É profissional autônomo? Saiba como se organizar sem salário fixo!

como se organizar sem salário fixo

A vida do profissional autônomo é maravilhosa, e quem está acabando de entrar nela vibra com cada sucesso alcançado e benefícios que ela proporciona. Tudo parece um conto de fadas até que o grande desafio aparece para azedar o esquema: ter que se organizar sem salário fixo.

Não ache que esse é um problema fácil de lidar, porque não existe uma solução definitiva que resolva tudo. Lidar com a remuneração variável e sem data certa para chegar é um exercício contínuo. Aliás, para quem estava acostumado com o salário fixo no fim de todo mês, o impacto é como um tsunami.

Mas calma, assim como as histórias de príncipes e heroínas, também temos finais felizes para as finanças do profissional autônomo ou freelancer. Em alguns casos, essas soluções podem até mesmo ser transformadas em combustível para seu progresso.

Que tal estudar algumas dicas sobre finanças, organização das suas atividades profissionais, produtividade e motivação? Será que tudo isso pode ajudar você a ganhar mais e ser feliz para sempre como profissional autônomo? SIM! Então, chega mais!

Comecemos pelas verdades nuas e cruas

Vamos encarar de uma vez a verdade nada secreta sobre ser profissional autônomo: seu salário será diretamente proporcional àquilo que você produziu. Bom, menos quando acontece um atraso de pagamento ali, um calote acolá.

Oi, como assim trabalhar e não receber minha remuneração conforme o acordado? Isso nem de longe deve parecer normal para você, ok? Ignore comentários de outros profissionais que dizem que isso é praxe. Não é, e você pode combater isso criando uma base de clientes confiável. Veja outros desafios com os quais você terá que lidar.

Sua remuneração mensal é variável

Você pode ser revisor de texto e trabalhar em uma editora ou ser assistente administrativo em uma funerária, não importa: independentemente do volume de trabalho realizado no mês e seu desempenho, seu salário é fixo e estará em sua conta bancária no fim do mês. Alguns cargos também contam com comissões, mas, em geral, um valor mínimo sempre estará garantido.

Já o profissional autônomo não tem remuneração fixa. Ele pode até fechar alguns contratos com pagamentos mensais, mas enquanto um ciclo estiver começando, outro poderá ser finalizado no mês seguinte.

Ainda existem os serviços avulsos que dependem do interesse dos clientes e a sazonalidade. Trabalhar vendendo chocolates, por exemplo, pode ter uma demanda altíssima na Páscoa, mas não necessariamente no restante dos meses.

Inclua nessa mistura que define a remuneração do freelancer outros fatores, como os calotes, atrasos de pagamento, momentos em que você ficou doente e não pôde trabalhar etc. Resumindo, é muito pouco provável que os valores sejam sempre iguais.

As despesas são implacáveis

Se os ganhos variam, as despesas nem tanto. Os boletos chegam sempre na mesma data, cobrando suas parcelas e custos realizados no período. Aluguel, empréstimos, contas de luz, água, telefone, mensalidade da faculdade, compras do supermercado, Netflix (primeira necessidade, não é mesmo?), transporte e por aí vai.

Algumas dessas despesas têm valores fixos, outras mudam conforme o consumo… mesmo que dê para economizar em algumas delas, o fato é que, se não forem pagas, os juros começarão a brotar.

Então, vem a dúvida: o que dá para concluir sobre a junção entre recebimentos variáveis e despesas implacáveis? Que se a conta não fechar positivamente, um grande problema financeiro poderá surgir.

Vamos abordar soluções nos tópicos seguintes, mas, antes disso, ainda precisamos falar sobre outros três desafios importantes para as finanças do autônomo.

Você define os preços e valores dos seus produtos ou serviços

Olha, não precisamos chamar a precificação de “o monstro de sete cabeças elevadas à sétima potência”, mas o fato é que essa etapa é mais difícil do que se imagina. Não é só aplicar o preço da concorrência ou oferecer um pequeno desconto no valor para atrair os clientes. É preciso considerar uma série de fatores, como:

  • custos fixos do negócio: luz, internet, gasolina e coworking, dependendo de cada caso;
  • despesas com investimentos para o negócio: um computador, mesa de trabalho, utensílios para a cozinha, tudo pode variar conforme o nicho de trabalho;
  • matéria-prima, dependendo da área de atuação;
  • investimentos com cursos e aprimoramento;
  • carga tributária e despesas profissionais: impostos que eventualmente precisam ser recolhidos e contribuições;
  • preços cobrados pela concorrência;

Com esses valores discriminados, é possível calcular o quanto é necessário obter em uma negociação para quitar as despesas do negócio, mas, é claro, é preciso pensar ainda em seu lucro e posicionamento.

