Guia avançado de uso da crase: saiba quando usar e como empregá-la na sua redação!

Uma letra "a" craseada. Guia avançado de uso da crase.

Se, na hora de escrever, você que é jornalista freelancer tem dificuldade para diferenciar se uma palavra tem acento grave (o indicador da crase) ou não, preste bastante atenção neste artigo. Vamos te mostrar as regras mais importantes do uso da crase e os erros mais comuns que não podem ser cometidos no seu texto.

Essa tarefa pode parecer muito desafiadora. No entanto, com as dicas certas, você vai perceber que a crase é prática, fácil e vai te ajudar a produzir um conteúdo excelente para fidelizar seus clientes.

Muitas pessoas decoram os macetes, mas o ideal mesmo é aprender, de fato, as normas para usar o acento grave. Dessa maneira, você definitivamente não vai errar mais. Neste post, preparamos um guia avançado para você aprender sobre o uso da crase e saber exatamente o momento certo de aplicar a regra. Veja a seguir:

O que é realmente a crase

A palavra “crase” significa “junção”. Isso significa que, para que uma construção gramatical exija o uso do acento grave, será preciso que aconteça a contração da preposição a com o artigo definido feminino (a/as), com os pronomes demonstrativos (aquilo, aquela(s), aquele(s)), ou com o pronome relativo (a qual/as quais).

Percebeu qual é o denominador comum de todos esses casos? É preciso que exista o encontro de duas vogais idênticas — no português, o A.

Uma dica básica para conferir se o uso está correto é trocar a preposição a por ao e o substantivo feminino por um masculino. Se o sentido da frase não for prejudicado após essa substituição, é porque deve ser feito o emprego do acento grave.

Por exemplo: na frase “Fui à escola hoje”, troque o a por ao e transforme a frase em “Fui ao curso de inglês hoje”. Como você pode conferir, o uso da crase está correto.

Mas se a regra é tão simples, por que ela causa tanta confusão? O motivo é que existem alguns casos especiais, assim como situações em que o uso do acento é facultativo. Pensando nisso, vamos explicar esses casos nos próximos tópicos.

Casos obrigatórios do uso da crase

Um dos erros de português mais cometidos é o uso da crase. Por isso, fique atento às seguintes regras. A acentuação grave deve ser obrigatoriamente usada, por exemplo, em expressões que indicam horas. Também é necessário o uso da acentuação nas locuções adverbiais (“às pressas”, “à tarde”, “às vezes”, “à noite” e “à vontade”); nas locuções prepositivas (“à procura de”, “à frente” e “à espera de”); e nas locuções conjuntivas (“à medida” que e “à proporção que”).

Exemplos de crase em locuções adverbiais

  • “À tarde, o Lucas tem curso de inglês”.
  • “Às vezes chove, às vezes faz sol”.
  • “João saiu às pressas de casa”.
  • “À noite, a temperatura fica mais baixa”.
  • “Fique à vontade para escrever a carta”.

Exemplos de crase em locuções prepositivas

  • “A criança está à frente do seu tempo”.
  • “Eliane está à espera de um filho”.
  • “Joana está à procura de emprego”.
  • “Quando chegar ao restaurante, ele vai querer um feijão à moda mineira”.

Exemplos de crase em locuções conjuntivas

  • “Ele se cansava à proporção que caminhava”.
  • “À medida que o tempo passa, ficamos mais velhos”.
  • “Chegarei às 20h”.
  • “Às vezes, chego tão tarde que já vou logo dormir”.
  • “Quando chegar à minha casa, ele vai querer um feijão à moda mineira”.

Casos especiais e facultativos de uso da crase

Além das regras em que o uso da crase é obrigatório, há casos especiais em que o emprego dela é facultativo ou depende do contexto. Você está achando complicado? Não se preocupe. A seguir, vamos te explicar e mostrar os exemplos de cada uma das situações:

Casos especiais relativos a algumas palavras

Antes da palavra “terra”

O uso da crase não é recomendado quando “terra” tem sentido de chão firme, estando indeterminado. Já se a palavra tiver sentido de planeta Terra ou indica lugar de origem e estiver determinada, é recomendado o uso do acento grave.

Por exemplo:

  • “Depois de horas voando, chegamos a terra”;
  • “Voltaremos à terra de minha mãe no ano que vem”;
  • “Os astronautas retornaram à Terra após pisarem na lua”.

Antes da palavra “distância”

O uso da crase não é necessário quando a palavra estiver indeterminada. Em situações em que ela esteja determinada, a acentuação será obrigatória.

Por exemplo:

  • “A TV capta os sinais a distância”;
  • “A TV capta os sinais à distância de 20 metros”.

Antes da palavra “casa”

Não é preciso o uso da crase se a palavra aparecer sem nenhum qualificativo. Mas, se ela estiver determinada, é necessária a acentuação.

Por exemplo:

  • “Depois de um ano, eu voltei a casa hoje”;
  • “Depois de um ano, eu voltei a casa da minha tia hoje”.

