Como trabalhar em casa durante as férias escolares dos filhos

Coluna Freela

Esta história começa no dia 4 de janeiro, com um texto de 3 mil palavras sobre as diferenças entre o Customer Experience e o User Experience para entregar. Converso com meu filho antes, peço que me ajude com a irmã, e que me deixe quietinha por uma hora e tente não falar comigo, a menos que seja importante.

Três horas e 1057 interrupções depois…

—Mãe, olha a carta Pokémon que eu desenhei, tá bonita?

—Peraí filho, só mais uns minutinhos, tô quase acabando.

—Tá bom mãe, mas tá bonita?

Este diálogo resume o que é trabalhar durante as férias escolares dos filhos. E, a propósito, a carta estava linda, e sim, para ele era muito importante!

Comecei na Rock em setembro de 2017 e, em janeiro de 2018 ainda estava engatinhando nessa vida de freelancer, e não tinha ainda um ritmo de trabalho estabelecido. Já em julho, como o recesso escolar era curto, resolvi me dar férias também.

Esse ano é a primeira vez que estou enfrentando as férias escolares enquanto tento trabalhar ao mesmo tempo. No post de hoje eu conto como é essa aventura, o que eu já aprendi e quais estratégias utilizo para me manter produtiva nesse período. Vem que eu explico!

Ajuste suas expectativas: como mãe e como freela

Seria preciso ser mais que uma supermãe e uma freela maravilha para conseguir manter a produtividade com duas crianças em casa, e eu tenho consciência de que estou longe de ser qualquer uma das duas coisas.

Se antes eu tinha 4 horas para escrever sem ser interrompida, e com a casa em silêncio, durante as férias eu tenho que lidar com o som de fundo “lá vem o Simon, lá vem o Simon, coelhinho do coraçãããããão”, com os milhões de chamados do tipo “manhêêê, tô com cocô”.

Kids Scream GIF by Duracell

Ou pior, com os sustos – criança chorando, porta batendo, coisas caindo – enquanto grito do quarto “quem começou?”, “alguém caiu?” e “parem de brigar!!!”.

Eu já nem sei quantas vezes por dia eu respondo “daqui a pouquinho, mamãe só precisa acabar esse texto!”. Então, é claro, que não dá pra escrever no mesmo ritmo, né? Por outro lado, apesar de lembrar que eles estão de férias e precisam se divertir, não dá pra esquecer que os boletos não param de chegar por causa das férias.

Por isso, eu precisei adequar as minhas metas, tanto em relação às tarefas entregues quanto às férias que eu posso proporcionar. O mais importante, foi não me sentir culpada por isso, afinal, no meu tempo só de poder brincar o dia todo e não ter hora pra acordar já estava ótimo, por que as crianças de hoje precisam ter sempre a agenda lotada?

Converse com eles: o combinado não sai caro

Mas é claro que para isso funcionar, é preciso colocar os filhos na mesma página, certo? Você de boa com suas metas adequadas à realidade e as crianças esperando por uma programação de resort all inclusive não vai dar certo.

Pedro já tem 7 anos, e há um bom tempo eu comecei a conversar com ele, explicar que a mamãe precisa trabalhar durante as férias. Não faltam argumentos que uma criança dessa idade já pode entender, em especial quando você relembra ela de que grande parte de seus amigos passarão os dias em uma colônia de férias enquanto os pais seguem indo para os seus empregos.

Já com a Laura, que ainda vai fazer 3 anos, é mais difícil, mas, ainda assim, faço questão de dizer quantas vezes forem necessárias que preciso trabalhar. Do jeitinho dela, vai entendendo que toda vez que estou no computador é isso que estou fazendo.

Fica bem mais fácil quando eles já sabem o que vai acontecer, então eu uso essa estratégia o tempo todo. Informo exatamente o que pretendo fazer, por exemplo, aviso que vou escrever 1000 palavras e depois disso lavar a louça do almoço, e então poderemos tomar banho de mangueira na varanda.