Uma porcentagem deve ser acrescida no valor final para que o investimento na carreira de autônomo seja vantajoso. Além disso, o preço deve ser competitivo em relação à concorrência, mas também transmitir os diferenciais do profissional. Se ele oferece elementos extras em seus serviços, é preciso que isso reflita em seu preço, não é mesmo?

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É necessário criar mecanismos anticalotes

Pronto, você já sabe o valor de suas despesas, já tem um preço para cobrar, criar suas próprias estratégias para conquistar clientes, está tudo indo bem, mas ainda falta uma coisa: formalizar sua atuação e montar mecanismos para a cobrança de seus serviços.

Cadastrar-se como Microempreendedor Individual (MEI) tem algumas vantagens, e não apenas a aposentadoria e garantias de benefícios em caso de gravidez e afastamento temporário ou definitivo por questões de saúde ou morte.

Com esse registro, é possível emitir notas fiscais — que podem ser uma exigência para um cliente contratar o profissional autônomo — e fazer um tipo de declaração do Imposto de Renda (IR) diferenciado, que favorece o microempreendedor.

Outro desafio importante é saber como criar contratos e mecanismos que impeçam que seus clientes atrasem seus pagamentos. Cláusulas nos contratos, formas de cobrança e demais pontos da prestação de serviços devem ser elaborados criando mecanismos de defesa para o profissional autônomo.

Estratégias, benefícios trabalhistas e afins são por sua conta

Em outras palavras, você aponta o nariz para onde quiser na sua carreira e no mercado, mas vai precisar lidar com todas as consequências disso na sua conta bancária, sejam boas, sejam ruins.

Como profissional autônomo, você compete com outros profissionais e empresas pelos mesmos clientes, então, é preciso se posicionar para ser a melhor opção.

Além de se formalizar como MEI para emitir notas fiscais, diversificar o mercado, trazer novos serviços e produtos para seu negócio e investir no seu aprimoramento são algumas das estratégias mais básicas.

Um redator freelancer, por exemplo, pode investir em um curso de gestão de mídias sociais e criar um pacote de serviços que contemple a produção de conteúdo e gerenciamento do Facebook e Instagram de seu cliente. Tais ações podem gerar mais negócios.

Ele também pode focar em um público-alvo específico, como criadores de iguanas no Brasil. Nesse caso, ele estará delimitando seu mercado. Seria uma boa estratégia?

Depende. Se os valores investidos por lojas de répteis da família Iguanidae forem altos e elas estiverem carentes de um profissional especializado, também pode ser uma jogada de mestre.

O fato é que quem define isso é o profissional autônomo, e seus investimentos e estratégias precisam ser muito mais pensados e estudados.

Ok, os desafios não são fáceis. Então, o que fazer para superá-los?

Prosseguimos pela transformação do caos

Se essa realidade do freelancer e profissional autônomo parece um caos, saiba que é possível dar uma boa organizada nela. Quer uma dica? Comece pela gestão do seu tempo produtivo.

Aproveite cada minuto do seu tempo produtivo

Uma coisa é certa: quando você calcula o valor mínimo que precisa conseguir para pagar as contas do mês, fica bem tenso. E quando o compara com o valor da sua hora de trabalho, percebe que cada minuto é muito importante para o sucesso da sua carreira.

Essa reflexão é muito valiosa, mas não pode ditar as regras da sua vida, afinal de contas, a liberdade do autônomo e até mesmo seus propósitos pessoais não podem ficar para depois. Equilíbrio sempre.

Tendo isso em mente, abra sua agenda do próximo dia útil e veja quantas horas produtivas você terá à disposição. Então, planeje o que será feito em cada uma delas.

