Traçar boas estratégias não é garantia de sucesso nas empresas. Para que funcionem, é necessário que elas estejam de acordo com a cultura organizacional da companhia. Do contrário, tudo o que foi planejado acaba não saindo do papel, o que causa frustrações.
Como disse Peter Drucker, que é considerado pai da Teoria da Administração, ‘’a cultura devora a estratégia no café da manhã’’, o que se deve ao fato de muitos líderes elaborarem planos estratégicos cuidadosos e detalhados, mas sem entenderem o poder e a dinâmica da cultura estabelecida no ambiente empresarial.
Para que a estratégia não sucumba à cultura organizacional, é necessário compreender sua importância, como ela pode impactar as equipes e o que o gestor deve fazer para nutrir uma cultura positiva.
A cultura organizacional sobe no pedestal
Um estudo feito em 2019 pela PwC Brasil, especializada em auditoria e asseguração, usando como referência os resultados da Culture Suvey 2018 e um levantamento realizado com representantes de 254 empresas do cenário nacional, demonstrou que a cultura organizacional tem ganhado cada vez mais espaço no mundo dos negócios, já que influencia diretamente a performance das companhias.
De acordo com a pesquisa, tem crescido o número de executivos e membros de conselhos de administração que enxergam a cultura como um assunto estratégico de suma importância para as organizações, haja vista que 76% dos líderes corporativos brasileiros apontam que esse é um assunto de destaque em suas agendas.
Ainda segundo o mesmo estudo, a cultura organizacional é capaz de alavancar a estratégia e o modelo operacional do negócio, tendo forte impacto na sua capacidade de execução e, consequentemente, nos resultados financeiros. As companhias que cultivam uma cultura distinta, que confere a elas vantagem competitiva, têm duas vezes mais chances de crescer rapidamente e lucrar mais do que a média em sua área de atuação. Além disso, têm duas vezes maios probabilidade de transformar sua estratégia em ações.
Da mesma forma que acontece em um país, as empresas contam com um sistema de crenças e valores, diretrizes éticas e morais, hábitos, rotinas e orientações acerca das políticas interna e externa. Esse conjunto de valores e sistemas compõe a cultura organizacional do negócio.
Portanto, a cultura organizacional rege as dinâmicas da empresa, compreendendo desde como os funcionários interagem entre si até o processo de tomada de decisão em relação ao mercado do negócio.
Ao observar por esse prisma, fica fácil entender por que atualmente esse elemento está em um pedestal, visto que é imprescindível para o desenvolvimento das empresas, ditando não somente os objetivos gerais a serem conquistados, mas também a melhor forma de fazê-lo.
É necessário entender que toda empresa tem um tipo de cultura organizacional, seja ela forte ou fraca, pois, onde existem pessoas interagindo, cria-se um sistema de valores.
O embate entre cultura e estratégia
Em decorrência do seu grau de importância, é nítido que a cultura organizacional pode acabar com toda a estratégia se não estiver corretamente alinhada com o que é projetado para o futuro da companhia.
De nada adiante determinar como meta a fidelização de novos clientes se a empresa não consegue sequer fidelizar seus colaboradores, por exemplo. Assim sendo, a estratégia do negócio tem que estar em conformidade com cultura organizacional.
É um grande erro acreditar que a cultura não interfere nos resultados finais da organização. Com a análise de como os colaboradores se relacionam e conduzem os processos pelos quais são responsáveis, torna-se muito mais fácil compreender esses pontos para, posteriormente, alinhar o que se espera com o que se faz. Isso reduz os riscos de que um planejamento cuidadosamente arquitetado acabe empacando em algum lugar e indo por água abaixo.
Combinar a estratégia com a cultura e utilizar os pontos fortes da empresa é o primeiro passo para transformar o planejamento em realidade.
A cultura também dá importância a números e resultados
Ao contrário do que muitos pensam, a cultura organizacional não é uma ferramenta utilizada apenas para humanizar a empresa — ela tem que gerar resultados em relação à melhoria da produtividade e do lucro da companhia. Desse modo, a partir dela, pode-se alcançar um diferencial de mercado, obter bons resultados e disponibilizar os melhores serviços e produtos.
O maior tesouro que uma empresa pode ter não são suas máquinas com tecnologia de ponta, tampouco seu capital, mas sim profissionais especializados em sua área de atuação, engajados e devidamente orientados para fazer a diferença no trabalho em equipe.
Por meio da cultura organizacional, é possível ter esse tipo de interação, o que impacta a empresa de forma positiva como um todo, uma vez que melhora a comunicação entre setores distintos e facilita a compatibilização de projetos.
Exemplo de cultura organizacional forte e alcance de resultados extraordinários
Apenas no primeiro trimestre de 2019, a Netflix viu a sua base global crescer em 9,6 milhões de novas assinaturas. Diante disso, a arrecadação alcançou o nível projetado, de US$ 4,5 bilhões.
Com relação ao número de clientes, esse período foi considerado o melhor trimestre em toda a existência da empresa, contando com 148,9 milhões de assinantes no mundo — no primeiro trimestre do ano de 2018, a marca chegava a 119 milhões.
A alta performance e o sucesso na Netflix são inquestionáveis. Esses resultados impressionantes não são conquistados com mera sorte ou com improviso. Trata-se do resultado de uma cultura organizacional focada em impulsionar criatividade, responsabilidade e desempenho dos funcionários.
Faz parte da cultura da plataforma de streaming, por exemplo, a ideia de que os colaboradores devem estar alinhados, porém ligeiramente rebocados. O que isso quer dizer? Significa que os profissionais precisam estar em dia com estratégia, objetivos e procedimentos, mas, para a realização de outras atividades, não devem ficar restritos a normas ou regras demasiadamente burocráticas.
Cultura organizacional não é um papel apenas dos líderes
Mesmo que o assunto esteja em alta, muitos erros sobre a cultura organizacional ainda são cometidos. Entre eles, está o pensamento de que a cultura de uma organização vem ‘’de cima’’.
Na realidade, e para que realmente funcione, a cultura das empresas é construída aos poucos por todas as pessoas que por elas passam, incluindo aquelas que já se desligaram.
Os líderes são vistos com fontes de informação confiáveis para os membros da sua equipe, influenciando o departamento em que trabalham. Eles coordenam e mostram os caminhos a serem seguidos por ela. Contudo, não são os únicos responsáveis pela disseminação e cumprimento da cultura organizacional dentro das companhias.
Nesse contexto, o ideal é que haja uma boa comunicação interna entre líderes e colaboradores, a fim de consolidar informações e hábitos que ajudem a colocar a estratégia em prática.
Muitas vezes, os executivos negligenciam a cultura organizacional da empresa, o que só cria obstáculos para o cumprimento das suas metas. Por isso, é urgente que os liderem repensem a relação entre cultura e estratégia. Esse assunto não é algo novo, mas tem sido amplamente discutido nos últimos anos em decorrência da sua importância para o crescimento das organizações.
A cultura e estratégia de uma empresa andam de mãos dadas. Em um mercado dinâmico e competitivo, a combinação desses dois fatores é imprescindível para se destacar e elevar o negócio a novos patamares.
O modo como as empresas se comunicam com o público-alvo também é um aspecto substancial para deslanchar suas atividades. Nesse sentido, companhias que investem em tom e voz têm mais chances de serem bem-sucedidas.
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