A especialização em UI design explodiu em demanda nos últimos 10 anos, principalmente pela popularidade de smartphones e pelas novas possibilidades de entrega de conteúdo rico em diversas plataformas.
Sendo assim, quem aposta na carreira de designer para interface de usuário tem muitas oportunidades de trabalho para agora e para o futuro — sem sinais de desaceleração. Você já pensou em viver de criar interações incríveis que encantem usuários?
Se esse é um caminho interessante para você, este post é um excelente lugar para começar na prática. Veja a importância da UI atualmente, seus pilares de construção e o que precisa estar na sua mente na hora de construir uma. Confira!
Importância do UI
Quando começamos esta conversa puxando um pouco para o contexto do marketing, que é onde estão as maiores oportunidades na área, vemos que muito do trabalho do designer mudou nos últimos anos.
Peças de atração e conversão geralmente são passivas — propagandas em mídias tradicionais, panfletagem, outdoors, vitrines etc. O máximo de interação com um produto ou serviço era a abordagem direta de vendedores e promoters.
A internet trouxe ao marketing digital a possibilidade de automatizar essa aproximação. Conteúdos interativos são peças de design no marketing digital que permitem a ação ativa do usuário com um determinado conteúdo ou marca.
Pode ser um infográfico, um quiz, um mergulho em detalhes sobre um produto. Sua função é engajar o público, tornando a ação dele parte da experiência da marca, criando essa conexão que dá visibilidade, compartilhamento e cria laços emocionais com a marca.
Para conseguir tudo isso, o conteúdo precisa ser legível, interessante de explorar e com um objetivo de navegação claro. O designer de interfaces é o profissional responsável por garantir essa experiência. Podemos dizer que a UI é a parte técnica do UX design, em que você cria na prática a experiência que o cliente espera para seu público.
Pilares da interface de usuário
Para entender exatamente o que é interface de usuário, eu geralmente gosto de falar dos pilares que definem uma boa UI: jornada, contexto e feedback.
Primeiramente, uma jornada de conteúdo interativo é uma caminhada guiada de um ponto de partida (a promessa do que o usuário terá de recompensa com aquela interação) e um ponto de chegada (a entrega da recompensa ao passar por todos os passos).
Em seguida, temos o contexto da peça em si, em questão de visualização e de interação proposta. Uma boa UI amarra as ações esperadas do usuário com o contexto que o levou àquela ação, como uma imersão na marca ou a compreensão de um conteúdo informativo.
Por fim, temos o feedback. As interfaces precisam sempre retornar ao usuário uma resposta reativa para cada ação, como confirmar o aperto de um botão ou demonstrar a entrada de uma informação. Assim, ele não se perde no processo e, principalmente, sente que tem total controle sobre aquela interação.
Quando uma UI tem uma jornada clara, um contexto bem-definido e feedback satisfatório, ela tem tudo para atrair e engajar o público, além de atingir os objetivos comerciais do cliente.
9 aspectos que você tem que priorizar ao criar interfaces do usuário
No entanto, como se garante esses pilares na prática do UI design? Assim como todas as especializações dentro dessa profissão, criar uma interação de sucesso significa unir criatividade, técnica e foco no objetivo a ser alcançado.
Para nossa conversa não ficar só na teoria, eu preparei uma lista de 9 itens que precisam estar na sua cabeça na hora de começar. São conceitos, etapas e estruturas que precisam ser priorizados para garantir que o resultado faça o conteúdo interativo brilhar. Acompanhe.
1. Usuário
Como não poderia ser diferente, a prioridade zero de qualquer UI é o usuário. Quando você cria um conteúdo interativo, seja uma peça publicitária, um site ou um app, seus elementos e sua arquitetura precisam ser desenhados com um perfil específico de usuário em mente.
No marketing digital, seria a buyer persona: um personagem fictício que engloba características, hábitos e expectativas do público-alvo de uma marca.
Essa abordagem é interessante porque, geralmente, não dá para abraçar o mundo no design de interfaces. Tentar tornar uma interação engajante e clara para perfis muito diferentes cria confusão de contextos e conflito de elementos.
Portanto, desenhe uma UI com uma pessoa ou, no máximo, algumas em mente. Imagine esse nicho participando dessa jornada e o resto dessa lista vai ficar mais claro. Esse foco pode até reduzir o alcance da peça, mas ganha muito em engajamento e capacidade de conversão.
2. Objetivo da peça
Se o usuário é a prioridade zero, o seu cliente é a prioridade um nessa equação. Seu trabalho é entender o usuário de forma a criar uma interface que o guie até o objetivo comercial daquela peça.
Os fins de uma UI podem ser variados. Em casos de apps de serviços e redes sociais, por exemplo, o foco é em manter o público o máximo de tempo possível utilizando o produto digital. No caso de uma loja virtual, é facilitar o caminho entre interesse e compra. Já em conteúdos de marketing, é possível encaminhar uma jornada do consumidor, conseguindo, no final, um lead mais qualificado para uma futura venda.