Quando é preciso ativo o modo super sincero, “olha Pedro, esses 3 dias vão ser bem chatos, porque preciso compensar a semana que vem viajaremos, ok?”. Aos poucos, eles aprendem que quando colaboram, mais rápido chega a parte boa. E passam a entender também que precisamos dividir o tempo entre as coisas boas e as obrigações. No fim dá pra tirar um bocado de lição disso tudo.

Respeite os prazos: das tarefas e das crianças também

Não são só as tarefas que expiram, o prazo de validade de crianças também vence. Mesmo com toda a conversa e que eles entendam e estejam preparados, o tempo deles é outro.

Para começar não dá para perder a paciência cada vez que eles perguntarem se você está acabando, porque vai acontecer, muitas vezes. Além disso, não dá pra exigir deles que passem dias presos em casa sem começarem a dar tilt, então uso algumas estratégias:

  • dedico uma parte do dia só para eles, e nessa hora tem que deixar até o celular de lado! Jogar com o mais velho, entrar na piscina inflável com a caçula, levar na pracinha etc;
  • intercalo os dias em casa com os programas na rua, ou seja, quando eles começam a dar sinais de que vão subir pelas paredes, tiro o dia pra levar no shopping, na piscina da casa da avó ou no cinema;
  • guardo umas cartas na manga, tipo uma revistinha nova pra ele ou um pote de massinha pra ela. Quando está difícil terminar aquela tarefa com prazo apertado, lanço mão de uma novidade que me garanta alguns minutos com eles entretidos.

Aliás, falando em prazos das tarefas, esse é outro ponto: é preciso trabalhar com margem. Confesso que pra mim é difícil, tenho a péssima mania de deixar tudo pra última hora, funciono melhor sob pressão.

Só que com filhos pequenos imprevistos são quase tão frequentes quanto a falta deles. Então, nada de escrever contra o relógio e ficar pilhada, dando choque cada vez que eles se aproximam. Para a alegria geral da família, é bem melhor começar a escrever com uma certa antecedência. Não é fácil, eu sei, mas sigo tentando!

Organize seus horários: mas saiba que tudo pode mudar

Por fim, uma dica que vale para todos, sobre organização e produtividade. Eu costumava escrever de manhã cedo, antes que eles acordassem, e à tarde quando estavam na escola. Durante as férias foi preciso me adaptar à nova rotina, ou à falta dela, e reorganizar meus horários.

Pela manhã eles ficam mais calmos, acordam lá pelas 9 e tomam café assistindo desenho na TV. É a hora de adiantar o que puder, e de quebra aproveitar que o quarto ainda está fresco.

Lembra do gerenciamento de expectativas? Pois é, à tarde é impraticável, é preciso aceitar isso. Assim, depois do almoço no máximo eu termino alguma coisa e largo tudo, desligo o computador mesmo. Hora de dar atenção, ou sair, caso contrário a criança 1 vai dar piti porque acabou a bateria do tablet e a criança dois vai começar a maquiar o banheiro com o meu BB cream.

Quando, enfim, cai a noite e o marido chega em casa, é hora de assumir os teclados novamente e dar conta da meta do dia. Mesmo que elas tenham sido ajustadas, continuo trabalhando com elas. Na teoria parece que funciona muito bem, não é mesmo? Mas é preciso estar sempre pronta pra alguma alteração no esquema, porque na vida real, em 20 minutos tudo pode mudar!

Enfim, nada muito diferente do que acontece o ano todo na vida de uma freelancer e mãe em tempo integral. Só que durante as férias é tudo elevado à décima potência e sem descanso. Por isso, para trabalhar nas férias é preciso aceitar que só dá pra ser freela part time, porque ser mãe é full time mesmo, pra sempre!

Se você viu vantagem nessa loucura toda, afinal trabalhar em casa e curtir as férias dos filhos é um privilégio, cadastre-se e venha ser freelancer da Rock Content também!

Fernanda Curado Reale

Fernanda Curado Reale

Produtora de conteúdo, social media e redatora freelancer.

Essa foi a história da Fernanda!
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