Existe uma frase muito famosa na nossa língua portuguesa. Vira e mexe, alguém diz que concorda em “gênero, número e grau” com alguma coisa. Você sabia que do ponto de vista da gramática normativa essa afirmação é incorreta?
As palavras, especialmente os substantivos, flexionam em gênero, número e grau. A concordância, como a famosa metáfora diz, pode ser nominal ou verbal.
Quer entender mais sobre o assunto? Então acompanhe o post que preparamos sobre flexão!
Substantivos
Os substantivos são a classe de palavras variáveis que nomeiam o mundo. Objetos, pessoas, fenômenos, sentimentos… Tudo que recebe um nome, é um substantivo.
Basicamente, são palavras das quais pode se falar sobre. Você pode definir facilmente o que é “gentileza”. Já “gentilmente” — um advérbio —, não.
Os substantivos também são predicáveis. Ou seja, admitem variação de gênero, número e associam-se a artigos: o, a, os, as, um, uns etc.
Concordância nominal
É o nome que damos a relação entre substantivos e as palavras que caracterizam esse elemento: artigos, adjetivos, numerais etc. Pode-se concordar em gênero e número em uma oração.
Por exemplo, a frase: o novo blog da Comunidade Rock Content está lindo.
Nesse caso, o adjetivo “novo” está relacionando-se em gênero (masculino) e número (singular) com o substantivo “blog”.
Concordância verbal
Verbo é a palavra que indica um processo representado no tempo. Pode flexionar tanto em tempo, como pessoa, modo, aspecto, número e até voz.
Observe: o redator revisou o conteúdo antes de publicá-lo.
Há concordância verbal entre o substantivo “redator” e o verbo “revisou”, que está flexionado em número (singular) e tempo (pretérito).
Flexões do substantivo
Você observou que dentro da concordância (verbal ou nominal), há flexões. Vamos entender então de onde a famosa frase “gênero, número e grau” surgiu.
Entenda de uma vez por todas as variações que os substantivos podem sofrer!
Flexão de gênero
Na língua portuguesa, as palavras têm gênero. E isso não necessariamente tem a ver com a biologia.
Afinal de contas, nem todas as palavras representam pessoas ou objetos que têm sexo biológico!
Outro ponto é que as regras de gênero dos substantivos valem apenas para o Português. A palavra “mar”, por exemplo, é considerada masculina na nossa língua. Já em Francês, é “la mer” — ou seja, é uma palavra feminina.
De forma geral, os substantivos masculinos terminam em “o” e os femininos em “a”. O que você sabe, não é uma regra — como por exemplo a palavra que utilizamos de exemplo acima cuja vogal temática é “a” e termina em “r” (mar).
O que é regra, entretanto, é o que acompanha os substantivos: o artigo.
Os artigos “o” e “um” acompanham palavras masculinas. Já os artigos “a” e “uma”, acompanham as palavras femininas.
Os substantivos biformes são aqueles que apresentam flexão de gênero diferente para o feminino e o masculino. Já os uniformes, flexionam da mesma maneira para ambos os gêneros.
O que vai determinar o gênero dos substantivos uniformes é justamente o artigo:
- O estudante assistiu ao curso de Redação para Web.
- A estudante fez a prova do curso Marketing de Conteúdo.
Por meio do artigo, também é possível dar significados diferentes para um mesmo substantivo:
- Ele é o cabeça do projeto. (líder)
- A cabeça dele estava doendo. (parte do corpo)
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Flexão de número
Os substantivos podem estar no singular ou plural. O que indica que um substantivo está no plural, é a terminação em “s”.
Existem algumas particularidades na formação do plural dessa classe gramatical, vamos conhecer a seguir algumas delas.
- Substantivos terminados em “al”, “el”, “ol” e “ul”, o “l” é substituído por “is”. É o caso de papéis (papel), jornais (jornal).
- Já os terminados em “r” e “z”, o plural é feito com o acréscimo de “es”. Como em amores (amor) e cruzes (cruz).
- Quando o substantivo é terminado em “s” e e paroxítono, seu plural é invariável. Como o caso de ônibus. Se for oxítona, é acrescentado o “es”, como em pazes (paz).
- Os terminados em “n”, formam plural com “s” ou “es”: abdômens (abdômen).
- A terminação “m” tem como plural “ens”, como em homens (homem).
- No caso dos terminados em “ão” há três variações, como você pode notar nestas palavras: eleições (eleição), pães (pão) e cidadãos (cidadão).
É válido lembrar que os substantivos terminados em “x” são invariáveis no plural: tórax, por exemplo, é escrita da mesma maneira no singular e no plural.
Flexão de grau
Finalmente, existe a flexão de grau. Os substantivos podem flexionar em grau de apenas duas maneiras: aumentativo e diminutivo.
Esses graus podem ser formados por meio de dois processos: sintético e analítico.
No caso da formação sintética, há acréscimo de sufixo: bebê — bebezão (aumentativo) — bebezinho (diminutivo). Há uma mudança na morfologia (formação) da palavra.
Já no grau analítico, os adjetivos que dão ideia de aumento ou diminuição: cadeira grande, cadeira pequena.
Como a mudança é mais semântica, pode acontecer da posição do adjetivo modificar o significado de uma mesma palavra: grande homem e homem grande são duas flexões que transmitem ideias diferentes.
Adjetivos
Assim como os substantivos, essa classe de palavras flexiona em gênero, número e grau.
Outra semelhança entre as duas categorias gramaticais é o fato dos adjetivos também serem classificados em biformes e uniformes.
- Os biformes têm uma forma para os femininos e outra para os masculinos, por exemplo, bonito e bonita.
- Quando são adjetivos compostos, apenas a última palavra flexiona: latino-americano e latino-americana.
- Já os uniformes são flexionados da mesma maneira, como a palavra triste: menina triste e menino triste.
Em número, assim como os substantivos, normalmente há o acréscimo do “s”. É importante lembrar que quando o adjetivo originalmente é um substantivo, ele ficará invariável. É por isso que a palavra pastel em tons pastel fica no singular.
A flexão de grau também é semelhante com a dos substantivos: moço bonito — bonitão — bonitinho.
Advérbios
Os advérbios são palavras invariáveis. Elas modificam o verbo, o adjetivo ou até outros advérbios. Eles não admitem flexão nem de gênero, nem de número. Às vezes, há flexão de grau.
Grau comparativo
Quando há necessidade de comparar questões, os advérbios também são utilizados. Podem expressar igualdade, inferioridade e superioridade. Também podem ser analíticos e sintéticos.
Por exemplo: a redatora escreve melhor que o redator. O advérbio melhor expressou sinteticamente uma situação.
Observe que o gênero e o número não interferem: os redatores escrevem melhor que as redatoras. Assim, para identificar o advérbio em uma frase, basta observar que essa partícula não flexiona.
Grau superlativo
Neste grau, os advérbios podem ser analíticos ou sintéticos.
Os analíticos são acompanhados de outro advérbio: o site é até muito relevante. “Até” é um advérbio de inclusão, já “muito” é de intensidade.
Já os sintéticos são formados com sufixos: o conteúdo está boníssimo.
A língua portuguesa tem uma infinidade de possibilidades. Agora que você aprendeu, pode dizer que concorda “verbal e nominalmente” com algo — ou sair flexionando em gênero, número e grau por aí!
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