Não é ousado demais dizer que o verbo é uma das partes mais importantes da oração — até porque é ele que garante que haja uma oração, e não apenas uma frase.

Quando ele não está bem alinhado com o sujeito (falta de concordância) ou com seu objeto (problema de regência), uma frase simples pode, na melhor das hipóteses, causar incômodo no leitor e, na pior, deixá-lo com um gigantesco ponto de interrogação na cabeça.

Por isso, é fundamental entender essas palavrinhas e dominar seu uso. Pode parecer simples, mas você saberia nos explicar, sem pensar muito, o que é verbo, afinal?

Se sua resposta foi não, continue lendo este verdadeiro guia sobre o assunto que preparamos para você. Ah, e são muitos assuntos, então aproveite para navegar à vontade (e aprender tudo!).

[toc title=””]

O que é verbo?

Falamos agora mesmo que o verbo é justamente o que transforma uma frase ou período em uma oração. Por isso, dizemos que ele é um dos termos essenciais da oração, fazendo parte do predicado.

De modo geral, estamos acostumados a pensar o verbo como a palavra que indica uma ação, mas, na verdade, ele pode exprimir também:

Para sintetizar tudo isso, o gramático Ernani Terra define o termo como “palavra variável em pessoa, número, tempo, modo e voz que exprime um processo, isto é, aquilo que se passa no tempo”. Guarde essa definição, porque vamos voltar a ela várias vezes nos próximos tópicos.

Quais são as possíveis classificações?

Os verbos podem ser classificados de várias maneiras, tomando algumas de suas características como critérios. Vamos a elas:

Quanto à predicação

Lembra que falamos que o verbo era parte do predicado? Pois bem, a predicação verbal está relacionada a como ele forma o predicado, ou seja, se exige ou não complemento. Em relação a isso, podemos falar que existem 2 tipos de verbos:

Os verbos nocionais podem ser divididos, ainda, quanto à sua relação com seu complemento — mas isso é assunto para o próximo tópico.

Quanto à regência

A regência se refere à flexão de um determinado termo. O verbo é o regente da oração, o que significa que é ele que vai definir como o seu objeto será regido. Assim, a regência verbal é a relação estabelecida entre o verbo e seu objeto.

Partindo desse critério, as possíveis classificações são as seguintes:

Quanto à flexão

O termo “flexão” diz respeito às mudanças pelas quais o verbo passa de acordo com cada um dos aspectos que citamos ali em cima (se você já esqueceu, corre lá e dá uma olhada. A gente espera).

Com esse critério, os verbos se dividem da seguinte maneira:

Confira outros conteúdos sobre Português e Gramática que podem te interessar!

Como os verbos se flexionam?

Os verbos são a categoria de palavras que aceita a maior quantidade de flexões. No caso dos verbos regulares, essas variações vão se dar de acordo com a conjugação de cada um, ou seja, da sua terminação:

Sentiu falta de alguma coisa? É que o verbo “por” e todos os seus derivados (como “repor”) vêm do Latim “poer”, sendo, dessa maneira, verbos de 2ª conjugação.

Assim, conjugar um verbo significa flexioná-lo de acordo com a sua conjugação, a partir dos critérios determinados. Vamos entender melhor cada um deles:

Pessoa e número

As pessoas do discurso (também chamadas de “pessoas gramaticais”) representam os sujeitos envolvidos numa situação de comunicação. Parece confuso, mas na prática é bastante simples de entender:

É importante não confundi-las com os pronomes pessoais que as representam (eu/nós, tu/vós, ele/eles, respectivamente). Enquanto os pronomes pessoais são termos específicos, as pessoas do discurso são mais abstratas; tratam-se de entidades gramaticais que organizam a situação comunicacional.

Você deve ter percebido que citamos 3 pessoas, mas 6 pronomes. Isso aconteceu porque elas também podem variar em número — ou seja, podem aparecer no singular ou no plural.

