E, se você fosse um náufrago e sua vida dependesse de um pedido de socorro por carta, como você a escreveria? Faria uma lista de suas qualidades e como poderia mudar o mundo com elas ou tentaria fazer uma conexão sentimental com o coração de quem iria ler?
As empresas exemplos de sucesso de storytelling que estão listadas neste post, e alguns mestres do marketing digital, prefeririam contar uma boa história para gerar a identificação e despertar algumas emoções no, digamos, seu salvador.
E não é por acaso. O storytelling é uma estratégia de escrita que cria uma conexão direta e individual entre uma marca e seu potencial cliente. Por meio dela, ativa emoções, sentimentos, compartilha valores e lança incentivos capazes de influenciar positivamente suas opiniões.
Então, quer dizer que o storytelling é tão poderoso assim? Quando bem feito, com certeza. E para confirmar isso listamos neste post os cases mais icônicos e recentes de sua utilização. Confira!
1. Always: Like a Girl
A campanha #likeagirl da Always foi lançada originalmente em 2014, mas mesmo nos anos seguintes, continua representando o sentimento de muitas mulheres. E aí está a conexão que ela causou.
O enredo de suas peças e interações com o público eram baseadas na frase pejorativa “você está fazendo isso como se fosse uma menina”.
Mas, em vez de utilizá-la em situações de fraqueza ou delicadeza, reforçava cada uma de suas palavras em ocorrências que mostravam a força da mulher e como não havia nada que as impediam de fazer qualquer coisa que desejassem, nem o preconceito, nem seu fluxo menstrual.
2. Dove: Retratos da Beleza
Dove é uma marca de produtos de higiene pessoal e, portanto, são usados de forma muito íntima. Considerando isso, a forma como escolheu usar um storytelling para comover e se conectar com seu público foi algo muito pessoal.
Em uma dinâmica pediu que várias pessoas se descrevessem para um artista. Ele, por sua vez, desenhava cada detalhe minucioso que lhe era descrito. Rugas, pintas e outros elementos da feição eram sempre os mais mencionados.
No segundo momento, pediam que descrevessem outras pessoas que estavam no grupo da dinâmica. A comparação entre os dois desenhos mostrava como as pessoas se enxergavam sempre mais negativamente do que as outras.
Com isso, a Dove quis elevar a autoestima de seu público, mostrar que era preciso se amar mais. A experiência foi transformada em um vídeo que viralizou sua mensagem.
3. Heineken: Mulheres também curtem futebol
Patrocinadora da Champions League em 2016, a Heineken criou um storytelling para agradar seu público feminino e mostrar que mulheres também gostam de futebol.
A história mostra homens sendo abordados secretamente para assistirem a final da Liga em um evento da cerveja, o que seria necessário convencer suas namoradas ou esposas a irem para um SPA.
O convite irrecusável, com uma boa compensação para suas companheiras não deixa dúvidas, e eles executam o plano.
Porém, no dia do jogo, descobrem que elas não foram enviadas para um SPA, e sim, para assistirem ao jogo ao vivo, em Milão. Com o nome “The cliché”, a campanha se diverte com o fato do senso comum achar que mulher não gosta de futebol.
4. Itaú: Hilário, muito mês para pouco salário
Esse é um exemplo clássico de storytelling, a começar pela escolha de um personagem, o Hilário, e prossegue na apresentação de seu dilema, a falta de controle financeiro.
O Itaú mostra seu personagem cometendo erros frequentes de descontrole financeiro, como gastos supérfluos e a inexistência do hábito de poupar.
Então, quando o personagem se vê sem opções, um incentivador externo, no caso um locutor famoso — Marco Luque, começa uma interação questionando se Hilário saberia qual a melhor linha de crédito do Itaú para o caso dele.
Porém, para fortalecer a imagem do banco como uma instituição confiável e que visa, antes de tudo, a satisfação de seus clientes, o locutor diz ao personagem que, antes de contrair qualquer empréstimo, a primeira medida é organizar suas contas.
Ou seja, o storytelling do Hilário conecta o banco com diversas pessoas que estão precisando de crédito, mas, antes de vender seus serviços, primeiramente foca suas ações em estabelecer uma relação de confiança.
5. ABTA: Pirata, a operadora de quem quer arrumar problemas
A Associação Brasileira de Televisão por Assinatura usou um storytelling irônico para conscientizar seus consumidores sobre o risco de utilizar aparelhos piratas para a captação de canais a cabo.
O enredo da história é comum e provoca uma identificação, afinal de contas, muitos clientes querem ou conhecem alguém que estaria disposto a comprar um aparelho para ter os canais gratuitamente.
Acontece que, uma vez que tais aparelhos são instalados, os dados dos usuários podem ser acessados por hackers causando um prejuízo e dor de cabeça muito maiores.
A irreverência do storytelling fica por conta dos personagens da operadora pirata, que estão vestidos como bandidos com touca de meia nos rostos ao lidarem com os clientes, que, aparentemente, não se espantam com isso.
6. AirBnB: Belong Anywhere
O que mais o AirBnB gostaria de explorar se não a mobilidade e a experiência das pessoas explorarem, mesmo que poucos dias, a vida cotidiana em qualquer lugar do mundo, não é mesmo?
Por isso, o storytelling escolhido pela AirBnB, na verdade, são vários posts e spots da vida de seus anfitriões para que os viajantes possam imaginar quais as experiências e sensações poderão experimentar em tais locais.
Mas a estratégia vai além, e com a bandeira “pertença a qualquer lugar” arrecadou mais de 1 milhão de dólares para ajudar a The UN Refugee Agency em 2016.
Isso só consolida seu sucesso pois, além de criar expectativas e garantir seu lugar nos planos dos viajantes, também estabelece uma conexão de valores com seu público, demonstrando seu engajamento com causas sociais.
7. Sorvete Häagen-Dazs
No livro “The Emperor of Ice Cream: The true story of Häagen-Dazs”, Rose, esposa do criador do sorvete, explicou que o casal já vendia a sobremesa nos arredores de Nova York.
Porém, quando fizeram uma melhoria em sua receita para combater a recente concorrência de produtos nacionais e importados, precisaram convencer seus compradores que seu preço agora seria maior.
Qual foi a estratégia? Mudar o nome do sorvete de Senator Frozen, para Häagen-Dazs de origem dinamarquesa, alegando que agora eles não mais faziam, e sim, importavam o produto. A história, como já é sabido, deu certo, porém, esbarra nas questões éticas da gestão de marcas e conteúdos.
O estrangeirismo é um dos recursos do storytelling. Quantas pizzarias não possuem nomes italianos? O público-alvo tende a enxergar produtos estrangeiros como exóticos, exclusivos e mais interessantes. Mas inventar histórias para as marcas, em vez de contar a verdadeira, pode ser um tiro que sai pela culatra.
Esses exemplos de sucesso de storytelling misturam diversas técnicas da estratégia, do foreign branding até a clássica jornada do herói, mas, claro, é preciso utilizar com cuidado cada uma delas para conseguir os resultados planejados e éticos.
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