Não se esqueça de determinar um tempo para o conhecimento, para se relacionar com os clientes e parceiros, para trabalhar duro e também para ter momentos de ócio criativo.

Quando você sabe o que precisa fazer todos os dias, pode distribuir detalhadamente suas horas de trabalho entre as diversas tarefas. Ou seja, tem otimização e controle total do seu tempo e negócio, afinal de contas, você:

  • garantirá que todo o tempo produtivo será bem aproveitado;
  • saberá o volume de trabalho que terá produzido e quanto tem para receber;
  • estreitará o relacionamento com clientes, que podem repetir seus pedidos ou indicar novos contatos.
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Crie um controle de clientes e serviços prestados

Você definitivamente precisa saber quem são seus clientes, quais foram seus pedidos, como está o andamento de seus serviços, se já pagaram etc.

Esse controle é a garantia da qualidade de seus serviços, que não terá nenhum furo na execução, e de suas finanças, já que os pagamentos estarão completamente mapeados. É preciso lembrar também que, como MEI, é obrigatório fazer um controle dos ganhos, pois tais dados serão importantes para a emissão das notas fiscais.

Não deixe a vida te levar (todas as vezes)

A vida de autônomo é livre. Você pode escolher quais trabalhos e clientes vai aceitar, qual horário será utilizado para trabalhar e até mesmo qual será seu escritório do dia — é o que alguns nômades digitais fazem.

Mas é muito importante ter objetivos de curto, médio e longo prazo bem definidos, ok? Deixe a vida te levar para que sua rotina seja mais leve e agradável, mas não esqueça que é preciso ter um direcionamento. Crie essa filosofia como freelancer.

E passamos a régua descobrindo como se organizar sem salário fixo

Pois bem, listamos os desafios, apresentamos algumas soluções preventivas e agora vem a derradeira batalha: o que fazer com o montante recebido mensalmente. Uma dica: não é só pagar as contas e fazer churrascos.

Pague suas despesas e tributos em dia

É pouco provável que você tenha um setor financeiro para enviar as contas e esperar que ele resolva tudo. Esse setor é você.

Então, liste todas as despesas, tente organizar seus vencimentos ao longo do mês e não atrase seus pagamentos. Juros e multas corroem seus lucros e, como todos sabem bem, funcionam como uma bola de neve.

Crie uma reserva de emergência

A dica de quase 100% dos economistas também vale, e muito, para os profissionais autônomos. Talvez até mais. Isso porque, como já explicamos, seus ganhos são variáveis, mas os custos não.

Uma reserva emergencial pode ser acionada para cobrir parte dos custos de um mês com baixos rendimentos, por exemplo. A ideia não é relaxar com as obrigações e cobranças por ter esses recursos, mas sim evitar juros e multas por eventuais faltas de pagamento.

Ter um montante aplicado em um investimento com alta liquidez — ou seja, que tenha facilidade de ser sacado — é muito importante. O ideal é que o total seja equivalente a 6-8 meses de trabalho contínuo.

Reserve um montante para garantir conforto e investimentos para seu futuro

O MEI garante a aposentadoria do INSS, mas, como sabemos, ela pode não ser suficiente no futuro. Então, invista pelo menos 20% de seus ganhos em aplicações que possam servir como um recurso para adquirir bens maiores ou trazer conforto quando você parar de trabalhar definitivamente.

Saiba usar os créditos que estão disponíveis para você

Saiba também que, à medida que você movimenta sua conta, créditos para empréstimos e rotativos são liberados para você.

Rotativos são os cartões de crédito e o cheque especial, aquele que você usa quando o saldo da conta acaba. Eles são necessários? Tudo depende da sua realidade, mas o mais importante é saber como são suas regras de uso.

No fim das contas, ter que se organizar sem salário fixo faz com que o freelancer planeje e esteja mais atento às suas tomadas de decisão. O tempo que ele dedica para colocar sua atividade e suas finanças em ordem também permite que ele saiba valorizar muito mais suas vitórias e horas de descanso. É ou não é um final feliz?

Vale uma última dica? Uma superplanilha gratuita produzida pela Rock Content em parceria com ninguém menos que Nathalia Arcuri, do Me Poupe!, para controle dos gastos mensais pode ajudar bastante. Acesse o link para baixar!

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