Casos facultativos de uso da crase

  • Antes de pronomes possessivos femininos: “Encomendei uma torta a (à) minha mãe.”
  • Depois da preposição “até”: “Poderemos ir até a (à) escola”.
  • Antes de nomes próprios femininos: porém, em casos que o nome próprio está determinado, é obrigatório o uso da crase. Por exemplo:
    • “Entregarei a (à) Renata o livro dela”.
    • “Entregarei à estudante Renata o livro dela”.

Erros mais comuns de uso da crase

Se a palavra que vem depois da preposição a é de gênero masculino, não há uso da crase. Essa regra é uma das principais no ranking dos erros de acentuação mais cometidos por aí.

Outros equívocos graves que também ocupam as primeiras posições na lista são antes de verbos ou de pronome indefinido e antes de plural (a + plural). Veja alguns casos nos quais o emprego do acento grave é imperdoável:

  • Antes de palavras no masculino: “Paguei o carro a prazo”;
  • Antes de verbos:“Estou disposta a lutar”;
  • Antes de pronomes pessoais: “Eu pedi a ela uma carta de recomendação”;
  • Antes de nomes de cidade ou localizações geográficas (sem o artigo feminino): “Vou a Minas no dia 25 de dezembro”;
  • Antes da palavra casa (no sentido de próprio lar): “Fui a casa encontrar os meus pais”;
  • Antes da palavra terra (sentido de solo): “Depois de horas no mar, chegamos a terra”;
  • Entre palavras repetidas: “Ela encara o dia a dia sem estresse”;
  • Depois de preposições: “Nós vamos para após a missa”.

Uso da crase com pronomes relativos

O uso do acento grave deve ser empregado apenas nos pronomes relativos “a qual” e “às quais”. Isso porque eles aceitam artigo quando são regidos por um verbo ou substantivo que exija preposição a.

Já os pronomes “que”, “quem”, “cujo”, “cuja”, “cujos” e “cujas” jamais podem ter o uso da crase, porque não admitem artigo.

Por exemplo:

  • “A estudante à qual pertence o livro”.
  • “As escolas às quais vamos”.

Crase em casos com palavra oculta

A acentuação grave é usada também em casos com palavras ocultas, aquelas que estão subentendidas para evitar repetições desnecessárias: “Vou à casa de Lucas, depois à de Fátima”. Observe que a palavra “casa” está subentendida antes da expressão “de Fátima”. Por isso, a crase é necessária.

Outra situação que causa dúvida é na expressão “frango à passarinho”. Nesse caso, a crase é necessária porque a palavra “moda” está oculta. A expressão completa seria “frango à moda passarinho”. O mesmo vale para outros pratos culinários, como “filé à cavalo”.

Macetes para nunca mais errar o uso da crase

Como você já viu anteriormente, uma das dicas é trocar a crase por ao e o substantivo feminino por um masculino, para saber se a palavra leva crase ou não.

Outra sugestão para tirar dúvidas quanto ao uso do acento grave antes de nomes de lugares (cidade, estado, país, continente, planeta) é fazer um teste usando os verbos “vir” ou “ser”: “Venho de ou venha da”?; “Sou de ou sou da”?

Depois que você fizer o experimento, se o resultado for “de”, é porque o nome não admite artigo. Portanto, sem acentuação. Caso o resultado seja “da”, o nome admite artigo e pode ser craseado.

Porém, também existem frases conhecidas de rimas que podem ser usadas como macetes para ajudar nos momentos de dúvida. Veja abaixo:

  • Diante de pronome, crase passa fome: “Mostrei uma foto a ela”;
  • Diante de masculino, crase é pepino: “Márcio veio para casa a pé”;
  • Palavras repetidas, crase proibida: “Segui o passo a passo do roteiro”;
  • “A” + “Aquele”, crase nele: “Fiz queixas àquele homem”;
  • Vou a, volto da, crase há: “Vou à Alemanha. Voltei da Alemanha”;
  • Vou a, volto de, crase pra quê?: “Vou a Minas. Voltei de Minas”;
  • Diante de cardinal, crase faz mal: “Li o livro da página 10 a 25”;
  • Quando for hora, crase sem demora: “Vou sair do curso às 19h”;
  • Palavra determinada, crase liberada: “Vamos à fazenda do meu tio”;
  • Sendo “à moda de”, crase vai vencer”: “Adoro comida à moda italiana”;
  • Antes de locução adverbial feminina, coloque crase, meu irmão!: “Às vezes, não sabemos como lidar com determinadas situações”.

Agora você já sabe as regras mais importantes do uso da crase e os erros mais comuns que não podem ser cometido. Neste artigo, também te mostramos que há casos especiais e de uso facultativo para usar o acento grave. Portanto, você já poder correr para produzir conteúdos sobre os temas mais variados e fidelizar clientes!

Viu como o uso da crase não é um bicho de 7 cabeças? Agora que você já aprendeu como usar corretamente o acento grave, confira 102 erros de português mais comuns para você nunca mais cometer!

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