Tanto a pessoa quanto o número são dados pelo sujeito da oração. Quando o verbo e o sujeito estão em pessoas e/ou números diferentes, falamos em falta de concordância verbal.

Tempo e modo

Na definição dada de verbo, Ernani Terra fala sobre um processo que acontece no tempo. E quais são as principais divisões do tempo com que trabalhamos no dia a dia? Passado, presente e futuro. Só que, na gramática, o passado ganha o nome de “pretérito”.

Além desses 3 tempos básicos, existem ainda algumas subdivisões do pretérito e do futuro:

Os verbos também variam de acordo com a atitude do falante em relação ao processo indicado pelo verbo, ou seja, o modo verbal. São 3:

É importante manter em mente que tempo e modo verbal influenciam um ao outro na conjugação. O pretérito perfeito, por exemplo, é conjugado de maneiras diferentes no indicativo e no subjuntivo, e não existe “futuro do pretérito do subjuntivo”.

Formas nominais

Além de todas essas possibilidades, existem ainda algumas formas verbais que não têm flexão de tempo e modo. São as chamadas formas nominais, que recebem esse nome porque cumprem função própria de classes de palavras como substantivo, adjetivo e advérbio.

As formas nominais do verbo são:

Voz

Além disso tudo, o verbo ainda se flexiona de acordo com a relação estabelecida entre ele o sujeito, o que ganha o nome de voz. Novamente, são 3 possibilidades:

Cuidados com a voz passiva

A voz passiva pode causar bastante confusão em alguns redatores e exige bastante atenção. Em primeiro lugar, é importante saber que apenas verbos transitivos diretos podem ir para a voz passiva.

Isso porque, na transformação da voz ativa para a passiva, o objeto torna-se sujeito e o sujeito, por sua vez, cumpre o papel de agente da passiva. Para ficar mais fácil, compare:

Porém, o sujeito não pode ser iniciado por preposição. Como você já sabe, verbos transitivos indiretos exigem preposição antes de seu objeto; por isso, ele não pode ser transformado em sujeito. Essa não é só uma regra empoeirada da gramática: tente colocar a frase “Preciso de ajuda” na voz passiva e você perceberá que a construção não soa natural.

Além disso, existem 2 tipos de voz passiva: a analítica (“o texto foi escrito por mim”) e a sintética ou pronominal (“escreveu-se o texto”). Caso você esteja pensando que é perfeitamente possível dizer “Precisa-se de ajuda”, saiba que, justamente por causa do que acabamos de explicar, esse caso é considerado pela gramática como voz ativa com sujeito indeterminado (não se sabe quem precisa de ajuda).

Justamente por causa dessa semelhança entre a voz passiva sintética e as orações com sujeito indeterminado, é muito fácil errar a conjugação nesses casos. Por exemplo, qual dos dois está certo: “investiram-se muitas horas na redação deste texto” ou “investiu-se muitas horas na redação deste texto”?

Acertou quem disse a primeira. Afinal, na voz passiva analítica, a frase seria: “Muitas horas foram investidas na redação deste texto”. Percebe que “investidas” está concordando com “horas”? Essa mesma concordância precisa se manter na passiva sintética.

Está certo? Sim. É esquisito? Sem dúvidas. Por isso, por mais que esteja correto, o recomendado é dar preferência para outra forma verbal, para não causar estranhamento no leitor.

Agora que nós chegamos ao final deste guia, dá para entender melhor porque é tão importante entender melhor o que é verbo, não é? Com tantos detalhes a que ficar atento — regência, concordância, conjugação —, é fácil deixar algum errinho passar batido.

Por isso, nunca deixe de revisar o seu texto depois que ele estiver pronto. E para garantir um trabalho melhor ainda, confira nossas dicas de como fazer isso e nosso Checklist de Revisão, para que você possa revisar textos como um verdadeiro Rocker!