Cada um desses objetivos exige uma abordagem única para o desenho da UI. Por isso, o foco no briefing é fundamental. Você precisa de muita clareza sobre o que seu cliente quer e como você pode desenvolver sua peça ao redor disso.
3. Jornada de navegação
A partir do ponto em que você entende a demanda do cliente e as características do usuário, é hora de finalmente pensar em uma interface que atenda esses dois lados.
O primeiro ponto a ser estudado é a jornada de interação na navegação do produto ou conteúdo. Pensar em UX como uma jornada facilita a guiar o caminho do usuário, dar um ritmo interessante para ele e tirar todos os obstáculos que existam entre o ponto de partida e o de chegada.
4. Curva de aprendizado
Um fator importante na jornada da navegação do conteúdo é a curva de aprendizado, a evolução com que a peça apresenta recursos de interação para o usuário.
Uma UI bem-feita é aquela que consegue ensinar as regras e consequências da ação de engajamento sem precisar explicar extensamente sobre cada função. É uma interface autoexplicativa.
Isso se faz com símbolos e signos visuais, além de informação bem-distribuída e um feedback claro. O ideal é que essa curva seja constante e suave: que seu projeto ensine aos poucos as possibilidades e permita que o usuário experimente com elas.
5. Persistência
Essa é uma das características fundamentais de um bom UI design — inclusive, que ajuda muito na curva de aprendizado durante a interação. Persistência significa desenhar a interface de usuário de maneira que elementos-chave da jornada sejam constantes e imutáveis.
Menus, botões de navegação, CTAs, e outros componentes precisam de uma consistência visual ao longo de toda experiência, para que o usuário nunca se perca ou se frustre na jornada.
6. Responsividade
Com a popularização do mobile no consumo de conteúdo, um grande desafio para designers tem sido criar materiais interativos que funcionem em qualquer tamanho ou resolução de tela.
Isso se chama responsividade e deve ser tratada como prioridade no seu trabalho. A prototipagem é a etapa mais importante nesse sentido, que consiste em analisar o desempenho da interação em diversos formatos e ajustar para que o usuário tenha sempre a mesma experiência em qualquer cenário.
7. Legibilidade
Parece meio óbvio, mas é muito comum designers colocarem a forma à frente da função e criarem peças lindas que não atendem exatamente o briefing ou as expectativas do usuário.
Principalmente no marketing digital, a legibilidade é parte do objetivo de engajamento. Por isso, além de dinâmica e atrativa, sua interface precisa saber se comunicar. É um esforço em duas frentes.
Legibilidade do texto
Designers precisam saber trabalhar com texto com a mesma qualidade com que trabalham com elementos visuais: hierarquizar informações, parear fontes diferentes, trabalhar com pesos e tamanhos que se complementem, dar velocidade de leitura ao usuário etc.
Em um conteúdo interativo, essa legibilidade textual facilita na hora de manter a atenção do usuário e garantir os objetivos de conversão do cliente.
Legibilidade de gráficos
Apesar do que a palavra sugere, legibilidade não tem a ver apenas com palavras. Conseguir ler formas gráficas é importante na UI, principalmente para guiar o público pelo caminho que você desenhou.
Nesse caso, a consistência e a coerência ajudam muito: teoria das cores para diferenciação e aproximação de elementos, persistência de formas que criem familiaridade e agrupamento de possibilidades dentro da UI, espaços em branco e gestalt que guiem o olhar e até mesmo a direção das sombras que você coloca precisam de um fio lógico.
8. Identidade visual
Falando em cores e formas, é sempre bom lembrar do pilar do contexto que citei lá em cima. Um contexto que sempre precisa ser considerado é a identidade visual do cliente.
A boa UI é aquela que transforma a interação em si em uma imersão na marca — o próprio conteúdo se torna sua cara. Portanto, sempre leve o manual de identidade em conta na hora de priorizar todos os outros itens desta lista.
9. Suporte
Mesmo uma interface bem-desenhada pode apresentar obstáculos para o usuário. Talvez, essa pessoa em específico não seja exatamente o perfil que você traçou ou talvez não prestou atenção em uma dica visual e se perdeu na interação.
Por isso que você tem que estar sempre lá por ela. Ter uma forma simples e visível de se situar ou pedir ajuda garante que ninguém fique para trás nessa jornada e que você tenha ainda mais sucesso com suas UIs.
Se você colocar todos esses 9 pontos no seu planejamento, não só o trabalho de criar a interface de usuário fica mais claro na sua cabeça, como isso garante boa parte do que faz uma boa experiência em mídias interativas. De resto, é estudar tendências, praticar bastante e colocar a sua criatividade como um diferencial.
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