book Trabalho Freelancer: Todos os Segredos Desvendados e mantenha-se um passo à frente ante as inovações do mercado!